Assim como em 2018, quando foi realizada a Copa do Mundo da Rússia, o g1 voltou às cidades-sede da Copa de 2014 para saber como está o entorno dos estádios que receberam partidas do torneio mundial da Fifa no Brasil, há oito anos.
A herança deixada pelos estádios – tanto daqueles construídos especialmente para o evento quanto aqueles reformados para receber partidas da Copa – é ambígua: melhorias pontuais na infraestrutura se contrapõem a aumento na insegurança ou encarecimento de aluguéis, por exemplo.
Em lugares como Salvador , São Paulo e Belo Horizonte, os estádios da Copa são também a casa de times das principais divisões do futebol brasileiro, o que garante que o movimento em seu entorno permaneça. Já em Manaus, a arena construída para a Copa do Mundo se converteu em local de shows e outros eventos não esportivos.
A melhora na infraestrutura é um dos legados da Copa na região dos estádios – em Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, a revitalização do entorno dos estádios trouxe novas opções de lazer à população da cidade. Em São Paulo, por outro lado, a melhoria nas condições dos bairros próximos ao estádio provocaram aumento nos preços dos aluguéis e dos imóveis, trazendo novos desafios para os moradores da região.
A construção ou reforma nos estádios, no entanto, não resolveu velhos problemas enfrentados pelas cidades: é o caso do Rio de Janeiro, em que o entorno do Maracanã, palco de jogos da Copa, é marcado por roubos e pela presença de pessoas em situação de rua. Em Fortaleza e em Natal, falhas na pavimentação e no saneamento básico permanecem sem solução.
RIO GRANDE DO NORTE
A cidade-sede imaginada pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Natal para receber a Copa do Mundo de 2014 jamais saiu do papel. Pelo menos não da forma como o Rio Grande do Norte “vendeu” a capital potiguar à Fifa em abril de 2009, um mês antes da organizadora do mundial de futebol anunciar as doze cidades brasileiras contempladas com a oportunidade de sediar jogos da competição esportiva mais tradicional do planeta.
O documento, chancelado pela PricewaterhouseCoopers (PWC), uma das maiores empresas de consultoria do mundo, indicava a realização de 105 intervenções (a maior parte delas públicas) necessárias para adequar o Rio Grande do Norte ao “padrão-Fifa”. O custo total da Copa do Mundo, neste primeiro projeto, seria superior a R$ 6 bilhões e deixaria um ‘legado’ de infraestrutura, saneamento básico, transportes e turismo para o estado.
O “Projeto Natal 2014”, encabeçado pela ex-governadora Rosalba Ciarlini e pela ex-prefeita de Natal Micarla de Souza, mediu o impacto efetivo do projeto para a capital potiguar.
Macrodrenagem
Previsto para ser concluído a tempo da Copa, em 2014, o túnel de macrodrenagem da Zona Oeste está atrasado e com as obras paralisadas há pelo menos seis meses.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), 65% da obra, iniciada em 2013, está com o cronograma executado. Estão pendentes a finalização da Avenida Jerônimo Câmara e dos trechos que compõem a Avenida Industrial João Mota, no Km 6.
A Jerônimo Câmara, por sinal, é alvo de muitas reclamações de moradores e comerciantes da região por conta dos buracos.
A Álya Construtora, atual responsável pela obra, informou em nota que “está realizando intervenções pontuais no empreendimento e que a retomada integral das obras do Túnel de Macrodrenagem da Arena das Dunas e da recuperação da avenida Jerônimo Câmara demanda a quitação de valores em atraso, o fornecimento dos projetos executivos por porte da contratante e a celebração de aditivo contratual com definição de novo cronograma de execução”.
O túnel de macrodrenagem, que tem a extensão de 4,7 km, vai interligar o sistema de drenagem das águas pluviais entre as zonas Sul e Oeste da capital potiguar, com objetivo de eliminar as enchentes dos bairros de Lagoa Nova, Nova Descoberta, Dix-Sept Rosado, Candelária, Bom Pastor, Cidade da Esperança e Nazaré.
Impactos na região
Mobilidade Urbana
A construção do complexo Dom Eugênio Sales, no entorno da Arena das Dunas, talvez seja apontada como o principal legado da Copa do Mundo para a mobilidade urbana de Natal. O complexo conta com viadutos, túneis e passarelas e foi construído para liberar o tráfego em um dos maiores gargalos da capital. Construído ao custo de R$ 222,5 milhões, e ainda com obras pendentes, principalmente no que diz respeito à drenagem da área afetada, o equipamento de mobilidade não está descrito no caderno de encargos entregue à Fifa.
O documento produzido pela PricewaterhouseCoopers aponta como fundamentais obras de revitalização da Avenida Engenheiro Roberto Freire e da Via Costeira, a construção de um terceiro acesso de ligação entre as zonas Norte e Sul da cidade, além da manutenção de estradas no interior do estado e a execução do anel viário de Natal, conhecido como Pró-Transporte. Nenhuma destas obras, no entanto, está concluída. Algumas sequer foram iniciadas, seja por problema de projeto ou entraves ambientais, como no caso da revitalização da Roberto Freire.
Remodelação da Via Costeira
Plano executivo: manutenção e implantação de melhorias na RN 301 (Via Costeira) entre Areia Preta e o trevo da Roberto Freire. Custo estimado de R$ 6 milhões. Projeto havia sido iniciado em 2006, mas apresentava riscos de execução. Projeto descreve a obra como importante legado para mobilidade urbana da cidade.
Execução: ao longo dos últimos anos, a Via Costeira não recebeu nenhuma obra de infraestrutura. O DER não soube informar se há um plano para adequação da rodovia, que dá acesso aos principais hotéis da capital.
Comércio
Os proprietários de imóveis e comerciantes ainda sentem o impacto das obras para a Copa, que causaram queda brusca no movimento e desvalorização das construções, principalmente na região do viaduto estaiado. Valdecir Silva tem um prédio na Prudente de Morais, e afirma que tem um salão comercial que está fechado há pelo menos cinco anos. “O IPTU não diminuiu. Temos arcado com este prejuízo”, lamenta.
Recentemente, ele alugou um espaço menor ao Banco do Nordeste, mas “por um valor abaixo do mercado”. Do outro lado da via, também precisou reduzir o preço do aluguel para manter outro ponto comercial ocupado.
Na esquina das avenidas Prudente de Morais e Lima e Silva, uma loja de carros também sofre com a baixa procura dos clientes. O estabelecimento chegou a fechar durante as obras.
G1 e Portal Saiba Mais
A Jerônimo Câmara e o Km 6 são duas vergonhas. Devia ser proibido abordar a Felizardo Moura e a Praça Cívica sem resolver os problemas anteriores. Não tem legislativo, judiciário só sabe perseguir conservadores e assim prosseguimos.
O tal “legado da copa” nunca existiu. Pagamos caro pra nada!
Vcs precisam saber quantos morrem por falta de leitos e condições dos hospitais, a situação passou de critica, as filas por cirurgias eletivas são quilométricas, os pacientes morrem nos corredores, descaso total, conversa muita e pouca acao, uma quadro triste que vai piorar.
Havia também um projeto de infraestrutura da construção da via norte-sul que ligaria o km 6 no bairro Felipe camarão na rodovia estadual 226 até a avenida engenheiro Roberto Freire no bairro Ponta negra, a via norte-sul cruzaria 8 bairros de Natal, aquela programada obra que custaria 11,7 milhões, mas, jamais saiu do papel e do computador ainda na administração estadual da senhora Rosalba Rosado,se não estiver equivocado a via norte-sul iniciaria onde estava prevista a construção de uma futura ponte ligando os dois lados do rio potengi.