Foto: Rafael Campos / Governo do Rio
O governador do Rio, Cláudio Castro, atua há pelo menos seis meses junto à gestão de Donald Trump para que os Estados Unidos classifiquem o Comando Vermelho como organização narcoterrorista, o que permitiria aplicar sanções semelhantes às impostas a grupos como o Tren de Aragua (Venezuela) e os Los Zetas (México). A informação é do blog da jornalista Malu Gasper, do O Globo.
O governo Lula é contra a medida, por temer impactos econômicos e diplomáticos — como sanções a empresas, bancos ou até à União, caso Washington entenda que o Brasil não combate o crime organizado com rigor suficiente. A preocupação é que a mudança sirva de pretexto para uma interferência americana no território brasileiro, a exemplo do que ocorre na Venezuela.
Castro e outros governadores de direita querem incluir essa classificação em uma emenda ao projeto de lei antifacção que o Planalto enviará ao Congresso. Em janeiro de 2025, o governo do Rio entregou à embaixada dos EUA um relatório confidencial intitulado “Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de sanções e designações dos EUA”. O documento argumenta que o CV cumpre os critérios para sanções econômicas, bloqueio de ativos e designação terrorista, o que facilitaria extradições, cooperação internacional com órgãos como Interpol, DEA, FBI e ONU, e sanções a empresas e aliados econômicos ligados à facção.
Esse último ponto é visto com preocupação pelo Planalto, que teme que a medida afete bancos brasileiros e trave transações internacionais, caso os EUA apontem ligações com o CV sem provas sólidas. Um auxiliar de Lula classificou a proposta como “tremenda irresponsabilidade”.
O tema ganhou força após visita ao Brasil, em maio, do assessor do Departamento de Estado americano David Gamble, que discutiu sanções e combate a organizações criminosas. Nenhum representante da Polícia Federal aceitou se reunir com ele, já que a PF é a responsável pelos acordos internacionais sobre crime organizado.
Pouco depois, Castro esteve na sede da DEA, em Nova York, para buscar um acordo direto com o órgão. A megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha e o envio do projeto de lei antifacção ao Congresso reacenderam o debate, e governadores alinhados à direita pretendem pressionar pela nova classificação nas próximas semanas.
Mais um governador “patriota” colocando o boné do MAGA