A comissão especial da Câmara criada para debater proposta que pode vetar aborto em qualquer situação – mesmo nas atualmente autorizadas – adiou nesta terça-feira (5), pela terceira vez, a conclusão da votação do parecer que prevê a inclusão na Constituição a garantia do direito à vida “desde a concepção”. Nova reunião foi convocada para esta quarta-feira (7).
Na prática, a expressão poderá levar à proibição do aborto nas situações atualmente autorizadas – casos de estupro, risco de vida à gestante ou feto anencéfalo.
Originalmente, a comissão foi criada em novembro do ano passado para discutir a extensão da licença-maternidade em caso de nascimento de bebê prematuro, logo depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter ampliado as circunstâncias em que o aborto é permitido ao considerar que a interrupção da gravidez até o terceiro mês de gestação não configura crime. A decisão valeu apenas para um caso específico, mas abriu um precedente para descriminalizar o aborto.
Em reação ao julgamento no STF, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) decidiu no mesmo dia instalar uma comissão para discutir o assunto. Os deputados, então, se valeram de um texto que tratava somente de ampliar o tempo de licença-maternidade para o caso de bebês prematuros, mas que já estava com a tramitação avançada, e anexaram outra proposta, sobre o aborto.
Se a PEC for aprovada na comissão, seguirá para o plenário da Câmara, onde terá que ser aprovada em dois turnos por pelo menos 308 deputados. Se passar no plenário, vai ao Senado.
O texto-base foi aprovado na comissão há três semanas, por 18 votos a 1, mas falta a análise de destaques, com sugestões para alterar o seu conteúdo.
Assim como nesta terça, nas últimas duas reuniões, porém, a comissão precisou encerrar os trabalhos porque teve início a fase de votações no plenário principal. Pelo regimento, as comissões não podem funcionar simultaneamente ao plenário.
G1
Foto: Ricardo Stuckert
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