Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo
Os gastos extraordinários para combater a covid-19 vão gerar uma fatura extra de R$ 261,6 bilhões em juros da dívida pública nos próximos 10 anos, calcula o Tesouro Nacional.
Desde 2014, o Brasil acumula sucessivos rombos nas contas públicas, gastando mais que o valor arrecadado. Quando chegou a pandemia, o governo precisou flexibilizar regras fiscais para poder elevar de forma significativamente seu endividamento e conseguir bancar as medidas necessárias para conter os efeitos da crise.
O rombo este ano deve chegar a R$ 880,5 bilhões, considerando as contas do Tesouro, do INSS e do Banco Central. Desse valor, R$ 587,4 bilhões são decorrentes de gastos para combater a covid-19.
O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves, explicou que, embora as despesas sejam temporárias, os títulos da dívida emitidos para que o Brasil tivesse os recursos em caixa necessários a esses pagamentos serão carregados por um bom tempo. E esses títulos pressupõem uma taxa de juros a ser paga a quem se dispôs a emprestar ao governo.
Na prática, isso significa que as medidas contra a crise custarão bem mais do que os valores já conhecidos até hoje. O auxílio emergencial pago a trabalhadores informais, microempreendedores e desempregados, por exemplo, deve resultar numa transferência de renda de R$ 322 bilhões. Mas o custo ao governo será bem maior porque haverá uma fatura extra de 143,3 bilhões em juros nos próximos dez anos, devido aos empréstimos tomados para viabilizar a política. As cifras estão calculadas em valores de 2020.
O auxílio financeiro a Estados e municípios, que totalizou R$ 120 bilhões entre repasses e suspensões de dívidas, deve gerar uma conta adicional de R$ 26,8 bilhões em juros na próxima década.
Já o benefício emergencial pago a trabalhadores que tiveram suspensão de contrato ou jornada e salários reduzidos, orçado em R$ 51,6 bilhões, deve custar outros 23,0 bilhões em juros no mesmo período de comparação.
Outras medidas adotadas pelo governo, como incentivo a crédito e destinação de recursos à saúde, geram uma fatura extra de R$ 68,5 bilhões em dez anos.
Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional em meio à pressão de setores do governo e do Congresso para que as medidas de combate à crise sejam estendidas para 2021. A equipe econômica tem defendido a importância de manter os gastos extraordinários restritos a este ano e agir apenas em caso de necessidade – por exemplo, em uma eventual segunda onda da covid-19 no País.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, destacou que o governo precisará pagar a conta do endividamento de 2020 e defendeu a aprovação de reformas para controlar as despesas e ajudar nesse reequilíbrio.
Alves, por sua vez, destacou que o maior patamar da dívida – herança da crise – deixa o governo com um espaço menor para absorver choques. A projeção do Tesouro é que a dívida termine o ano em 96,0% do PIB, chegando a 100,8% do PIB em 2026.
Estadão Conteúdo
Já estão com bastante antecedência tentar justificar o injustificável para continuar a roubar e não ser contestado. Eita terra de povo ignorante.!