Polêmica

O passaporte para os imunes: médicos divergem sobre a adoção da medida para aliviar restrições aos “coronapositivos”

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A ideia de distribuir certificados a quem pegou Covid-19 e está curado já foi aventada pelos governos de vários países, como Chile, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido. Apelidados “passaportes de imunidade”, tais documentos permitiriam circular e trabalhar livremente durante as quarentenas. Os portadores – conhecidos como “coronapositivos” – teriam mais liberdade para cuidar dos infectados no combate à pandemia. Mais que isso, teriam papel decisivo para a retomada gradual e responsável da atividade econômica.

Mas a medida também desperta controvérsia, por dividir a sociedade ao meio, conferir privilégios e, indiretamente, incentivar comportamentos irresponsáveis que levem à infecção. Embora os curados adquiram imunidade (como constatam estudos recentes aqui e aqui), os cientistas ainda debatem o grau e a duração dela. Nem todos os testes de anticorpos são confiáveis. Tudo isso tem gerado entre os médicos um debate intenso a respeito da questão.

Duas das principais revistas médicas do planeta – a britânica The Lancet e a americana Jama (da Associação Médica Americana) – publicam nesta semana artigos defendendo posições antagônicas sobre os “passaportes de imunidade”. Na Jama, dois artigos os recomendam. Na Lancet, outro artigo os encara com reserva. Entender as posições dos dois lados permite avaliar as condições necessárias para adoção da medida.

O caso contrário aos passaportes se baseia em dois tipos de argumento: científicos e sociais. Do ponto de vista científico, não há consenso sobre quão imunes os infectados ficam depois de pegar a doença, nem confiança nos testes disponíveis que proliferam no mercado. “Não está estabelecido ainda se a presença de anticorpos detectáveis confere imunidade a infecções futuras nos humanos e, em caso positivo, que quantidade é necessária para proteção e quanto tempo dura tal imunidade”, escreve na Lancet Alexandra Phelan.

Os casos de curados que voltam a testar positivo têm sido atribuídos a falhas nos testes. Seja por tal motivos ou por limitação da imunidade, diz Phelan, seria temerário adotar os passaportes sem saber quão protegidos estariam os portadores dos passaportes.

A segunda linha de argumentação contra os passaportes é social. Para Phelan, eles podem criar um estigma, ao impor restrições artificiais a quem pode ou não participar das atividades livremente. Haveria um incentivo perverso a contrair a Covid-19 para poder trabalhar, em particular nos grupos economicamente mais vulneráveis. “Passaportes de imunidade podem acabar tirando dos governos o dever de adotar políticas de proteção aos direitos econômicos, habitacionais e de saúde, ao fornecer um remédio rápido.”

Phelan cita ainda o risco inerente de corrupção que todo privilégio concedido pelo governo costuma gerar. “Inequidades étnicas, raciais e socioeconômicas poderão se refletir na administração de tais certificados, dirigindo quem pode acessar testes de anticorpos, quem está na frente da fila”, afirma. Nem sempre as leis vigentes contra a discriminação seriam suficientes para evitar desvios.

Tais leis convivem com documentos como a “Carte Jaune”, a prova de que o portador foi vacinado para febre amarela exigida para entrada em vários países. Mas há, diz Phelan, uma diferença. “A principal distinção é a natureza do incentivo. Certificados de vacinação incentivam o indivíduo a se vacinar contra o vírus, um bem social. Em contraste, os passaportes de imunidade incentivam a infecção.”

O caso favorável aos passaportes procura desmontar cada um desses argumentos. Em artigo na Jama, Goving Persad e Ezekiel Emanuel preferem chamá-los de “licenças” e os comparam a uma carteira de motorista. “Elas não deveriam ser avaliadas em comparação a um cenário de normalidade, mas às alternativas de impor restrições rigorosas durante muitos meses ou de permitir atividades que poderiam disseminar infecções”, escrevem.

O primeiro argumento que usam em defesa da medida é que ela serve não para restringir liberdades, mas para ampliá-las. Confere direitos a parte da sociedade, de modo que reduz os riscos aos demais – exatamente como uma carteira de motorista permite que parte dos cidadãos dirija, desde que de modo responsável. “Licenças baseadas em imunidade não violam o tratamento igual dos cidadãos, porque os fatores usados para conferir a licença não são discriminatórios, como raça ou religião, mas estão apoiado em evidência sólida”, afirmam.

Permitir a retomada de atividades aos portadores de tais licenças, segundo Persad e Emanuel, beneficiaria a parcela mais vulnerável da sociedade, que de outra forma estaria impedida de trabalhar mesmo que imune. Também beneficiaria os demais aos contribuir para a retomada da economia e diminuir as infecções, já que hospitais e centros de tratamento estariam sob cuidados dos “coronapositivos”. Eles reconhecem, porém, quatro desafios práticos na implementação:

Garantir a qualidade dos testes por meio da certificação pela autoridade pública sanitária;

Ter um grau razoável de certeza sobre o período de imunidade assegurado aos que já contraíram a doença (tópico ainda objeto de debate entre os cientistas);

Tentar mitigar o incentivo às infecções garantindo licenças a grupos menos afetados pela doença (como crianças ou estudantes) ou criando uma estratégia específica para aqueles sob maior risco de contrair o vírus (como profissionais de saúde);

Projetar os certificados, em formato físico ou digital, de modo a reduzir o risco de fraudes por meio de sistemas de criptografia ou biometria (como já se faz com vistos e passaportes).

Os dois concluem que, “embora as licenças exijam implementação cuidadosa e base científica para ser éticas na prática, nada as torna anti-éticas em princípio”.

Em comentário também na Jama, Mark Hall e David Studdert basicamente repetem os mesmo argumentos e adotam uma postura pragmática. “Idealmente, uma compreensão científica mais clara e deliberação cuidadosa precederia qualquer política pública ou privada que aliviasse as restrições com base em testes positivos”, escrevem. “Mas parece que o ideal de uma abordagem calculada, baseada em evidência, será atropelado pela esperança e pela demanda por testes.”

A sociedade, afirmam, acabará naturalmente reagindo antes da formação do consenso sobre a melhor política. Testes positivos mudarão o comportamento de parcela da população. Cairá o respeito às restrições. “Mesmo sem a certificação de imunidade autorizada, as pessoas começarão a se autocertificar, com menos precisão e credibilidade do que se o certificado fosse oficial.”

Blog do Helio Gurovitz – G1

 

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  1. Aqui tambem se falou nisso. Guedes numa teleconferência com empresarios. Para inglês ver, claro.

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Geral

SEXTORTION: Extorsão sexual é um dos crimes cibernéticos que mais crescem e adolescentes são as principais vítimas

Foto: reprodução/BBC

A sextortion, extorsão sexual on-line, tornou-se um dos crimes cibernéticos de maior crescimento no mundo, atingindo principalmente adolescentes.

Neste tipo de crime cibernético, os criminosos chantageiam vítimas com imagens ou vídeos íntimos — reais ou manipulados — ameaçando divulgá-los a familiares, amigos ou em redes sociais, geralmente em troca de dinheiro.

Casos recentes mostram o impacto devastador: adolescentes como Evan Boettler (16 anos, EUA) e Gavin Guffey (17 anos, EUA) tiraram a própria vida após serem chantageados.

  • Casos nos EUA: denúncias ao FBI mais do que dobraram em três anos, chegando a 55 mil registros em 2024.

  • Reino Unido: a Agência Nacional do Crime recebe cerca de 110 denúncias por mês.

  • Meta (Facebook/Instagram): afirmou ter derrubado 63 mil contas de sextortion ligadas à Nigéria em 2024, incluindo 2,5 mil em rede coordenada. A empresa diz investir US$ 30 bilhões (R$ 160 bi) em segurança e ter 40 mil pessoas dedicadas à área.

  • Internet Watch Foundation (IWF): só nos oito primeiros meses de 2025, foram 723 denúncias recebidas pelo serviço Report Remove, das quais 224 ligadas à sextortion.

As investigações revelam que parte desses crimes se origina de redes de golpistas na Nigéria, conhecidos como Yahoo Boys. Em alguns locais, grupos inteiros operam como “call centers” de fraude digital, com líderes e aprendizes, além de práticas como rituais de “Yahoo Plus” para atrair sorte nos golpes.

Apesar da mobilização de plataformas e autoridades, especialistas e famílias de vítimas apontam lentidão e falhas graves na proteção dos jovens.

Com informações de g1 e BBC

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Geral

CNU 2025: candidatos relatam problemas e criticam organização do ‘Enem dos Concursos’

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Candidatos do Concurso Nacional Unificado (CNU), realizado neste domingo (5), registraram suas impressões sobre o certame nas redes sociais após deixarem os locais de prova. Parte dos usuários reclamou da organização do concurso, mencionando desde a distância do local de aplicação até mudanças de sala.

No X, uma usuária identificada como Isabella reclamou que foi designada a fazer a prova a 20 km de sua residência. Segundo ela, na escola onde realizou o exame, o ar-condicionado não funcionava e o ventilador disponível não dava vazão suficiente.

Outra candidata, chamada Tati, contou que seu cartão de inscrição não havia sido atualizado com a sala, e ela precisou pedir ajuda à coordenação para encontrar a sala correta. Já Chaen considerou o CNU desorganizado, mencionando que a mudança de sala foi feita de última hora.

Lari, por sua vez, relatou que viu candidatos saindo com o caderno de provas antes do horário previsto: “geral saindo com a prova às 15h30”, escreveu.

Procurado, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos esclareceu que, a partir das 15h30, as pessoas que estão fazendo provas de nível médio já puderam sair com os cadernos de prova. E a partir 17h, aqueles que estão fazendo as provas de nível superior poderão sair com seus cadernos de prova.

O Globo

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Geral

Homem detido nos EUA após disparar arma de chumbinho próximo a sinagoga é brasileiro e professor da USP

Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress

A polícia de Brookline, em Massachusetts (EUA), prendeu na última quarta-feira (1º) o advogado Carlos Portugal Gouvêa, professor de direito na USP. Ele é acusado de disparar tiros de chumbinho do lado de fora de uma sinagoga, o que teria quebrado a janela de um carro.

O caso aconteceu no início do feriado de Yom Kippur, considerado o mais sagrado no judaísmo. Segundo o site local Brookline.News, a ação gerou pânico no local e resultou na presença de mais de dez policiais.

Às autoridades, o professor, que tem 43 anos, teria alegado que estava caçando ratos. Durante a abordagem, os policiais afirmaram que a ação de Gouvêa não tinha como alvo o templo. Mesmo assim, ele foi acusado de disparo ilegal de arma de chumbinho, conduta desordeira, perturbação da paz e dano malicioso à propriedade pessoal.

Gouvêa leciona direito comercial na USP e é professor visitante da Faculdade de Direito de Harvard. Ele também é membro do IDGlobal (Instituto de Direito Global).

As contas em redes sociais do advogado foram derrubadas após o caso, assim como o perfil do IDGlobal no Instagram. Segundo o site local, Gouvêa foi indiciado no Tribunal Distrital de Brookline na quinta-feira (2) e alegou inocência. Após o caso, o professor foi afastado de Harvard.

Em entrevistas recentes à imprensa, o advogado foi uma das vozes no direito a se posicionar contra as sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. “O procedimento previsto nessa legislação não foi respeitado. Cabe o controle judicial pelas Cortes americanas”, afirmou em uma das ocasiões.

A Folha não conseguiu contato com o docente até a publicação deste texto.

Folhapress

Opinião dos leitores

  1. Poxa, o professor c uma arma de chumbinho, já começou errado, um batom seria mais eficaz, andam pensando que os EUA é uma terra sem lei.

  2. Interessante, AQUI PODE TUDO, lá as leis tem que ser seguidas a risca, esse tipo de comportamento é bem comum quando se é vítima. Aqui, tem vários indivíduos presos, sem direito a um processo minimamente legal, desculpe professor, E CRUEL a roda girar, “um dia caçador, outro dia caça”

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Geral

Policial Militar do RN é peça chave em esquema de fraude em concursos públicos, aponta investigação da PF

Foto: Agência Gov

A Polícia Federal apura a participação do policial militar lotado no Rio Grande do Norte em um esquema de fraudes milionárias em concursos públicos federais. Ariosvaldo Lucena de Sousa Junior é investigado por usar uma clínica odontológica em Patos (PB) como fachada para a lavagem de dinheiro obtido com o esquema criminoso.

De acordo com o inquérito, Ariosvaldo seria um dos elos centrais para dar aparência de legalidade aos valores movimentados pela quadrilha. O uso da clínica odontológica teria permitido mascarar recursos provenientes da venda de gabaritos e do aliciamento de candidatos.

O grupo, liderado pelo ex-PM Wanderlan Limeira de Sousa, foi estruturado em torno de laços familiares e tinha como objetivo infiltrar parentes em cargos públicos de alto prestígio. Irmãos, filhos e sobrinhos de Wanderlan foram beneficiados em certames como o Concurso Nacional Unificado (CNU) e o concurso da Polícia Federal.

As investigações revelam ainda que Wanderlan e outros familiares já haviam conquistado aprovações suspeitas em cargos como auditor fiscal do trabalho, com salários iniciais acima de R$ 22 mil, além de tentarem expandir sua influência para dentro da própria Polícia Federal.

Com informações de Metrópoles

Opinião dos leitores

  1. Isto posto, seguindo o protocolo do judiciário brasileiro, o meliante continuará livre, leve e solto, apesar dos graves crimes cometidos.

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Geral

Deputada petista detida em flotilha em Israel passa por audiência judicial e pode ser deportada

Foto: Gabriel Paiva/Arquivo

A deputada Luizianne Lins (PT-CE) passou neste domingo por audiência judicial em Israel, após ser detida durante uma flotilha humanitária que levava alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza. Com o encerramento dessa etapa, as autoridades israelenses poderão iniciar o processo de deportação da parlamentar e dos demais estrangeiros presos na operação. Ainda não há, porém, definição sobre prazos ou condições para o retorno.

Luizianne está detida na prisão de Ketziot, no deserto de Negev, junto a outros integrantes da delegação brasileira. Segundo a coordenação da missão, o grupo enfrenta condições precárias, com falta de água, alimentação e medicamentos, além de relatos de agressões físicas e pressão psicológica.

No sábado, a deputada havia se recusado a assinar o documento de deportação imediata oferecido pelas autoridades locais. De acordo com sua advogada, ela considerou o termo abusivo e decidiu permanecer sob custódia em solidariedade aos demais brasileiros que também rejeitaram o procedimento acelerado.

Desde a detenção, o Itamaraty tem acompanhado o caso por meio da embaixada em Tel Aviv e mantém interlocução direta com as autoridades israelenses. A pasta afirmou que a ação de Israel viola direitos e coloca em risco a integridade de manifestantes em missão pacífica. O governo brasileiro reiterou ainda o apelo pelo levantamento imediato das restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza.

O episódio também mobilizou o Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acionou o Itamaraty e pediu atenção especial ao caso, defendendo que as prerrogativas parlamentares de Luizianne e os direitos humanitários da delegação sejam plenamente respeitados.

— Estamos acompanhando com preocupação a situação que ela está passando no momento. Seguiremos hoje mobilizados para dar o apoio necessário para que ela retome sua viagem. Naquilo que pudermos apoiá-la, daremos total empenho nessa missão. Temos buscado seus assessores para entender o que ela está precisando — disse Motta, na quinta-feira.

Em nota, a assessoria da deputada classificou as detenções como ilegais e cobrou a libertação imediata da delegação brasileira. “Nenhuma ação solidária e amparada pelo direito internacional pode ser tratada como crime”, diz o texto, que também agradece as manifestações de apoio no Brasil e no exterior.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Deviam ir com ela para um abrigo igual aos do hamas, deixar ela tirar umas férias em um túnel, a roda gira.

  2. Essa merece uma surra de urtiga, vai cuidar dos teus parentes famintos, ela está “nessa missao” com nosso dinheiro suado e afanado em impostos

  3. Porque esse lixo não faz caridade aqui no Ceará ? Pessoas morrendo de fome na jardim da casa desse LIXO ??? Porque essa imunda 💩 precisa de holofotes

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Brasil

Mais de 70 cidades aprovam leis para criar loterias próprias; única em funcionamento é no RN e governo federal diz que é ilegal

Loterias municipais em funcionamento na cidade de Bodó (RN) — Foto: Reprodução

Desde que o governo federal regularizou, em dezembro de 2023, as apostas de quota fixa — as bets —, pelo menos 77 municípios brasileiros aprovaram leis para criar suas próprias loterias com cassino online. Esse movimento, no entanto, é considerado irregular pelo governo federal.

Um levantamento realizado por uma reportagem do g1 sobre as loterias municipais aponta que:

  • Três das cidades tiveram leis aprovadas, mas ainda não foram sancionadas pelos prefeitos para entrarem em vigor;
  • 39 leis foram sancionadas por prefeitos, mas ainda não avançaram;
  • 17 prefeituras estão em fase de estudo ou de implantação da loteria;
  • 17 municípios estão na última etapa: aguardam a conclusão de editais ou licitações para contratar empresas que irão operar as loterias e/ou bets;
  • uma está em funcionamento, em Bodó (RN).

Dos 77 municípios com leis sobre loterias, 10 querem operar especificamente bets — como são chamados os sites que oferecem as apostas de quota fixa. Enquanto outras contemplam diferentes jogos, como sorteios de dezenas em datas e horários definidos.

No RN, 11 aguardam aprovação de lei para criação de loterias próprias: Angicos, Apodi, Encanto, Itaú, Jaçanã, Lages Pintadas, Portalegre, São Bento do Trairi, São Vicente, Tibau e Venha Ver.

O objetivo das prefeituras, segundo os documentos consultados pelo g1, é gerar arrecadação de forma prática e rápida para financiar serviços públicos, como saúde, educação e assistência social. Algumas leis municipais definem taxas sobre as empresas que operarem os jogos, que variam entre 2% e 5%.

Apesar do avanço dessas iniciativas por parte dos municípios, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, considera que é irregular a criação dessas loterias municipais.

A pasta afirma que a Lei 14.790/2023, que regulamentou as apostas de quota fixa, define que apenas a União, estados e o Distrito Federal podem explorar esse tipo de serviço. No texto da lei, municípios não são citados.

Além dessa lei, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 2020 que a União não tinha exclusividade na exploração de loterias e estendeu esse direito aos estados. A partir disso, especialistas consideram que a falta de uma legislação sobre as cidades brasileiras abriu brecha para uma livre interpretação.

Bodó-RN

Até agora, apenas uma cidade colocou seu projeto em prática e tem loteria em funcionamento: Bodó, no Rio Grande do Norte. A Lotseridó foi sancionada em 3 de julho de 2024, pelo prefeito Marcelo Mário Porto Filho (PSD).

As empresas que desejam operar jogos virtuais precisam se credenciar na plataforma do município, enviar relatórios mensais detalhados sobre transações e repassar 2% da receita bruta obtida. Conforme a lei aprovada, o montante arrecadado será destinado a programas de assistência social e desenvolvimento local

Bodó autorizou 37 empresas a operar loterias municipais. Nenhuma dessas empresas está autorizada a prestar o serviço pela Secretaria de Apostas do Ministério da Fazenda.

O governo federal informou que disponibiliza, em seu site, a lista de empresas de apostas de quota fixa autorizadas a funcionar em âmbito nacional. E notifica e solicita a derrubada pela Anatel à medida que identifica sites irregulares que ofereçam apostas ou loterias.

Bodó tem 2.363 habitantes e credenciou 38 casas de aposta — número que representa uma empresa para cada 64 moradores. À época, a prefeitura afirmou que as empresas pagaram uma outorga de R$ 5 mil e que a autorização é exclusiva para operações dentro do limite geográfico do município.

O g1 questionou novamente a Prefeitura de Bodó sobre o valor arrecadado desde o início da loteria municipal e o motivo de ter liberado empresas que não são autorizadas pelo Ministério da Fazenda, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem.

O Ministério da Fazenda notificou a prefeitura em fevereiro com alerta de que a prática de concessão de registros para apostas fere a legislação vigente sobre loterias no país.

g1 

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Geral

União Brasil anuncia reunião para tratar da expulsão de Celso Sabino após recuo do ministro sobre saída do governo Lula

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, publicou neste domingo (5) que, após conversas com o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, a sigla convocará uma reunião da Executiva Nacional na próxima quarta-feira para decidir pela expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino.

A decisão ocorre após o ministro adiar sua saída do ministério do Turismo depois que a legenda decidiu desembarcar do governo Lula e determinar a saída de todos os seus filiados de cargos na administração federal.

Segundo Caiado, a expulsão seria justificada por reiterada infidelidade partidária. Além disso, de acordo com o governador de Goiás, também será decidida a dissolução do diretório do União Brasil do Pará.

“Na ocasião, também decidiremos a dissolução do Diretório do Pará, com a consequente reestruturação do partido nos municípios daquele Estado, a fim de que o União Brasil seja comandado por quem realmente se posiciona contra o Governo do PT e luta contra a venezuelização do nosso País”, publicou Caiado.

Procurado, Celso Sabino ainda não comentou a decisão do partido.

Neste sábado, Celso Sabino, que já havia comunicado sua saída do governo Lula para as próximas semanas, voltou atrás e começou a dizer a aliados que iria permanecer no cargo. Segundo interlocutores, o anúncio oficial deve ser feito ao presidente Lula na próxima semana, quando Sabino reforçará a escolha de seguir no cargo. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada, em seguida, pelo jornal O Globo.

Sabino chegou a entregar uma carta de renúncia ao presidente, mas atendeu a um pedido de Lula para permanecer durante a agenda da COP30 em Belém. A demora levou a direção do União a abrir um processo disciplinar.

O deputado Fábio Schiochet (SC), relator do caso, informou que o parecer será apresentado na quarta-feira.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. A expulsão desse infiltrado tem que ser sumária sem direito a defesa, os fatos por se só já justifica a expulsão desse meliante que tá sendo orientado pelo chefe da quadrilha (organização criminosa).

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Acidente

Motorista morre após caminhão carregado de cimento tombar na BR-405, em Itaú

Foto: Fim da Linha

Foto: reprodução

Um caminhoneiro morreu na manhã deste domingo (5) após o veículo que conduzia tombar na BR-405, no km 98, em Itaú, na região do Alto Oeste potiguar. O caminhão transportava uma carga de cimento no momento do acidente, registrado por volta das 6h50.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o motorista perdeu o controle do caminhão antes do tombamento. O impacto foi tão forte que ele não resistiu aos ferimentos. A identidade da vítima ainda não foi divulgada.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram mobilizadas para retirar o corpo das ferragens. Após os procedimentos de perícia, o corpo será encaminhado à Polícia Científica de Pau dos Ferros, onde passará por necropsia e identificação oficial.

Via Certa Natal

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Feminicídio

Mulher é perseguida e morta a facadas pelo ex-companheiro em Ipanguaçu

Patrícia Poliana Lopes, 39 anos — Foto: Cedida

Uma mulher foi assassinada a facadas na noite deste sábado (4) na comunidade de Pedrinhas, zona rural de Ipanguaçu, no Oeste potiguar. A vítima é Patrícia Poliana Lopes, de 39 anos, natural de Itajá.

De acordo com a Polícia Militar, o crime aconteceu por volta das 23h30, quando Patrícia foi perseguida pelo ex-companheiro após sair de um bolão de vaquejada. Ele a seguiu de carro pela RN-118 e a atacou em frente a um ponto comercial, onde ela morreu antes da chegada do socorro.

O suspeito, que não aceitava o fim do relacionamento terminado há cerca de dois anos, fugiu logo após o ataque e ainda não foi localizado. O corpo foi recolhido pelo Itep de Mossoró, e a Polícia Civil de Ipanguaçu investiga o caso.

Opinião dos leitores

  1. Vamos fazer uma frente de combate ao uso de onjetos perfuro-cortantes, pau, automóveis, motocicletas, pedras, porrete, mãos (matam), escadas, patinetes, etc. Quem sabe assim não acabamos com mortes violentas, certamente seria uma saída, qual o motivo de querer proibir armas de fogo, esses que citei matam tanto quanto.

    1. Salomé, falta-te reflexão. Da área branca tem-se a chance de correr, do revólver não.

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Geral

Papa Leão XIV celebra ‘avanços significativos’ para a paz em Gaza

Foto: Andreas Solaro/AFP

O papa Leão XIV celebrou neste domingo (5) os “avanços significativos” rumo à paz em Gaza e renovou seus apelos pelo cessar-fogo no território palestino devastado pela guerra e pela libertação dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas. “Nas últimas horas, em um contexto dramático no Oriente Médio, foram realizados avanços significativos nas negociações de paz, que espero que conduzam aos resultados esperados o mais rápido possível”, declarou o pontífice no final de uma missa no Vaticano.

O movimento islamista palestino Hamas aprovou um plano de paz proposto pelo presidente americano Donald Trump para pôr fim a dois anos de conflito. “Apelo a todas as pessoas envolvidos a se comprometerem neste caminho com o cessar-fogo e a libertação dos reféns” para alcançar “uma paz justa e duradoura”, insistiu Leão XIV.

O líder da Igreja Católica também expressou sua preocupação com “o aumento do ódio antissemita no mundo” e declarou estar “profundamente entristecido pelo grande sofrimento enfrentado pelo povo palestino em Gaza”.

Jovem Pan com informações de AFP

Opinião dos leitores

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