Foto: Wilton Júnior
A insegurança pública virou o maior calo do governo Lula, e a própria base admite: o Planalto não consegue dialogar com a maioria da população sobre o tema. Diante desse vácuo, aliados intensificaram a pressão para que Lula coloque no governo alguém com imagem de “linha dura”. Nas conversas mais recentes, até o nome de Ricardo Cappelli — ex-número dois de Flávio Dino e interventor da segurança no DF após o 8 de janeiro — chegou a ser sugerido como solução emergencial.
Cappelli, hoje comandante da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), rechaçou a ideia e sinalizou preferência por disputar o governo do Distrito Federal em 2026. Mesmo assim, a simples circulação do nome escancarou o clima de apreensão: governistas avaliam que, apesar da PEC enviada ao Congresso e do projeto contra facções, o Planalto perde feio a batalha do discurso para a direita.
A criação de um Ministério da Segurança Pública, vista por muitos como saída óbvia, segue travada por discordâncias dentro do governo e do próprio PT. Aliados afirmam que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, não tem o perfil para enfrentar o debate, enquanto o próprio Lula ainda demonstra pouca convicção de que a mudança estrutural é necessária — o que paralisa qualquer decisão.
A irritação cresceu após a derrota no projeto de lei antifacção, aprovado com ampla margem mesmo com a resistência do governo. A ofensiva da oposição, impulsionada pela operação do Rio contra o Comando Vermelho, fez o tema dominar o cenário nacional. Agora, pressionado e sem narrativa unificada, o Planalto corre para não perder de vez o controle do debate que será central nas eleições de 2026.
Com informações do Estadão
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