Judiciário

Com argumento de que negocia leniência, Governo suspende investigações da Lava Jato por acordos com empresas

Fachada do Tribunal de Contas da União, órgão responsável por monitorar práticas no serviço público. Foto: Lula Marques – 18.abr.2009/Folhapress

O Ministério da Transparência suspendeu por dois anos a investigação de desvios praticados pela Engevix na Petrobras, sob a justificativa de que a empreiteira propôs um acordo de leniência —espécie de delação premiada para pessoas jurídicas.

Documentos do TCU (Tribunal de Contas da União), obtidos pela Folha, mostram que, enquanto as apurações ficaram paradas, a construtora, alvo da Lava Jato, não confessou ilícitos, não colaborou com a descoberta de novos crimes e as negociações fracassaram.

A suspensão de investigações tem sido um padrão na Transparência. Onze empresas suspeitas de corrupção, a maioria alvo da Lava Jato, tiveram processos administrativos de responsabilização (PARs) congelados para negociar colaborações, segundo dados da própria pasta. Porém, até agora, só uma, a UTC Engenharia, chegou a um termo com o governo.

A Transparência não divulga os nomes, alegando sigilo. A Folha apurou que entre elas estão investigadas na Operação Lava Jato, como Engevix, Galvão Engenharia e a holandesa SBM.

O TCU, que investiga os procedimentos do órgão, entende que a pausa não tem amparo legal e favorece indevidamente as empresas.

Segundo a corte, a conduta contribui para que as irregularidades prescrevam sem que haja a apuração adequada e ainda engorda o caixa das envolvidas, pois, enquanto não são punidas pelo governo, elas continuam aptas a fechar contratos públicos.

Um relatório sigiloso da corte propõe que a controladoria apresente, em 60 dias, um mapeamento completo das tratativas em curso. O caso seria julgado na quarta-feira (25), em sessão reservada do tribunal, mas houve pedido de vista.

A investigação sobre a Engevix foi suspensa em 6 de abril de 2015 e só foi retomada em 10 de abril deste ano, após a Transparência e a AGU (Advocacia-Geral da União) colocarem fim às negociações para um acordo de leniência.

Nesse período, os prazos de prescrição correram. Em 2015 e 2016, a empresa recebeu do governo ao menos R$ 61 milhões, fruto de contratos que já vigoravam. Em março deste ano, foi declarada inidônea num processo que tramitou no TCU e proibida de participar de novas licitações. Ainda não houve punição do governo.

O tribunal fez auditoria na negociação da Transparência com a Engevix.

“A suspensão dos processos de responsabilização vai de encontro à finalidade da lei 12.846/2013 [Lei Anticorrupção], que visa atender primordialmente ao princípio da moralidade. Vai de encontro também à finalidade do próprio acordo de leniência como ferramenta de investigação, que visa a identificar e responsabilizar de forma célebre os responsáveis por atos ilícitos”, diz trecho de relatório sobre o caso.

A prática do Ministério da Transparência vem no momento em que uma nova lei amplia os órgãos aptos a negociar leniência, mas torna o procedimento mais inseguro para as empresas.

OUTRAS EMPRESAS

A investigação sobre outras empreiteiras também hibernou no Ministério da Transparência. É o caso da Galvão Engenharia, alvo da Lava Jato.

Em março de 2015, a empresa propôs um acordo de leniência ao governo e teve seu processo de responsabilização suspenso. Em dezembro do ano seguinte, as negociações ainda estavam em fase inicial. Nem uma minuta de acordo havia sido feita.

Em março deste ano, a empresa interrompeu as tratativas com a Transparência para negociar com o Ministério Público Federal. O TCU alega que também houve suspensão indevida nesse caso.

Outro caso que permanece em impasse é o da SBM Offshore.

Primeira a acertar leniência com o governo, há mais de um ano, a empresa holandesa ainda não teve seu acordo aprovado definitivamente, pois a 5ª Câmara da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou irregularidades nas cláusulas em setembro do ano passado.

Na segunda-feira (9), o ministro Vital do Rêgo, do TCU, suspendeu o processo por 45 dias até que a empresa e o Ministério da Transparência corrijam os problemas.

A SBM é uma multinacional que aluga plataformas para a Petrobras, com quem mantém contratos que somam cerca de US$ 22 bilhões.

Em 2014, após uma apuração interna, a empresa admitiu que seus lobistas pagaram US$ 139 milhões em propinas no Brasil ao Ministério Público da Holanda, que investiga o esquema de corrupção também praticado pela empresa em Angola e Guiné Equatorial. O caso também foi apurado na Lava Jato.

Um dos principais entraves para o acordo é quanto ao dano causado.

Os cálculos foram feitos com base nas propinas pagas e nos lucros de contratos obtidos ilicitamente, mas o prejuízo a restituir ao erário pode ser maior, em razão de superfaturamento nos valores dos serviços.

Por isso, exige-se que a empresa apresente documentos para um cálculo mais preciso das perdas. Hoje, se cobra da SBM no Brasil cerca de R$ 1 bilhão.

Outro ponto controverso diz respeito à forma de pagamento. A empresa quer quitar parte do débito prestando serviços à Petrobras. Os valores de ressarcimento seriam descontados das faturas a receber da estatal.

Esses pontos, agora questionados pelo TCU, são basicamente os mesmos que levaram a 5ª Câmara a reprovar o acordo.

OUTRO LADO

O Ministério da Transparência informou que atua “de forma regular e em total respeito às leis e normas vigentes, visando unicamente ao interesse público”. Em nota, a pasta sustentou que “nunca houve interrupção de investigações, visto que o acordo de leniência é também um meio de obtenção de provas”. “Não há processos parados”, reiterou.

Questionada pela reportagem da Folha, a Transparência não detalhou qual foi o período de suspensão de cada um dos processos administrativos de responsabilização (PARs).

“Encontram-se suspensos os PARs daquelas empresas que estão em negociação de acordo de leniência. Ressaltamos que não existe um período máximo ou mínimo de suspensão e que a CGU [Transparência] realiza o controle para evitar a prescrição dos ilícitos. Desde o início do ano, o prazo inicial de suspensão é de 180 dias.”

A pasta alegou que, em razão do sigilo imposto pela Lei Anticorrupção, não se manifesta sobre nomes de empresas, possíveis termos, existência de acordos, bem como detalhes de negociações em andamento.

EMPRESAS

A Engevix informou, por escrito, que o governo, que cancelou a negociação de seu acordo, “faria melhor se admitisse que está firmemente empenhado em inviabilizar as empresas extorquidas pela Petrobras – hoje, estranhamente, no papel de vítima”.

“Acreditar que se pode recuperar a popularidade exterminando empresas é uma aposta perversa.

Desmontar o parque empresarial brasileiro de infraestrutura como se fechar empresas fizesse parte de alguma política de combate à corrupção é um erro fatal”, criticou a empresa por meio de nota.

A Engevix sustentou ter atendido às exigências da Transparência para o acordo.

“A empresa entregou farto material para as autoridades, motivo pelo qual o órgão chegou ao estágio de calcular a multa. A má vontade da AGU [Advocacia-Geral da União] e da CGU [Transparência] se constata pelo fato de a comissão de análise ter sido trocada nada menos que três vezes.”

A Engevix acrescentou ter adotado “sério e consistente” programa de compliance [sistema interno de controle para coibir, identificar e também punir eventuais atos de corrupção que venham a ser praticados por funcionários].

“O aparente motivo para as dificuldades no acerto parece ser financeiro, o que revela uma postura que acaba beneficiando empresas com maior poder financeiro, enquanto sacrifica as que não têm fôlego para arcar com multas desproporcionais e sem lógica. O órgão cria um purgatório discricionário em que os que cometeram mais crimes se safam pagando”, acrescentou a Engevix.

Consultadas novamente sobre as críticas da empreiteira, AGU e CGU não quiseram se manifestar.

Galvão Engenharia e SBM não comentaram.

Folha de São Paulo

 

Opinião dos leitores

  1. O MBL já está nas ruas? kkkkkkkk
    Surpresa, fomos enganados! A Dilma caiu, o resto ficou e o povo silenciou!

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Fux vota para absolver mais dois réus do 8/1; ministro voltou a defender anulação dos processos por considerar STF incompetente para julgar casos

Foto: Adriano Machado/REUTERS

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux apresentou ontem seu voto em duas ações penais contra acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Nos dois processos, ele pediu a nulidade total das ações.

Fux considerou o STF incompetente para julgar os casos. Os réus são Cristiane Angélica Dumont Araújo e Lucimário Benedito de Camargo Gouveia, acusados de participação nos atos antidemocráticos em Brasília. Ele retomou argumentos usados no julgamento da ação da trama golpista, quando absolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, o ministro também defendeu três vezes a anulação do processo.

Primeira Turma da Suprema Corte formou maioria para condenar os réus, apesar do voto de Fux 

Os réus devem ser condenados pelos crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de bem tombado, com pena de 14 anos de prisão. O julgamento estava suspenso por um pedido de vista de Fux, que devolveu o caso ontem para ser julgado no plenário virtual a partir de 10 de outubro.

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VÍDEO: Veja discurso do presidente da Colômbia com pedido para que militares americanos ‘desobedeçam ordens de Trump’; Petro teve visto cancelado pelos EUA

Falando em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU (26), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reiterou o pedido de criação de uma força global para apoiar os palestinos. Ele afirmou que essa estrutura “precisa ser maior que a dos Estados Unidos” e fez um apelo a militares norte-americanos para que “desobedeçam ordens” e sigam “os mandamentos da humanidade”. O governo americano revogou seu visto por causa das falas. O Departamento de Estado classificou as falas como “imprudentes e incendiárias”

Durante a semana, Petro acusou Donald Trump de permitir ataques contra civis em Gaza e de levar os EUA à “barbárie”. Em outro evento com líderes latino-americanos, repetiu as críticas. Paralelamente, Washington incluiu a Colômbia na lista de países que, segundo o governo americano, não cumpriram acordos de combate ao narcotráfico no último ano.

Com informações de Jovem Pan News

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Passageiro a bordo de avião da Azul afirma ter bomba e voo em Belém é cancelado

Aeroporto Internacional de Belém. — Foto: Infraero

Um voo da Azul Linhas Aéreas com destino a Marabá, no sudeste do Pará, foi cancelado nesta sexta-feira (26) após um passageiro afirmar que carregava uma bomba a bordo da aeronave no Aeroporto Internacional de Belém.

A ameaça levou à ativação imediata de protocolos de segurança e mobilizou equipes da concessionária Norte da Amazônia Airports (NOA) e da Polícia Federal (PF).

Segundo a corporação, o homem informou à tripulação que transportava o artefato em uma caixa. Ele foi retirado do avião e detido na área de embarque e, então, levado à delegacia da PF instalada no aeroporto, onde prestou depoimento.

Após a inspeção da aeronave, as autoridades descartaram a presença de explosivos. O incidente ocorreu a bordo de um Airbus A320neo, de matrícula PR-YYC, que realizaria o voo AD-4460.

Em nota, a concessionária que administra o aeroporto informou que foi acionado o plano de contingência previsto para esse tipo de situação e que as demais operações seguiram normalmente, sem atrasos nos pousos e decolagens.

A Azul Linhas Aéreas confirmou o cancelamento do voo por medida preventiva de segurança. A empresa destacou que os passageiros afetados serão realocados em um voo extra programado para este sábado (27). A companhia também afirmou que lamenta os transtornos e reforçou que decisões desse tipo são essenciais para garantir a segurança das operações.

Casos de falsas ameaças em aeroportos brasileiros têm levado a interrupções e reforços de protocolos de segurança nos últimos anos. A Polícia Federal informou que segue investigando a conduta do passageiro, que poderá responder por crime de falsa comunicação e atentado contra a segurança do transporte aéreo.

Folhapress

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Impasse trava mobilidade na Roberto Freire e põe em xeque faixas exclusivas de ônibus em Natal

Quase quatro anos após implantação, faixas exclusivas da Roberto Freire sofrem com abandono, disputas de competência e ausência de ações integradas no principal eixo turístico da cidade | Foto: divulgação

O principal eixo turístico de mobilidade de Natal, a Avenida Engenheiro Roberto Freire, enfrenta problemas na gestão de suas faixas exclusivas de ônibus. Implantadas em outubro de 2020, as vias que deveriam garantir agilidade no transporte coletivo mas sofrem com falta de manutenção, indefinição de competências entre os órgãos responsáveis e atrasos constantes, afetando diretamente milhares de passageiros por dia. “A descontinuidade na manutenção e a indefinição de competências entre os órgãos públicos enfraquecem essa política urbana, prejudicando diretamente milhares de passageiros e afetando também a imagem turística da cidade. É preciso aplicar, de forma coordenada, os instrumentos previstos em lei, assegurando que os investimentos em infraestrutura de mobilidade tragam retorno social imediato.”, disse Augusto Costa Maranhão Valle, Coordenador Jurídico do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (SETURN).

Segundo Augusto Maranhão Valle, o SETURN reitera sua disposição em colaborar com o poder público municipal e estadual para que a Av. Roberto Freire e os demais corredores estruturantes de Natal sejam tratados como ativos estratégicos de desenvolvimento urbano, capazes de integrar turismo, economia e inclusão social.

Natal conta com 50,23 km de faixas exclusivas, mas a gestão é fragmentada. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) administra 40,96 km, enquanto os 9,27 km restantes, incluindo a Roberto Freire e a Ponte Newton Navarro, estão sob responsabilidade de órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RN) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Essa divisão dificulta os serviços de sinalização e manutenção, que não são realizados de forma integrada.

“Ao investir em faixas exclusivas, Natal dá um passo firme para reduzir desigualdades, garantir mais qualidade de vida à população e posicionar-se entre as cidades brasileiras que aplicam de forma efetiva as políticas nacionais de mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável.”, enfatiza Augusto Maranhão Valle.

Avenida Roberto Freire

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) manifestou interesse em assumir a gestão da Av. Roberto Freire. Segundo a pasta, a municipalização permitiria uma “resposta mais ágil às demandas locais” e uma “atualização e revisão dessa divisão de responsabilidades”. A STTU realiza fiscalização e manutenção apenas nos trechos que administra, utilizando agentes, videomonitoramento e manutenção de sinalização.

O DER-RN, responsável pela Av. Roberto Freire, tem se limitado a atribuição de “implantação, pavimentação e recapeamento do pavimento, tapa buraco e roço”. O órgão informou sobre um projeto de sinalização em andamento, mas destacou que a fiscalização caberia ao Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE).

O Dnit, por sua vez, esclareceu que sua atuação se restringe à infraestrutura de rodovias federais. O órgão tem afirmado que “a operação e o uso das faixas de ônibus são de competência dos órgãos de trânsito”.

Enquanto o impasse persiste na Roberto Freire, o Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (CMTMU) já discute propostas de ampliação do sistema em outros pontos da cidade, como na BR-101 (Via Direta à Igreja Universal), entre o Centro Administrativo e o Natal Shopping, e na Av. Nevaldo Rocha, com custo estimado em R$ 24,6 milhões.

A secretária da STTU, Jódia Melo, defende, em comunicado, os investimentos, argumentando que as faixas exclusivas “evitam congestionamentos, sinistros e agilizam o tráfego”, beneficiando cerca de 35 linhas de transporte público e reduzindo o tempo de viagem em até 15 minutos.

Faixas

O Plano Diretor de Natal estabelece como diretriz prioritária a valorização da mobilidade sustentável e a priorização do transporte coletivo e dos modais ativos. O Estatuto da Cidade , por sua vez, orienta que o planejamento urbano deve assegurar o direito as cidades sustentáveis, com transporte público eficiente e acessível. Já a Política Nacional de Mobilidade Urbana determina que o espaço viário deve ser organizado de forma equitativa, garantindo eficiência e segurança nos deslocamentos.

Assim, as faixas exclusivas e semi-exclusivas não são apenas marcas no asfalto: representam instrumentos de política urbana, capazes de transformar a experiência de deslocamento da população. Quando bem planejadas e mantidas, reduzem o tempo de viagem, aumentam a confiabilidade do transporte coletivo e contribuem para a diminuição do emprego de recursos públicos em subsídios tarifários, uma vez que linhas mais rápidas e regulares.

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Filho confessa assassinato dos pais desaparecidos há 8 anos em entrevista à TV e sai preso de emissora nos EUA

Foto: Reprodução/CBS6

O desaparecimento de um casal de idosos foi desvendado quase oito anos depois, quando o próprio filho confessou tê-los assassinado em entrevista à WRGB, emissora afiliada da rede CBS, em Albany, nos Estados Unidos. Franz e Theresia Kraus, pais de Lorenz Kraus, não eram vistos desde 2017. O filho havia ido ao programa para dar a sua versão dos fatos após o início de uma apuração sobre o caso e a localização de corpos no quintal da casa onde vivia.

As investigações recentes começaram após uma verificação do Seguro Social em maio de 2025. Segundo a porta-voz da polícia de Albany, Megan Craft, uma verificação anterior em 2020 havia sido encerrada depois que vizinhos afirmaram que o casal havia se mudado para a Alemanha.

— Os oficiais cumpriram o dever e encerraram a ocorrência — disse Craft. Na ocasião, nenhum boletim de pessoa desaparecida havia sido registrado.

Em 2025, após outra tentativa de verificação constatar que os Kraus não estavam na residência, a polícia, o escritório do promotor Lee Kindlon e várias agências locais e federais iniciaram uma investigação sobre possível fraude financeira e o desaparecimento do casal.

Quatro meses após a verificação de maio, policiais executaram um mandado de busca na casa cinza da Crestwood Court. Durante a inspeção, duas árvores pequenas chamaram a atenção: um pessegueiro e uma macieira. Na quarta-feira, cães farejadores localizaram o primeiro corpo, e na manhã de quinta-feira, outro cadáver foi encontrado em outra área do quintal.

O chefe da polícia, Brendon Cox, afirmou que acreditava que os corpos eram dos Kraus, mas a identificação formal ainda não havia sido concluída.

Na noite de quinta-feira, Lorenz Kraus foi ao estúdio da WRGB para dar a sua versão dos fatos. Sentado em uma poltrona bege, vestindo shorts e tênis sem meias visíveis, ele respondeu às perguntas do repórter Greg Floyd sobre a morte dos pais.

Quando questionado se os pais “sabiam o que estava acontecendo com eles” quando foram mortos, Kraus respondeu:

Questionado se eles sabiam que foi por sua mão, disse:

— Bem, sim, de mais ninguém.

Ele alegou que ter matado os pais como um ato de misericórdia para poupá-los do desgaste do envelhecimento, e descreveu o assassinato: matou o pai com as próprias mãos e estrangulou a mãe com uma corda. Kraus afirmou ter cumprido seu “dever como filho” e classificou a situação como “lamentável”.

Segundo ele, a decisão ocorreu em uma noite fria de agosto de 2017, após sua mãe sofrer uma queda e seu pai passar por cirurgia de catarata. Kraus alegou que os pais “implicitamente” pediram para que tirasse suas vidas.

Os corpos foram enterrados no quintal dias depois, e ele continuou a receber os benefícios do Seguro Social do casal, doando o dinheiro para “pessoas que passavam fome nas Filipinas”.

Kraus também compartilhou um manifesto com comentários antissemitas e preconceituosos, referindo-se a pessoas, incluindo sionistas, a governadora Kathy Hochul e contemplados com a Bolsa Rhodes de Oxford, como “inimigos domésticos”, e pediu para ser julgado “sob a lei alemã”.

Após a entrevista, Kraus foi preso no estacionamento da emissora e acusado de dois homicídios de segundo grau e dois crimes de ocultação de cadáver. Ele se apresentou no tribunal criminal de Albany na sexta-feira, se declarou inocente e foi mantido preso sem direito a fiança.

Sua advogada, Rebekah Sokol, criticou a reportagem da TV.

— Parecia notavelmente com uma investigação policial. Muitas pessoas já julgaram o que aconteceu, e eu recomendo fortemente que o público respire fundo. Todos têm direito a uma defesa rigorosa, incluindo o Sr. Kraus.

Lorenz Kraus, que concorreu à presidência dos EUA como democrata em New Hampshire em 2020, promovia teorias da conspiração antissemitas e defendia a dissolução da presidência, segundo o Times Union.

A descoberta chocou moradores de Albany e a governadora Kathy Hochul.

— É inacreditável pensar no ódio no coração de alguém, ser capaz de fazer isso com os próprios pais — disse Kathy.

Vizinhos descreveram o casal como ativo e saudável até o desaparecimento.

— É muito, muito triste e sinto muito que eles tenham sido tão isolados. Não saberíamos a quem ligar — disse Annmarie Calabrese, vizinha de longa data.

O Globo

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Advocacia do Senado propõe regras para impeachment de ministros do STF

Foto: Bruno Moura/STF

A Advosf (Advocacia do Senado Federal) defende validar as regras da Lei do Impeachment para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O registro, enviado na sexta-feira (26), deve subsidiar duas ADPFs (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) sobre a recepção constitucional de dispositivos da Lei do Impeachment. Ambas são relatadas pelo ministro Gilmar Mendes.

As ADPFs 1.259 e 1.260, questionam trechos da legislação, como “a previsão de afastamento cautelar automático, a redução de vencimentos durante o processo e a legitimidade de qualquer cidadão propor denúncia”. As ações foram protocoladas pelo partido Solidariedade e pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

O documento ainda solicita que o STF fixe, em interpretação de acordo com a Constituição, a exigência de quórum de dois terços no recebimento da denúncia, além da proibição de medidas cautelares para candidatos em período eleitoral.

Quem julga o impeachment de um ministro? Qual o caminho?

A Constituição brasileira aponta que o Senado Federal é o responsável por julgar ministros do Supremo em casos de crimes de responsabilidade. Apesar disso, a Casa Alta do Legislativo nunca afastou nenhum ministro do Supremo.

Crimes de responsabilidade são ações cometidas por autoridades como ministros, presidentes e governadores que ameacem o funcionamento dos Poderes, a segurança interna, à Constituição e a União, por exemplo.

Imagem: reprodução/CNN Brasil

Eles não são enquadrados como uma natureza penal, mas política. As sanções também podem acarretar em inelegibilidade e na perda de um cargo. 

Um exemplo é o impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff. Ela teve sua destituição do cargo aprovada pelo que ficou conhecido popularmente como “pedaladas fiscais”, mas que versam com os crimes de responsabilidade contra a Lei Orçamentária.

Um pedido de impeachment pode ser feito por qualquer cidadão e encaminhado ao Senado. A denúncia será analisada pela Mesa Diretora da Casa, que decidirá pelo recebimento ou arquivamento da denúncia.

CNN Brasil

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Morre Aluízio Alves Filho, aos 80 anos

Foto: reprodução

Morreu neste sábado (27), aos 80 anos, Aluízio Alves Filho. “Aluizinho”, como era conhecido”, era filho do ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves.

Aluizinho foi presidente do Sistema Tribuna de Comunicação, que reuniu o jornal Tribuna do Norte, a TV Cabugi e rádios, empresas fundadas por seu pai.

Aluizinho deixa o filho Aluízio Neto, a nora Clarissa, dois netos, e os irmãos Ana Catarina, Henrique Eduardo Alves – ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo – e Henrique José.

Nossos sentimentos aos familiares e amigos.

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Barroso diz que STF deve avaliar reação contra sanções dos EUA

Foto: Rosinei Coutinho/STF

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, disse nesta sexta-feira (26) que a Corte não descarta uma reação contra as sanções determinadas pelo Governo dos Estados Unidos contra integrantes do tribunal.

Perguntado sobre como as sanções foram recebidas pelos ministros, Barroso disse que aguarda o fim do julgamento sobre a trama golpista para avaliar o caso.

O núcleo 1, formado pelo ex-presidente e mais sete aliados, já foi condenado. Os núcleos 2, 3 e 4 devem ser julgados até o fim deste ano.

“A ideia é esperar acabar o julgamento para pensar em qualquer eventual medida, seja política ou judicial”, afirmou.

Até o momento, pelo menos oito ministros do Supremo já foram alvo de sanções do governo do presidente americano, Donald Trump, incluindo a suspensão de vistos de viagem e a aplicação da Lei Magnitsky.

Além de Barroso, foram alvo de Trump os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, relator dos processos da trama golpista, e a mulher dele, a advogada Viviane Barci de Moraes.

Nunes Marques e André Mendonça, nomeados por Bolsonaro, e Luiz Fux não foram alvo de sanções.

R7

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Projeto de Rogério Marinho, Rotas Potiguares vai fortalecer turismo no interior do RN

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio-RN), por meio do Senac-RN, lançou nesta sexta-feira (26), no Sesc Cidade Alta, o programa Rotas Potiguares – Programa de Desenvolvimento e Interiorização do Turismo no RN. A iniciativa é pioneira e tem como base o apoio do senador Rogério Marinho (PL), idealizador da proposta e responsável pela destinação de emendas parlamentares que possibilitaram a sua execução.

Presente no lançamento do projeto, o senador Rogério Marinho relembrou iniciativas de sua autoria voltadas para o empreendedorismo, como o Pró-Sertão, programa de interiorização da indústria, e o Metrópole Digital, dedicado a qualificação de estudantes na área de tecnologia da informação.

Sobre o Rotas Potiguares, Rogério revelou que este não será um trabalho de apenas um ano, e o apoio parlamentar se repetirá nas próximas etapas da iniciativa. “Nosso objetivo é contribuir com os municípios para transformar a realidade econômica das nossas cidades, oferecendo qualificação neste setor fundamental para nosso Estado, gerando emprego e renda”, disse o senador.

Presidente da Fecomércio-RN, o empresário Marcelo Queiroz ressaltou a importância da iniciativa, que ficará sob o comando do Senac-RN. “Em parceria com os municípios, podemos contribuir de forma decisiva: no ano passado, realizamos mais de 33 mil matrículas em cursos pelo Senac e, apenas na área de turismo, foram mais de 3,5 mil matrículas. Temos estrutura e expertise para preparar os municípios a receber não só turistas locais, mas também visitantes nacionais e internacionais, trazendo desenvolvimento econômico”, disse Marcelo.

O presidente da Federação dos Municípios do RN, Babá Pereira, destacou o papel do turismo como vetor de desenvolvimento econômico. “A interiorização do turismo garantirá que cada município seja incluído nesse processo, valorizando suas potencialidades. A Femurn assume o compromisso de ser parceira ativa desse projeto”, afirma.

O Rotas Potiguares tem como objetivo fortalecer a cadeia produtiva do turismo no interior do estado, por meio de ações de consultoria, qualificação profissional, pesquisa e mapeamento turístico. A proposta busca impulsionar o crescimento econômico inclusivo e sustentável, aliando o desenvolvimento do setor ao fomento da cultura local.

Nesta primeira etapa, o programa prevê a capacitação de 780 pessoas em cursos de Turismo Local e Excelência no Atendimento ao Turista e de outras 100 em Marketing Digital. Serão mais de 35 mil horas de qualificação em 44 turmas, além de 9,6 mil horas de consultoria voltadas à estruturação do setor.

O programa também contemplará pesquisas sobre a percepção do turismo em cada região, diagnóstico da situação atual e a construção de um mapa com potenciais turísticos. A iniciativa inclui ainda o desenvolvimento de marcas, a estruturação de canais de comunicação nas redes sociais, produção de imagens e planejamento mensal de conteúdo. A previsão é que o trabalho seja concluído em 14 meses.

Opinião dos leitores

  1. Rogério precisa mostrar ao povo do RN suas ações pois a esquerda que o ideia só fala mal dele.

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[VÍDEO] Após polêmica sobre cartaz que diz ‘petista não é bem-vindo’, dono de frigorífico se pronuncia: ‘não diz que é proibido entrar’

O dono do Frigorífico Goiás, em Goiânia, Leandro Batista, gravou um vídeo a respeito da repercussão sobre um cartaz afixado na entrada do estabelecimento comercial no qual dizia que petistas não são bem-vindos no local. Na gravação, Leandro diz estar fazendo um “desabafo” e afirma que petistas não estão proibidos de entrar na loja de carnes.

“Petista aqui não é proibido de entrar no frigorífico Goiás não. Não é bem-vindo entrar aqui. Isso não significa que é proibido entrar aqui”, diz o CEO do frigorífico.

O cartaz com a mensagem direcionada a petistas foi colocado na entrada da loja de carnes nesta semana. “Petista aqui não é bem vindo”, está escrito em letras maiúsculas.

A repercussão a respeito do cartaz levou um deputado estadual do PT em Goiás a acionar o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e o Procon estadual contra o estabelecimento comercial.

Na representação contra o estabelecimento no MP-GO, o deputado questiona a suposta prática de publicidade abusiva, prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC). O Procon foi provocado a realizar medidas fiscalizatórias e sancionatórias à loja do frigorífico.

Na gravação, Leandro chama o deputado petista de “vagabundo” várias vezes. “Eu estou aqui agora fazendo um desabafo. Tem um deputado aqui, um deputado estadual Mauro Rubem (PT), o cara fica denunciando Ministério Público, Vigilância Sanitária, Procon (ele) já me processou. (…) Mauro Rubem, você é um vagabundo socialista”, critica.

Picanha do mito

Em outubro de 2022, ainda durante a campanha eleitoral, o mesmo frigorífico foi alvo de outra polêmica, por vender a “picanha mito” a R$ 22, número do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) na urna.

Houve tumulto e o caso foi parar na Justiça, que determinou a suspensão da venda do produto.

Metrópoles

Opinião dos leitores

  1. Mais uma perseguição por um direito básico retirado do povo, pela ESQUERDA: “Ter opinião”.
    A resposta a isso é simples e fácil, que TODES os PETISTAS coloquem cartaz em seus estabelecimento dizendo: “bolsonaristas não são bem vindos”.
    Troco dado.

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