Foto: Reprodução/Direção Concursos
Aially Xavier, esposa do delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, foi um dos alvos da operação Última Fase, da Polícia Federal (PF), que investiga supostas fraudes em concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024.
A residência do casal foi alvo de busca e apreensão depois que a investigação apontou que Aially poderia ter sido beneficiada pelo esquema ao concorrer ao cargo de auditor fiscal do trabalho. A PF identificou que o gabarito da candidata era idêntico ao de outros envolvidos no caso.
A corporação, no entanto, não detalha de que forma Aially teria atuado ou contratado terceiros para fraudar a prova. A análise de um celular possivelmente dela não encontrou informações relacionadas ao esquema.
Como funcionava a prova
Segundo a PF, a prova de auditor do CNU estava organizada em dois turnos: manhã e tarde, com três tipos de cadernos/gabaritos diferentes (1, 2 e 3). A prova da manhã continha 20 questões de múltipla escolha de conhecimentos gerais, e a tarde, 50 questões de conhecimentos específicos, todas com cinco alternativas.
O objetivo do sistema de diferentes cadernos era dificultar fraudes, já que as questões eram as mesmas, mas a ordem variava. A PF comparou os resultados dos investigados e constatou que alguns apresentavam respostas materialmente idênticas, incluindo erros iguais, indicando possibilidade de fraude.
Inicialmente, quatro pessoas foram identificadas com indícios de irregularidades. Posteriormente, a Cesgranrio, responsável pela organização do concurso, informou que outros candidatos também tinham gabaritos idênticos, incluindo Aially Xavier.
“Aially Soares Tavares Pinto Xavier: também identificada na primeira fase com o gabarito idêntico. A análise do material oriundo das quebras de sigilo corroborou a fraude desse grupo”, afirma trecho do pedido de busca deferido pela Justiça Federal.
Operação Última Fase
Na quinta-feira (2), a PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão e prendeu três pessoas preventivamente nos estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. As investigações abrangem fraudes no CNU 2024, certames das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas, da Universidade Federal da Paraíba, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Entre os métodos descobertos está o uso de ponto eletrônico manipulado, removido posteriormente mediante procedimento médico.
Defesa
Procurada, Aially afirmou por meio de assessor que não há provas ou materialidade nas supostas irregularidades.
“É perfeitamente natural que numa prova concorrida como a do CNU haja gabaritos semelhantes, vários até. Chama atenção que a ordem de busca tenha partido de um delegado da Paraíba, sendo que Aially reside em Alagoas”, disse a nota.
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