O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta segunda-feira que equipes dos órgãos ambientais Ibama e ICMBio recolheram mais de 100 toneladas de borra de petróleo no litoral do Nordeste desde o início de setembro.
O comentário, no Twitter, foi publicado após o ministro ter ido a Sergipe para vistoriar regiões impactadas pelo óleo, que tem se espalhado pelo litoral do Nordeste desde o mês passado. Ele ainda publicou na rede social fotos nas quais acompanha técnicos do Ibama em uma praia repleta de manchas de petróleo.
“Desde 2 de setembro as equipes do Ibama e ICMBio, (têm atuado) junto aos 42 municípios (impactados pelas manchas), Marinha e demais órgãos no recolhimento de mais de 100 toneladas de borra de petróleo”, escreveu Salles.
No último sábado (5), uma das praias mais frequentadas do litoral de Fortaleza, a praia do Futuro, amanheceu imprópria para o banho por causa do aparecimento das manchas de óleo. A Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará) orientou os frequentadores que insistirem no banho de mar a evitarem o contato com o material tóxico.
No fim do dia, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a Polícia Federal, o comando da Marinha e o Ministério do Meio Ambiente investigassem as causas e responsabilidades do surgimento das manchas nas praias do Nordeste.
A determinação foi publicada em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). O texto estabelecia que as informações coletadas e as providências adotadas fossem apresentadas à Presidência da República em 48 horas.
No âmbito do Ministério do Meio Ambiente, as apurações serão feitas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
As apurações devem ocorrer, segundo o despacho de Bolsonaro, “sem prejuízo de ações coordenadas com o comando do Exército e com o comando da Aeronáutica”.
Segundo o Ibama, a análise das amostras do óleo feitas pela Petrobras e pela Marinha revelou que a substância não é de origem brasileira. Em nota, a Petrobras afirma que o material encontrado não é produzido e nem comercializado pela empresa, mas não explica como a análise foi feita.
Sobre os riscos para a saúde, a dermatologista Alessandra Romiti, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, disse à Folha que o contato de banhistas e pescadores com o óleo pode causar irritações na pele e alergias.
“Os dois principais riscos para a pele são a reação alérgica, que pode gerar coceira e vermelhidão e a formação de acnes de oclusão, ou seja, acnes geradas pelo excesso de óleo na pele, similar a quando se passa produtos oleosos demais como os protetores solares.”
Romiti destaca que se deve tomar cuidado com a região dos olhos, nariz e boca. Ela orienta que, em caso de contato com o material e eventual irritação na pele, deve-se procurar um dermatologista para o tratamento, que varia do uso de pomadas e sabonetes específicos à prescrição de remédios de ingestão oral.
Em nota, o Ibama corrobora a versão da dermatologista e acrescenta que o petróleo cru “pode conter compostos considerados cancerígenos”.
Reuters
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