Partidos de centro passaram a cobiçar parlamentares de legendas da oposição ameaçados de expulsão por votar a favor da reforma da Previdência na Câmara. O PSD e o Cidadania, por exemplo, de olho na situação, já sinalizam nos bastidores que as portas estão abertas ao ingresso de novos deputados. Os alvos do assédio foram batizados pela base governista de “oposição ajuizada”.
Ao todo, 19 parlamentares da oposição votaram a favor da reforma – 11 do PSB e 8 do PDT. Uma das parlamentares que sofre pressão é a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), tida como potencial candidata à Prefeitura de São Paulo em 2020. O ex-deputado e ex-ministro da Cultura Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, usou as redes sociais para divulgar um convite de ingresso a Tabata. “Se oportunidade houver, vamos lutar, pois a deputada Tabata Amaral é uma grata revelação política”, diz Freire.
O assédio ocorre porque, conforme jurisprudência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o parlamentar eventualmente expulso não perde o seu mandato. Neste caso, o partido não poderia requerer a vaga alegando infidelidade partidária. A votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, levou à expulsão de deputados do PDT, mas o TSE entendeu que eles não perderiam o mandato, entre eles o deputado Giovani Cherini (RS), hoje no PL.
Na lista de dissidentes do PSB, o presidente da Comissão de Meio Ambiente na Câmara, Rodrigo Agostinho (SP), confirma o assédio, mas disse que prefere não revelar as legendas por ter esperança de se manter no atual partido. “Fui procurado por diversos partidos, mas não quero discutir isso ainda. Estou contente no PSB e tenho sido prestigiado”, disse Agostinho. “Meu voto é por convicção, mas estou consciente de que vai ter consequências.”
Estadão Conteúdo
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