Saúde

Ex-ministro Mandetta afirma que Brasil implementou medidas depois do leite derramado e que Bolsonaro tinha suas próprias ideias sobre a covid

Foto: JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO – 04.05.2021

Em suas primeiras palavras na CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta aproveitou para fazer uma retrospectiva da chegada do novo coronavírus ao Brasil e as respectivas ações do ministério sob sua gestão para enfrentar a covid-19. Na fala inicial, Mandetta buscou enfatizar uma atuação integrada entre os Poderes e os entes federativos quando a pasta da Saúde estava sob seu comando. “Defesa intransigente da vida, SUS como meio para atingir, e a ciência como elemento de decisão. Esses foram os três pilares”, disse.

Mandetta iniciou sua fala, com quase uma hora de atraso, explicando como chegaram ao ministério as primeiras informações, em janeiro de 2020, sobre uma doença que tinha início na China e que aos poucos ia se alastrando pelo mundo. Ele contou que chamou todos os poderes para explicar a importância do combate à pandemia de forma unida. “Porque esse vírus não ataca indivíduos, ele ataca a sociedade.”

O ex-ministro explicou ainda as primeiras ações da pasta para conter a propagação do vírus no Brasil e teve de ser interrompido, após 20 minutos, pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), que preferiu abrir espaço para as perguntas.

Renan Calheiros, relator da CPI, perguntou a Mandetta se, durante sua gestão, a recomendação para procurar os sistemas de saúde apenas quando sentissem sintomas graves de covid foi um erro.

Mandetta afirmou que não é verdade essa recomendação, e que a afirmação é usada numa “guerra de narrativas”. Segundo ele, as pessoas procuravam os hospitais preocupadas no início de 2020 com outras doenças. “Eram casos de outros vírus. Em casos de virose, a recomendação é que você observe o estado de saúde e não vá imediatamente ao hospital porque aglomera. E lá, sim, um caso positivo vai infectar todo mundo na sala de espera.”

“Todas as nossas recomendações foram assertivas, levando em conta a ciência. Todas foram comprovadas pelo decorrer da doença.”

De acordo com Mandetta, o decorrer da pandemia mostrou que algumas ações do ministério foram paralisadas. Mais tarde ele disse que as testagens em massa foram abandonadas por seus sucessores na Saúde, o desenvolvimento da telemedicina como porta de entrada para o sistema, o plano de acompanhamento dos infectados e a orientação de uma pesquisa sobre a cloroquina que “o próximo ministro fez uma portaria mesmo sem ter os resultados”.

Ele citou que sua gestão estimulou o uso de máscaras e o distanciamento, assim como pediu para as pessoas ficarem em casa. Mandetta citou ainda o esforço para obter respiradores e leitos de UTI para evitarem o colapso do sistema de Saúde.

Mandetta elogiou o SUS (Sistema Único de Saúde) e disse que ele é o melhor local para se imunizar a população. “Mas é preciso ter a vacina.”

Leite derramado

Ao falar sobre as medidas do governo para reduzir a transmissão da covid no país, Mandetta afirmou que sempre foram implementadas com atraso, sobretudo determinações de quarentena e lockdown. “Em relação a lockdown, o Brasil não fez nenhum lockdown. O Brasil implementou medidas depois do leite derramado, depois que a gente diz: ‘Vai entrar em colapso o sistema de saúde’. Então fecha. ‘Vai acabar o remédio.’ Então fecha”, disse o ex-ministro. “A gente foi sempre um passo atrás desse vírus.”

Resistência do presidente

Ele afirmou que a orientação de isolamento era essencial também no início da pandemia, mas faltou uma fala única do governo. “Nós fizemos as recomendações em três pilares: vamos preservar a vida, SUS e ciência. Eu vi vários que ficaram fora desse tripé.”

Questionado de onde partiu a resistência, ele disse que isso “ocorreu publicamente por vários atores”.

Ele afirmou que discordava do presidente da República, Jair Bolsonaro. “Nunca discuti com o presidente. Nunca tive discussão áspera, mas sempre as coloquei [suas discordâncias] de maneira muito clara.”

“Ali não era uma questão de diferenças políticas. Ali era um momento republicano.” Mandetta afirmou que conversava com governadores para que todos saíssem juntos da pandemia.

Mandetta afirmou que chegou a ficar constrangido com algumas situações e declarações feitas por Jair Bolsonaro. Como a defesa do medicamento cloroquina para doentes de covid-19.

“Nós seguíamos o que tínhamos de discutir, mas havia pelo lado do presidente uma outra visão, um outro caminho. Ele tinha suas próprias ideias. Não sei se vinham através de outros assessores. Era muito constrangedor ter que ficar explicando porque o ministério estava indo para um caminho e ele indo para o outro.”

O médico declarou que a cloroquina não poderia ser defendida se não houvesse a certeza dos benefícios e dos riscos que ela oferecia. E garantiu que jamais, em sua gestão, o ministério sugeriu o uso do medicamento. “É falso que se não fizer bem, mal não faz”, explicou, fazendo referência a uma aspa usada algumas vezes por Bolsonaro.

Mandetta contou que muitas vezes Bolsonaro chegou a concordar com suas recomendações, mas “dois a três dias depois, ele agia de forma diferente, como se não tivesse entendido o que eu falava”.

De acordo com o ex-ministro, Bolsonaro deveria ter outra fonte, algum consultor, que dava a ele recomendações que não tinham a ver com o que sugeria seu ministério ou a OMS (Organização Mundial de Saúde). “Ele falava na cloroquina, falou em isolamento vertical, que nós não éramos favoráveis.”

Isolamento vertical é a estratégia, bastante defendida no início da pandemia, de deixar em casa apenas os grupos de risco: idosos e pessoas com comorbidades.

Mandetta reclamou que fez reunião com Bolsonaro nas quais seu filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), estava tomando notas. Citou ainda a tentativa do governo de mudar a bula da cloroquina para citá-la como tratamento da covid. “Eu imagino que fora do Ministério da Saúde ele (Bolsonaro) conseguiu alguns aconselhamenos que os pautavam na pandemia.”

O médico, que é formado em ortopedia, disse que não sabe dizer de quem foi a ideia de mudar a bula da cloroquina.

Mandetta denunciou que por trás de médicos que defendem tratamentos com remédios sem eficácia há grandes interesses comerciais por trás. Ele afirmou que há profissionais que atendem virtualmente 50 pessoas por dias e ganham dinheiro com isso. “Tem que ter muito cuidado, a gente está lidando com a boa fé das pessoas.”

“Enquanto eu estive no Ministério da Saúde eu fiquei em cima do que é científico, rezando para que alguma coisa funcionasse. Rezei até para a cloroquina funcionar.”

Relação com a China

O depoente citou ainda a dificuldade que teve de enfrentar com a China por causa da má vontade com o país de integrantes do governo, como o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e dos filhos do presidente Bolsonaro.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), questionou o ex-ministro se houve pressão, por parte de Bolsonaro, contra medidas de combate à proliferação da covid-19,: isolamento e quarentena. Mandetta negou.

“Não. {O ministério] Foi confrontado publicamente, e isso dava uma informação dúbia a sociedade. Nosso objetivo era dar uma informação e o presidente, outra. Mas diretamente a mim somente com os atos que ele executava”, disse.

O ex-ministro da Saúde assumiu, ainda, que o país poderia estar numa situação melhor que a atual. “O SUS podia mais. Poderíamos ter feito muito mais, poderíamos ter começado a vacinação em novembro.”

Carta a Bolsonaro

Em carta enviada a Bolsonaro, Mandetta afirmou que recomendou expressamente que “a presidência da República reveja posicionamento adotado acompanhando as recomendações do Ministério da Saúde, uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências da saúde da população brasileira”.

“Tudo o que eu podia fazer, nos termos de orientar, foi feito. Agora, ele tinha provavelmente outras pessoas falando que o ministro da saúde está errado, vá por esse caminho. É uma decisão dele”, completou.

O ex-ministro relembrou uma visita que fez com o presidente Bolsonaro em Águas Lindas (GO) em um hospital de campanha contra a covid-19.

“O combinado era chegar, olhar, o público bem separado, mas na hora que o helicóptero olhou e viu que o público estava na beirada, ele desceu do helicóptero e subiu a rampa e foi até as pessoas. Aí eu fui até a comitiva do governador Caiado. Quando ele volta de lá, vai em direção para dar um abraça ao governador Caiado e fala essa frase em tom de brincadeira: ah, vamos contaminar logo todo mundo. Mas o governador Caiado sacou muito rápido um frasco de um álcool em gel, cruzou em suas mãos e ainda passou um pouco nas mãos do presidente para dar aquela certa sensação ali. Foi uma coisa pontual”, contou.

Na época de sua demissão, Mandeta foi flagrado ao abraçar uma funcionária do ministério. O vídeo mostra imagens dos servidores se despedindo do então ministro. Questionado se foi um equívoco, respondeu que “não deveria (ter dado o abraço), mas era muita emoção naquele momento. Era uma equipe muito unida”, disse.

O senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou o ex-ministro sobre remédios sem comprovação científica, como cloroquina e ivermectina, e se ele tem remorso por não ter deliberado sobre os medicamentos no tratamento contra a covid-19. Pouco depois, Marcos Rogério (PDT-RO), outro da tropa de choque do governo, fez praticamente a mesma pergunta.

“Aqui é ciência, aqui é estudo. Eu jamais na minha vida tomei decisões sem estudar. Nessa situação, que você tem uma doença que ainda não está determinada, a gente tem que acreditar nas bases de seu estudo. A base da medicina é ramo da filosofia, ali, diz que sem diagnóstico, não há tratamento. Não pode risco sem benefício. Do mesmo modo que bate na tecla da cloroquina, existe por exemplo pessoas que preconizam ivermectina, também sem fundamento cientifico”, alegou Mandetta.

Colapso em Manaus

Em resposta ao senador Eduardo Braga (MDB-AM), Mandetta afirmou que faltaram fiscais da vigilância sanitária em aeroportos do Brasil para evitar a entrada do vírus pelo espaço aéreo. A coordenação desse trabalho fica a cargo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O ex-ministro opinou que o colapso em Manaus, capital do Amazonas, que chegou a ficar sem oxigênio no início de 2021, ocorreu por problemas na gestão estadual e municipal, mas não por falta de dinheiro.

R7

Opinião dos leitores

  1. Tenho bastante óleo de peroba no meu comércio, ninguém esqueceu a despedida do mutreta do ministério, todos sem máscara, aglomeração, e abraços, um picareta.

  2. Esse ministro foi aquele que dizia para as pessoas NÃO procurarem tratamento, para ficarem em casa aguardando a falta de ar. É mais um que usa o sofrimento das pessoas para politicagem. Apenas o presidente age pensando no Brasil e o povo está vendo isso. As manifestações de 1° de maio mostraram sua popularidade. Por que seus opositores não se juntam todos e tentam fazer uma? Ia ser engraçado.

    1. Vai ver que é pq a oposição não quer aglomerar.
      Respeita as medidas protetivas!

  3. Está esclarecido porque temos 400 mil mortes por covid. O filho porra louca participava das reuniões com o ministério da saúde, segundo depoimento do Mandetta. Ficou claro que o vírus só matou 400 mil pessoas até hoje, com a ajuda do governo bolsonaro.

  4. ESSE MANDETA É MAIS UM ESQUERDOPATA QUERENDO ATRAPALHAR A ADMINISTRAÇÃO DO NOSSO PRESIDENTE, FOI NO PERÍODO DELE QUE ESTA SENDO INVESTIGADO POSSÍVEIS COMPRAS SUSPEITAS. TALVEZ PARA TENTAR ENCRIMINAR O PRESIDENTE BOSONARO.

  5. Só falou verdades e os senadores governistas só passaram vergonha. Achavam que estavam num bate papo de internet e foram devidamente respondidos com o sarcasmo que o momento permitiu. E é só o começo. Quero ver o Carluxo e o Dudu Bananinha se explicando.

  6. Muitos dos nossos conhecidos que foram vítimas ainda estariam entre nós, e muitos empregos teriam sido preservados se o presidente não tivesse retardado a providência de adquirir vacinas, como também se não tivesse realizado e estimulado tantos movimentos com aglomeração de pessoas sem respeito aos protocolos pela prevenção das vidas. Agora só nos resta rezar pelos que morreram e pelos que ainda vão morrer.

    1. A esquerda é cara de pau mesmo…
      Retardar as providências para comprar vacinas?
      Até quando a esquerda e a imprensa vão continuar espalhando fakenews???
      Em primeiro lugar, em julho de 2020, Bolsonaro firmou acordo com a Astrazeneca para a compra de 100 milhões de doses da vacina de Oxford.
      Isto é atrasar compras???
      Em segundo lugar, havia várias vacinas em desenvolvimento, tanto as que atualmente estão em uso quanto outras, ainda em desenvolvimento e outras que foram abandonadas porque não deram resultado.
      Qual ele deveria ter comprado???
      Deveria ter comprado várias vacinas não aprovadas?
      Bolsonaro, em setembro de 2020, assinou uma medida provisória para comprar 42 milhões de doses por meio do consórcio da OMS, Covax Facility (esse consórcio estava investindo em 10 vacinas diferentes, pois ninguém sabe o que vai dar resultado).
      O congresso só votou a medida provisória em fevereiro…
      Se houvesse vacina sobrando, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão, Canadá, China, Índia já teriam vacinado toda a população. Não há vacina sobrando.
      Você sabia que o Brasil já distribuiu 70 milhões de doses de vacina?
      E que o Japão só aplicou 2 milhões de doses?
      Que a França de Macron só aplicou 20 milhões de doses?
      Na Argentina, quem ganhou foi “haddad”. quantas doses já foram aplicadas lá?
      Umas 10 milhões.
      Abutre é o nome que se dá a quem tenta se alimentar de mortos…
      A esquerda tenta a qualquer custo tomar o poder.
      Para isso, não tem escrúpulo de pegar carona no corona…
      Há uma epidemia (mundial), que já matou 3,3 milhões de pessoas no mundo e querem colocar a culpa em Bolsonaro.
      Todos os argumentos da esquerda são furados.
      Ah, Bolsonaro não fez lockdown (mas o STF deixou nas mãos dos governadores e Prefeitos – ou seja, se eles não fizeram, coloque a culpa neles e não em Bolsonaro).
      Ah, Bolsonaro estimulou aglomerações (como assim? A população dá mais ouvido a Bolsonaro do que à Globo, a Ciro Gomes, a Dória? Então, Bolsonaro já está eleito).
      No começo, a esquerda madurenha, falava “somos 70%”.
      Se fosse verdade e os 70% tivesse ficado em casa, a epidemia teria acabado em 3 semanas.
      Mas das duas uma: ou a esquerda não é 70%, ou era 70% mas não ficou em casa.
      Esquerdista é bicho nojento e cara de pau.
      O esquerdista que fala mal de Bolsonaro é o primeiro a lotar barzinhos e boates…
      O esquerdista lota academias…
      Se metade do tempo que a Globo e políticos espertalhões passam falando mal de Bolsonaro usassem para conscientizar a população, talvez a situação fosse diferente…
      Mas qual moral tem Ciro Gomes e Dória?
      Se eles falarem para a população ficar em casa por duas semanas a população fica???
      Não fica.
      A Globo há 3 anos tenta emplacar sua ideologia nefasta e tenta derrubar o presidente democraticamente eleito. Por isso, não tem moral e a população não dá bola para ela.
      Nem para Ciro Gomes chorão nem para Dória aproveitador…
      Dória tentou passar a perna em Alckin em 2017…
      Desde 2019, ofende Bolsonaro, de olho na cadeira.
      Um verdadeiro estadista não tenta destruir seu país de olho na cadeira…

  7. Até bula de remédio, o genocida quis…
    Quantas centenas de pessoas, não morreram com essa brincadeira de cloroquina?
    Correto mesmo, seria afastar o miliciano e mandá-lo para Bangú.

    1. Vai chorando e torcendo. Tem até 2026. Essa CPI, a exemplo de tudo que inventaram até hoje, só serve de palanque pra Bolsonaro.

    2. Chora não BB , quer bubuzin quer? pq esse choro vai demorar viu rsrs

    3. Isso é só por enquanto.Com toda certeza vem mais atrocidades por aí .Esse presidente era pra está preso se o Brasil fosse um país sério .Mas aguardemos os fatos .A família Bozo vai passar .

    4. a esquerda é asquerosa…
      Usam a tática de Goebels. Repetir mentiras para ver se cola…
      O cara não sabe o que é um genocídio (sabe, mas faz de conta que não sabe) e ficam falando mal do presidente da República…
      Genocídios foram praticados na União Soviética, China e Cuba…
      Governos comunistas que mandaram matar milhões de pessoas.
      No Brasil temos uma pandemia…
      A esquerda e a imprensa são responsáveis pelos óbitos ao politizarem o assunto.
      Desde o início tentam se aproveitar da pandemia para se dar bem…
      A esquerda comemora cada óbito.
      Lula comemorou a chegada do coronavirus…
      Nas eleições, políticos faziam comícios… Onde estava o STF? O TSE? Renan Calheiros? Randolfe Rodrigues?
      Aí, agora, de repente, surgem muitos: “oooooohhh, a culpa é de Bolsonaro”.
      Bando de abutres tentando se aproveitar da desgraça alheia.
      São Paulo/Dória: 90 mil óbitos.
      Ceará de Ciro Gomes e Camilo Santana: 17 mil óbitos;
      Rio Grande do Norte governado por Fátima: 5.500 óbitos, muitos dos quais na fila esperando por uma UTI…
      Depois, de forma cínica, jogam a culpa em Bolsonaro…

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Política

Líder do PT na Câmara corre para blindar Gilmar e defender “superpoder” do STF

Foto: Agência Senado

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias saiu em defesa total da decisão de Gilmar Mendes que, na prática, blinda ministros do STF de qualquer pedido de impeachment vindo da sociedade. Pelo entendimento do decano, só a Procuradoria-Geral da República poderia apresentar esse tipo de ação — tirando do jogo cidadãos e parlamentares.

Lindbergh, repetindo o discurso que virou marca do PT, disse que permitir que o Congresso avalie pedidos de impeachment seria transformar o Parlamento em um “superpoder”. Para ele, a decisão de Gilmar vem no momento em que “a extrema-direita” — como o PT chama qualquer um que discorde — tenta “subverter” o sistema de 1988 e “enfraquecer” o STF.

O petista ainda citou um livro escrito pelo próprio Gilmar para justificar a blindagem, afirmando que não há “autoproteção corporativa”, mas sim “restauração dos limites constitucionais”.

A ironia não passou despercebida em Brasília: governo Lula e aliados fazem de tudo para fortalecer o Supremo, enquanto o país enfrenta decisões cada vez mais polêmicas vindas da Corte. Em meio a esse debate, cresce a pressão no Congresso e na opinião pública por limites mais claros ao poder do STF.

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Política

“Vou meter uma bala na sua cabeça”, disse Careca a testemunha que acusa Lulinha

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A crise envolvendo o “Careca do INSS” ganhou contornos de filme policial. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor da World Cannabis, Edson Claro, afirmou que Antônio Carlos Camilo Antunes o ameaçou de morte ao cobrar celulares, notebooks e um iPad que poderiam conter informações sensíveis. “Vou meter uma bala na sua cabeça”, teria disparado Careca, segundo o relato registrado na Polícia Civil de São Paulo.

Edson também declarou que Careca pagava mesada de R$ 300 mil a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, além de ter repassado R$ 25 milhões ao filho do presidente Lula — valor que a própria CPMI do INSS não conseguiu identificar em qual moeda foi pago. O ex-executivo diz que deixou o local da ameaça avisando que colaborava com a PF.

Mesmo com denúncias cada vez mais pesadas, o governo Lula conseguiu blindar o herdeiro político. A CPMI do INSS rejeitou a convocação de Lulinha por 19 votos a 12, numa articulação direta da base governista. O filho do presidente vive atualmente em Madri, para onde se mudou quando a “farra do INSS” passou a ocupar o noticiário.

O inquérito ainda aponta disputas por bens, dívidas e conflitos comerciais entre Careca e Edson Claro.

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Política

Dino barra emendas de Eduardo Bolsonaro e Ramagem e dispara: “Mandato não funciona de Miami”

Foto: STF

O ministro Flávio Dino, do STF, proibiu o governo federal de liberar qualquer nova emenda indicada pelos deputados Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Segundo ele, não existe “parlamentar legítimo” atuando direto de Miami, Roma ou Washington — recado direto aos dois bolsonaristas que passaram meses fora do Brasil, mesmo assim indicando cerca de R$ 80 milhões no Orçamento de 2026.

Eduardo está longe de Brasília desde março, enquanto Ramagem fugiu para os EUA durante o julgamento da suposta trama golpista no STF, que acabou com sua condenação a 16 anos de prisão.

Dino escreveu que mandato parlamentar não é “teletrabalho internacional”, porque a função exige presença, contato com a realidade do país e atuação direta nas instituições brasileiras.

A decisão tem efeito imediato e suspende qualquer repasse de novas emendas aos dois deputados. O ministro também mandou notificar a AGU, o Congresso e a PGR para impedir qualquer movimentação financeira ligada às indicações.

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Polícia

Caso de Carnaúba vira novela: “morto” aparece vivo, nega abuso e diz que a filha tentou matá-lo

Foto: Reprodução

O caso que deixou Carnaúba dos Dantas em choque deu uma reviravolta digna de roteiro policial. O homem que a própria filha dizia ter matado e enterrado apareceu vivo nesta quinta-feira (4). Ele está ferido, contou sua versão à Polícia Civil e negou ter abusado da neta de 6 anos — informação que havia levado a história ao auge da comoção.

Segundo o delegado Roney Nóbrega, o homem contou que foi brutalmente agredido pela filha e outra pessoa ainda não identificada. A dupla teria planejado matá-lo, mas ele conseguiu fugir para uma área de mata que conhece bem. O tornozeleira eletrônica dele havia descarregado, o que dificultou a localização. Mesmo assim, a Polícia agora investiga tanto a tentativa de homicídio quanto a suposta denúncia de abuso.

A mulher de 33 anos, que inicialmente confessou ter matado e enterrado o pai, segue presa por tentativa de homicídio e passará por audiência de custódia. O delegado afirma que a versão dela mudou várias vezes, aumentando as dúvidas sobre o que realmente aconteceu. Perícias foram solicitadas para confirmar ou descartar o abuso sexual contra a criança.

A Polícia Militar chegou até a suspeita após uma denúncia anônima dizendo que ela havia matado o pai. Ela confirmou, depois voltou atrás e apresentou novas versões. Enquanto isso, a Polícia Científica ainda não encontrou nenhum corpo. O caso segue cercado de contradições e agora depende de laudos e novas diligências para esclarecer quem está dizendo a verdade — ou se alguém mentiu para encobrir algo ainda maior.

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Economia

Pressão do Agro faz governo recuar e travar lista que chamava tilápia de “invasora”

Foto: Reprodução

A pressão do agro falou mais alto e o governo Lula teve que pisar no freio: a lista nacional que classificava a tilápia como espécie exótica invasora foi suspensa temporariamente nesta quinta-feira (4) pela Conabio, do Ministério do Meio Ambiente. O setor temia novas travas ambientais que poderiam atingir em cheio a produção do peixe mais cultivado do Brasil — e, no Nordeste, afetar também o camarão vannamei, um dos carros-chefes do RN.

A lista, divulgada em outubro, acendeu o alerta em produtores de todo o país porque poderia elevar custos, travar licenças e até prejudicar exportações. O Ministério tenta minimizar dizendo que a classificação não proibiria o cultivo, mas o próprio governo não se entendeu: o Ministério da Pesca chegou a pedir oficialmente a retirada da tilápia da lista, alegando insegurança jurídica e risco de imagem do país lá fora.

A polêmica começou porque a tilápia — originária da África — vem sendo encontrada fora das áreas de criação, o que o ministério aponta como desequilíbrio ambiental. Pesquisadores dizem que ela é territorialista, resistente e até sobrevive em água salgada.

Mas para o setor produtivo, especialmente no RN, onde o agronegócio e a carcinicultura têm peso gigantesco na economia e no emprego, a proposta era tecnicamente frágil e poderia paralisar uma cadeia que movimenta bilhões.

Com o recuo, o governo agora promete “ouvir o setor” antes de retomar a análise. Enquanto isso, produtores respiram aliviados.

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Política

Moraes aperta o cerco e amplia vigilância sobre visitas a Bolsonaro na PF

Foto: Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes decidiu subir ainda mais o tom e determinou que todas as unidades onde estão presos os réus do chamado “núcleo 1” da trama golpista — grupo que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro — enviem relatórios semanais ao STF com cada detalhe das visitas recebidas. A ordem exige registro de horário de entrada, saída e identificação completa de quem aparece nos locais de custódia.

A decisão foi tomada nesta quinta-feira (4) e vale para todos os presos desse grupo, tratado como o “núcleo central” da investigação. Moraes ainda impôs novas exigências: qualquer pedido de visita deve vir acompanhado do cadastro prévio do visitante na unidade e de uma autorização expressa do próprio preso, além do cumprimento rígido das normas internas de segurança.

No despacho, o ministro reforça que todos os visitantes terão de seguir regras específicas, como restrições de roupas, objetos e comportamento. Só depois disso, cada solicitação será analisada diretamente pelo gabinete de Moraes — ampliando o controle que ele já exerce no processo.

Bolsonaro, que vem recebendo médicos e familiares nos últimos dias, foi visitado nesta quinta-feira pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pela filha do casal, Laurinha, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. As visitas familiares seguem uma portaria da PF e só podem ocorrer às terças e quintas, por 30 minutos.

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Geral

[VÍDEO] STF x CONGRESSO: Dino cita 81 pedidos de impeachment contra ministros do STF e pede atualizações das regras

Após a decisão individual de Gilmar Mendes que restringe a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF, o ministro Flávio Dino afirmou que existem hoje 81 pedidos de impeachment contra integrantes da Corte — número inédito no Brasil e no mundo. Para ele, isso reforça a necessidade de revisar o marco legal sobre o tema.

O caso será analisado pelo plenário do STF em julgamento virtual entre 12 e 19 de dezembro.

A repercussão no Congresso foi imediata. O presidente da Câmara, Hugo Motta, atribuiu o cenário à polarização e criticou interferências entre poderes, dizendo acreditar em uma solução conciliatória.

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defendeu avançar em propostas que limitam decisões monocráticas, como a PEC em discussão no Congresso.

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Geral

‘MENSALÃO DO LULINHA’: Veja como cada parlamentar votou na CPMI sobre a convocação do filho do presidente Lula

Imagem: reprodução/Poder 360

Dezenove parlamentares votaram contra a convocação do filho do presidente Lula, Fábio Luís, o Lulinha, acusado em depoimento à PF de receber suposto mensalinho de R$ 300 mil do esquema do Careca do INSS, totalizando R$ 25 milhões.

O governo orientou o voto contra, chamou o depoente de bandido e acusou a oposição de tentar mudar o foco da CPMI. O suposto “mensalão de Lulinha” foi narrado em depoimento à Polícia Federal revelado pelo Poder 360 e confirmado pela coluna. A Farra do INSS foi revelada pelo Metrópoles em série de reportagens premiada.

Segundo Edson Claro, o “Careca do INSS” fez um pagamento de R$ 25 milhões para Fábio Luís e pagava também uma “mesada” de cerca de R$ 300 mil. O depoimento não detalha em qual moeda foi feito esse pagamento de R$ 25 milhões. A bancada do governo tentou desqualificar Claro o acusando de ser “bandido”. O PT, contudo, também votou contra a convocação do depoente.

Votaram contra convocar Lulinha:

1. Randolfe Rodrigues
2. ⁠Jussara Lima
3. Jaques Wagner
4. ⁠Eliazane Gama
5. ⁠José Lacerda
6. ⁠Chico Rodrigues
7. ⁠Augusta Bruto
8. ⁠Leila Barros
9. ⁠Teresa Leitão
10. ⁠AJ Abulquerque
11. ⁠Cleber Verde
12. ⁠Orlando Silva
13. ⁠Ricardo Atres
14. ⁠Dorivaldo Malafaia
15. ⁠Dagoberto Nogueira
16. ⁠Paulo Pimenta
17. ⁠Alencar Santana
18. ⁠Bruno Farias
19. ⁠Rogério Corrêa

Votaram a favor da convocar Lulinha:

1. Styveson Valentim
2. ⁠Izalci Lucas
3. ⁠Eduardo Grão
4. ⁠Jorge Seif
5. ⁠Rogério Marinho
6. ⁠Damares Alves
7. ⁠cabo Gilberto Silva
8. ⁠Coronel Chrisóstomo
9. ⁠Adriana Ventura
10. ⁠Alfredo Gaspar
11. ⁠Fernando Rodolfo
12. ⁠Marcel Van Hattem

Andreza Matais – Metrópoles

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Geral

Atrasos nos repasses de empréstimos consignados pelo Governo do RN voltam a prejudicar servidores estaduais

Foto: Dado Galdieri / Bloomberg

Os atrasos nos repasses de empréstimos consignados pelo Governo do RN aos bancos continuam prejudicando servidores estaduais. Apesar de os valores serem descontados mensalmente em folha, as instituições financeiras não recebem as parcelas, e o governo não esclarece a situação. Reportagem da Tribuna do Norte não obteve retorno do governo sobre questioamentos a respeito dos fatos.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Gustavo Carvalho (PL) cobrou respostas sobre o montante em atraso, a lista de débitos por banco, o destino dos valores descontados e a previsão de regularização. Ele afirma que não recebeu retorno nem do governo nem do Banco do Brasil, principal credor, e classifica a retenção como “apropriação indevida”. Diante da falta de explicações, anunciou que recorrerá ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público.

O deputado Luiz Eduardo (SDD) reforça que atrasos são relatados desde julho, com servidores sendo cobrados por parcelas já debitadas e até negativados. O Sinsp-RN também denuncia que o governo parcela os descontos, mas não repassa aos bancos, chamando o problema de “grave irregularidade” e citando casos de servidores cobrados por cartórios por dívidas já descontadas em folha.

Em agosto, o secretário de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, reconheceu atrasos, principalmente com o Banco do Brasil, que concentra 82% dos contratos. Segundo ele, o Estado desconta cerca de R$ 96 milhões por mês em consignados, mas enfrenta queda de arrecadação e aumento de despesas. Na ocasião, prometeu normalizar os repasses até dezembro e evitar negativação de servidores.

Com informações de Tribuna do Norte

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VÍDEO: Mulher defeca em ônibus, leva chute e joga fezes em agressor no Rio

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra uma mulher sendo agredida em um ônibus BRT, no Rio de Janeiro, após defecar nas calças e depois atirar as fezes em um agressor dentro do coletivo. O caso teria acontecido na Taquara, bairro da Zona Oeste, e terminou em confusão generalizada entre os passageiros.

O motorista precisou interromper a viagem imediatamente para que a passageira fosse retirada do ônibus, segundo informou o portal Leo Dias. A Secretaria Municipal de Transportes do Rio, com o Grupo BRT, com a Secretaria de Segurança Pública e com a Polícia Militar não se manifestaram sobre os desdobramentos posteriores ao vídeo.

Metrópoles

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