Diversos

Ela foi desvalorizada no emprego – e criou um negócio de R$ 30 milhões

Sofia Esteves e equipe na DMRH: filha de imigrantes, ela cresceu na periferia da cidade e diz que empreendeu “por absoluta necessidade” (DMRH/Divulgação)

A história de Sofia Esteves poderia ser a de muitas pessoas que vivem na periferia da cidade. Filha de imigrantes europeus, ela cresceu no bairro de Itaquera, no extremo leste de São Paulo. Caçula de três irmãos, muitas vezes se viu sem dinheiro para comprar lanche na escola e tendo de andar quilômetros até ela. Mas, mesmo com uma situação financeira frágil, seus pais batalhavam dia a dia para dar educação aos filhos.

A empreendedora cresceu observando a luta dos pais para tocar, inicialmente, uma carrocinha que vendia miúdos de carne pelo bairro e, depois, um açougue na região. Ela lembra que eles sempre buscaram tirar os filhos da zona de conforto. “Meus pais sempre nos ensinaram que teríamos de batalhar por cada objetivo”, disse, em entrevista a EXAME.com.

O primeiro emprego de Sofia foi como recepcionista de um consultório médico, aos 17 anos. Depois, fez um curso técnico na área de arquitetura e foi trabalhar em uma loja de móveis perto de casa. Ao entrar na faculdade de psicologia, viu-se em um dilema. “Precisava ajudar meus pais a pagar o curso. Então, continuei trabalhando nessa loja até terminá-lo”.

No final da faculdade, Sofia não havia feito um estágio em sua área de formação. Uma amiga apresentou uma empresa de consultoria de recursos humanos, mercado ainda incipiente no país. “Não tinha ideia do que se tratava”.

E agora?

Mesmo assim, Sofia resolveu “dar a cara para bater” após ver o anúncio de uma vaga em uma dessas consultorias no jornal. “Liguei dizendo: ‘olha, tenho 24 anos e um alto potencial. Não querem me ajudar a começar?’ A recepcionista que me atendeu riu e passou para o diretor, que riu também e disse: ‘qual a sua pretensão salarial?’ Eu disse: ‘estou quase pagando para quem me deixar começar’”. A entrevista com a jovem candidata foi marcada.

Chegando no escritório, Sofia tomou um “chá de cadeira” de uma hora e meia. “Me senti desrespeitada”. Quando o diretor finalmente apareceu, foi logo dizendo: “Olha, acabamos de contratar uma psicóloga formada pela USP com experiência de cinco anos”.

Sofia não deixou barato. “Que bom que encontraram a pessoa certa. Não tenho mais tempo a perder aqui. Quero trabalhar”. O diretor, então, pensou duas vezes e fez uma proposta. “Olha, já que você diz que tem esse talento todo, você entra na empresa como assistente. Mas, se não se desenvolver em três meses, vai ser uma ‘assistentezinha’”. O pagamento? Menor do que um salário mínimo na época. Sua sala? Um banheiro “reformado”.

O sangue de Sofia “ferveu”, mas ela resolveu encarar a proposta como um desafio. “Ele me desvalorizou. Mas resolvi lutar e mostrar do que era capaz. Em 15 dias já era uma consultora e, depois de um ano, já havia me tornado gerente da área e estava abrindo uma unidade de negócios para eles”.

Um dos diferenciais de seu trabalho, conta, era buscar entregar pessoalmente os currículos que recebia para os clientes. “Eu tentava entender o perfil de cada um, analisar a necessidade da empresa e só enviar os que tinham mais a ver com esse objetivo. Como os Correios demoravam um tempo para entregá-los, ia eu mesma fazer isso e aproveitava para explicar mais sobre os candidatos. O objetivo era tornar o processo mais humano e menos burocrático”.

Sofia continuou na empresa até que resolveu buscar uma outra oportunidade profissional, em uma empresa de recolocação de executivos. Depois de seis meses, viu-se diante de um dilema ético. “Os diretores queriam que eu tomasse uma atitude com relação a um fornecedor que não era de ganha-ganha. Insisti que não iria fazer, mas o diretor colocou sua autoridade na mesa. Resolvi pedir demissão. Aquilo ia contra os meus valores”.

Sem emprego, ela conheceu uma psicóloga que propôs que alugasse uma sala de sua clínica. Quase ao mesmo tempo, recebeu a ligação de um diretor de uma grande empresa, cliente na sua antiga consultoria. “Ele me disse que queria passar um projeto para mim depois de descobrir que havia saído da empresa. Rebati: só tenho dois anos de experiência. Acho melhor passar para a empresa. Ele então me disse que gostava do jeito que eu pensava a área de recursos humanos e me aconselhou: ‘abra o seu negócio que você vai ter sucesso, menina’”.

O início

Sofia pensou que inicialmente trabalharia como uma profissional autônoma. “Por absoluta necessidade de sobrevivência, aluguei a sala da psicóloga, comprei uma mesa e três cadeiras por cerca de mil reais na época, que era o que eu tinha, e aluguei uma máquina elétrica, pois não conseguia comprar uma. Só fiz isso porque o projeto daria para pagar ao menos o primeiro aluguel”. Ela conta que, em janeiro de 1988, teve 15 dias para criar uma metodologia própria na qual acreditava, ouvindo diversos profissionais do mercado.

Logo um projeto puxou o outro. “Foi tudo no boca a boca”. Sofia resolveu, então, seguir o conselho do cliente. “Pedi ajuda para mentores sobre como abrir uma empresa e criei a Decision Making, que depois virou a DM”.

Depois de seis meses, a empreendedora alugou seu primeiro escritório e tinha uma pequena equipe, de cinco pessoas. Não demorou muito para enfrentar sua primeira crise: o confisco da poupança realizado pelo então presidente Fernando Collor.

“Estava tocando 17 projetos e 12 foram suspensos apenas no período da manhã. Nesse dia, minhas funcionárias foram almoçar sozinhas. Depois anunciaram que sabiam que provavelmente eu não teria dinheiro para pagá-las, mas queriam continuar na empresa. Mandaram dar férias para elas e pagar apenas os encargos obrigatórios. Quando o mercado retomasse eu poderia chamá-las de volta. Depois de dois meses, comecei a chamá-las para voltar ao trabalho”.

Para ter esse grau de engajamento de seus funcionários, foi necessário dar muita autonomia, confiar no trabalho deles e sempre tratá-los como sócios. “Sempre busquei fazer quatro reuniões no ano, nas quais compartilho os resultados da empresa e sua situação real. Não por acaso, quem esteve comigo no início se tornou, efetivamente, sócio com o tempo. Todo mundo sempre soube qual era meu salário e quanto a empresa faturava”.

Com a empresa novamente andando, a empreendedora decidiu iniciar um trabalho voluntário em universidades. “Queria explicar a jovens conceitos básicos para orientá-los profissionalmente, como quais eram as diferenças entre uma empresa multinacional e nacional”.

Até que, um dia, recebeu a ligação de um diretor da então Gessy Lever, agora Unilever. “Eles queriam terceirizar um programa de trainees. Nem sabia do que se tratava, só conhecia programas de estágios. Inicialmente recusei, mas ele insistiu que eu tinha experiência com jovens e como selecionadora e poderia fazer. Nasceu então uma nova divisão da empresa, a Cia de Talentos”.

A divisão somente deu lucro para o grupo depois de 13 anos. O importante, conta Sofia, era que o grupo fechasse no azul neste período. “Quando a divisão se tornou conhecida até em países vizinhos, percebi que não há dinheiro melhor do que aquele que você coloca no que acredita”.

Sofia Esteves, fundadora da DMRH: Transparência, humildade e um passo por vez (DMRH/Divulgação)

O sucesso

Com 200 funcionários, presença em 40 países e faturamento de 31 milhões de reais no ano passado, a DMRH está prestes a completar 30 anos. No portfólio, grandes clientes, inclusive a Unilever, que são fiéis à consultoria por quase duas décadas ou até mais de duas.

Olhando sua trajetória, Sofia conta que nunca parou para pensar muito em empreender e nem percebia os riscos que corria quando montava o negócio. “Por necessidade, eu ia fazendo, seguindo uma intuição, sempre buscando fazer bem feito. Acho que faz parte de um perfil: tem muita gente com história similar à minha que, frente a uma dificuldade, para e se engessa”.

O que fez diferença, conta, foi a visão de mudar o que se praticava na área. “Quando comecei, só existiam consultorias internacionais que faziam processos seletivos enlatados, que não levavam em consideração os valores, a cultura e o perfil emocional do brasileiro”.

Apesar do crescimento rápido, Sofia conta que ele poderia ter sido ainda mais acelerado. Precauções para evitar que o negócio saísse do seu controle diminuíram o ritmo do crescimento, mas tornaram o negócio mais sólido. Seus pais foram roubados por sócios e contadores mais de uma vez, e ela nunca assumiu dívidas ou empréstimos sem a certeza de que poderia pagar, dando um passo por vez.

A sinceridade com colaboradores, humildade de pedir ajuda a profissionais experientes e o fato de sempre pagar funcionários e fornecedores em dia também foram decisivos no caminho para o sucesso do negócio. “No aluguel do meu primeiro escritório, não tinha como pagar uma arquiteta. Mas ela me disse que eu estava sendo tão corajosa que poderia pagar depois. Confiou em mim, pois fui muito transparente”.

O cuidado com os candidatos também sempre marcou o seu negócio. “Quem paga minhas contas são as empresas que contratam, meus clientes, mas sempre expliquei para eles que não poderia colocar os candidatos em uma fria. Precisava, portanto, de informações completas sobre os processos seletivos”.

Preocupada em tornar o mercado de trabalho mais acessível, Sofia conta que levou uma década para mudar a mentalidade de clientes sobre o perfil almejado dos candidatos. “Expliquei que talento não é sinônimo de uma boa escola e nem significa ter fluência em uma língua estrangeira. Dessa forma, acredito que se criam feudos, com cabeças pensando sempre igual. Me mostrava como exemplo. Conhecimentos técnicos podem ser treinados no dia a dia. Alma e valores não. Dessa forma, consegui criar uma onda de diversidade no quadro de funcionários das empresas”.

Exame

 

Opinião dos leitores

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Geral

Trump Media e Rumble pedem à Justiça dos EUA novas sanções contra Moraes e outros ministros do STF

FOTOS: Rosinei Coutinho/STF – Alex Brandon/AP

As empresas Trump Media, ligada ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump, e Rumble pediram à Justiça americana que envie ao Departamento de Estado os autos do processo que contesta decisões do ministro Alexandre de Moraes, para que o governo dos EUA considere a aplicação de sanções contra o magistrado e outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas violações de direitos humanos. O pedido não cita quais ministros, além de Moraes, seriam alvo.

O novo pedido foi apresentado dentro da ação que tramita desde fevereiro deste ano no tribunal federal da Flórida, movida pelas duas empresas contra ordens de Moraes.

Na nova petição, protocolada nesta terça-feira, 22, as companhias fundamentam o pedido na Lei Global Magnitsky, legislação que permite punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

A solicitação se apoia em trecho da lei que autoriza indivíduos ou entidades a apresentar denúncias ao Departamento de Estado, diretamente ou por meio de processos judiciais em andamento. As empresas listam três tipos de sanções possíveis: proibição de vistos, congelamento de bens e restrições diplomáticas.

Segundo os advogados, as ordens de Moraes para bloquear perfis em redes sociais, como o do comentarista Rodrigo Constantino, violam garantias constitucionais e configuram abusos que justificariam medidas como o congelamento de bens e a suspensão de vistos. Eles afirmam que as ações do ministro são “arbitrárias, ilegais e ofensivas à consciência moral”.

“Os autores respeitosamente solicitam que o tribunal (…) encaminhe as evidências ao Departamento de Estado dos EUA para consideração de possíveis sanções contra Alexandre de Moraes e outros membros do STF”, diz o documento.

O movimento ocorre em meio à escalada da tensão diplomática entre os dois países. Na última sexta-feira, 18, horas após Moraes impor tornozeleira eletrônica e novas medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo dos EUA revogou os vistos de ministros do STF e de seus familiares, alegando perseguição política e censura a cidadãos americanos. A decisão foi anunciada por Marco Rubio, atual secretário de Estado.

A Lei Global Magnitsky já foi usada pelos Estados Unidos para sancionar autoridades de diversos países, mas nunca havia sido acionada nesse tipo de disputa com o Brasil.

Nos pedidos anteriores, os advogados já haviam solicitado que a Justiça dos EUA declarasse as ordens de Moraes “inexequíveis” e bloqueasse qualquer tentativa de cooperação entre autoridades americanas e brasileiras para executá-la. Agora, a ofensiva ganha contornos diplomáticos e pressiona o governo americano a se posicionar.

Estadão Conteúdo

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Geral

Folha de S. Paulo, O Globo e Estadão se posicionam contra medidas impostas por Moraes a Jair Bolsonaro: “abuso” e “censura”

Imagem: reprodução

Nesta quarta-feira (23), os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo publicaram editoriais contundentes contra a medida do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a divulgação de declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo por terceiros.

O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo classificaram como indevida, inconstitucional e perigosa para a liberdade de expressão no Brasil.

“Proibir entrevista é indevido e inoportuno”, diz O Globo

O Globo declarou em editorial  que “proibir entrevista é indevido e inoportuno”, em menção direta à decisão de Moraes que vetou veiculação de falas de Jair Bolsonaro nas redes sociais. O jornal afirma que tal decisão infringe garantias constitucionais. Leia a íntegra.

“Escandaloso caso de censura”, diz o Estadão

Mais incisivo, o jornal O Estado de S. Paulo classificou a decisão como “um escandaloso caso de censura” e disse ainda que medidas abusivas como essa apenas agravam a polarização política no país. De acordo com o Estadão, Moraes “agiu de maneira arbitrária” quando impediu que declarações públicas feitas pelo ex-presidente em ambiente institucional sejam compartilhadas online, mesmo que por outras pessoas. Veja a íntegra.

Folha de S. Paulo:  “A obsessão censora do ministro Alexandre de Moraes deveria ser inibida”

A Folha de S. Paulo também publicou críticas contundentes à decisão de Moraes, destacando que o STF extrapola sua competência ao interferir preventivamente em manifestações públicas, o que fere o princípio da liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição. Leia completo aqui.

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Geral

Festival Forrozar confirma Batista Lima, Eliane, Cavalo de Pau, Forró dos 3 e Gió dia 6 de setembro na Arena das Dunas

Mais de 10 horas de programação celebram a história e a essência do forró.

O forró, um dos gêneros musicais mais emblemáticos do Brasil, terá uma noite dedicada exclusivamente à sua celebração em Natal. No dia 06 de setembro, a Arena das Dunas se transforma no epicentro da cultura nordestina com o Festival Forrozar, que promete mais de 10 horas de programação com shows de grandes nomes nacionais e potiguares, além de experiências imersivas que contam a história e a essência do forró.

Entre as atrações já confirmadas estão Batista Lima, um dos maiores intérpretes do forró romântico; Eliane, a consagrada “Rainha do Forró”, com 42 anos de carreira e uma trajetória marcada por sucessos como Brilho da Lua, Valeu e Amor ou Paixão; a banda Cavalo de Pau, ícone do forró tradicional; além do grupo Forró dos 3 e da cantora Gió, que trazem o talento potiguar para o palco do festival.

O Festival Forrozar vai além da música ao vivo. Inspirado no conceito de “forrobodó” — termo que deu origem ao nome forró, segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo — o evento vai contar com uma exposição interativa que narra a trajetória do gênero, desde as suas raízes, com mestres como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, até os artistas que hoje levam o forró aos grandes palcos do Brasil e do mundo.

“O Forrozar nasceu para ser mais do que um evento. É uma forma de homenagear a identidade cultural do Nordeste, proporcionando ao público uma viagem pela história do forró, com música, dança, gastronomia e memórias afetivas”, destaca a produção do festival.

Em 2024, o Festival Forrozar reuniu milhares de pessoas na Arena das Dunas, em uma noite marcada por dois palcos e música ininterrupta. Nomes como Reynaldo do Acordeon, Alcymar Monteiro, Socorro Lima, Samyra Show, Beto Barbosa, Brasas do Forró e Deusa do Forró animaram o público em mais de sete horas de festa. Este ano, a expectativa é ainda maior, com uma estrutura renovada e atrações que prometem fazer história.

Os ingressos já estão à venda na plataforma Bilheteria Digital.

O evento conta com o patrocínio da Prefeitura do Natal, por meio da Lei Djalma Maranhão, com incentivo da Unimed Natal, Espacial Veículos e Prontoclínica Paulo Gurgel, e do Governo do Estado do RN, através da Lei Câmara Cascudo, com incentivo do Nordestão e CDA Distribuidora.

Serviço:
Festival Forrozar 2025
Data: 06 de setembro (sábado)
Local: Arena das Dunas – Natal/RN
Atrações confirmadas: Batista Lima, Eliane, Cavalo de Pau, Forró dos 3 e Gió
Ingressos: à venda na Bilheteria Digital
Mais informações: @festivalforrozar

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Geral

Flavio Bolsonaro apresenta pedido de impeachment de Moraes ao Senado

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado e Antonio Augusto/STF

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou nesta quarta-feira (23) um pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. As medidas cautelares impostas por Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro foram os motivos principais.

“Ao calar Jair Messias Bolsonaro por completo, proibindo-o de se manifestar direta ou indiretamente nas redes sociais, implicitamente proibindo-o de conceder entrevistas, declarações públicas e postagens em canais de terceiros — sob pena de prisão — o Ministro Alexandre de Moraes não apenas viola o direito individual do ex-presidente à livre manifestação, mas suprime o direito coletivo da população de ter acesso às suas ideias, discursos e posicionamentos. A medida adotada restringe a arena pública de debate, desequilibra o ambiente democrático e fere frontalmente o entendimento doutrinário e jurisprudencial firmado pela própria Corte a que o Ministro pertence”, afirma o senador.

Na sequência, afirma: “O que se verifica, em verdade, é que o Ministro relator abandona sua posição constitucional de julgador imparcial para assumir um protagonismo político absolutamente incompatível com o cargo que ocupa, antecipando juízo de culpabilidade, censurando comunicações privadas, inclusive entre pai e filho, restringindo a liberdade de expressão nas redes sociais, e tratando reuniões diplomáticas ordinárias com representantes estrangeiros como atos ilícitos ou suspeitos, o que representa uma inversão radical da lógica constitucional e do papel da jurisdição penal em um Estado Democrático de Direito”.

O senador diz que em momentos semelhantes anteriores na história brasileira a corte teve postura distinta.

“Em abril de 2016, Dilma discursou na tribuna da ONU, declarando que estava sendo vítima de um golpe no Brasil. A fala gerou repercussão internacional e críticas internas, mas nenhuma medida judicial foi imposta pela Suprema Corte para censurá-la, limitá-la ou considerá-la autora de atos de atentado à soberania nacional”, afirmou.

Declara também que “de igual modo, anos depois, o hoje Ministro do STF, Cristiano Zanin, enquanto atuava como advogado de Luiz Inácio Lula da Silva, viajou à Europa — com passagens pela Inglaterra e Itália — para se reunir com parlamentares, juristas e acadêmicos, difundindo a tese de que Lula era vítima de perseguição judicial no Brasil”.

“O objetivo da missão era claro: denunciar, no exterior, a parcialidade do Judiciário brasileiro, a condução da operação Lava Jato e a suposta violação aos direitos constitucionais do ex-presidente e nenhuma medida judicial foi imposta pela Suprema Corte para censurá-lo, limitá-lo ou considerá-lo autor de atos de atentado à soberania nacional”, complementa.

Flávio Bolsonaro considera que “nada disso foi tratado como obstrução de Justiça, conspiração contra a soberania nacional ou tentativa de submeter o sistema judiciário brasileiro ao crivo de governos estrangeiros” e que “nenhuma medida restritiva ou censória foi imposta, nem houve qualquer interferência institucional do STF para coibir tais atos”.

O senador questiona, “o contraste é gritante: Se Lula, mesmo preso, teve assegurado o direito de expressar livremente suas opiniões — por que Jair Bolsonaro, em liberdade e sem condenação, é silenciado por decisão judicial? Por que Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, tem suas manifestações públicas interpretadas como ameaça à soberania nacional, quando Dilma Rousseff discursou na ONU e Cristiano Zanin percorreu a Europa denunciando perseguição política, sem qualquer consequência judicial?”

Para ele, há um critério ideológico adotado pelo STF contra Bolsonaro: “Essa disparidade revela um critério ideológico seletivo, pois no passado os Ministros do Supremo Tribunal Federal toleraram e até compreenderam manifestações políticas e diplomáticas da esquerda, mesmo quando estas colocavam em dúvida a legitimidade das instituições nacionais. Nas situações envolvendo Dilma e Lula, não houve imputação criminal, inquérito policial, medidas cautelares, censura, nem mesmo reprimenda pública por parte do STF. Ao contrário: tais manifestações foram tratadas como estratégias políticas legítimas e amparadas pelo exercício da liberdade de expressão.”

Procurado, o STF não se manifestou.

CNN Brasil

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Polícia

Policial penal é principal suspeito de matar mulher de 22 anos na Grande Natal, diz polícia

Foto: Reprodução

Um policial penal é o principal suspeito do assassinato de uma jovem de 22 anos na madrugada desta quarta-feira (23) em Ceará-Mirim, na Grande Natal, segundo a Polícia Civil. Ele se apresentou à delegacia, entregou a arma, mas não ficou preso.

A Secretaria de Administração Penitenciária informou que o servidor estava a caminho do trabalho, na Cadeia Pública de Ceará-Mirim, quando o crime aconteceu. Eis a íntegra do pedido.

Segundo a Polícia Militar, o caso foi registrado por volta de 1h10 na rodovia RN-064, na altura do distrito Gravatá, zona rural do município. As circunstâncias da ocorrência, no entanto, não foram informadas pela corporação.

Familiares da vítima, que identificaram a jovem como Keulen Viana de Lima, de 22 anos, disseram que ela e os outros ocupantes do carro onde ela estava teriam sido confundidos com assaltantes, pelo policial penal. A versão não foi confirmada pela polícia até a última atualização desta reportagem.

De acordo com a Polícia Civil, o servidor público permaneceu no local, prestou socorro à vítima e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar.

Em seguida, ele se apresentou à delegacia para entregar a arma e prestar depoimento. Após ser ouvido, o homem foi liberado. A versão do suspeito também não foi informada.

Segundo a Polícia Civil, um inquérito foi aberto pela Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP/Ceará-Mirim).

“O caso está sendo investigado pela unidade da DHPP responsável pela área, com o objetivo de esclarecer os fatos e adotar as providências legais cabíveis. Testemunhas serão ouvidas nas próximas horas e diligências seguem em andamento”, informou a corporação.
O corpo da vítima foi recolhido pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) para passar por exames necroscópicos.

G1RN

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Política

Prefeito Antônio Henrique abre Semana do Município e apresenta balanço dos primeiros meses de gestão

Foto: Divulgação

Nesta quarta-feira (22), a Prefeitura de Ceará-Mirim deu início à programação oficial da Semana do Município, em comemoração aos 167 anos de emancipação política da cidade. A solenidade aconteceu em frente ao Palácio Antunes e contou com a presença do prefeito Antônio Henrique, da vice-prefeita Margareth, do presidente da Câmara Municipal, Marcone Barbosa, além de secretários, vereadores e moradores.

Durante o evento, o prefeito apresentou um balanço das principais ações realizadas nos primeiros sete meses de gestão e reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento do município:

“Essa semana marca mais do que a celebração dos 167 anos de Ceará-Mirim. Marca o compromisso que renovamos todos os dias com a nossa cidade. Saio de casa às 6h da manhã e muitas vezes só volto de madrugada, acompanhando de perto as equipes em campo, inclusive em dias de chuva. Já fizemos muito e temos muito mais por fazer. Quero também reconhecer o ex-prefeito Júlio César, que deu importantes contribuições e a quem damos continuidade com respeito e responsabilidade”, afirmou o prefeito.

Educação

A gestão garantiu o pagamento do piso salarial dos professores e quitou todas as letras salariais em atraso. Além disso, está realizando manutenção preventiva em toda a rede municipal e reformando oito escolas, entre elas a Escola Menino Jesus. Também foram convocados novos concursados para reforçar o quadro de profissionais da educação.

Saúde

As unidades de saúde de Coqueiros, Massaranduba e Matas foram reformadas. O programa Fila Zero já realizou e agendou mais de 9 mil procedimentos. Foi anunciada a criação da Casa Azul, espaço especializado para atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O prédio está em reforma e os equipamentos já foram adquiridos. Em breve, o serviço será entregue com terapias, atividades pedagógicas e apoio às famílias.

Infraestrutura

A Prefeitura deu continuidade às obras de pavimentação e asfaltamento em ruas da sede e comunidades como Terra da Santa, Muriú, Primavera e Várzea de Dentro. Está em andamento o asfaltamento da Rua Olinto Meira e operações de tapa-buraco no Planalto, Cohab e ruas centrais. Outras ações incluem a reforma do Mercado da Carne, avanço nas obras do Camelódromo e substituição da iluminação pública por LED nas principais avenidas e em bairros como Vale do Amanhecer, Baixo Vale e Massaranduba.

Desenvolvimento Rural

Mais de 8 mil famílias produtoras foram beneficiadas com o corte de terra. Também foram realizadas limpezas de rios e lagoas para fortalecer a produção agrícola. Um sonho antigo dos moradores do Assentamento Padre Cícero se tornou realidade com a inauguração do novo sistema de abastecimento de água, encerrando uma espera de mais de 25 anos. A obra, executada pelo SAAE, contou com investimento de mais de R$ 300 mil e beneficia diretamente mais de 60 famílias com a instalação de poços, redes de distribuição e ramais domiciliares.

O prefeito também anunciou que está buscando recursos para viabilizar a tão sonhada estrada que ligará Ponta do Mato a Primeira Lagoa, beneficiando diversas comunidades rurais.

Habitação

Serão entregues 50 casas à comunidade quilombola de Coqueiros e está em andamento a construção de 400 apartamentos no bairro Planalto, divididos em duas etapas de 200 unidades.

Serviços Urbanos

Diversos bairros receberam ações de limpeza urbana, e a coleta de lixo foi regularizada em comunidades como Aningas, Tamboão, São José, Rosário, Santa Águeda I e II, Manimbu e Tamanduá.

Segurança e Gestão

Graças à articulação do prefeito Antônio Henrique, com o apoio de prefeitos da região do Mato Grande, o Governo do Estado confirmou a instalação de um Batalhão da Polícia Militar em Ceará-Mirim. Também foram iniciadas melhorias na base da Guarda Municipal em Muriú, com reforço nas ações de segurança.

Na administração, a gestão tem mantido o pagamento dos salários dos servidores em dia e de forma antecipada, reafirmando o compromisso com a valorização do funcionalismo e o equilíbrio das contas públicas.

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Cidades

FOTOS: MST ocupa Governadoria do RN e cobra reunião com Fátima Bezerra

Fotos: Magnus Nascimento

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) seguem em mobilização durante a manhã desta quarta-feira (23), no Rio Grande do Norte, na busca do avanço das principais pautas da categoria, entre elas a reforma agrária. O grupo ocupa a sede da Governadoria do Estado, na zona Sul de Natal. O movimento cobra uma reunião com a governadora Fátima Bezerra (PT).

O grupo saiu em caminhada da sede do do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Estado, que foi ocupado por cerca de 800 pessoas na última terça-feira (22). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a manifestação, de caráter pacífico, saiu em deslocamento pela Avenida Senador Salgado Filho em direção à BR-101, com um grupo de cerca de 500 participantes.

O protesto faz parte da Semana Camponesa, uma jornada nacional que teve início na segunda-feira (21) e já ocupa 20 sedes do Incra em todo o País. Nesta semana, entidades como a Federação da Agricultura criticaram a tolerância do Estado com as invasões do MST.

No RN, a mobilização teve início com uma marcha que partiu de Ceará-Mirim, passou por São Gonçalo do Amarante e chegou a Natal. O ato cobra a retomada das políticas públicas de reforma agrária, que segundo o movimento estariam paralisadas tanto no plano federal quanto estadual. A manifestação ocorre no marco do dia do trabalhador e da trabalhadora rural, celebrado no próximo dia 25 de julho.

Tribuna do Norte

Opinião dos leitores

  1. Se a imprensa fosse justa, então reportaria esses meliantes como “terroristas” e esse movimento como “tentativa de golpe”.

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Música

Sambista Debinha Ramos se apresenta em Portugal

Foto: Divulgação

O sambista potiguar Debinha Ramos será uma das grandes atrações da 13ª edição do Mega Samba, um dos mais importantes festivais dedicados ao samba na Europa. O evento acontece entre os dias 24 e 27 de julho, na cidade litorânea de Sesimbra, em Portugal, reunindo músicos, dançarinos e entusiastas do gênero de várias partes do mundo.

Diretamente das Rocas, tradicional bairro de Natal (RN), Debinha sobe ao palco na quinta-feira, dia 24, representando o samba brasileiro com sua autenticidade e energia contagiante. Reconhecido por sua trajetória e compromisso com as raízes do samba, o artista promete uma apresentação marcante, levando ao público o melhor da música que é símbolo da cultura popular brasileira.

O festival, que já se firmou como um dos maiores encontros de samba fora do Brasil, oferece quatro dias de intensa programação, incluindo oficinas de percussão, dança e canto, promovendo a troca cultural e o fortalecimento do samba como expressão artística global.

O encerramento contará com uma grande celebração: um desfile de escolas de samba de Sesimbra e de outros países da Europa, acompanhado por uma mega bateria.

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Geral

Feira Boné Brasil que acontece em Serra Negra do Norte, vai movimentar indústria do boné na região Seridó

Foto: Divulgação

Nos dias 31 de julho, 1º e 2 de agosto, Serra Negra do Norte será palco da Feira Boné Brasil, um evento de alcance nacional que reunirá empresários do ramo de bonés e da indústria têxtil. Serra Negra do Norte se destaca na produção de bonés, com uma média mensal de 2 milhões de unidades e a geração de cerca de 2.600 empregos diretos, consolidando-se como um importante polo do setor.

A feira contará com palestras, desfiles e diversas oportunidades de negócios, fortalecendo ainda mais a economia local.

A programação da Feira Boné Brasil em Serra Negra do Norte será bastante diversificada.

A abertura oficial acontecerá no dia 31 de julho, seguida por uma série de palestras com especialistas do setor têxtil e de empreendedorismo.

Haverá também oficinas práticas, rodadas de negócios, desfiles de moda com as últimas tendências em bonés e um espaço dedicado à exposição dos produtos das empresas participantes.

A programação está dividida entre o Espaço Sebrae, com atividades em sala fechada, e o Palco Principal, localizado na área da feira. Abaixo, confira os detalhes:

31 de Julho – Quinta-feira

Espaço Sebrae

17h – Liderança na Prática: Como Inspirar e Vender Mais – Flávia Diogo
18h – Times Fortes: Cultura que Motiva – Carol Werner
19h – Gestão Financeira Simplificada – Renato Lima

Palco Principal

19h40 – Abertura Oficial
21h – Desfile Boné Brasil: Tendências e Criatividade em Cena

01 de Agosto – Sexta-feira

Espaço Sebrae

17h – Soluções de Correios para Exportação – Romeica Cavalcante
18h – Planejando a Sucessão do seu Negócio – Tereza Jeane
19h – Encontro de Negócios

Palco Principal

20h – Do RN para o Brasil: Como Vender Bonés no Mercado Livre e Escalar suas Vendas – Vinicius Silva
21h – Marketing Digital e Posicionamento Empresarial – Moisés Ramos

02 de Agosto – Sábado

Espaço Sebrae

16h – Técnicas Infalíveis para Fechar Negócios – Jean Oliveira
17h – Recupere Clientes e Multiplique Vendas com Remarketing Inteligente – Jean Oliveira

Palco Principal

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Brasil

PT paga R$ 2 mi e quita dívida com ex-marqueteiro de Lula e Dilma

Foto: Reprodução

O diretório nacional do PT pagou, em maio, R$ 2,3 milhões à Polis Propaganda e Marketing, empresa dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Os 2 foram presos na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e caixa 2 em campanhas eleitorais da sigla. Posteriormente, as sentenças foram anuladas.

A informação sobre o pagamento consta na prestação de contas do partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

João Santana foi responsável por diversas campanhas eleitorais do PT –entre elas algumas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

No site do TSE não está especificado a que se refere o pagamento. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o valor foi para quitar uma dívida referente à campanha eleitoral de Dilma em 2014. A empresa de João Santana foi à Justiça cobrar o valor.

O Poder360 entrou em contato com o diretório nacional do PT, por e-mail, para perguntar sobre o pagamento. Não houve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

À Folha, o partido disse que o montante foi firmado em um acordo homologado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

“Todos os pagamentos foram declarados à Justiça Eleitoral e à Justiça do DF, que arquivou a demanda por restar satisfeita a obrigação”, declarou o PT.

Em acordo extrajudicial publicado no começo de maio, as partes acordaram em reduzir a dívida do PT de R$ 9.042.240,10, em valores atualizados, para R$ 4.062.054,88. Como o PT já havia pagado uma parte, a dívida ficou em R$ 2.792.751,35.

Ainda em maio, o PT pagou R$ 2.261.054,88. O restante será dividido em 5 parcelas.

Depois do pagamento realizado em maio, a Polis pediu a extinção do processo por considerar que o acordo foi cumprido.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. De onde terá saído esse dinheiro! Será que não foi o pagador de imposto que quitou a dívida, assim como vamos quitar a do INSS?

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