Foto: Ricardo Stuckert/PR
Mesmo após a ofensiva de demissões promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para retaliar aliados considerados infiéis, o Centrão ainda controla uma fatia expressiva do governo: R$ 97 bilhões em orçamento e ao menos 63 cargos-chave em ministérios, estatais e agências reguladoras. A medida faz parte da tentativa do Planalto de recompor sua base política e garantir estabilidade até as eleições de 2026.
Segundo levantamento do Estadão, os partidos PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB seguem influentes em áreas estratégicas, mesmo após votações contrárias ao governo no Congresso. A recente rejeição da Medida Provisória 1.303, que previa R$ 20,6 bilhões extras para 2026, acendeu o alerta no Planalto e motivou a “limpa” no segundo escalão. A coordenação da retaliação partiu da Secretaria de Relações Institucionais, que tenta abrir espaço para novos aliados.
O PSD é um dos principais beneficiados, com o comando de Agricultura, Minas e Energia e Pesca, que juntos concentram R$ 22,8 bilhões. Já o MDB controla Cidades, Planejamento e Transportes, com orçamento total de R$ 51,8 bilhões, além de postos no Dnit e secretarias estratégicas. O União Brasil, apesar de anunciar o desembarque, mantém influência sobre o Turismo, Integração e Desenvolvimento Regional e Comunicações, que somam R$ 12,2 bilhões, sob a articulação do senador Davi Alcolumbre, peça-chave para a governabilidade de Lula no Senado.
O PP, liderado por Ciro Nogueira, também mantém espaço. A sigla comanda o Ministério do Esporte, que administra R$ 3,1 bilhões, e possui cargos em órgãos como a Caixa, Aneel, Dnocs, CBTU, Incra e Sudene. Mesmo após o anúncio de rompimento com o governo, o partido garantiu a permanência de André Fufuca na Esporte em troca de não ser atingido pela reestruturação no segundo escalão.
Com o Centrão ainda no controle de áreas estratégicas e bilhões de reais do orçamento, analistas avaliam que a promessa de “reorganização política” de Lula enfrenta limites concretos. O presidente tenta reequilibrar a base e evitar novas derrotas no Congresso, mas a dependência de partidos de centro-direita continua sendo um dos maiores desafios do governo até 2026.
Com informações do Estadão
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