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Por que o seu nome influencia a sua vida mais do que você imagina; estudo chamado “determinismo nominativo” explica

(FOTO: PIXABAY)

Durante muitos anos da minha infância, não fui muito feliz com meu nome. Em meio a Fernandas e Julianas, me questionava por que meus pais não podiam simplesmente ter me dado um nome mais comum (segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem somente 87 mil Marílias no Brasil, a maioria delas em Pernambuco — bem longe de Santa Catarina, onde cresci). Mas hoje, embora o fantasma do “lh” ainda me assombre, fiz as paz

Para muita gente, porém, não é bem assim. Recentemente, um tópico chamou a atenção no Twitter por destacar o problema: algumas pessoas não se identificam com o nome que foi atribuído a elas. E, se você parar para pensar, faz sentido. É meio louco pensar que uma combinação de letras qualquer, escolhida por outras pessoas, pode ter uma influência bem grande na sua vida.

É o que sugere a psicologia e uma área de estudo chamada “determinismo nominativo”. Em diversas pesquisas, o professor Adam Alter, da Universidade Nova York, mostra que nós damos bastante importância aos nomes quando formamos primeiras impressões. As palavras, conforme ele explica, evocam imagens, e por isso podem moldar a percepção das pessoas. E isso, por sua vez, pode mudar drasticamente a forma como elas interagem com as outras — os nomes, nesse caso, passam a funcionar quase como um estereótipo.

Há mais estudos que comprovam a teoria, como o que foi feito nos Estados Unidos para investigar se advogadas teriam mais chances de se tornar juízas se tivessem nomes mais masculinos. Como você já deve imaginar, a resposta é sim, e virou a “Hipótese de Portia”, em homenagem à personagem na peça O Mercador de Veneza, de Shakespeare, que se disfarça de homem para poder aparecer em uma corte.

Finalmente, uma pesquisa feita pela Universidade Hebraica de Jerusalém mostrou que os nomes, de fato, influenciam nossa aparência. Ao que tudo indica, inconscientemente buscamos nos adaptar para parecermos com o que é esperado de nosso nome, adotando determinados cortes de cabelo ou expressões faciais, por exemplo.

Mas o que acontece se, não bastassem todas as implicações que um nome pode trazer, a pessoa não sente que ele representa a sua essência? Ela pode acabar se sentindo presa aos “determinismos” que o nome traz ou passar uma vida se esforçando para contradizer essas expectativas. Qualquer que seja a alternativa, é uma situação que pode criar uma espécie de síndrome de impostor permanente. Outro conceito da psicologia, é a condição na qual uma pessoa sente que é uma fraude e não merece o sucesso que obtém, não importa suas qualidades.

Tudo isso serve para comprovar que, ao contrário do que muita gente por aí pode pensar, um nome não é “só um nome”, e pode significar uma sentença de vida. A boa notícia é que as normas e estereótipos estão constantemente se transformando e, pelo menos quando o assunto são nomes, sempre existe a opção de mudar.

Galileu

 

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