O papa Francisco deverá vir ao Rio de Janeiro em julho, em sua primeira viagem internacional desde que substituiu Bento XVI, no começo de março. Ele rezará missa para 2,5 milhões de fiéis, durante a Jornada Mundial da Juventude. No primeiro dia de visita, desfilará de papamóvel pela Avenida Atlântica, em Copacabana. Mais espontâneo que seu antecessor, o novo papa tende a se aproximar abertamente da multidão de católicos e, assim, exigir cuidado redobrado de policiais. O Ministério da Justiça encarregou o delegado federal Victor Cesar Carvalho dos Santos de coordenar o esquema de segurança do papa, planejado há meses, desde antes da renúncia de Bento XVI. Em janeiro deste ano, Victor Cesar viajou para Roma e se reuniu com autoridades doVaticano na embaixada brasileira.
Nomeado presidente da Comissão Estadual de Segurança Pública para Grandes Eventos, Victor Cesar é sócio de duas empresas da área de segurança privada, setor interessado na busca de contratos em torno dos grandes eventos no Rio, como Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e, claro, a visita do papa. Ele nega, mas, em pelo menos um caso, Victor Cesar se envolveu no que pode dar margem a conflito de interesses. No ano passado, sua empresa foi contratada pelo comitê financeiro do PMDB, na campanha do prefeito reeleito do Rio,Eduardo Paes. Paes estará no centro de muitas decisões importantes relacionadas aos grandes eventos nos próximos anos.
A empreitada privada de Victor Cesar já passou por uma investigação criminal. A própria Polícia Federal, onde Victor Cesar trabalha, abriu inquérito, em agosto de 2009, para investigar crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Um policial, que acompanhou o caso de perto afirmou que havia a suspeita de uso de uma sócia laranja numa das empresas de Victor Cesar. A aposentada Janete Gonçalves Bittencourt, de 60 anos de idade, moradora de um bairro de classe média em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, aparecia como administradora e dona de 34% das ações da Projeção Vigilância, Proteção e Segurança, com capital de R$ 110 mil. Victor Cesar tinha 33%. Seu colega, o também delegado Alfredo Dutra da Silva Neto, outros 33%.
Victor Cesar disse a ÉPOCA que Janete apenas figurava na sociedade, porque o terceiro sócio, Joelson de Jesus, irmão dela, estava impedido de entrar no contrato, devido ao vínculo com outra empresa. Com a investigação em curso, Victor Cesar fechou a Projeção Vigilância, em abril de 2010. Criou em seguida e no mesmo endereço a BSA Vigilância e Proteção, agora com Jesus figurando oficialmente na sociedade. A pedido do Ministério Público, o inquérito foi arquivado pela Justiça Federal, em dezembro de 2010. Até hoje, o nome de Janete assombra os negócios do delegado. Na Junta Comercial, ela aparece como sócia de outra empresa da área de vigilância que funciona no mesmo endereço da BSA Vigilância.
Com o inquérito arquivado, Victor Cesar e o delegado Alfredo ampliaram seus empreendimentos em maio de 2011. Além da área de vigilância, passaram ao setor de “consultoria, auditoria, treinamento na área de segurança e inteligência corporativa”. O endereço da BSA – sigla de Business Security Alliance – é o mesmo do delegado Alfredo informado à Junta Comercial.
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