Judiciário

Caso Celso Daniel – O surrealismo da Justiça brasileira. É estupefaciente!

A esta altura, vocês sabem que o Supremo Tribunal Federal anulou um dos processos relativos à morte do prefeito Celso Daniel, ocorrida em janeiro de 2002: justamente aquele que diz respeito a Sérgio Gomes da Silva, conhecido como “Sérgio Sombra”, que foi considerado o mandante do crime pelo Ministério Público Estadual. Vou expor as razões apresentadas para a anulação e me dispensarei de entrar no mérito se acho Sombra culpado ou inocente. Até porque, vamos convir, não sou Justiça.

O que lamento aqui é uma mecânica processual — e como estamos atrasados nisso! — que permite que um dos réus de um crime ocorrido em 2002 ainda não tenha sido julgado em 2014 e que, depois de quase 13 anos, o processo seja simplesmente anulado. Vale dizer: a acusação contra Sombra volta ao primeiro estágio, ao da instrução, e será ainda analisada pelo juiz da primeira instância… Mais quantos anos? 13? 15? 20? A eternidade? Para vocês terem uma ideia, será preciso ouvir testemunhas…

Roberto Podval, advogado de Sombra, recorreu ao Supremo porque afirmou que a defesa não teve a chance de interrogar os outros réus, o que é garantido pela jurisprudência da Corte. E isso é fato. Houve empate na turma: 2 a 2. Os ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli foram sensíveis ao pleito da defesa; Rosa Weber e Roberto Barroso o recusaram por razões técnicas: acharam que o habeas corpus não era o instrumento adequado.

A decisão vale só para Sérgio Sombra. Ocorre que o processo já tem seis condenados cumprindo pena. E agora? O mais provável é que seus respectivos advogados recorram, com base no mesmo fundamento. O que vai acontecer? Ninguém tem a menor ideia. O processo de Sombra voltará à fase de instrução, e não haveria razão para ser diferente com os demais. Digamos que alguém condenado no julgamento anulado seja absolvido em novo julgamento… E a parte da pena que já foi cumprida?

Uma Justiça que permite esses surrealismos está com graves problemas, não é mesmo?, independentemente de qual seja a nossa convicção a respeito do caso. Aliás, o processo já estava parado no Supremo porque a defesa de Sombra recorrera ao tribunal alegando que o Ministério Público não tem competência para investigar. O relator é o ministro Ricardo Lewandowski, que está sentado sobre o caso há dois anos. Alegada a incompetência do MP, a defesa pedia a anulação do processo também por esse motivo.

Quer dizer que Lewandowski pode se dispensar de dar agora uma resposta? Acho que não! A eventual anulação do processo contra Sombra por incompetência do MP iria, sim, beneficiar o réu, mas seu alcance é mais geral. O que se vai definir é, afinal, qual é o arco de atribuições do Ministério Público. Se bem se lembram, a tal PEC 37 tentou tornar o poder de investigação exclusivo das polícias. Por outras vias, o tema está dormitando no Supremo. O que Lewandowski espera para tomar uma decisão. Creio que nem Deus saiba.

Fux e manobra

Pois é… Pois é… O segredo de aborrecer é dizer tudo. A turma que julgou a questão não tem apenas quatro ministros, mas cinco. Luiz Fux estava ausente. Assim, esse empate não precisaria ter existido, não é mesmo? Bastaria que alguém pedisse vista, por exemplo, aguardando uma sessão em que ele pudesse votar. “Ah, mas o réu não pode esperar.” Ora, o que parece inaceitável é que se deixe uma votação dessa importância para o último dia, com a possibilidade de se produzir um empate, como aconteceu. De resto, onde está tamanha urgência? Sombra está solto.

Mais: as turmas podem recorrer ao pleno do Supremo. Bastaria que um dos ministros tivesse levantado uma questão de ordem. O outro dado surrealista dessa história é que bastem apenas dois votos no Supremo para anular todo um processo. Nem na turma, há maioria. Com a devida vênia, o conjunto da obra ficou com cara de manobra.

Por Reinaldo Azevedo, Veja

Opinião dos leitores

  1. Agora a próxima etapa é condenar o falecido Celso Daniel por não ter cedido a corrupção praticada pelo PT. Não devemos esperar nada de positivo de um STF quase que totalmente indicado por um partido ou organização criminosa que infelizmente entra para a história do Brasil como o mais corrupto de todos os tempos.

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Saúde

Surto de metanol no Brasil: 17 casos confirmados e 2 mortes após consumo de bebidas adulteradas; SP concentra a maioria

Foto: Reprodução

O Ministério da Saúde confirmou 17 casos de intoxicação por metanol no país após consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Duas mortes já foram registradas, e outras 12 seguem em investigação, segundo o boletim divulgado na noite desta segunda-feira (6).

O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências, com 15 casos confirmados e 164 em análise. O Paraná registrou duas confirmações e quatro suspeitas. Outros 12 estados investigam casos, incluindo Pernambuco, Ceará, Goiás, Piauí e Rio Grande do Sul.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou apoio a São Paulo e outros estados para acelerar a confirmação dos casos. Dois laboratórios foram designados como referência: um na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e outro na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

A Unicamp, por meio do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), pode realizar até 190 exames por dia, incluindo amostras de outros estados. Segundo Padilha, o objetivo é dar agilidade e respostas rápidas sobre suspeitas de contaminação.

Antídotos e estoque estratégico

O Ministério da Saúde adquiriu 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, medicamentos usados no tratamento de intoxicação por metanol. O fomepizol, que deve chegar nesta semana, será distribuído aos centros de referência estaduais do SUS.

Padilha reforçou que o tratamento não deve esperar confirmação laboratorial. “Os profissionais de saúde precisam agir ao menor sinal de suspeita”, alertou.

O que é o metanol e por que é perigoso?

O metanol é um álcool altamente tóxico, usado na indústria e em combustíveis. Quando ingerido, mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte. Nos casos recentes, o produto foi encontrado em bebidas alcoólicas falsificadas.

O governo recomenda que a população consuma apenas bebidas de origem confiável, com rótulo e selo de procedência, e denuncie qualquer suspeita de adulteração às autoridades sanitárias.

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Política

Eduardo Bolsonaro chama de “golaço” escolha de Marco Rubio por Trump

Foto: Reprodução/Youtube

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) elogiou a decisão do presidente Donald Trump de nomear Marco Rubio como novo secretário de Estado dos EUA e responsável por conduzir as negociações com o governo Lula. O comentário veio após a reunião virtual desta segunda-feira (6) entre Trump e Lula, que buscou aliviar as tensões diplomáticas entre os dois países.

Em publicação nas redes sociais, Eduardo disse que Rubio — filho de imigrantes cubanos — “conhece bem os regimes totalitários de esquerda” e criticou o STF, afirmando que o Brasil vive um “regime de exceção”.

O parlamentar está desde o início do ano nos Estados Unidos, tentando convencer o governo americano a adotar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

Foto: Reprodução/X

Durante a conversa com Trump, Lula pediu a retirada das tarifas de até 40% sobre produtos brasileiros e o fim das sanções a autoridades nacionais. Segundo o Planalto, o diálogo foi “amistoso” e deve resultar em um encontro presencial em breve.

As tarifas impostas pelos EUA em agosto foram justificadas pelo julgamento de Bolsonaro no STF. Além disso, Washington aplicou sanções individuais a ministros da Corte, como Moraes, com base na Lei Magnitsky, que permite punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.

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Geral

Nemo Mar e Fogo apresenta Sequência Japonesa a partir desta terça-feira (7)

Foto: Divulgação

Um Mar de Sabores e a possibilidade de experimentar diferentes pratos do cardápio. Essa é a proposta da Sequência Japonesa, novidade que estreia no Nemo Petrópolis a partir desta terça-feira (7).

O menu une opções exclusivas e porções individuais que podem ser pedidas à vontade. O cardápio inclui entradas, sushis tradicionais, pratos quentes e sobremesas.

A Sequência Japonesa tem opção com sashimis ou sem. O menu está disponível aos sábados, domingos e feriados no horário do almoço e todos os dias durante o jantar.

Serviço:
Sequência Japonesa
Nemo Mar e Fogo – Petrópolis
Sábados, Domingos e Feriados – Almoço
Diariamente – Jantar
R$ 145 com sashimi
R$ 119 sem sashimi

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Política

Lula libera R$ 6,5 bilhões em emendas para deputados às vésperas de votação do IR

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

O governo do presidente Lula (PT) destinou R$ 6,5 bilhões para pagamento de emendas parlamentares nas últimas duas semanas, período que coincidiu com a articulação da votação na Câmara da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

O projeto foi aprovado de forma unânime na quarta-feira (1º), com apoio de todos os deputados presentes. A liberação das emendas, que havia quase parado em agosto, voltou a acelerar no final de setembro, principalmente para bancadas e comissões, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) atualizados nesta segunda-feira (6).

No total, o governo já empenhou R$ 23,4 bilhões – uma espécie de promessa formal de pagamento – e pagou efetivamente R$ 13,6 bilhões, ou seja, o dinheiro que já caiu na conta dos parlamentares ou dos projetos indicados.

O empenho é o primeiro estágio da execução da despesa pública. Funciona como uma garantia de que o governo vai reservar o dinheiro no Orçamento para determinado projeto. Com isso, serviços e obras indicados por deputados ou senadores podem começar a ser contratados, mesmo antes de o pagamento ser efetivado.

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Política

Ferrari de R$ 4,5 milhões financiada até 2027, relógios de luxo e dinheiro vivo: empresário do DF diz à CPMI do INSS que tudo é ‘100% legal’

Foto: Michael Melo/Metrópoles

O empresário do Distrito Federal Fernando Cavalcanti afirmou, nesta segunda-feira (6), à CPMI do INSS, que os veículos de luxo apreendidos em sua residência pela Polícia Federal são totalmente legais. Entre eles, está uma Ferrari vermelha de R$ 4,5 milhões, cujo financiamento só será quitado em 2027.

Além do carro, a operação Sem Desconto também apreendeu oito relógios de luxo e dinheiro em espécie. A residência de Cavalcanti fica no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Ele garante que todos os bens estão declarados e adquiridos de forma lícita.

O caso está ligado ao escândalo do INSS, revelado pelo portal Metrópoles em dezembro de 2023. As reportagens mostraram que entidades que descontam mensalidades de aposentados arrecadaram R$ 2 bilhões em apenas um ano, enquanto enfrentavam milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.

As denúncias resultaram na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2024, que levou à demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Ao todo, 38 matérias do Metrópoles foram citadas pela PF na investigação que deu origem à operação.

Fernando Cavalcanti é administrador e CEO da empresa Valestra, que presta serviços de apoio administrativo e escritório. Ele também foi vice-presidente do escritório de advocacia NW Advogados, de Nelson Willians, alvo da PF. Segundo investigações, Willians teria recebido empréstimos de Maurício Camisotti, empresário apontado como um dos principais beneficiários de desvios ligados ao INSS.

À CPMI, Cavalcanti negou qualquer envolvimento em esquema de corrupção. Ele afirmou que nunca foi “laranja”, operador ou beneficiário de desvios e que sua atuação sempre foi de gestor administrativo. Os pagamentos que recebeu, segundo ele, eram compatíveis com suas funções empresariais.

“Os empréstimos que conheço entre Nelson Willians e Maurício Camisotti estão sendo pagos até hoje. Deixo registrado que nunca fui laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor”, declarou Cavalcanti.

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Economia

Impacto de Trump: exportações do Brasil para os EUA caem 20%, déficit dispara e comércio mundial bate recorde

Foto: Alan Santos/PR

As exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 20,3% em setembro, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira (6). O recuo vem no segundo mês do “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump, que elevou em 50% a cobrança sobre vários produtos brasileiros.

Em números absolutos, o Brasil vendeu US$ 2,58 bilhões aos EUA, ante US$ 3,23 bilhões em setembro de 2024. Enquanto isso, as importações norte-americanas cresceram 14,3%, passando de US$ 3,8 bilhões para US$ 4,35 bilhões, conforme informado pela Agência Brasil.

O resultado gerou déficit comercial de US$ 1,77 bilhão com os EUA, o nono consecutivo e o maior registrado este ano. No acumulado de 2025, o saldo comercial brasileiro com os norte-americanos está negativo em US$ 5,102 bilhões, mesmo com exportações praticamente estáveis (queda de 0,6%).

Vendas ao mundo batem recorde

Apesar do impacto nos EUA, o comércio exterior brasileiro atingiu recorde em setembro, impulsionado por outros mercados. Exportações para países da Ásia dispararam: Singapura (+133,1%, US$ 500 milhões), Índia (+124,1%, US$ 400 milhões), Bangladesh (+80,6%, US$ 100 milhões), Filipinas (+60,4%, US$ 100 milhões) e China (+14,9%, US$ 1,1 bilhão).

Na América do Sul, o Brasil exportou 29,3% a mais, com destaque para a Argentina (+24,9%). Já para a União Europeia, o crescimento foi mais modesto, de 2%.

No total, as vendas externas brasileiras somaram US$ 30,54 bilhões em setembro, valor recorde para o mês e avanço de 7,2% em relação ao ano passado. O superávit da balança comercial, porém, caiu 41,1%, ficando em US$ 2,99 bilhões, principalmente por conta da compra de uma plataforma de petróleo de US$ 2,4 bilhões de Singapura.

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Política

Após mensalão e Lava Jato, José Dirceu anuncia volta à política: ‘Vou buscar justiça e reparação’

Foto: Félix Lima/BBC

Prestes a completar 80 anos, o ex-ministro da Casa Civil e histórico dirigente do PT, José Dirceu, anuncia que voltará às urnas em 2026. O petista afirma que está se preparando fisicamente, bebendo menos vinho e praticando exercícios para encarar mais uma campanha eleitoral. Ele pretende disputar, pela quarta vez, uma vaga de deputado federal por São Paulo e lançar o segundo volume de sua trilogia autobiográfica no próximo ano.

Em entrevista à BBC News Brasil, Dirceu afirma que a nova candidatura é um pedido direto do presidente Lula (PT). Ele diz que vai pedir votos como forma de “justiça” e “reparação” pelas prisões que considera injustas no caso do mensalão e na Operação Lava Jato. Este ano, o ex-ministro voltou a ocupar um posto na direção nacional do PT.

Reconhecido como um dos principais articuladores do crescimento do PT, Dirceu também não economiza elogios aos adversários. Ele classifica Valdemar Costa Neto, presidente do PL e aliado de Jair Bolsonaro, como “o político mais hábil da direita” e “um dos quadros mais qualificados”. Valdemar foi, inclusive, um dos articuladores da aliança que levou Lula à Presidência pela primeira vez, em 2002.

A relação dos dois é antiga. Ambos chegaram a dividir cela durante o processo do mensalão. Dirceu relembra que pedia melhores condições no presídio para poder ler, enquanto Valdemar insistia que o foco deveria ser sair dali. “Felizmente ele não ficou, mas eu fiquei”, contou.

Sobre Jair Bolsonaro, hoje condenado por tentativa de golpe e em prisão domiciliar, Dirceu avalia que o ex-presidente não teria condições de suportar uma prisão comum, citando instabilidade emocional, falta de autocontrole e problemas de saúde. Para ele, é justo que Bolsonaro permaneça em casa, assim como o ex-presidente Fernando Collor de Mello.

O ex-ministro também se emocionou ao lembrar do ex-petista Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, com quem diz ter tido uma relação fraterna. Eles se afastaram quando Palocci negociou delação premiada na Lava Jato. “Eu jamais faria delação. Preferia morrer do que fazer”, afirmou Dirceu.

José Dirceu disse que, mesmo sem ver Lula com frequência, conversa com ele “por pensamento”, fruto da convivência próxima que mantiveram por quase três décadas.

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Política

Filhos de presidente de estatal bancados com dinheiro público: suítes de luxo, camarão flambado e sobremesas de R$ 70

Inácio Cavalcante Melo é presidente do Serviço Geológico do Brasil, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia. | Foto: Reprodução

Filhos de Inácio Cavalcante Melo, presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) – estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia – tiveram hospedagem em hotéis de luxo em Florianópolis (SC) e Maceió (AL) paga com dinheiro público. As viagens ocorreram na companhia do próprio dirigente, e as notas fiscais detalham consumo de camarão flambado, brownies e outras refeições caras, conforme publicado pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles. Melo foi indicado para o cargo pela senadora Eliziane Gama (PSD), à época sua esposa.

Em Florianópolis, uma suíte executiva do BT Florianópolis Hotéis Ltda. teve diária de R$ 3.667, somada a taxa de hospedagem de R$ 91,66. A estadia, entre 13 e 16 de janeiro de 2025, totalizou R$ 3.758,68. Já em Maceió, o Hotel Brisa Suítes, na praia de Pajuçara, registrou diárias de R$ 4.665 entre 16 e 20 de janeiro, incluindo Melo e dois filhos como hóspedes.

O extrato do hotel em Maceió detalha consumo extra de R$ 865,70, com refeições no restaurante, pedidos de quarto e itens do frigobar. Entre os gastos, estão camarão flambado (R$ 139,80), brownies de chocolate (R$ 71,80), hambúrgueres, batata frita, sucos, energéticos, pudim e chocolates. Além das diárias, foram cobradas taxas turísticas e consumo no bar da piscina.

As notas fiscais emitidas pelas prefeituras de Florianópolis e Maceió confirmam o uso de recursos públicos para custear hospedagem e despesas dos familiares do presidente do SGB.

Versão da estatal

Questionado pela coluna via Lei de Acesso à Informação, o SGB afirmou que “as notas fiscais mencionadas foram equivocadamente emitidas em nome de terceira pessoa”. O órgão disse que tentou retificar os documentos, mas não foi possível devido ao tempo decorrido, e que Melo optou pelo recolhimento dos valores aos cofres públicos.

A assessoria do SGB acrescentou que Melo esteve em deslocamento institucional em Porto Alegre, Florianópolis e Maceió entre 10 e 20 de janeiro, cumprindo agendas de trabalho voltadas ao atendimento de demandas internas. O órgão destacou que pauta sua atuação pelos princípios da probidade, responsabilidade e transparência no uso dos recursos públicos.

Pressão antes da nomeação

A indicação de Melo à presidência do SGB enfrentou resistência interna. Três entidades que representam servidores pediram ao governo a rejeição do nome, apontando “desqualificação” para o cargo. O ofício citava falta de formação em geociências, processos por crimes ambientais, uso de documentos falsos, sonegação de tributos e denúncias de agressão à primeira ex-esposa.

Segundo as entidades, Melo é formado em administração e não possui experiência ou conhecimento técnico em geociências ou no setor mineral. Em 2021, ele chegou a ter prisão decretada pela Justiça do Maranhão por não pagamento de R$ 560 mil em pensão alimentícia ao filho do primeiro casamento.

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Economia

Dólar cai e tarifas dos EUA podem mudar após conversa entre Lula e Trump

Foto: Reprodução

O dólar comercial fechou em queda de 0,47% nesta segunda-feira (6), cotado a R$ 5,311. Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 5,308 e R$ 5,350. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), registrava leve recuo de 0,35%, aos 143.692 pontos.

O mercado reagiu à conversa entre os presidentes do Brasil, Lula (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas aplicadas por Washington às importações brasileiras. Especialistas avaliam que o diálogo pode reduzir incertezas diplomáticas e favorecer empresas exportadoras, conforme o Poder360.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o superávit da balança comercial brasileira registrou o menor nível em 10 anos. As exportações para os EUA caíram 20,3% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2024, refletindo o impacto das tarifas.

As negociações sobre o tarifaço devem continuar. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, vai discutir o tema com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Durante a ligação, Lula pediu a retirada das tarifas e das sanções aplicadas a autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes, enquadrado na Lei Magnitsky. Trump comentou nas redes sociais que a conversa foi “muito boa” e anunciou que se reunirá com o presidente brasileiro “em um futuro não muito distante”.

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Saúde

RN bate 181 transplantes em 6 meses e lança programa inédito para convencer famílias a dizerem ‘sim’ à doação

Foto: Reprodução

 

O Rio Grande do Norte realizou 181 transplantes de órgãos e tecidos nos primeiros seis meses de 2025. O levantamento inclui 1 transplante de coração, 33 de rim, 86 de córnea e 61 de medula óssea. O resultado segue a tendência nacional, que alcançou 14,9 mil transplantes no período — um crescimento de 21% em relação a 2022. Apesar do avanço, o Ministério da Saúde alerta que os números ainda poderiam ser maiores, já que 45% das famílias brasileiras recusam a doação.

Para enfrentar esse desafio, foi lançado o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot), voltado a qualificar o diálogo com familiares e fortalecer o acompanhamento das doações nos hospitais.

O Prodot reconhece e valoriza as equipes hospitalares que identificam potenciais doadores, cuidam da logística do processo e conversam com familiares — momentos delicados e decisivos para salvar vidas. Pela primeira vez, esses profissionais receberão incentivos financeiros de acordo com o volume de atendimentos e indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.

O programa faz parte de um pacote de medidas com investimento anual de R$ 20 milhões para reforçar o Sistema Nacional de Transplantes. Destes, R$ 13 milhões serão aplicados em novos procedimentos, como transplantes de membrana amniótica — usados em queimaduras graves — e transplante multivisceral, indicado para falência intestinal. Os R$ 7,4 milhões restantes vão para o Prodot, com foco em ampliar a adesão das famílias à doação.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou a importância da iniciativa: “A principal mensagem às famílias é a segurança e a seriedade do Sistema Nacional de Transplantes, reconhecido mundialmente. Quando um profissional aborda uma família, ele atua dentro de um sistema sólido e seguro. É fundamental que o doador manifeste à família o desejo de doar, pois esse gesto pode salvar três ou quatro vidas e manter viva a memória do ente querido”.

Atualmente, mais de 80 mil pessoas aguardam transplante no Brasil, sendo 1.104 no Rio Grande do Norte, o que evidencia a importância de valorizar quem atua diretamente na sensibilização das famílias.

Campanha de incentivo

A campanha de incentivo à doação de órgãos deste ano, já em circulação, reforça a necessidade de conversar com a família sobre a decisão de doar. Com o mote: “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece”, a ação mostra casos reais de famílias que autorizaram a doação e o trabalho de profissionais da saúde que acompanham todo o processo, do acolhimento ao transplante.

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