Saúde

O fim da enxaqueca: ela afeta uma em cada cinco mulheres, e um em cada 20 homens; e pode estar com os dias contados

A enxaqueca é uma doença cerebral, recorrente e hereditária. Ela confere ao enxaquecoso um cérebro diferente, tanto durante as crises quanto fora delas.

Nas linhas abaixo, você vai entender como a enxaqueca acontece, por que ela acontece e quais são as ferramentas mais recentes para tratar esse mal. Primeiro, porém, é preciso que fique claro: quem sofre de enxaqueca tem um problema neurológico. Nasce com ele e, sem tratamento, vai morrer com ele. A enxaqueca não é consequência de nenhuma dieta nem de estilo de vida.

Os primeiros relatos de enxaqueca são tão antigos quanto a invenção da escrita. Mais tarde, os gregos a batizaram de “hemicrânia” – que quer dizer “metade do crânio” –, já que os pulsos de dor costumam tomar, majoritariamente, um dos lados da cabeça, perto das têmporas. A palavra árabe ax-xaqíqâ tem o mesmo significado – e foi ela que deu origem a jaqueca, em espanhol, e ao nosso “enxaqueca”.

Não é só no local da dor, porém, que a enxaqueca difere de outras cefaleias. Ela tem outros sintomas menos famosos. Eles vêm em surtos, ou “crises”, que podem durar de 4 a 72 horas. Costumam incluir náuseas e vômitos, além de sensibilidade extrema a qualquer tipo de estímulo: visual, olfativo ou sonoro. Cada pessoa tem seu próprio jeito de descrever o momento da crise. O grande ponto em comum é que situações corriqueiras se tornam excessivas em todos os aspectos: a iluminação de casa se torna ofuscante. O perfume da vizinha no elevador, insuportável. O barulho do telefone, ensurdecedor. Meu tormento particular durante um ataque de enxaqueca é caminhar. Cada passo reverbera pelo corpo como se alguém golpeasse um gongo – e o gongo, no caso, é minha própria cabeça.

Divido esse suplício com mais de 30 milhões de brasileiros, e principalmente brasileiras. Uma em cada cinco mulheres sofre desse mal; contra um em cada 20 homens. No mundo todo, há pelo menos 1 bilhão de doentes. Um quinto desses possui “enxaqueca com aura” – uma alteração direta na região do cérebro responsável pela visão. A primeira crise com aura costuma ser assustadora: riscos brilhantes e coloridos surgem no campo de visão, deixando grandes manchas escuras logo depois. Tem gente que perde a visão periférica. E então, tão de repente quanto surgiu, a aura desaparece. No lugar dela, fica uma explosão de dor na cabeça. É o ápice da ax-xaqíqâ. E é também a parte mais conhecida da crise. Mas a verdade é que, nesse ponto, o surto de enxaqueca já começou há horas – às vezes, há dias.

O antes e o depois

Há alguns anos, os neurocientistas alemães Laura Schulte e Arne May se aventuraram em um experimento curioso: convenceram uma paciente com enxaqueca a aparecer no laboratório por um mês, para fazer ressonâncias diárias. Ao longo desse tempo, ela teve três crises diferentes, todas registradas pelo scanner hospitalar.

O mais interessante, no entanto, são as mudanças que as imagens registraram entre as crises. De 34 a 48 horas antes das dores de cabeça, o exame já mostrava alterações importantes na atividade cerebral – especialmente no hipotálamo, uma das áreas essenciais para o controle do metabolismo.

O hipotálamo ajuda a determinar boa parte do seu dia – dos momentos em que você sente sede, fome e sono até sua vontade de ir ao banheiro. Pois dois dias antes da dor de cabeça estourar, o hipotálamo de alguém com enxaqueca começa a agir de forma esquisita. Os especialistas acreditam que é nesse momento que a crise começa – e chamam esse capítulo inaugural de “pródromo”.

Ele tem sintomas específicos – que muita gente sente, mas nunca relacionou à enxaqueca. Até os mais comuns são curiosos: as pessoas tendem a urinar com mais frequência; bocejam em excesso; sentem sono durante o dia, e o apetite muda bruscamente – com desejo acentuado por doces. Cansaço e confusão mental também começam no pródromo, antes da aura e dor de cabeça darem as caras.

Excesso de xixi, bocejo, sono durante o dia: muitas alterações esquisitas no dia a dia são, na verdade, sintomas da 1a fase da enxaqueca.

Quando os pulsos latejantes finalmente começam, o hipotálamo continua agindo de forma suspeita, comunicando-se com diversas regiões do tronco encefálico, outra área importantíssima para o nosso sistema nervoso – e levando ao aumento da sensibilidade, da náusea e da fotofobia.

Finalmente, a dor cede, mas o comportamento estranho do hipotálamo não termina. É o início da terceira e última fase da crise: o pósdromo. Dessa vez, a aversão à comida e a sensação de ter sido atropelado por um caminhão se misturam ao alívio. O pior já passou. Pelo menos, até a próxima crise.

1) Hipotálamo: provável culpado pela maioria dos sintomas do pródromo
2) Tronco encefálico: Diversas regiões ficam anormalmente ativas nessa área durante a crise.
3) Nervo trigêmio: Fica sensibilizado e, como se espalha por toda a cabeça, pode ajudar a explicar a miríade de sintomas da crise.
4) Sistema trigeminovascular: É o coração da enxaqueca. Alterações nele causam a sensação de latejamento.
5) Dura: é a parte mais externa da meninge, camada que envolve o cérebro. É a partir das terminações nervosas nessa região que a dor se espalha.

Cérebro especial

Há quem descreva a enxaqueca como “o sofrimento inútil”. É uma analogia apropriada. Afinal, toda dor, a princípio, existe por um motivo. Os circuitos cerebrais que comunicam a dor funcionam como um alarme de incêndio, que apita para sinalizar que há algo errado. Alguns tipos de dor de cabeça servem para isso: aquela pressão na testa durante uma sinusite aponta para a verdadeira causa, que é uma infecção respiratória.

A enxaqueca, porém, não decorre de nenhum outro problema de saúde. Não há risco que justifique o alerta – trata-se de um alarme falso. Um sofrimento inútil. “Tudo leva a crer que, na enxaqueca, o sistema de alarme do corpo entra em pane”, diz o neurologista João José de Carvalho, que estuda o problema há duas décadas.

Temos então um alarme de incêndio com defeito, e circuitos cerebrais de comunicação da dor desregulados. “Nesse sentido, o cérebro de alguém que sofre enxaqueca é diferente dos outros”, diz o neurologista.

Pessoas comuns filtram de forma eficiente os estímulos que o cérebro recebe a todo momento – seja por meio dos olhos, dos ouvidos, do nariz ou da pele. O cérebro com enxaqueca não é dos melhores nessa função. Os neurônios ali são mais excitáveis do que o normal – qualquer estímulo pode gerar respostas exageradas. Isso explica, por exemplo, por que uma luz perfeitamente normal parece tão intensa durante uma crise de enxaqueca.

Mas como, então, consertar o alarme de incêndio hiperativo? Há décadas procuramos a resposta – mas nos lugares errados.

Não aperte o gatilho

Saia para jantar com um enxaquecoso. Desafio você a encontrar um restaurante em que ele se sinta à vontade para comer absolutamente qualquer prato no cardápio. Não é questão de paladar: quem sofre de enxaqueca leva no bolso, além de analgésicos frequentes, o medo de fazer qualquer coisa que possa acarretar uma crise. E a lista de “gatilhos” é longa. Queijos, vinho, chocolate, embutidos, fermentados, feijão. Glutamato monossódico, presente em temperos em pó.

Fora do campo da dieta, anticoncepcionais hormonais, excesso de calor ou frio, cheiros fortes, jejum prolongado. Noites de sono muito curtas ou longas demais. Tudo isso aumentaria a chance de uma visita da maldita hemicrânia. Uma vida de regularidade e restrições seria o preço a pagar por uma rotina sem dor.

Quer dizer, com menos dor. Volto a desafiar o leitor: pergunte ao seu companheiro de jantar se qualquer mudança de estilo de vida que ele tenha feito foi capaz de resolver a questão. A resposta será “não”. Os gatilhos, afinal, são tão diversos e tão onipresentes que não há como evitá-los. Vejamos, por exemplo, o estresse, um gatilho óbvio. Mas sabe o que também é um gatilho da enxaqueca? O fim do estresse. Não faltam relatos de quem sofre mais com crises nos primeiros dias de férias, por exemplo. Espera aí: então o paciente precisa evitar estresse demais, e também de menos? E precisa passar por tudo isso sem chocolate?

A questão, aqui, remete ao início do texto: a enxaqueca é uma síndrome neurológica de origem genética. “Se você decidir ser monja no Tibete e passar o dia meditando, vai continuar a ter enxaqueca. Se ganhar na Mega Sena também”, resume João José de Carvalho.

Hoje, muito do que os pacientes reconhecem como “gatilhos”, os especialistas afirmam ser sintomas. Tomemos o chocolate, por exemplo, um “vilão” entre os enxaquecosos. Ele já foi oficialmente refutado como causa da enxaqueca (já que, na prática, a causa é você).Mas ainda é possível que a ligação esteja ali, só que de uma forma contraintuitiva.

“No pródromo, 48 horas antes da dor de cabeça surgir, um dos sintomas mais claros é a avidez por doces – mesmo entre pacientes que evitam chocolate porque acreditam que ele ‘causa’ a enxaqueca. Nesse ponto, a crise já começou. O desejo descontrolado por chocolate provavelmente é mais uma característica dela”, diz Carvalho. Quem compartilha dessa visão é um dos maiores especialistas em enxaqueca do mundo, o professor Peter Goadsby, da Universidade College de Londres. Ele defende que reconhecer sintomas do pródromo é mais importante do que evitar supostos “gatilhos”. Esse comportamento, afinal, reduz as chances de o indivíduo ser pego de surpresa pelas crises que, sem dúvida, virão.

A lógica dos gatilhos é sedutora: traz explicações simples e uma sensação de controle. Mas ela não é inofensiva. A tentativa dos pacientes de autoadministrar os gatilhos atrasa a busca por um tratamento adequado, segundo um estudo publicado no periódico Cephalalgia e coescrito por Carvalho.

Se a enxaqueca fosse, de fato, “autoadministrável”, o problema não seria tão grande. A questão é que um paciente com enxaqueca já demora, em média, 11 anos, para procurar ajuda de um especialista. O intervalo costuma ser mais curto quando a enxaqueca apresenta aura. E é cerca de 4 anos mais longo se o paciente acredita que consegue controlar a dor de cabeça apenas “gerindo” seus gatilhos.

Nesse intervalo de 10, 11, e até 15 anos sem tratamento especializado, o diagnóstico pode piorar, e muito. No início da mesma pesquisa, apenas 7% dos voluntários tinham mais de duas crises por mês. Onze anos depois, 40% já sofriam com mais de 15 dias de crise por mês. “Quanto mais você deixar o cérebro aprender a fazer enxaqueca, melhor ele fará”, conclui o neurologista.

A estimativa é que um paciente vai atribuir sua dor a, no mínimo, quatro gatilhos diferentes. E só quando eles falham (ou seja, a pessoa corta o chocolate, o vinho, a pílula, o queijo, e continua tendo crises) é que ela procura alguém para tratar a causa. Nesse intervalo, o cérebro cursa seu Mestrado em Enxaqueca Crônica.

Todas as evidências científicas deixam claro, portanto, que nem a maior disciplina do mundo pode driblar a enxaqueca. Tampouco é possível simplesmente ignorar as crises. Felizmente, a ciência apresenta caminhos – alguns deles muito recentes – que atacam o problema na raiz, e libertam o paciente da exigência de uma vida excessivamente regrada. “Você vai saber que está melhor quando os ‘gatilhos’ não fizerem mais diferença. O paciente em tratamento pode agir como quiser.”

Gatilhos e mitos

53% dos enxaquecosos desconfiam do chocolate.

35% deles acham que é o álcool.

95,7% das crises de enxaqueca não têm relação com nenhum dos gatilhos mais famosos.

Chocolate: Um dos mais famosos vilões da doença é inocente.

Álcool: As dores de cabeça no dia seguinte podem não ter nada a ver.

Glutamato Monossódico: O tempero em pó de salgadinhos e caldos também se safou dessa.

Nitrato: Ninguém sabe se esse nutriente polêmico, presente tanto no bacon quanto em vegetais escuros, faz bem ou faz mal. Mas a enxaqueca ele não afeta.

Uma “nova ciência” para a enxaqueca

Ao chegar à consulta com o especialista, o paciente geralmente descobre que existem, sim, tratamentos preventivos, que impedem a maior parte das crises de aparecer. Mas descobre, também, que nenhum deles foi criado especificamente para enxaqueca. São remédios que servem, originalmente, para outras doenças, como epilepsia ou pressão alta. Em algum momento, pacientes cardíacos ou epilépticos que também tinham enxaqueca descobriram que suas crises estavam diminuindo. E o fenômeno acabou levando os tratamentos a serem validados para enxaqueca – sem que ninguém soubesse precisar 100% os mecanismos do seu funcionamento.

“Não leia a bula”, escutei do meu neurologista, quando me receitou topiramato, um anticonvulsivante usado para prevenção da enxaqueca. “Você não vai ter coragem de tomar.”

Para alguém que precisa lidar com crises incapacitantes de uma doença cercada por mitos e que leva dez anos para receber apoio médico adequado, esse pode ser um capítulo particularmente frustrante e amedrontador. Não é que a medicação não ajude. Mas os remédios demoram a fazer efeito e, de fato, apresentam danos colaterais que nem sempre o paciente está disposto a aceitar: ganho de peso, queda de cabelo, náuseas, sonolência, disfunção erétil. “O topiramato é um tratamento de primeira linha no mundo todo. Mas esses são tratamentos de longo prazo, que precisam do médico ao lado, acompanhando de perto, a cada 45 dias”, diz Carvalho. Não é surpresa, portanto, que oito em cada dez pacientes que começam um tratamento preventivo abandonam o processo no curso de um ano.

Não são só os pacientes que se incomodam com a ideia de que sua doença não tenha um tratamento criado especificamente para ela. Mas isso está mudando – em boa parte graças ao neurologista australiano Peter Goadsby e seu colega sueco Lars Edvinsson. A dupla estuda uma molécula curiosa chamada CGRP – ou peptídeo relacionado ao gene da calcitonina. No cérebro, ela atua como neurotransmissor e também age no resto do corpo, comprimindo e expandindo vasos sanguíneos.

Bem, nos últimos 200 anos, a maioria dos médicos acreditava que a enxaqueca era, justamente, um problema circulatório – e que os vasos sanguíneos se expandiam durante uma crise, explicando por que os pacientes sentem pulsar a área das têmporas. Apenas nos anos 1990, com novos exames e ressonâncias que fazem imagens do cérebro durante uma crise, ficou provado que a enxaqueca mudava pouco em termos de veias e artérias.

Felizmente, Goadsby e Edvinsson já tinham outro suspeito. Em um estudo digno de Tarantino, a dupla extraiu sangue diretamente da jugular de pacientes durante uma crise. Testaram as amostras para todo tipo de molécula cerebral. A única que tinha alterações significativas era a tal CGRP.

Depois, inverteram-se os trabalhos: outro grupo de pesquisadores injetou uma bela dose de CGRP no corpo de voluntários. Metade deles tinha enxaqueca. A outra metade, não. Algumas horas depois, o grupo “saudável” tinha uma leve dor de cabeça. E os enxaquecosos estavam praticamente rolando no chão de dor.

Estava estabelecido o papel do CGRP na enxaqueca: o neurotransmissor, produzido principalmente pelo nervo trigêmeo, que se estende por toda a cabeça, sensibiliza o cérebro, levando às crises. Mas um pico de CGRP, sozinho, não causa enxaqueca. É preciso que o cérebro do paciente seja especialmente vulnerável à substância.

Pela primeira vez, os cientistas tinham um alvo claro contra o qual agir. E protótipos de medicamentos começaram a pipocar na indústria farmacêutica. Todos tinham relação com o CGRP, mas se dividem em duas categorias principais. Alguns se ligam diretamente às moléculas de CGRP para impedir que ele aja no cérebro. Os demais grudam nos receptores do neurotransmissor, como chicletes dentro de uma fechadura: a chave (que é o CGRP) não consegue entrar e completar o estrago.

Os estudos para criar novos medicamentos para enxaqueca começaram a dar certo quando surgiu uma ideia inusitada: utilizar anticorpos para “enxugar” o excesso de CGRP no corpo.

Costumamos descrever anticorpos como “soldados de defesa” do organismo – mas uma das principais atribuições deles é funcionar como um sistema de reconhecimento. É com essa habilidade que seu sistema imunológico sabe diferenciar uma célula “aliada” de uma bactéria perigosa. Pois bem: os cientistas decidiram adaptar essa mesma lógica em laboratório. Criaram anticorpos sintéticos, treinados especificamente para reconhecer moléculas de CGRP. Hiperfocados, eles nem interagem com o resto do organismo. Resultado? Poucos efeitos colaterais.

Os novos mecanismos para tratar enxaqueca somem com as crises de 15% dos pacientes – e esse número pode subir no futuro.

Além disso, anticorpos são moléculas grandes – ficam em circulação um tempão, porque o corpo demora para eliminá-las. Isso requer doses menos frequentes de remédio – e menos manutenção para o paciente costuma levar a resultados melhores.

Essas moléculas foram encaminhadas para a prova de fogo: testes clínicos, que avaliam se uma droga é segura e eficaz para ser vendida na farmácia. Quatro delas (saiba mais no box) foram bem o suficiente para “passar de ano”. Em pouco mais da metade das pessoas, o número de crises caiu 50%, no mínimo. Essas reduções, que representam a média entre os pacientes, são positivas, mas também similares aos tratamentos convencionais.

Há, no entanto, uma enorme vantagem – e ela, sim, dá brilho aos olhos dos pesquisadores. Cerca de 15% dos pacientes nos testes se enquadraram como “superrespondentes”. Em bom português, isso quer dizer que as crises deles desapareceram completamente desde a primeira dose dos remédios, e não voltaram pelos seis meses seguintes.

Ok. Mas e os outros 85%, que seguem com enxaqueca, ainda que menos frequente? Eles também têm a ganhar. Pela primeira vez na história da doença, os cientistas conhecem cada detalhe de como e por que o tratamento funciona. O objetivo, portanto, é usar esses primeiros mecanismos como base para futuros remédios, efetivamente capazes de curar uma gama maior (e, por que não, 100%) dos pacientes.

A nova medicação: os 4 anticorpos já aprovados nos EUA

Erenumabe, galcanezumabe, eptinezumabe, e fremanezumabe: esses são os nomes dos anticorpos para enxaqueca já liberados nos EUA e na Europa. Não espere encontrar comprimidos deles, no entanto: são todos injetáveis. O mais próximo da aprovação no Brasil é o erenumabe, que já está em análise pela Anvisa. Ele funciona exatamente como uma injeção de insulina. É administrado pelo próprio paciente, uma vez ao mês. Mas não deve sair barato. Nos EUA, o paciente paga o equivalente a R$ 19 mil por um ano de remédio, já com os descontos habituais para esse tipo de tratamento. As empresas por trás do remédio (Amgen e Novartis), no entanto, afirmam que o preço final no Brasil não está definido. Vai depender da negociação com planos de saúde e agências do governo.

Este é, portanto, um momento inédito para os enxaquecosos: temos remédios eficazes, pensados especificamente para esse tipo de problema, que só precisam ser administrados uma ou duas vezes no mês, dão resultado rápido e produzem efeitos colaterais desprezíveis. As quatro substâncias já foram aprovadas pelo FDA, a agência reguladora de saúde nos EUA. Ao menos uma delas – o erenumabe – deve ser avaliada pela Anvisa ainda em 2018 – e pode chegar às drogarias no primeiro semestre de 2019.

A nova era na ciência da enxaqueca pode não botar fim imediato à doença, mas traz consigo um poder que só quem sofre com ela é capaz de entender. Menos crises representam, sim, menos dor – mas também menos tempo perdido no pronto-socorro. Mais semanas produtivas no trabalho e, nas férias, menos dias desperdiçados no escuro. Mais domingos brilhantes de sol e menos compromissos cancelados de última hora. E, é claro, o mais importante: mais vinho. E mais chocolate.

Super Interessante

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Bolsonaro confirma presença em manifestação no dia 16 de março pela anistia e contra Lula

Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Parlamentares de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão anunciando nas redes sociais que farão uma manifestação, em 16 de março, no Rio de Janeiro, em prol da anistia aos condenados pelos atos extremistas do 8 de janeiro de 2023 e do impeachment de Lula. Nas plataformas digitais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou presença na manifestação.

“Eu devo estar no Rio de Janeiro. [A pauta] Vai ser o que? Anistia e as questões nacionais. Outros vão ser impeachment, outros vão ser outro assunto qualquer”, declarou Bolsonaro, neste sábado (15).

“Nós sempre colaboramos e participamos de forma civilizada, tanto é que o aconteceu no 8 de Janeiro não é do nosso lado, aquilo foi quebrado antes do pessoal chegar ali perto”, prosseguiu o ex-mandatário.

Os opositores deram tração à convocação em meio à previsão de que a PGR (Procuradoria-Geral da República) pode apresentar nos próximos dias uma denúncia contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Além disso, a recente queda de popularidade do governo Lula deu impulso aos chamados.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também usou as redes em prol das manifestações. “O Lula quer gente na rua pedindo o impeachment dele? Pois é, é exatamente por isso que temos que ir”, escreveu.

R7

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62% acham que Lula não deve tentar reeleição, diz Ipec

Foto: REUTERS/Adriano Machado

Pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada neste sábado (15) pelo Uol mostra que 62% dos brasileiros acham que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria concorrer à reeleição em 2026, contra 35% que avaliam que o petista deveria tentar um 4º mandato.

Eis as respostas:

  • Lula não deveria tentar a reeleição – 62% (eram 58% em novembro de 2024);
  • Lula deveria tentar a reeleição – 35% (eram 39%).
  • não sabe ou não respondeu – 3% (eram 3%)

O Ipec também perguntou aos entrevistados que acham que Lula não deveria se candidatar em 2026 por que elas deram essa resposta. O levantamento é espontâneo, ou seja, as pessoas não foram estimuladas com opções de respostas e também puderam dar mais de uma resposta.

Eis os 5 motivos mais citados:

  • não está fazendo um bom trabalho – 36%;
  • porqueécorrupto/ladrão/desonesto – 20%;
  • pela idade/está coma idade avançada – 17%;
  • teve a suachance/jáfoi presidente 3 vezes – 11%;
  • por não confiar nele/não gostar dele/não simpatizar com ele – 9%.

O Ipec entrevistou 2.000 pessoas em 131 municípios do Brasil de 6 a 10 de fevereiro de 2025. O grau de confiança do levantamento é de 95%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Não se preocupem. Lula é um homem digno e de caráter. Se ele perder (algo improvável) ele passará a faixa ao novo presidente como fez com Dilma. Não irá fugir do país.

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ÁUDIO: Motociclista com CNH vencida é preso ao tentar subornar policiais rodoviários federais no RN

Um motociclista foi preso por corrupção ativa ao tentar subornar policiais rodoviários federais durante uma fiscalização de trânsito no interior do Rio Grande do Norte. A tentativa foi gravada por um dos agentes. Veja no vídeo acima.

O caso aconteceu tarde desta sexta-feira (14), no km 5 da BR-406, em Macau, na região da Costa Branca potiguar.

Durante a abordagem, os policiais constataram que o condutor estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida. Além disso, o veículo estava com o licenciamento atrasado.

Ao perceber que seu veículo seria removido, o motociclista tentou oferecer dinheiro ao policial rodoviário federal em troca da liberação da ocorrência.

A conversa foi gravada pelo policial rodoviário, que deu voz de prisão ao condutor pelo crime de corrupção ativa.

“De acordo com o artigo 333 do Código Penal, oferecer ou prometer vantagem indevida a um funcionário público para que ele pratique, omita ou retarde ato de ofício é crime, com pena prevista de 1 a 8 anos de reclusão, além de multa”, informou a PRF.

Diante dos fatos, o homem foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Macau, onde ficará à disposição da Justiça.

g1-RN

Opinião dos leitores

  1. Se forem apreender motoristas e motocicletas nos interiores por terem CNH vencidas, por não terem CNH, documentação atrasada, multas vencidas, por não usarem capacete, e outros descumprimentos das leis de trânsito, não haverá lugar para guardar tantos veículos e o RN vai parar.

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VÍDEOS: Motoboys derrubam portão de condomínio em Lagoa Nova, após morador agredir motociclista

Após o episódio no qual um morador de um condomínio no bairro de Lagoa Nova agrediu um motociclista por aplicativo, um grupo de motoboys se reuniu em frente ao prédio onde o fato ocorreu na tarde deste sábado (15) para protestar. Enquanto dezenas de motociclistas faziam um ‘buzinaço’ em meio a xingamentos, alguns deles derrubaram o portão do condomínio durante a manifestação, como mostram as imagens.

VEJA TAMBÉM: VÍDEO: Motociclista por aplicativo é agredido por cliente em frente a condomínio na Avenida Lima e Silva

Opinião dos leitores

  1. O que o condomínio tem a ver? A polícia deve identificar os motoqueiros envolvidos e prendê-los. E punir o morador agressor também. Perderam a razão os motoqueiros.

  2. O barão ganhou no primeiro round mas saiu perdendo no segundo. O barão virou vilão e o motoboy virou famosão.

  3. O mais justo seria esses motoboys, individualmente, enfrentar o agressor e arrebentar ele de porrada da mesma forma que ele agrediu o moto entregador. Atacando em bando é um ato covarde.

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VÍDEO: Motociclista por aplicativo é agredido por cliente em frente a condomínio na Avenida Lima e Silva

Na tarde deste sábado (15), um motociclista por aplicativo foi agredido na Avenida Lima e Silva por um cliente, em frente ao condomínio onde reside. Segundo a vítima, as agressões ocorreram após ele se recusar a subir até um condomínio para pegar um pedido.

De acordo com testemunhas ouvidas pela reportagem do Via Certa Natal, o entregador alegou que a encomenda era pesada e não poderia ser transportada de moto. O cliente, irritado com a negativa, teria iniciado a agressão. Ainda segundo relatos, o agressor aplicou um mata-leão no motociclista, que ficou roxo devido à pressão do golpe.

Em entrevista, a vítima contou como tudo aconteceu:

Via Certa Natal

Opinião dos leitores

  1. O crescimento da agressividade da humanidade precisa ser pesquisada pela ciência urgentemente. O ser humano está cada vez mais bombado desumano e sem noção de onde acaba o seu direito e começa o do outro. Acho que toda a população brasileira precisa receber do governo uma arma de fogo para se proteger. Só assim, todos irão se respeitar, como também protegerem a vida, a dignidade, o patrimônio e a família.

  2. Que absurdo, este cidadão precisa ser punido com todos rigores da lei.
    Cadê as autoridades ?

  3. O bom, é que mostrou onde esse meliante mora!
    Poderia registrar como tentativa de homicídio!
    Juntar todos os moto boys de Natal, e ir para frente do condomínio, fazer barulho, não deixar ele dormir uns três dias, buzinando e chamando de assassino!
    Seria uma boa!

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VÍDEO: Prefeito de Caicó, Dr. Judas Tadeu diz que sente falta de Rogério Marinho como ministro

O prefeito de Caicó, Dr. Tadeu, disse que sente falta de Rogério Marinho como ministro. Comentário foi neste sábado (15), durante visita às obras do Distrito Industrial de Caicó, viabilizado por Rogério durante sua passagem no Ministério do governo Bolsonaro.

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Rogério Marinho visita obras do Distrito Industrial de Caicó com o prefeito Dr. Tadeu

O senador Rogério Marinho (PL-RN) se reuniu com o prefeito de Caicó, Dr. Judas Tadeu, neste sábado (15), para tratar de projetos e ações voltadas ao desenvolvimento do município seridoense. O encontro reforçou o compromisso do parlamentar com a cidade e resultou em visitas a importantes obras que impulsionarão a economia local e beneficiarão centenas de famílias.

Durante a agenda, Rogério e o prefeito visitaram as obras do Distrito Industrial de Caicó, iniciativa que visa atrair empresas e gerar empregos na região. O projeto contou com recursos que foram destinados pelo senador quando esteve no Ministério do Desenvolvimento Regional, no governo Bolsonaro. Além disso, estiveram no local onde serão construídas 200 moradias do Residencial Wilma de Faria, um projeto habitacional que atenderá famílias carentes do município, também autorizado por Rogério quando ministro.

O prefeito Dr. Tadeu fez questão de enfatizar a importância da atuação do senador a favor não apenas do projeto como de várias obras para o Seridó. O gestor citou, como exemplo, a barragem de Oiticica e a conclusão da transposição do Rio São Francisco. “Nós prefeitos temos sentido falta de Rogério no Ministério porque está bem difícil liberar recursos de obras já em andamento e também de futuras obras”, disse.

Em seu discurso, Rogério relembrou que dar atenção as necessidades do Nordeste brasileiro e consequentemente do RN foi uma orientação direta do então presidente Jair Bolsonaro. “Nosso compromisso com Caicó é constante. Trabalhamos para garantir recursos e projetos que impactem diretamente na vida das pessoas, gerando desenvolvimento e qualidade de vida. Seguiremos atentos e à disposição do povo seridoense para continuar promovendo avanços”, destacou Rogério Marinho.

O senador reafirmou sua dedicação às demandas de Caicó e da região do Seridó, ressaltando que continuará trabalhando para garantir investimentos e melhorias estruturais que beneficiem a população local.

Também acompanharam a visita o prefeito de Timbaúba dos Batistas, Ivanildinho Albuquerque, o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Babá Pereira, o vice-prefeito de Caicó, Toinho Santiago, o ex-prefeito de Jucurutu, Luciano Santos, além de vereadores e secretários municipais.

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[VÍDEO] Álvaro Dias diz que Fátima Bezerra orquestra movimento contra ele e manda recado para governadora: “Vá trabalhar!”

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, afirmou que recebeu a informação de que “existe um movimento orquestrado, comandado pela governadora Fátima Bezerra” para “desconstruir a imagem e gestão” dele enquanto prefeito da capital potiguar.

“Governadora, ao invés de fazer isso, vá governar o RN. A senhora tem 6 anos de mandato e não tem uma obra sequer a apresentar ao povo… Ao invés de sempre ficar tentando fazer o mal, vá construir, vá trabalhar, vá governar o Estado do Rio Grande do Norte”, disse Álvaro Dias.

De acordo com as pesquisas divulgadas, saímos da gestão com boa aprovação popular enquanto a governadora tem uma das piores avaliações do País“, afirmou Álvaro.

De acordo com o ex-prefeito, “esse é o motivo pelo qual, deputados, vereadores e pessoas ligadas PT, membros da atual gestão estadual e blogs financiados por eles, tentam a todo custo, descredibilizar a administração que fizemos em Natal”. 

Opinião dos leitores

  1. Em árvore ruim não se joga pedra. Essa esquerda não faz nada e vai atacar quem fez a maior obra do Estado,e não dá Capital..O ciúme dessa esquerda é construir narrativas e destruir os outros por inveja da falta de obras marcantes. Valeu Álvaro.

  2. Governadora do PT, FÁTIMA, tenha dignidade respeite a sua CLASSES que Você usou e abusou fazendo politicagem deteriorando a imagem dos PROFESSORES. AGUARDEM! Em 2026, se lance CANDIDATA AO SENADO, para ter uma resposta altura que merece. Muito obrigado pelo PISO de 6,27.

  3. Álvaro quer desviar a atenção a respeito do ROMBO MILIONARIO que deixou para seu sucessor Paulo Freire, como também muitas obras inacabadas que deixou, principalmente o Hospital Municipal, inaugurado e fechado.

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Geral

No Nordeste, Lula vê recuo de 16 pontos percentuais no índice de ‘ótimo ou bom’, diz Datafolha

Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Reduto histórico de eleitores petistas, a região Nordeste registrou uma queda de 16 pontos no índice de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passando de 49% para 33%. Os números são da pesquisa Datafolha divulgada, nesta sexta-feira (14).

O levantamento apontou a pior avaliação positiva do presidente em todos os seus mandatos até agora, com 24% de aprovação geral, e 41% de desaprovação.

Apesar da queda, os nordestinos são os únicos que mantêm o índice de aprovação numericamente maior do que o de reprovação, que está em 30%. Como a margem de erro é de quatro pontos no segmento, a porcentagem entre avaliação positiva e negativa, na prática, está empatada.

A queda de popularidade foi menor em outras regiões: no Sudeste, 11 pontos, no Centro-Oeste, nove pontos, e no Sul, cinco pontos. As regiões Nordeste e Sudeste somam 69% dos entrevistados.

No segundo turno das eleições 2022, a diferença entre Lula e o então presidente Jair Bolsonaro (PL) na região foi de 29,67% dos votos válidos. No Piauí, Estado que obteve a maior proporção de votos, Lula recebeu 76,86% dos votos válidos contra 23,14% de Bolsonaro.

Foram ouvidas 2.007 eleitores entre os dias 10 e 11, em 113 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos na categoria geral do levantamento.

Estadão Conteúdo

Opinião dos leitores

  1. É porque é assim!!
    O povo tem que sentir no bolso, na pele pra ver o tamanho da incompetência dessa esquerda maldita.
    Falta de aviso não foi.
    Muitos, mais muitos mesmo avisaram.
    Cuidado, esse bêbado não sabe pilotar uma ferrari.
    Vai sair batendo.
    Taí, todos nós estamos vendo e sentindo as pancadas todos os dias.
    O governo, só bate cabeça, os caras não se entendem, só sabem aumentar impostos, taxar tudo, fazer gastança com o nosso dinheiro e mentir.
    Não pode dar certo.
    Não tem condições.
    2026 tá logo ali.
    Vê se vcs aprendem a votar!!
    Se não, é pêia braba no lombo.
    Não tem conversas…

  2. Se a rejeição de Lula e Bolsonaro crescerem, em 2026 o Brasil se liberta desses atrasos e volta a crescer.

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Geral

Mal-avaliado, Lula perde um em cada três de seus eleitores, mostra Ipec

Foto: Ricardo Stuckert

Por José Roberto de Toledo – UOL 

Após sofrer a maior queda de aprovação em seus dez anos como presidente no mês passado – como foi revelado aqui em primeira mão três semanas atrás -, Lula continuou perdendo popularidade em fevereiro. O Ipec (antigo Ibope) mostra agora, com exclusividade, que essa perda enfraqueceu o presidente junto ao seu eleitorado mais fiel. Subiu de 57% para 62% a taxa de brasileiros que dizem que Lula não deveria se candidatar à reeleição.

Se 95% dos eleitores de Bolsonaro são contra a candidatura do petista, eles não estão sós: 32% dos que votaram em Lula em 2022 dizem que ele não deveria tentar um quarto mandato. Um em três.

A perda de apoio à reeleição entre eleitores que votaram em Lula dois anos atrás se agravou no período recente. A taxa dos lulistas que dizem que ele não deveria tentar a reeleição subiu oito pontos desde de novembro de 2024, de 24% para 32%.

O Ipec perguntou aos 62% de entrevistados que responderam que Lula não deveria se candidatar à reeleição em 2026 o motivo pelo qual eles dizem isso. As respostas foram espontâneas e os entrevistados puderam apontar mais de um motivo, se assim quisessem – por isso a soma das respostas supera 100%. A pesquisa foi nacional e realizada face a face, no domicílio.

Os principais motivos citados espontaneamente para quem é contra a reeleição de Lula são:

1) Não está fazendo um bom trabalho – 36% dos entrevistados
2) Porque é corrupto – 20%
3) Pela idade – 17%
4) Já teve a sua chance – 11%
5) Por não confiar nele – 9%
6) Para ter renovação – 7%
7) Não é um bom administrador – 5%
8) Aumentou impostos – 5%
9) Prometeu não se candidatar novamente – 3%
10) Não cumpre o que promete – 2%
10) Inflação muito alta – 2%

Logo, a maior objeção é ao desempenho de Lula: 50%.

  • 36% (não faz bom trabalho) + 5% (não é bom administrador) + 5% (aumento impostos) + 2% (inflação alta) + 2% (não cumpre promessas) = metade dos respondentes.

“Não faz um bom trabalho” foi o argumento contra a reeleição que mais cresceu desde novembro: de 27% para 36%. É conjuntural, oscila junto com a avaliação do governo, e é mais comum entre quem votou em Bolsonaro:

  • 39% dos bolsonaristas dizem que o presidente não faz um bom trabalho, contra 27% dos lulistas;

Mas o “não faz um bom trabalho” cresceu menos entre eleitores de Bolsonaro (9 pontos) do que entre eleitores de Lula (11 pontos) entre novembro e fevereiro.

Em tese, essa perda é reversível, especialmente entre os lulistas. Mas, claro, desde que o desempenho do governo melhore. Outros argumentos parecem mais difíceis de mudar, mas só parecem, pois também oscilam repentinamente.

A segunda maior objeção (39%) à recandidatura de Lula tem a ver com desgaste da imagem presidencial e desejo de renovação:

  • 17% citam idade avançada e saúde do presidente,
  • 11% dizem que ele já teve sua chance,
  • 7% dizem que é preciso renovar,
  • 3% afirmam que ele prometeu não se candidatar de novo,
  • 1% é contra a reeleição em geral.

Essa soma era muito maior em novembro: 55%. Ou seja, caiu 16 pontos. Lula não ficou mais novo nos últimos meses, mas as notícias sobre sua saúde e sobre a operação na cabeça sumiram. Longe das manchetes, longe da preocupação dos eleitores.

Porém, a troca do noticiário sobre a saúde do presidente pelo aumento do preço dos alimentos (somada à campanha de desinformação sobre a taxação do Pix) resultou em saldo negativo para Lula.

Lula perdeu apoio, principalmente, entre quem costuma apoiá-lo em quase todas as eleições

Entre os brasileiros mais pobres, que ganham até 1 salário mínimo por mês, inverteu-se a maioria: 52% dizem agora que Lula não deveria se candidatar em 2026. Há três meses, 53% diziam o contrário, que deveria. Era o único segmento de renda que apoiava majoritariamente o Lula 4. Não mais.

No Nordeste aconteceu quase a mesma coisa. Os 56% que, em novembro, apoiavam a reeleição de Lula caíram para 48%. Estão agora empatados tecnicamente com os 49% que se opõem ao quarto mandato. Os do contra cresceram sete pontos desde novembro.

Cada vez mais lulistas que deram 3 de cada 4 votos nordestinos ao presidente em 2022 não estão gostando do terceiro mandato. Em três meses, aumentou 10 pontos a frequência dos moradores da região Nordeste que dizem que não apoiam a reeleição de Lula porque ele não está fazendo um bom trabalho como presidente.

A conclusão a que se chega analisando os números da pesquisa Ipec é que o Lula 3 é o maior inimigo do Lula 4. O governo não tem nada exuberante a mostrar. O que tem foi insuficiente para convencer a maioria do eleitorado (e grande parte de seus simpatizantes) de que está fazendo um bom trabalho.

A idade do presidente, que fará 80 anos em outubro, pode ser um problema para sua reeleição? Os números mostram que sim, mas idade é um problema acessório, que ganha força quando há noticiário negativo sobre a saúde presidencial e reflui quando não há.

Na linguagem dos políticos, o governo não tem entrega. Não deixa marca, logo, não mostra a que veio. Como consequência, o eleitor quer trocá-lo. Essa é a chave principal de qualquer eleição, continuidade versus mudança. Os ventos estão para mudança.

Quando eles sopram nesse sentido, o nome do candidato governista faz diferença, mas não é o fator principal na eleição. Ventos de mudança, quando são muito fortes, inviabilizam qualquer um que esteja tentando convencer o eleitorado que está bom como está. O único argumento nesses casos é o “medo da mudança”. Seria irônico Lula trocar a esperança pelo medo na sua última eleição presidencial.

Há dois jeitos de um governante tentar reorientar os ventos da opinião pública: mudar o governo ou mudar a comunicação. De preferência, ambos.

A mudança feita por Lula, até agora, foi a mais fácil: na comunicação. Empoderou o marqueteiro Sidônio Palmeira no comando do que o governo diz. Mas o problema principal – e muito mais difícil de lidar – é o que o governo faz, ou deixa de fazer. Para mudar a ação, a proposta sempre cogitada e nunca executada é uma reforma ministerial. Se e quando virá, só Lula sabe.

Quanto mais tempo demora a mudança no governo, menos tempo sobra para mudar a direção da opinião pública. A campanha eleitoral é permanente, mas só pega fogo a partir de maio do ano que vem. Restam 15 meses para Lula 3 viabilizar Lula 4 – ou Haddad 1.

Por José Roberto de Toledo – UOL 

Opinião dos leitores

  1. Os piores nomes para o Brasil são Lula e Bolsonaro. Mas graças a Deus ambos estão com a rejeição crescente. Estão com os dias contados no cenário político.

  2. Nem os jumentos acreditam mais no chefe da quadrilha, discursos e narrativas com validade vencida, Lula hoje é apenas o grande mentiroso.

  3. Alguma novidade? Tudo indicava pra essa situação. Como o Deputado Nicolas ferreira falou: “ou tiramos o Lula ou ele vai acabar com o Brasil.”

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