O descontrole da pandemia no Brasil e a preocupação com as variantes identificadas no país já fazem com que brasileiros residentes na Europa sejam alvo de discriminação e comentários ofensivos. Eles são acusados de disseminar a Covid-19 no continente.
Na França, que na última terça-feira (13) determinou a suspensão temporária dos voos com o Brasil devido à situação sanitária, as redes sociais estão repletas de publicações, vídeos e memes ofensivos aos brasileiros, muitos reunidos sob a hashtag #VariantBresilien (variante brasileira).
As postagens são particularmente dirigidas às brasileiras, com associações a prostituição, promiscuidade e calcinhas fio dental. Também há piadas com o sotaque e com a aparência das mulheres.
Com o país em lockdown, as agressões são sobretudo online, mas não se restringem ao universo virtual.
Em um vídeo publicado no Twitter, um homem vai até uma conhecida área de prostituição de transexuais em Paris, o Bois de Boulogne, e começa a perguntar se as profissionais do sexo são brasileiras. “Variante brasileira? Você acaba de chegar à França?”, pergunta ele.
As menções ao Bois de Boulogne e à prostituição de brasileiras no parque são recorrentes.
Em uma publicação popular na rede, um comediante pergunta: “Voos entre França e Brasil suspensos… E quanto ao Bois de Boulogne, o que acontece?”.
Muitos que acompanham as publicações têm demonstrado perplexidade com os comentários. Ao ler as postagens com a hashtag #VariantBresilien, um brasileiro que não quis se identificar relata a existência de mensagens razoáveis de preocupação com a variante brasileira e, por outro lado, o que chamou de “show de horrores de xenofobia”.
Para ele, os brasileiros, além de serem mal vistos no geral, agora são tratados como ameaças internacionais.
Alguns que tentaram rebater os ataques queixam-se de perseguição nas redes sociais.
Uma pesquisadora brasileira que vive em Paris e tem publicado as ofensas nas redes sociais, por exemplo, pede para não ter o nome divulgado na reportagem por temer ainda mais retaliações.
Da Irlanda, onde vivem oficialmente cerca de 50 mil brasileiros, também chegam relatos de discriminação com menções diretas à pandemia no Brasil.
Uma parte significativa de motoboys e entregadores de aplicativos de refeições do país é formada por brasileiros. Nos fóruns especializados, eles relatam desde comentários ofensivos até pedidos cancelados. “Um cliente me disse, na minha cara, que brasileiros estão aqui espalhando doenças, que trouxeram a Covid-19. Ele gritou e me perguntou por que eu não voltava para a minha terra”, diz Anderson Santos, em uma das publicações.
Nos últimos meses, entregadores de um modo geral têm sido alvo de violência e xenofobia. Gangues têm organizado emboscadas, aproveitando para agredir e roubar encomendas, bicicletas e motos.
A discussão sobre os países sujeitos à quarentena obrigatória também levou a uma onda de comentários ofensivos, mirando sobretudo brasileiros e sul-africanos. “Para mim, algumas partes desse debate [sobre quarentena] tiveram um cheiro de xenofobia”, chegou a afirmar o ministro da Saúde, Stephen Donnelly. “Eu ouvi pessoas dizerem que devemos proteger nosso povo de estrangeiros, não é disso que se trata”, completou.
A associação das variantes do vírus ao local em que são inicialmente identificadas é criticada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que vê risco precisamente no aumento do estigma em relação aos locais associados às cepas do Sars-CoV-2. “Não deve haver estigma associado à detecção desses vírus, mas infelizmente ainda vemos isso acontecendo”, afirmou Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS.
PORTUGAL
Brasileiros em Portugal, onde os voos diretos com o Brasil estiveram suspensos entre 29 de janeiro até a última sexta-feira (16), também relatam episódios de discriminação.
Nas redes sociais e em reportagens sobre a situação da pandemia no Brasil, há muitas acusações de que os brasileiros levariam a Covid-19 para o país.
Uma brasileira de Minas Gerais, em Portugal há dois anos, conta, em um grupo de apoio, ter sido ofendida na fila do supermercado, após um outro cliente identificar seu sotaque. Segundo ela, o homem disse que brasileiros só estão no país para espalhar o coronavírus e tomar emprego dos portugueses.
Abalada, ela diz que a situação irregular em Portugal faz com que ela não tenha coragem de expor o caso ou tentar denunciar as ofensas.
As responsáveis pelo projeto Brasileiras Não se Calam, que reúne relatos de discriminação no exterior, dizem ter notado que, em muitos casos em Portugal, a pandemia é usada como justificativa para a xenofobia.
São afirmações como “a pandemia só chegou a Portugal por causa dos brasileiros” ou “não vou usar máscara porque é uma [funcionária] brasileira que está pedindo”.
Além dos brasileiros, a comunidade chinesa também relata aumentos nos casos de discriminação e agressões.
Em uma extensa reportagem no semanário Expresso, chineses de diferentes faixas etárias e classes sociais relatam episódios em que também foram acusados de disseminar o coronavírus no país. “Desde que começou a pandemia comecei a sentir mais violência no discurso tanto no espaço público como nas redes sociais”, afirmou a luso-chinesa Michelle Chan, membro da ONG SOS Racismo, em entrevista ao jornal.
A última avaliação epidemiológica do país, divulgada em uma reunião no Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde), afirma que a presença das variantes é residual em Portugal.
Até agora, há 29 casos confirmados da variante P.1 no país, o equivalente a uma prevalência de 0,4%. Também bastante disseminada no Brasil, a P.2 teve prevalência de 0,1%.
Em março, a variante britânica representou 83% dos casos no país.
Apontado inicialmente como bom exemplo de combate a pandemia, Portugal viu o cenário mudar completamente no começo de 2021. O país optou por relaxar as medidas restritivas no período do Natal, o que acabou contribuindo para uma grande alta no número de casos e mortes.
Sob pressão, o SNS (SUS de Portugal) esteve perto do colapso, e o país acabou pedindo ajuda internacional para outros países da UE.
Em 15 de janeiro, o país entrou em lockdown. Agora, com os números sob controle, está em curso o desconfinamento. A reabertura começou em 5 de abril e acontecerá, por etapas, até 3 de maio.
As viagens diretas com o Brasil também foram retomadas. Após 77 dias de suspensão, na última sexta-feira o governo decidiu autorizar voos comerciais entre Portugal e Brasil. Os embarques permitidos ainda são bastante limitados.
Devido à pandemia, a entrada de turistas brasileiros está proibida na União Europeia desde março de 2020. As viagens só são autorizadas para pessoas com dupla cidadania ou residência legal em algum Estado-membro, além de algumas exceções para deslocamentos classificados como essenciais.
São consideradas viagens deste tipo aquelas para permitir o trânsito ou a entrada de cidadãos por motivos profissionais, de estudo, de reunião familiar, por razões de saúde ou humanitárias.
Para entrarem em Portugal, além de cumprirem esses requisitos, os brasileiros precisam apresentar um teste PCR negativo, feito 72 horas antes do embarque e, desde o mês passado, estão sujeitos a uma quarentena obrigatória de 14 dias após a chegada.
FOLHAPRESS
Mano ripa a reportagem da Folha sem dó 😂
A brasileira vai para o país alheio e quer ficar irregularmente, é para levar peia mesmo.
O vírus veio da China. Será que vão discriminar os chineses também? Chega de Mi-mi-mi.
Leia o artigo.
Ciro, o gado não tem hábito de ler. Sabe apenas replicar, mugir, espernear e colocar a culpa nos outros.
Quando a pandemia estiver controlada, o brasileiro vai ficar muito tempo ainda mal visto na comunidade internacional.
Agora, se falar que isso será culpa dos negacionistas, eles se revoltam igual a estouro de boiada.
É por causa do presidente que temos.
Também, mas não só. É uma culpa repartida entre autoridades negacionistas, autoridades corruptas, autoridades incompetentes e povo que não toma os cuidados sanitários básicos. Mas principalmente por xenofobia, que é muito comum na Zooropa e usaram a pandemia como desculpa.
Fiquei sabendo de um brasileiro que foi chicoteado nos EUA 🇺🇸.
Estava sem máscara e vestindo uma camisa que estava escrito: “bolsotramp”.
Sempre foi e agora querem jogar culpa no vírus kkk
Tirando a questão da xenofobia, terrível, vamos aos fatos: certamente há uma verdade no comportamento da mulher brasileira que alimenta estereótipos e preconceitos. A mulher brasileira é considerada oferecida e fácil. O homens é as mulheres brasileiras são vulgares, mal educados, sem cultura. Ninguém quer esses animais selvagens por perto.
Agora com a proliferação de variantes em nosso país, seremos vistos, ainda, como vetores de contaminação.
Nesse aspecto, cabe a responsabilização do Presidente Bolsonaro.
Dobre a língua antes de falar dos seus compatriotas e deixe o complexo de vira-lata em casa.Sua família incluindo você , seus amigos são vulgares,mal educados e incultos ?CLARO QUE NÃO! veja a história das colonizações europeias e observe se tem semelhança com seus comentários ofensivos sobre seus compatriotas? trouxeram doenças infecto contagiosas e contaminaram criminosamente,estupraram,escravizaram,mutilaram , dizimaram e massacraram nações indígenas inteiras,pilharam nossas flora e fauna aqui e em alhures,sem falar nas famosas máfias italianas na história mais recentes !A maldade é humana ,não da etnia !
Também, mas não só. É uma culpa repartida entre autoridades negacionistas, autoridades corruptas, autoridades incompetentes e povo que não toma os cuidados sanitários básicos. Mas principalmente por xenofobia, que é muito comum na Zooropa e usaram a pandemia como desculpa. Lembre que para os racistas e xenófobos você e sua família são tão selvagens quanto os brasileirinhos que VOCÊ discrimina aqui, seu fdp. Você é o típico produto da “elite” natalense, que humilha frentista, destrata garçom e explora empregada doméstica. Só que para os gringos você é tão lixo quanto o resto dos brazucas, vira-latinha.