Cientista prepara amostras para análise em laboratório – Stefan Wermuth / REUTERS
Onze bebês morreram este ano após gestantes tomarem Viagra durante um estudo na Holanda. Após as fatalidades, a pesquisa parou e cerca de 15 participantes aguardam ansiosamente para ver se seus filhos também foram afetados. O estudo realizado em 10 hospitais espalhados pelo país envolveu 183 mulheres cuja gravidez tinham um desenvolvimento abaixo do esperado. O objetivo era estimular o crescimento dos bebês.
Um comitê independente que supervisiona a pesquisa descobriu que mais bebês do que o esperado estavam nascendo com problemas pulmonares. O estudo foi encerrado na semana passada. A pesquisa começou em 2015 e continuaria até 2020, com a participação de 350 pacientes.
No total, 93 mulheres tomaram Viagra como parte do estudo, liderado pelo Centro Médico da Universidade de Amsterdã. Dezessete bebês desenvolveram problemas pulmonares e 11 morreram. Entre 10 a 15 mulheres esperam o nascimento de seus bebês para verificar se eles foram afetados.
Outras 90 gestantes que participaram da pesquisa tomaram placebo. Somente três dos bebês tinham o mesmo problema pulmonar e nenhum morreu. Alguns dos bebês afetados pela condição continuam internados.
As mulheres que participaram do teste estavam grávidas, e o crescimento do bebê estava limitado no útero. Conhecido como tratamento para disfunção erétil, o Viagra dilata os vasos sanguíneos e também é prescrito para pessoas com pressão alta. Após pesquisas com ratos, a esperança do estudo era que a droga encorajaria um melhor fluxo de sangue através da placenta, causando o crescimento esperado da criança.
Porém, após o caso, acredita-se que o Viagra causou pressão alta nos pulmões, levando os bebês a receberem pouco oxigênio. Não há nada que sugira que o relatório do comitê que supervisiona o estudo esteja errado.
Em uma entrevista a um jornal holandês, o líder da pesquisa, o ginecologista Wessel Ganzevoort, disse que o objetivo dos pesquisadores era mostrar uma maneira efetiva de promover o crescimento do bebê.
— Queríamos mostrar que esta é uma maneira eficaz de promover o crescimento do bebê. Porém, o oposto aconteceu. Estou chocado. A última coisa que você quer é prejudicar os pacientes — afirmou Ganzevoort. — Já notificamos pesquisadores canadenses que estão conduzindo um estudo similar. De qualquer forma, eles pararam temporariamente a pesquisa.
Estudos no Reino Unido, cujos resultados foram publicados em dezembro, afirmaram que não há evidência da eficácia do Viagra no tratamento de bebês, mas nenhum tipo de risco foi ressaltado. Segundo o “Guardian”, um porta-voz da universidade afirmou que uma investigação interna será realizada para apurar o caso.
“Uma análise feita pela Universidade de Amsterdã mostrou que o sildenafil (substância encontrada no Viagra) pode ser prejudicial para o bebê após o nascimento. A chance de uma doença nos vasos sanguíneos dos pulmões parece ser maior e a chance de morte após o nascimento parece ter aumentado”, escreveu o hospital. “Os pesquisadores não encontraram nenhum efeito positivo para as crianças em outros resultados. Todos os efeitos adversos ocorreram após o nascimento. Com base nesses achados, o estudo parou imediatamente. Todos os participantes foram abordados pessoalmente e quase todos foram informados e sabem agora se tomaram o medicamento ou o placebo”.
O Globo
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