Foto: Daniel Teixeira/Estadão
As incorporadoras levaram ao governo federal uma proposta para revisar novamente o Minha Casa Minha Vida, aumentando o seu alcance perante a classe média – que se ressente dos juros altos dos financiamentos imobiliários. O Estadão/Broadcast apurou que representantes de associações empresariais sugeriram que o preço máximo de imóveis comercializados dentro da faixa 4 do programa habitacional passe de R$ 500 mil para R$ 650 mil, enquanto a faixa de renda mensal das famílias atendidas suba de R$ 12 mil para R$ 15 mil.
As incorporadoras veem aí a chance de aproveitar ainda mais o fundo social do pré-sal, que neste ano abriu um orçamento de R$ 18 bilhões para habitação. Além disso, a medida ajudaria a socorrer as vendas de imóveis neste segmento, que vêm esfriando nos últimos meses. A proposta é aumentar o programa para ajudar a classe média, disse, sob condição de anonimato, um representante de uma das empresas do setor.
Já no Ministério das Cidades, a proposta recebida está sob análise, sem uma decisão, até aqui, se será tirada do papel ou não. De acordo com uma pessoa do alto escalão do Ministério, também falando sob condição de anonimato, há estudo para tudo, mas, por ora, não há nada andando neste sentido.
De um lado, a avaliação técnica na pasta é de que é preciso aguardar a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida amadurecer antes de se falar em um novo ajuste. Por outro lado, há uma certa preocupação com o ritmo lento com que a faixa 4 está evoluindo. Além disso, uma eventual ampliação do MCMV seria bem vista por uma parcela importante da população às vésperas das eleições presidenciais.
Em termos práticos, as incorporadoras poderiam trabalhar com uma margem de lucro maior ao ter uma ampliação da faixa 4, mas também aumentar o tamanho médio dos imóveis oferecidos para a classe média.
De acordo com estimativa da consultoria de dados Brain, o preço médio do metro quadrado de um imóvel que custa entre R$ 350 mil e R$ 700 mil na capital paulista atualmente é de R$ 10,1 mil. Considerando esse valor, um imóvel de R$ 500 mil teria 50 m². Com o teto de R$ 650 mil, o tamanho poderia aumentar para 64 m².
Em bairros como Vila Mariana, onde o preço médio de metro quadrado é de R$ 17,4 mil, o imóvel poderia ter 37 m². Em Pinheiros, seriam viáveis apartamentos de 24 m². Já em bairros como Mooca, Barra Funda, Butantã, Ipiranga e Vila Prudente, o tamanho viável ficaria entre 50 e 60 m².
Outra abordagem possível para as incorporadoras com o novo preço máximo dos imóveis seria manter o tamanho do apartamento e aumentar a oferta de áreas comuns nos prédios, seguindo o conceito chamado de condomínios-clubes — que tendem a custar mais para serem feitos.
Em outro levantamento, específico sobre a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, a Brain mostra que os preços praticados por incorporadoras para os imóveis de até R$ 500 mil em SP vão de R$ 8.045 no Parque Das Paineiras a R$ 13.451 no Jardim Prudência, dois bairros da zona sul da capital paulista.
O tamanho médio dos lançamentos atuais é de 49 m². Com o novo teto de preço, os imóveis poderiam ter até 63 m².
Juro alto
Promessa do governo Lula para ajudar a classe média, a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida foi lançada em maio. A grande vantagem é o financiamento com taxa de juro subsidiada, na ordem de 10% ao ano, diferentemente dos negócios fora do programa, em que a taxa média está em 13% ao ano.
O juro alto é a grande barreira para as famílias comprarem imóveis atualmente, pois encarece a parcela do empréstimo bancário. Com a iniciativa, o governo tentou recuperar o poder de compra da população.
Na faixa 4, foram assinados 3,8 mil contratos em julho e outros 4,7 mil em agosto, indicando uma aceleração nos negócios, mas ainda bastante abaixo do ritmo ideal. O governo havia anunciado a previsão de contratar 120 mil moradias nesta modalidade até o fim do ano – o equivalente a 15 mil por mês.
Uma das razões para o avanço lento no setor é que a taxa de juro, embora reduzida, não chega a ser pequena. Um imóvel de R$ 500 mil, com entrada de 30% (R$ 150 mil), taxa de 10% ao ano e parcelamento do saldo em 420 meses, gera parcela mensal de R$ 3,6 mil.
Outro fator é que as construtoras não tinham muitos produtos na prateleira para vender nesta modalidade, pois haviam direcionado os empreendimentos para outros públicos diante das dificuldades de aquisição pela classe média. Portanto, ainda vai levar um tempo até as empresas lançarem novos projetos e ampliarem a ofertar na faixa 4.
Procurado, o Ministério das Cidades respondeu que há um acompanhamento contínuo do desempenho de todas as linhas do MCMV, buscando antecipar as eventuais necessidades de correções, em prol do avanço do programa habitacional.
A pasta também citou que a faixa 4 é um marco relevante para a política habitacional, consistindo numa resposta adequada para as dificuldades enfrentadas por inúmeras famílias brasileiras para a realização do sonho da casa própria.
Na visão do ministério, a estruturação da modalidade está se mostrando capaz de gerar uma perspectiva nova para o setor da construção, com tendência de uma oferta crescente de novas habitações, assim como visto nas demais faixas.
Estadão
Quem fizer empréstimo para comprar esse tipo de imóvel, não terá condde pagar, o governo está acabando de destruir a chamada classe média com impostos para bancar seus programas de cunho político para se perpetuar no poder, vejam agora mais dois impostos criados para tomar dinheiro de quem vive de alugar imóveis… só fumo e o grosso entrando!