De qualquer forma, era preciso que governo federal mostrasse ser proativo, e restou a Ricardo Lewandowski defender a aprovação da PEC que visa a dar um papel maior ao governo federal no combate à criminalidade, como se isso fosse panaceia.
Os governadores da direita, no entanto, são contra a PEC por achar que ela abre caminho para a administração petista intervir nas políticas estaduais de segurança pública, e com a ajuda inestimável do STF.
O STF não poderia faltar ao episódio, é claro, e o ministro Alexandre de Moraes resolveu meter a sua colher e exigir explicações do governador Cláudio Castro. Até o jornal dos Marinho ficou indignado.
No editorial de hoje, em que afirma que a megaoperação teve, sim, planejamento para evitar fazer vítimas inocentes, ao contrário do que acusam os prestativos colunistas da esquerda (e o governo federal ensaiou embarcar nessa narrativa), o jornal diz:
“Será preciso apurar se, nos confrontos, houve excessos da polícia. Eventuais denúncias devem seguir as vias institucionais: corregedorias internas e Ministério Público. Foi um exagero, por isso, o pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por mais informações ao Estado do Rio. Cabe aos estados desenvolver suas políticas de segurança. ‘O STF não tem capacidade institucional para lidar com problemas técnicos, complexos e multifatoriais como os que envolvem a segurança pública’, afirma o jurista Gustavo Binenbojm, da Uerj. ‘Nem legitimidade democrática para fazer escolhas de políticas públicas, que cabem aos governantes eleitos. O papel que o Supremo pode ter é na supervisão e monitoramento das polícias, por intermédio dos órgãos encarregados do controle externo.’
Num primeiro momento, ao analisar a ação conhecida como ADPF das Favelas, o Supremo impôs restrições exageradas que engessaram o trabalho da polícia. Ao julgá-la em abril, acertadamente reduziu as restrições, estabelecendo medidas de monitoramento. Seria importante não haver retrocesso.”
A esquerda anseia para que haja inocentes mortos, vitimados pela polícia do bolsonarista Cláudio Castro, mas fato é que, a despeito da letalidade, não há notícia até o momento de que a polícia tenha matado civis na sua megaoperação ou provas contundentes de que tenha havido execuções na mata onde os bandidos do Comando Vermelho foram encurralados. A esperança para a esquerda é a última que morre.
Nas redes sociais, o apoio à megaoperação é acachapante, e Lula está fazendo um salto duplo twist carpado para não criticá-la diretamente e, ao mesmo tempo, não parecer que apoia o enfrentamento armado ao crime, plataforma da direita.
Ontem, ainda, a Secom lançou a toque de caixa um vídeo no Youtube intitulado “explicando a operação policial no Rio de Janeiro com inteligência”. No vídeo, uma narradora diz que “combate ao crime precisa de mais inteligência e menos sangue” e faz a defesa da PEC de Ricardo Lewandowski.
A realidade é que a segurança pública só interessa a Lula por ter passado a ser o assunto que mais preocupa os eleitores brasileiros. A sua questão de fundo é ideológica: a esquerda vitimiza a bandidagem, até a idealiza, e o presidente da República várias vezes deixou claro esse ponto de vista nos seus discursos. No último deles, chegou a dizer que os traficantes são vítimas dos usuários.
Nem o presidente da República, nem o seu partido fazem a menor ideia de como combater o crime, seja com armas, com inteligência ou com espiritismo. São os mais perdidos em meio ao tiroteio.
PS: A polícia fluminense precisa explicar por que não recolheu os corpos dos mortos na mata onde encurralou os bandidos do Comando Vermelho.
Mario Sabino – Metrópoles
Defender o ciclo completo de polícia é ir de encontro ao cartel da Civil que quer ser a única competente para tudo sem deixar de ser a mais ineficiente em tudo. Até em controlar o uso de suas próprias viaturas, como foi denunciado recentemente.