Religião

Reportagem descreve “Jesus moreno, baixinho e invocado”, e cita fatos que contestam datas e supostos acontecimentos

Foto: (Son of God / BBC/Divulgação)

Pensou em Jesus, pensou em deserto. Pelo senso comum, a paisagem onde Cristo viveu é aquela que sempre aparece nos filmes sobre ele: areia, gente esfomeada, mais areia… Só que não. A região em volta do Mar da Galileia, onde Jesus passou a maior parte da vida, não tem nada de deserto. Está mais para uma daquelas paisagens suíças de propaganda de chocolate: um lago de água doce, com uma vegetação colorida em volta. Tudo emoldurado por montanhas. Cartão postal.

E o que o lugar tem de bonito, tem de fértil. Há dois mil anos, as vilas que pontuavam os 64 quilômetros de circunferência do lago produziam toneladas de azeite, figos, nozes, tâmaras – itens bem mais valiosos há 2 mil anos do que hoje.

Escavações arqueológicas mostram que a cidade onde Jesus se estabeleceu, Cafarnaum, era o centro comercial de onde esses alimentos partiam para o resto da Palestina. A pesca também era industrial. Magdala, a 10 quilômetros de Cafarnaum, abrigava um centro de processamento de peixes, onde as tilápias do Mar da Galileia eram limpas, conservadas em sal do Mar Morto, e exportadas para outros cantos do Império Romano.

O ambiente era de fartura, pelo menos para os padrões da Antiguidade. Tanto que o próprio milagre da multiplicação dos pães e dos peixes não aparece na Bíblia como uma “ação de combate à fome”. Mas como um lanche de fim de tarde mesmo. Segundo os evangelhos, uma multidão tinha seguido Jesus até um lugar ermo para ouvi-lo. Estava anoitecendo. Os apóstolos alertaram o mestre de que, no lugar onde estavam, o pessoal não teria onde comprar comida. Então operou-se o milagre. Sem drama.

A ideia de que Jesus pregava num deserto famélico é só a ponta de um iceberg de mitos que povoam o senso comum quando o assunto é Cristo. Nesta reportagem, vamos ver o que a história, a arqueologia e a própria Bíblia têm a dizer sobre os outros.

1. Ele não nasceu em Belém, nem no Natal

O sino que bate nas canções natalinas não é o de Belém. E também não foi no dia 25 de dezembro que ele nasceu. Tudo o que sabemos sobre o nascimento de Jesus está nos evangelhos de Mateus e Lucas – e são versões bem diferentes. Em Mateus, José e Maria aparentemente viviam em Belém quando ela deu à luz. No evangelho de Lucas, eles moravam em Nazaré, e só se deslocaram até Belém porque Augusto, o imperador romano, decretou que todos os habitantes do império deveriam ir até a cidade onde nasceram seus ancestrais para participar de um censo.

Como José, segundo a narrativa, era descendente do rei Davi, que nasceu em Belém, ele e a esposa foram até lá. Evangelhos à parte, hoje é consenso entre os historiadores de que Jesus nasceu mesmo em Nazaré. “Tanto Mateus quanto Lucas dizem que Jesus nasceu em Belém com o objetivo de dizer metaforicamente, simbolicamente, que ele é o ‘novo rei Davi’”, diz o teólogo americano John Dominic Crossan, um dos maiores especialistas na história do cristianismo. Crossan e outros descartam Belém por um motivo: do ponto de vista dos evangelistas, seria mais simples dizer que ele nasceu e cresceu em Belém mesmo – e então mudou para o Mar da Galileia, onde começou a pregar.

Mas como os textos se dão ao trabalho de dizer que ele veio de Nazaré, uma cidade que não tinha nada de especial, o mais provável é que ele tenha nascido lá mesmo. Mais: o motivo que Lucas dá para José e Maria terem ido a Belém não existiu. O governo de Augusto é extremamente bem documentado. E não há registro de censo nenhum. Menos ainda um em que as pessoas teriam que “voltar à cidade de seus ancestrais”.

Outro consenso é o de que Jesus nasceu “antes de Cristo”. A fonte aí é a própria Bíblia. Mateus e Lucas dizem que ele veio ao mundo durante o reinado de Herodes, o Grande (não confunda com Herodes Antipas, seu filho, o soberano da Galileia durante a fase adulta de Jesus). Bom, como esse reinado terminou em 4 a.C., ele não pode ter nascido depois disso.

E sobre o dia do nascimento a Bíblia é clara: não diz nada. “No início, o cristianismo não tinha uma data exata para o nascimento de Jesus. Então, lugares diferentes celebravam em datas diferentes”, diz o teólogo Irineu Rabuke, da PUCRS. O dia 25 de dezembro acabou adotado, no século 4, porque nessa data os romanos já comemoravam uma festa importante, a Natalis Solis Invicti, ou “Nascimento do Sol Invencível”. Era uma comemoração pelo solstício de inverno, o dia mais curto do ano. É que, depois do solstício, os dias vão ficando cada vez mais longos.

A festa, então, é pela vida, que a partir daí volta a florescer. Por isso mesmo, o solstício de inverno foi celebrado com festa em boa parte das culturas humanas, desde sempre. O círculo de pedras de Stonehenge, por exemplo, já era palco de festas assim 3 mil anos antes de Jesus nascer, por exemplo. Por esse ponto de vista, dá para dizer que o monumento pré-histórico inglês é, no fundo, uma enorme árvore de natal.

2. Ele era moreno, baixinho e de cabelo curto

A Bíblia não fala sobre a aparência de Jesus, Isso deu liberdade para que artistas construíssem a imagem de Cristo de acordo com suas próprias interpretações. Os do Renascimento, por exemplo, desenhavam Jesus à imagem e semelhança dos nobres do norte da Itália. E essa foi a imagem que ficou.

Ok. Mas vamos à ciência: esqueletos de judeus do século 1 indicam que a altura média deles era de mais ou menos 1,55 m. E que a maioria não pesava muito mais do que 50 quilos. Então o físico de Jesus estaria dentro dessa faixa. E mesmo se fosse bem alto para a época, com 1,65 m, por exemplo, ainda seria pequeno para os padrões de hoje. Determinar o rosto é mais difícil. Mas uma equipe de pesquisadores britânicos liderada por Richard Neave, um especialista em ciência forense, conseguiu uma aproximação boa. Usando como base três crânios do século 1, eles lançaram mão de softwares de modelagem 3D para determinar qual seria o formato do nariz, dos olhos, da boca… enfim, do rosto de um adulto típico da época. O resultado foi uma face parecida com a do retrato que abre esta reportagem. Não que aquilo seja de fato o rosto de Cristo. Mas que se trata de uma aproximação cientificamente confiável, se trata.

Quanto à cor da pele, a hipótese mais provável é que fosse morena, como era, e continua sendo, a da maior parte das pessoas no Oriente Médio. E como seria a de praticamente qualquer um que passasse a vida toda ao ar livre naquele calor de lascar. Bom, sobre o cabelo dele quem dá a maior pista é a própria Bíblia. No livro 1 Coríntios, Paulo diz que “cabelo comprido é uma desonra para o homem”. O maior divulgador do cristianismo no século 1 provavelmente não diria isso se Jesus tivesse sido notório pela cabeleira. Na verdade, as primeiras representações conhecidas de Cristo, feitas no século 3, mostram um Jesus de cabelo curto. E sem barba, até. “A ideia era mostrar que se tratava de um jovem”, diz Chevitarese. A inspiração desses artistas eram as esculturas de Apolo e Orfeu, deuses gregos também retratados como jovens imberbes. Por volta do século 5, essa primeira imagem de um Jesus jovial e imberbe perdeu espaço para uma outra, em que ele está de barba e cabelos longos e escuros.

Esse Jesus moreno e barbudo surgiu no Império Bizantino e é conhecido como Cristo Pantocrator (“todo poderoso” em grego). “Os bizantinos começam a atribuir à figura de Jesus um caráter de invencível. E essa representação de alguma forma coincidia com as que eles faziam dos próprios imperadores bizantinos”, diz Chevitarese.

Os renascentistas, depois, também fariam um Jesus à imagem e semelhança das pessoas que conheciam, e que achavam mais bonitas. Daí a pele clara, os cabelo dourado e os olhos azuis. Nas últimas décadas, porém, artistas (e cineastas) têm se esforçado para não representar Jesus como um nórdico. Em A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson, o protagonista Jim Caviezel chegou a ter os seus olhos azuis transformados em castanhos. Mas ainda falta um filme realista para valer nesse quesito.

3. Jesus era só um entre vários profetas

Cristo viveu em um período favorável para o surgimento de profetas. Só no livro Guerra dos Judeus (do historiador Flávio Josefo, que viveu no século 1) é possível identificar pelo menos 15 figuras semelhantes a Jesus, que viveram mais ou menos na mesma época dele. A Bíblia cita outros quatro. Um é João Batista, que anunciava o fim do mundo aos seus seguidores, e de quem os cristãos herdaram o ritual do batismo. “Cerca de cem anos depois da morte de João Batista, seus discípulos ainda diziam que ele era maior que Jesus”, diz Chevitarese.

Para o historiador, João Batista era um concorrente de Cristo. Os dois eram profetas apocalípticos (já que pregavam o fim dos tempos) e viviam na mesma região. A diferença é que João chegou primeiro. “Ele não se ajoelharia na frente de Jesus e diria que não é digno de amarrar a sandália dele, como está nos evangelhos. Pelo contrário”, diz. Segundo ele, foi a redação da Bíblia, evidentemente favorável a Jesus, que transformou Batista num coadjuvante: “Os textos pró-Jesus é que vão amarrar o Batista à tradição de Jesus. João Batista é um dos melhores exemplos que nós temos de um candidato messiânico marcadamente popular”. O segundo desses profetas contemporâneos é Simão, o Feiticeiro. Conforme o livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, Simão é conhecido por “praticar mágica”, e quando ouve os apóstolos falarem sobre Jesus, oferece dinheiro a eles para tentar comprar o dom de Deus (os apóstolos recusam a oferta, claro).

O terceiro desses é Bar-Jesus, que os apóstolos encontram quando chegam à Grécia e a quem nomeiam como “falso profeta”. E o último é o “egípcio”, com quem Paulo é confundido no templo de Jerusalém. O egípcio era um candidato a Messias que viveu por volta do ano 40, e prometeu levar os seus seguidores para atravessar o leito do Jordão, que, ele dizia, se abriria quando eles passassem. Chevitarese conta que eles sequer tiveram tempo de chegar às margens do rio: “Os romanos, quando ficaram sabendo disso, mandaram a tropa aniquilar todo mundo. Vai que o rio abre mesmo?”.

4. Mateus, Marcos, Lucas e João não são os autores dos evangelhos

Mateus e João eram apóstolos. Marcos, um discípulo de outro apóstolo (Pedro). E Lucas era médico de Paulo. Mas a ideia de que eles escreveram os Evangelhos é um mito. A autoria de cada um foi atribuída aleatoriamente pela Igreja bem depois de os textos terem ido para o papiro.

O evangelho de Mateus, por exemplo, foi atribuído a Mateus porque ele dá ênfase ao aspecto econômico – e Mateus era o apóstolo que tinha sido coletor de impostos. Já o texto creditado a João é o único dos evangelhos a relatar o episódio em que Jesus, pouco antes de morrer, pede ao apóstolo João que ele cuide de Maria. Aí os créditos ficaram com João.

O que se sabe mesmo sobre os autores é que não eram “autores” no sentido moderno da palavra. Hoje, qualquer um pode ser autor, porque todo mundo sabe ler e escrever. Há 2 mil anos, não. Saber escrever era o equivalente a ser pós-graduado em robótica. Os antigos contratavam escribas profissionais quando precisavam deixar algo por escrito. Com os evangelhos não foi diferente. O mais provável é que comunidades cristãs tenham encomendado esses trabalhos – e ditado aos escribas as histórias que conhecemos hoje. Ditado e entregado outros textos também, para que eles usassem como fonte.

Dos evangelhos, o primeiro a ser escrito foi aquele que hoje é atribuído a Marcos, quase 40 anos após a morte de Jesus. Marcos, enfim, saiu por volta do ano 70. Mateus e Lucas vieram um pouco depois, ente 75 e 80 – até por isso ambos trazem alguns trechos idênticos aos do manuscrito atribuído a Marcos.

Também há muita coisa igual em Mateus e em Lucas, e que não aparece em Marcos. Como? A tese é simples: os dois autores teriam usado uma fonte em comum, que acabou perdida. Os especialistas chamam essa fonte de “Q” (“Q” de quelle, que é “fonte” em alemão). Sempre que Mateus e Lucas concordam em alguma história que não está em Marcos, então, ela é creditada ao suposto livro “Q”. Por causa desse entrelaçamento todo, costumam chamar esses três evangelhos de “sinópticos”. Ou seja: os três têm a “mesma ótica”. Contam basicamente a mesma história, cada um com algum adendo aqui e alguma omissão ali. Já João, o quarto evangelho, escrito por volta do ano 100, traz uma história diferente. Ali Jesus é mais do que o “filho de Deus”: é o próprio Deus encarnado. E a narrativa também muda. Em João ele destrói as barracas dos cambistas e vendedores do Templo de Jerusalém logo no começo da saga, por exemplo. Nos outros, esse ato está bem no final.

Depois foram surgindo mais e mais “biografias” de Jesus. Para diminuir a bagunça, logo depois que o imperador Constantino legalizou o cristianismo, no século 4, a Igreja se organizou para definir quais seriam os livros que fariam parte da Bíblia Cristã. E bateu o martelo para a formação atual do Novo Testamento. O critério da Igreja foi usar os textos mais antigos – os mais confiáveis. Os quatro evangelhos, inclusive, faziam parte da primeira lista de livros sagrados do cristianismo de que se tem notícia, o Cânon de Muratori, compilado em 170 d.C. “A Igreja no século 4 apenas reconheceu o que já eram as suas escrituras por séculos”, diz o teólogo Ben Witherington, da Universidade de St. Andrews, na Escócia.

Os textos sobre Jesus que não entraram para a Bíblia acabaram conhecidos como evangelhos “apócrifos” (“ocultos”, em grego). Existem dezenas. Um deles, aliás, é aquele descoberto recentemente e que ficou famoso por dizer que Jesus era casado. Não é bem um “evangelho”, mas um fragmento de papiro do tamanho de um cartão, em que aparece escrito em egípcio: “Jesus disse a eles: ´Minha esposa (…)`” – o resto está cortado.

O manuscrito é dos anos 300 d.C. Bem mais recente que os evangelhos do Novo Testamento. O que ele significa? Que alguma comunidade cristã daquela época acreditava que Jesus era casado. Para a maior parte dos pesquisadores, isso não basta para mudar a “biografia oficial” de Cristo, como diz André Chevitarese: “João Batista era celibatário. Paulo era celibatário. Jesus é um desses casos”.

5. O episódio da traição de Judas pode ter sido criado para agradar fiéis romanos

Judas, um dia, foi nome. Hoje, virou adjetivo, sinônimo de ausência de caráter. Mas Judas Iscariotes, que teria entregue Jesus aos romanos em troca de 30 moedas de prata, pode ser um injustiçado. Essa história aparece nos quatro evangelhos – com uma ou outra variação. Para alguns estudiosos, porém, ela é uma farsa. A maior evidência estaria nos textos de Paulo, os mais antigos entre os do Novo Testamento, escritos por volta do ano 50 d.C. Numa passagem na Primeira Epístola aos Coríntios Paulo diz que, depois de ressuscitar, Jesus apareceu para os 12 apóstolos, e não para 11: “Ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como está escrito nas Escrituras; e apareceu a Pedro e depois aos 12 apóstolos” (Coríntios, 15:5). Ou seja, Judas estaria lá. Não teria se matado após a famosa traição, como dizem os evangelhos. Essa epístola foi escrita pelo menos dez anos antes de Marcos, o primeiro dos quatro Evangelhos.

Outro documento que defende o suposto traidor é o Evangelho apócrifo que ficou conhecido como “Evangelho de Judas”. Uma cópia desse manuscrito foi revelada em 2006. Pesquisadores acreditam que o texto foi escrito originalmente por volta do século 2, já que ele foi mencionado em uma carta escrita pelo bispo Irineu de Lyon em 178 d.C. Segundo o texto, Judas teria apenas acatado um pedido de Jesus ao entregá-lo para as autoridades romanas. Nessa versão, Iscariotes era o apóstolo mais próximo do mestre – daí o pedido ter sido feito a ele.

Mesmo se levarmos em conta só os evangelhos canônicos, alguns pesquisadores acham pouco verossímeis as passagens que incriminam Judas. É o caso de John Dominic Crossan: “Para ser sincero, eu vou e volto com essa questão. Mesmo quando respondo afirmativamente [que Judas de fato traiu Jesus], penso nisso como remotamente possível”, diz ele. Durante a sua última semana de vida, Jesus era protegido pela presença da multidão durante o dia (“Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão”, Marcos, 28:12), e se protegia ao sair de Jerusalém e ir para Betânia, onde estava hospedado, durante a noite. Na opinião de Crossan, as autoridades romanas não precisariam da ajuda de Judas para encontrar Jesus: “Certamente as autoridades teriam descoberto por si próprias o lugar exato para interceptar Jesus. Então, Judas era mesmo necessário? Essa é minha maior objeção com a figura histórica de Judas como traidor”.

Por esse ponto de vista, o episódio da traição de Judas teria sido criado para facilitar a conversão dos romanos ao cristianismo. Na época, parte da população do império já começava a se converter, e não ficaria bem se a maior parte da responsabilidade pela morte de Jesus recaísse justamente sobre um romano, Pôncio Pilatos. É o que Chevitarese defende: “Pessoas vindas do ambiente politeísta, principalmente das elites romanas, já estavam se convertendo ao cristianismo por volta de 70 d.C. Por isso, os evangelhos fazem Pilatos lavar as mãos”.

6. O Reino dos Céus era na Terra

Todo ano, antes de avisar a Jesus Cristo que ele está aqui, Roberto Carlos olha para o céu e vê uma nuvem branca que vai passando. O céu virou sinônimo de paraíso, é de lá que Deus observa os nossos movimentos e é pra lá que vai quem já morreu. Mas o jovem Jesus, quando tentava convencer seus ouvintes a se comportarem de maneira justa, não dizia exatamente isso. O Reino de Deus (ou Reino dos Céus) que Jesus pregava iria acontecer aqui na Terra mesmo.

Os próprios evangelhos deixam isso claro. Em uma conversa com os discípulos pouco antes de morrer, Jesus diz que alguns deles estarão vivos para ver o reino de Deus chegar: “Dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o Reino de Deus já chegando com poder” (Marcos, 9:1). Em outro momento, Jesus chega a afirmar que o Reino de Deus já chegou: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus; e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Marcos, 1:15).

Os discípulos, portanto, acreditavam que o Reino de Deus seria instaurado imediatamente. “No tempo de Jesus, era muito forte a esperança de que se fosse fazer um reino nos moldes do Rei Davi, do Rei Salomão. Quando Jesus falava em ‘reino’, as pessoas achavam que só podia ser um reino desse tipo”, diz Irineu Rabuske. Mas Jesus era um profeta apocalíptico, e o que ele defendia é que Deus faria uma intervenção em breve e daria início a um reino de paz e justiça.

É verdade que também existem na Bíblia diversas passagens em que Jesus fala sobre um pós-morte. Uma delas está em Lucas. É sobre um homem rico e um mendigo que costumava pedir-lhe esmolas. Depois de morrer, o rico vai para uma espécie de inferno, onde “atormenta na chama”. E o mendigo é consolado por Abraão. Cristo é mais claro ainda no evangelho de João. Ele diz a Pilatos que “seu reino não é deste mundo”.

Só que Lucas e João são textos mais recentes que Marcos. E para boa parte dos pesquisadores, é por isso mesmo que eles dão ênfase à ideia de um Reino do Céu no “céu”.

“Essas referências foram sendo acrescentadas conforme o início do reino não ocorria”, diz o arqueólogo e especialista em cristianismo Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Ou seja: chegou um momento em que os cristãos tiveram que lidar com o fato de que o reino de Deus talvez não estivesse tão próximo assim. A partir daí, começou um processo de reinterpretação. A pregação de Jesus, de que os bons seriam recompensados e os maus punidos num julgamento que marcaria o fim de uma era no mundo, foi sendo alterada. E o julgamento passou a acontecer no final da vida de cada pessoa. Faz todo o sentido: do ponto de vista argumentativo, é uma versão mais sofisticada. Só quem já morreu pode contestá-la.

7. Ele era invocado

Não há novidade em dizer que que o Jesus dos Evangelhos é um personagem temperamental. Um dos episódios mais importantes de sua jornada é justamente um momento de “destemperança”: quando ele revira as mesas e cadeiras das “casas de câmbio” que atulhavam o pátio do Templo de Jerusalém, e acaba condenado à morte – se fosse pelo código penal de hoje, seria por algo como “perturbar a ordem pública”. Ou seja: sabe-se muito bem que ele não era um guru transcendental, ou coisa que o valha, mas um homem com sangue quente fluindo nas veias.

Alguns pesquisadores, de qualquer forma, acham que era mais do que isso. É o caso do americano Reza Aslan, pesquisador de história da religião e autor de livros sobre Jesus e Maomé. Aslan defende que Jesus era um líder radical. Um homem que “juntou um exército de discípulos na Galileia com o objetivo de estabelecer o Reino dos Céus na Terra, um orador magnético que desafiou a autoridade dos sacerdotes do Templo, um nacionalista judaico que lutou contra a ocupação romana, e perdeu”.

“Não há evidência de que Jesus tenha defendido ações violentas, mas ele certamente não era um pacifista”, diz Aslan. As pistas estariam em trechos dos próprios evangelhos. Em Marcos 10:34 Jesus diz “Não pensem que vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer a paz, mas a espada”. Um pouco mais adiante, Jesus completa com uma frase típica de revolucionário: “Não serve para ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer”.

Em Marcos 11:21, Jesus mostra uma verve que nada tem a ver com o “dar a outra face”. “Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. “Pois eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Tiro e de Sidom do que de vocês, Corazim e Betsaida”

Tiro e Sidom, vale lembrar, eram cidades da província romana da Síria, ao norte da Galileia (hoje elas fazem parte do Líbano). Ou seja: tratava-se de um povo rival dos judeus (e a ainda se trata). Jesus estava amaldiçoando as duas cidades pelo fato de seus habitantes não terem dado bola para seus milagres.

Ele segue, agora desgraçando a cidade que lhe servia de quartel-general, às margens do Mar da Galileia: “E você, cidade de Cafarnaum, acha que vai subir até o céu? Pois será jogada no mundo dos mortos. Se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos na cidade de Sodoma, ela existiria até hoje.”

Diante disso, esta passagem do Evangelho de Lucas (6:27) soa até destoante: “Amem os seus inimigos e façam o bem aos que lhe odeiam. Desejem o bem àqueles que os amaldiçoam”.

Independentemente de quem foi o Jesus histórico, o fato é que inspirou o grandes valores do cristianismo: o perdão, o altruísmo, a empatia. Uma filosofia que se resume no trecho seguinte de Lucas: “Faça aos outros aquilo que quiser que façam a você”. E isso é o que realmente importa.

Super Interessante

https://super.abril.com.br/historia/jesus-era-moreno-baixinho-e-invocado/

 

Opinião dos leitores

  1. Há um erro crasso ao dizer que aparecer aos doze significa que Judas não morreu. Logo no primeiro capítulo o livro de Atos cita que Judas foi substituído como Apóstolo por Mathias. Paulo ainda tem uma interpretação diferente da corriqueira sobre quem eram os apóstolos, ao considerar não só Mathias como novo apóstolo, como a ele mesmo e Barnabé. Logo, Paulo dizendo que Jesus apareceu aos doze não inclui Judas e sim Mathias.

  2. "Você teria por ele esse mesmo amor/ se Jesus fosse um homem de cor?", assinala o refrão de "Deus negro", cantarolada pelo irrequito Tony Tornado. Pois é isto, o meu Cristo não tem cor.

  3. Boa leitura, apesar de várias passagens serem questionadas, principalmente onde se coloca dúvidas, de que Jesus eram um homem de paz.

  4. Isto tudo é para justificar a aberração dos aloprados da porta dos fundos?
    O Espírito Santo, Deus, o Pai e o Filho estão nos corações, na crença e na fé de todos nós! Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.

  5. ?Não sei se eram verdes seus olhos,
    se tinha cabelos morenos,
    só sei que no ventre daquela flor,
    rejeitaram o libertador?pe. Zezinho

  6. Esse Jesus branquinho dos olhos azuis é estória de trancoso. Quem tem conhecimento histórico e demográfico sabe disso.

  7. Essa matéria , não inclui nenhuma informação que possa por em dúvida a existência de Jesus.
    Ele que dividiu a história da humanidade.
    Leiam o livro " O MESTRE DOS MESTRES " de Augusto Cury, ateu confesso. Nesse livro é analisado as características da elevada capacidade de Jesus , que navegou nas águas das emoções da humanidade. Crer em Jesus Cristo é um mistério da fé, só quem desenvolveu a inteligência espiritual, não dúvida de sua existência.

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Brasil

Câmara instala subcomissão sobre presos do 8 de janeiro

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados instalou, nesta terça-feira, 27, a subcomissão especial da Comissão de Segurança Pública para fiscalizar, in loco, denúncias de violações de direitos humanos praticadas no Sistema Penitenciário brasileiro contra os presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

O requerimento que cria a subcomissão, de autoria do líder da oposição na Casa, Luciano Zucco (PL-RS), foi aprovado pela Comissão de Segurança no último dia 1º de abril.

O grupo vai também apurar as responsabilidades político-administrativas pelas violações e avaliar as condições físicas, materiais e institucionais a que esses presos estão sendo submetidos.

São 12 membros titulares e igual número de suplentes. O prazo de duração dos trabalhos é até 31 de dezembro de 2025, podendo ser renovada ou extinta.

Coronel Meira (PL-PE), Ramagem (PL-RJ) e Zucco foram escolhidos como presidente, primeiro vice-presidente e relator da subcomissão, respectivamente.

“O que está acontecendo no Brasil é perseguição política disfarçada de justiça, e quem finge que não vê isso está sendo cúmplice. Há brasileiros presos há mais de um ano, sem sentença, sem julgamento justo, com processos ocultos, defesa dificultada e uma condenação pronta, definida antes mesmo da denúncia”, afirmou Meira.

“O que mais me revolta é ver mulheres presas, muitas delas mães, privadas do convívio com os filhos, adoecidas, humilhadas, sem qualquer respeito à sua dignidade”.

Na justificativa do requerimento para criação da subcomissão, Zucco afirma que desde as ocorrências do dia 8 de janeiro de 2023, “incessantemente têm chegado ao conhecimento dos parlamentares federais de Oposição denúncias de violações de direitos básicos e fundamentais das pessoas que foram presas em decorrência do cumprimento do mandado geral de prisão em flagrante que arrastou para dentro do sistema carcerário do Distrito Federal contingente superior a 1.400 pessoas”.

Também de acordo com o deputado, “há ainda mais de 150 pessoas presas em decorrência dos eventos políticos do dia 8 de janeiro de 2023, as quais continuam recebendo tratamento discriminatório de privação deliberada de direitos fundamentais na execução penal, nucleares à garantia da dignidade da pessoa humana”.

Ramagem, que ficou como vice-presidente da subcomissão, é réu por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

O Antagonista

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Brasil

Senado aprova inclusão das guardas municipais no rol de forças de segurança

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (27), em primeiro turno, por unanimidade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui as guardas municipais e agentes de trânsito no rol de forças de segurança pública.

Atualmente, guardas municipais e agentes de trânsito não são citados no caput do artigo 144 da Constituição, o que gera insegurança jurídica sobre a natureza de suas atividades.

A inclusão dessas categorias no texto constitucional busca resolver um impasse jurídico que se arrasta há anos. Há três anos, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que guardas municipais não podem atuar como polícias, limitando sua atuação à proteção de bens e serviços municipais.

No entanto, em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é constitucional a criação de leis pelos municípios para que guardas municipais atuem em ações de segurança urbana.

Essas normas devem, no entanto, respeitar limites, de forma a que não se sobreponham, mas cooperem com as atribuições das polícias Civil e Militar, cujas funções são reguladas pela Constituição e por normas estaduais.

A PEC também fortalece o papel dos agentes de trânsito, reconhecendo seu vínculo direto com a preservação da ordem pública, conforme já previsto na Lei do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) legislação que, desde 2018, inclui tanto guardas quanto agentes como operadores do sistema.

A mudança pode trazer ganhos importantes para essas categorias: reconhecimento como carreira de Estado, acesso a fundos específicos de segurança, maior respaldo para porte de arma, além de regras mais claras sobre formação e atribuições.

Por outro lado, o relator Efraim Filho (União-PB) alertou para a responsabilidade ampliada do poder público, que terá de garantir preparo adequado, controle e fiscalização das corporações municipais e viárias, além de gerenciar o impacto da ampliação do acesso a armamentos.

O texto ainda precisa passar para uma segunda votação e, se aprovado, seguirá para análise da Câmara.

CNN

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Política

VÍDEO: Bolsonaro liga sindicato do irmão de Lula à farra do INSS

O PL de Jair Bolsonaro levará ao ar, nos próximos dias, propagandas na qual tenta jogar o escândalo das fraudes do INSS no colo do governo Lula.

Em uma das gravações, Bolsonaro conversa com dois idosos e ressalta a ligação de um sindicato cujo irmão de Lula é diretor com o esquema fraudulento.

A gravação começa com vídeos de matérias jornalísticas abordando a relação do sindicato do irmão de Lula com o escândalo e também notícias sobre a articulação pela CPI do INSS.

“Uma das entidades investigadas é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, o Sindnapi, cujo diretor vice-presidente é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula”, diz um dos trechos usados.

Na sequência, Bolsonaro aparece conversando com dois aposentados — um homem e uma mulher — que teriam sido vítimas do esquema de descontos indevidos.

O aposentado Eloy Barbosa de Oliveira, por exemplo, afirma que não autorizou o desconto e diz que o valor descontado de seu contracheque fez falta, porque o preço dos alimentos subiram.

“(O desconto) vem de sindicatos e associações que se dizem defensores dos aposentados e pensionistas, mas, na verdade, a gente vê que há outra intenção, né? Até o irmão do Lula está num desses sindicatos que descontava aí do dos aposentados”, afirmou Bolsonaro na conversa.

O ex-presidente também promete “tomar providências” junto a parlamentares.

“Nós temos como lema que a aposentadoria é sagrada, e quem rouba não cuida. Lamentavelmente esse governo que está aí não cuida dos idosos. Pode ter certeza que muitos parlamentares estão indignados com isso também e vamos tomar providências, de modo que esse desconto saia do seu contracheque e o que a senhora pagou volte para o seu contracheques. E tem que voltar tirando dos sindicatos e associações”, diz o ex-mandatário.

O vídeo cita ainda recortes de supostos dados oficiais da Controladoria-Geral da União (CGU) para sustentar que os descontos indevidos “caiu” na gestão Bolsonaro e “disparou” no governo Lula”.

Metrópoles

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Política

“Caneta de Moraes não tem peso na diplomacia internacional”, diz Eduardo

Foto: Lula Marques/Fotos Públicas

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro(PL) afirmou nesta terça, 27, que “a caneta” Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “não tem peso na diplomacia internacional”, após o ministro abrir inquérito sobre a atuação do parlamentar nos EUA.

“A caneta de Moraes não tem peso na diplomacia internacional. Ou seria então Moraes um diplomata que disse ““enquanto o porta-aviões não chegar ao lago Paranoá, pressão americana não terá efeito”? Usar a lawfare contra mim nada vai adiantar”, publicou.

Em 7 de abril, o ministro concedeu uma entrevista à revista americana The New Yorker, na qual minimizou possível influência dos EUA.

“Eles podem entrar com ações judiciais, podem fazer o Trump falar, Se mandarem um porta-aviões, aí veremos. Se o porta-aviões não chegar ao Lago Paranoá, não vai influenciar na decisão aqui no Brasil, ironizou Moraes.

Inquérito 

Na segunda, 26, o ministro atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e abriu um inquérito para investigar suposta atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro(PL) contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.

“Considerando os fatos narrados e a documentação trazida pela Procuradoria-Geral da República, nos termos dos artigos 9º, inciso I, “l” e 21, inciso XV do Regimento Interno do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DETERMINO A INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO EM FACE DE EDUARDO NANTES BOLSONARO, para apuração da suposta prática dos crimes de coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal), obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa (art. 2º, § 1 º, da Lei 12.850/13) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)“, decidiu Moraes.

O Antagonista 

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Geral

Pensão de Ana Hickmann expõe distorções nas varas de família, inclusive no RN

Foto: reprodução

O recente pedido de prisão do ex-marido da apresentadora Ana Hickmann por atraso no pagamento de pensão alimentícia chamou atenção, principalmente pelos valores envolvidos. Curiosamente, o valor fixado no processo dela é bastante inferior às pensões que vêm sendo arbitradas em algumas varas de família no Rio Grande do Norte.

No estado, é crescente o número de decisões que determinam pensões milionárias, muitas vezes totalmente descoladas da realidade financeira do alimentante. As decisões priorizam o suposto padrão de vida anterior, ignorando a efetiva capacidade financeira, o que gera obrigações completamente desproporcionais.

De acordo com o CNB (Colégio Notarial do Brasil), a média de pensão alimentícia no Brasil varia entre 20% e 30% dos rendimentos líquidos, quando há salário formal, podendo aumentar em situações específicas. Entretanto, casos que ultrapassam 50% da renda são considerados excepcionais e, muitas vezes, objeto de reforma em instâncias superiores.

Mais grave ainda é que, após proferirem decisões com forte impacto na vida das partes — tanto no aspecto financeiro quanto psicológico — alguns magistrados optam por se declarar suspeitos e se afastam dos processos. Isso ocorre mesmo após terem estabelecido medidas gravíssimas, como bloqueios de patrimônio, execuções milionárias e risco de prisão civil, transferindo a responsabilidade dos desdobramentos para outros juízes. E ainda violando princípios estabelecidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que em diversas decisões reafirma que:

“A pensão deve ser fixada dentro das possibilidades reais do alimentante, não podendo servir como instrumento de enriquecimento, punição ou vingança” (STJ, REsp 1.775.858/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 12/03/2019).

O caso Ana Hickmann serve, portanto, como um reflexo de uma distorção que atinge diretamente a Justiça no RN: fixação de pensões muito acima de qualquer parâmetro razoável, inclusive superiores às de casos midiáticos, sem a devida análise do binômio necessidade x possibilidade — princípio fundamental no Direito de Família.

É urgente que haja mais equilíbrio, responsabilidade e coerência nas decisões, garantindo que as obrigações sejam justas, exequíveis e proporcionais, protegendo os direitos de quem recebe, mas também respeitando os limites de quem paga.

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RN

Tomba Farias relata óbito e sofrimento de pacientes com o descaso na saúde pública do RN

Foto: reprodução

O deputado estadual Tomba Farias, líder do PL na Assembleia Legislativa, denunciou mais uma vez a falência da saúde pública do governo Fátima Bezerra (PT), cenário que teve como consequência a morte do cidadão de Ipanguaçu, Erivanaldo Longuin Santana, depois de esperar 26 dias por um exame de cateterismo. Segundo o parlamentar, o descaso com a saúde da população também ocorre em outros municípios do Estado, como São Gonçalo, onde o paciente Paulo Julierg Matias de Souza encontra-se no Hospital Belarmina Monte, há 41 dias, aguardando autorização para realizar uma cirurgia de diverticulite.

“Ninguém queira saber a dor que causa uma diverticulite. Esse paciente já entrou na justiça, já falei com o governo, já falei com todo mundo e não tenho mais a quem clamar. O pior é que o governo não cumpre nem determinação da justiça. A cirurgia pode ser feita no hospital Santa Catarina e no Onofre Lopes. Até quando vamos ficar falando aqui sem as providências serem tomadas?”, questionou o parlamentar, lembrando em seguida que o tema envolve “a coisa mais importante que é a vida humana”.

Tomba relatou ainda que Julierg Matias já perdeu 26 quilos. “Estamos aqui falando de vida, de família, de uma pessoa que se encontra em cima de uma cama esperando por um milagre. É preciso o governo ter vontade, agir e mandar fazer”, enfatizou.

O parlamentar municipalista destacou ainda que o paciente EriIvanaldo Santana, de Ipanguaçu, foi a óbito sem ter o direito de fazer um simples exame de cateterismo para saber se podia ser operado e ter a vida salva.

“Essa é a verdadeira situação da saúde do Rio Grande do Norte. A gente não tem mais a que recorrer. É uma vida que foi perdida e uma família que fica a depender de outras pessoas”, lamenta.

98 FM

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Brasil

Fraude no INSS: TCU manda investigar sindicato ligado a irmão de Lula

Foto: Ricardo Stuckert

O ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU), acolheu representação da bancada do Novo no Congresso e determinou uma série de medidas para apurar indícios de fraudes envolvendo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem como um dos diretores Frei Chico – irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As irregularidades investigadas dizem respeito a descontos indevidos em aposentadorias e pensões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

De acordo com relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), 76,9% dos beneficiários que tiveram descontos vinculados ao Sindnapi afirmaram nunca ter autorizado tais cobranças. Além disso, a receita do sindicato aumentou significativamente nos últimos anos, passando de R$ 23 milhões em 2020 para R$ 154 milhões em 2024.

A decisão determina, entre outras ações, uma inspeção específica no Ministério da Previdência, no INSS e na Dataprev. Esse trabalho tem como objetivo acessar as bases de dados e documentos desses órgãos para identificar todas as consignações realizadas nos benefícios previdenciários, os repasses feitos às entidades sindicais, os servidores públicos envolvidos e as medidas efetivas adotadas até o momento para apuração e ressarcimento dos prejuízos causados.

“Entendo necessário que a diligência proposta pela unidade técnica seja ampliada para a investigação quanto a todas as entidades associativas, bem como deve ser realizada inspeção específica para identificar todas as entidades potenciais fraudadoras e os servidores públicos que facilitaram as fraudes, para que sejam apuradas as responsabilidades devidas”, escreveu o ministro.

Além disso, o TCU exigiu que o INSS envie informações detalhadas sobre os acordos de cooperação técnica firmados desde 2020, os valores repassados mensalmente por entidade, a lista de responsáveis por cada repasse e o volume de denúncias registradas.

No despacho, Cedraz reforça ainda que todos os Acordos de Cooperação Técnica (ACT) formalizados pelo INSS, que envolvam descontos de mensalidades associativas em folha de pagamento de benefícios previdenciários, estão suspensos e devem permanecer assim até que tudo seja apurado.

As medidas, segundo o TCU, visam garantir a responsabilização das entidades e servidores envolvidos nas irregularidades.

“O sindicato do irmão do Lula não pode ficar impune diante de indícios tão graves de fraude. É um escândalo que envolve o desvio de dinheiro de aposentados, justamente os mais vulneráveis. A inspeção no Ministério da Previdência e na Dataprev é essencial para apurar responsabilidades. Vamos seguir cobrando transparência e punição exemplar para todos os envolvidos”, declarou a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

CNN

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Política

Crusoé: Não tem mais ambiente para Marina Silva

Foto: reprodução

A ministra do Meio Ambiente Marina Silva não tem mais lugar neste governo Lula.

Ao ser bombardeada pelos senadores na Comissão de Infraestrutura nesta terça, 27, Marina usou a cartada do sexismo, querendo dizer que estava sendo criticada pelo fato de ser mulher.

Também tentou passar a ideia de que as pressões que recebeu foram ataques pessoais.

Essas foram as duas saídas que ela encontrou para fugir de um duro interrogatório no Senado.

A verdade é que o ambientalismo radical de Marina, que segue a cartilha internacional, não tem mais espaço no Congresso, nem no governo Lula, nem no Brasil.

Biodiversidade

Por princípio, Marina tende a aprovar a criação de reservas e a reclamar de todas as obras de infraestrutura.

Mas este governo Lula é tão desenvolvimentista quanto os dois primeiros mandatos do petista.

Por causa disso, Marina está sedo obrigada a engolir vários sapos.

O maior deles é a prospecção de petróleo na foz do Rio Amazonas, que a Petrobras acabou de dar início.

Marina era contra as atividades da estatal, mas teve de aceitar a prospecção, após pressões intensas de todos os lados.

A exploração é defendida por diversos políticos do Amapá, incluindo vários que são da base do governo.

Entre eles estão Davi Alcolumbre, do União Brasil, que é presidente do Senado.

O Antagonista 

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Geral

VÍDEO: Veja momento em que Marina Silva se retira de comissão após discutir com senador

Imagem: TV Senado

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se retirou de audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, nesta terça-feira (27/5), após bate-boca e se sentir desrespeitada por parlamentares.

“Como eu estou convidada como ministra, ou ele [o senador Plínio Valério (PSDB-AM)] me pede desculpas ou eu vou me retirar. Se como ministra ele não me respeita, eu vou me retirar”, ameaçou, momentos antes deixar a comissão.

Após ela se retirar, o presidente do colegiado Marcos Rogério (PL-RO) anunciou que, na próxima sessão da comissão, será pautada a convocação da ministra. Ou seja: ela será obrigada a comparecer. Mariana esteve no colegiado nesta terça como convidada.

Marina se retirou após provocação e Plínio Valério, que disse que ela, como mulher, merece respeito, mas que não merece respeito como ministra. “Ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra e não estou falando com uma mulher”, afirmou.

“Por que o senhor não me respeita como ministra? O senhor que disse que queria me enforcar”, questionou Marina Silva.

O episódio citado pela ministra do Meio Ambiente ocorreu em março deste ano. Na ocasião, durante evento no Amazonas, Plínio Valério disse: “A Marina esteve na CPI das ONGs por seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse.

Metrópoles

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