Por Tribuna do Norte
De acordo com o diretor do Ipern, José Marlúcio, o crescente déficit na previdência não é fruto de ações de um ou dois governos, mas sim do fato de que só agora está começando a se falar em cálculos essenciais para garantir um equilíbrio nas contas públicas, como o cálculo atuarial. “Pela primeira vez em muito tempo ouvi falar esse termo em uma reunião recentemente, com o Ministério Público. Esse tipo de fator técnico deveria estar sendo levado em consideração há muito tempo pelos governos, principalmente quando concedem aumentos aos servidores”, explica Marlúcio.
Ano após ano, os governos estaduais concederam aumentos aos servidores sem considerar o impacto que isso teria para os pensionistas, e sem observar se o valor arrecadado poderia cobrir esse aumento. “Caso isso tivesse recebido a devida atenção, talvez não tivéssemos um déficit tão acentuado. Quando você vai dar um aumento para servidores na ativa, é preciso fazer um cálculo e ver se o dinheiro que a previdência tem também consegue conceder esse aumento para os aposentados, e isso nunca foi feito”, completa o diretor.
O aumento no número de aposentados também é outro fator determinante para esses números. As duas últimas grandes levas de servidores estaduais são da década de 80. Na prática, isso significa que grande parte desses servidores já está tingindo o tempo de serviço ou a idade para requerer aposentadoria. Sem novos concursos públicos para repor estes servidores e utilizando principalmente serviços terceirizados e cooperativas para garantir que os serviços continuem funcionando, o Estado se vê em uma situação na qual cada vez menos pessoas contribuem para o Ipern, ao mesmo tempo em que cada vez mais servidores estão recebendo a aposentadoria.
“Isso gera um desequilíbrio sem tamanho. Hoje nossa média está de quase um servidor ativo para um aposentado. Você precisa de uma média de 4 ativos para pagar o valor de um aposentado. O que precisa ser feito daqui pra frente é aumentar essa arrecadação, diminuir as despesas – que eu não sei como vai ser feito. É o único caminho plausível”, disse José Marlúcio.
Apesar dessa necessidade urgente de reequilibrar as contribuições para garantir a redução do déficit, a última Pesquisa por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o percentual de pessoas ocupadas contribuintes para a previdência, no Rio Grande do Norte, atualmente é o menor desde o 4º trimestre de 2013.
“Eu acredito que todo mundo deveria pagar a previdência. Podia até diminuir o percentual, mas todos deveriam contribuir. É necessário criar nas pessoas a consciência de que a previdência não se trata apenas do seu, é coletiva. É preciso incutir esse espírito nas pessoas. Se todo mundo pagasse um pouco, não estaríamos nessa situação na qual nos vemos atualmente. Hoje, do jeito que está, se não acontecer nenhuma reforma ou for tomada alguma ação para priorizar a previdência e garantir recursos, só vai piorar”, completou José Marlúcio.
Funfir será reposto, garante secretário
Criado a partir da unificação entre o Fundo Previdenciário e o Fundo Financeiro, o Funfir, Fundo Financeiro do Estado, teve 67% dos seus recursos sacados em apenas três anos. O fundo era uma forma de “garantia” para realização dos pagamentos das aposentadorias futuras dos servidores Estaduais, uma espécie de investimento a longo prazo que deveria render, para que não houvesse problemas com o pagamento dos futuros servidores aposentados. O desequilíbrio nas finanças estaduais, no entanto, levou à sucessivos saques no Funfir, que acontecem desde o governo de Rosalba Ciarlini (DEM) e continuaram ao longo do governo de Robinson Faria (PSD).
Os saques do Funfir se configuraram como “ações emergenciais” para garantir que a folha de pagamento dos servidores fosse paga. Atualmente, no entanto, o Governo está trabalhando para tentar restituir parte do dinheiro do Fundo através de uma compensação previdenciária. De acordo com o titular da Secretaria de Administração e Recursos Humanos (Searh), Cristiano Feitosa, a compensação está prevista na Constituição, e diversos governos tentaram fazê-la, mas sem sucesso.
“Quando um servidor que era Federal ou da esfera privada passa para o Estado, a Constituição prevê que as contribuições feitas por esse servidor para o INSS ou o regime de previdência federal possam ser recolhidas pelo Estado, pois é por lá que ele vai se aposentar. O mesmo vale na situação inversa. O INSS sempre faz isso com o Ipern, mas nós nunca conseguimos fazer, e passamos muito tempo perdendo esse dinheiro. Agora, tudo indica que nos próximos 12 meses vamos conseguir recuperar entre R$ 200 e R$ 250 milhões para o Funfir, o que é algo muito positivo”, destacou o secretário.
O processo de compensação está sendo realizado por meio de uma empresa, selecionada a partir de uma licitação. O governo conseguiu reduzir o valor inicial estimado por cada real arrecadado para a empresa, que de 17% em cima de cada real, passou para 5%, de acordo com a Searh. O processo teve início em novembro e, até outubro do ano que vem, de acordo com o secretário, ao menos R$ 200 milhões deverão ser entregues ao Funfir através deste processo de compensação.
Números
Crescimento do déficit da previdência ao longo dos anos no Rio Grande do Norte
2010 – R$ 7.649.788,90
2011 – R$ 16.247.156,18
2012 – R$ 8.323.189,60
2013 – R$ 40.684.115,91
2014 – R$ 54.076.547,74
2015 – R$ 88.512.311.52
2016 – R$ 103.057.568,08
2017 – R$ 109.925.966,92
* No ano de 2017 foi somado até o mês de outubro, faltando novembro, dezembro e o 13º
** Fonte: Ipern
O que foi gasto do fundo previdenciario correspondente a quase os últimos 5 anos ou de 2010 a 2016. O BG noticiava assim a devolução exigida pelo TJRN:
https://blogdobg.com.br/tag/r-308-milhoes-ate-o-fim-de-2016/
Portanto, esse defict é uma falácia, pois, seu aumento em 2017 decorre do fato de não haver mais o fundo e foi governo ter de pagar pela sua falta.
Santa Catarina pagou o mês de Novembro no dia 30 de Novembro, vai pagar o décimo terceiro no dia 15 de Dezembro e vai pagar o mês de Dezembro no dia 22 de Dezembro antes de terminar o mês. Santa Catarina vai injetar mais de R$ 2 bilhões de reais na economia em menos de um mês.
E o que uma coisa tem a haver com outra, senhor? O RN está falido, só não vê quem não quer. Dinheiro não nasce em árvores. A despesa previdenciária do estado está ficando insustentável:
1 – As poupanças individuais não correspondem aos valores recebidos pelos funcionários quando se tornam inativos. O montante acumulado durante anos de contribuição é menor que os saques quando inativos em vida.
2 – Não há mais contratação em massa de servidores para repor o fundo previdenciário, já que precisamos de mais ativos para manter os inativos (Não apenas aponsentados, mais também pensionistas).
3 – O valor da aposentadoria não corresponde ao valor médio de todas as contribuições, ou o montante total dividido pelos meses que correspondem até a expectativa de vida remanescente. Ou seja, se o indivíduo se torna funcionário público 10 anos antes de aposentar, terá sua aposentadoria calculada pelos últimos salários e não pelo montante total pago. Isso agrava ainda mais o fundo previdenciário.
Viana, superavitário é o INSS, segunda maior arrecadação do Brasil. Por favor retirem do déficit a gigantesca autarquia federal.
RJ e RN, Estados de futuro. Mas não se preocupem… A Previdência é superavitária! SQN