Foto: Eduardo Knapp/Folhapress
Em meio a entraves de infraestrutura na movimentação de cargas e no acesso aos principais portos do país, o setor registrou gastos bilionários com demurrage (sobre-estadia) no último ano. O termo se refere à taxa cobrada quando a carga permanece no terminal de importação além do tempo acordado entre o dono do navio (armador) e o importador.
Um estudo da consultoria Bain & Company aponta que os custos com demurrage no Brasil em 2024 alcançaram o patamar de US$ 2,3 bilhões —a quantia era de US$ 2 bilhões no ano anterior. O levantamento leva em conta a movimentação de cargas como granéis e contêineres.
A consultoria elenca fatores como problemas climáticos, altos volumes de embarcações, gargalos de infraestrutura e burocracia como os principais motivos para a alta nos gastos com demurrage no país.
Segundo Felipe Cammarata, sócio da Bain & Company, a variação de marés e tempestades impacta os terminais portuários e pode elevar os custos com demurrage.
“Um exemplo: com marés baixas, barcos de maior calado [parte do navio que fica submerso no canal de acesso aos portos] não conseguem atracar diretamente. Com ampliação da profundidade do terminal, é possível reduzir o tempo de espera para subida da maré ou a necessidade de transferências ‘ship-to-ship’, para uso de barcos aliviadores, agilizando todo o processo”, explica.
Cammarata afirma que, com a movimentação de carga crescendo entre 3% e 4% ao ano, impulsionada pelas exportações agrícolas, há uma tendência de maior fluxo de barcos e maior demanda nos portos, o que, segundo ele, pode aumentar as sobre-estadias.
Folha de S.Paulo
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