Se a intenção da Polícia Civil foi chamar a atenção do Brasil na Operação PC 27, deflagrada ontem em todo o território nacional, ela conseguiu. Mas não se pode chamar de positivo o desastroso expediente utilizado para retaliar o Ministério Público.
No mês passado, como todos bem recordam, o MP deflagrou em 12 estados uma megaoperação contra crimes praticados em diversas áreas, sobretudo os perpetrados contra a administração pública.
A única semelhança – lamentável – entre as duas operações é busca por holofote como modo de dar demonstração de força frente à PEC 37, que, se aprovada, quem só tem comemorar é polícia judiciária, que verá o MP ser limado perdendo suas atribuições investigativas.
Se a semelhança é só uma, as diferenças, por outro lado, são muitas. Para destacar as principais, a Polícia Civil não tinha investigações em curso. Pelo menos no RN, ela simplesmente juntou tantos mandados de prisões quantos pudesse conseguir e saiu às ruas para cumpri-los.
A polícia, portanto, só fez mostrar serviço, e de maneira inábil. Creiam, pois, que os policiais sequer realizaram levantamento prévio. Saíram aos endereços indicados nos mandados para, só no destino final, saber, por exemplo, que o alvo da prisão havia se mudado ou morrido. Quem teve o azar de estar em casa, sorte para a polícia, foi preso.
Contra a corporação depõe ainda o quadro de degradação do sistema penitenciário. Ficou a impressão que, mesmo a Polícia Civil sabendo das deficiências resultantes da prisão de dezenas de pessoas (foram mais de 140 no RN), insistiu-se na prisão apenas pela repercussão midiática.
A ação da polícia vai ainda contra ela quando dá razão aos argumentos do MP. O parquet acusa a corporação de não investigar crimes do colarinho branco. Quantos dos presos de ontem são acusados de desviar dinheiro público?
Foto: Divulgação
Sinceramente, ainda não entendi que mal essa operação pode ter causado à sociedade. Quando a Polícia não age, é taxada de incompetente; quando age, é criticada, inclusive por não respeitar os limites físicos do sistema prisional?!? Achei a ação muito boa e espero que a instituição continue querendo mostrar serviço, mesmo de forma "midiática" como foi mencionado. Além disso, acho que a discussão sobre a PEC 37 é um pouco mais complexa do que parece. Acho ainda que a gente deveria botar a cabeça para funcionar e lutar por uma Polícia mais estruturada e forte e parar de sair divulgando ideias massificadas, muitas vezes sem fundamento.
Não me parece que o texto esteja coerente com a matéria. A polícia foi a campo no mister de investigar em prender, O MP, ao contrário, usa exatamente os policiais que tem à disposição para investigar e na hora de prender chama a polícia e a imprensa. A questão não é no sentido de MP não poder investigar. É se ele vai investigar somente os políticos e pessoas qualificadas ou se vai também investigar os assaltos a bancos, os crimes de execução da periferia etc. Se vai estar à frente dos policiais nessas diligências onde há risco de tomar um tiro. Sair no jornal é moleza. Botar o braço pra seringa é outra coisa bem diferente.
Perfeito, Bruno.
Fizeram esse escarcéu todo com uma "Operação" sem investigação, supostamente em homenagem ao "Dia da Polícia Judiciária", e depois vêm à imprensa dizer que o MP é "midiático".
Paradoxal, não?
Pior que isso nobre blogueiro é que a Associação dos Delegados apresentou ação judicial com vistas a manter em prisão domiciliar quem vier a ser preso em flagrante. Ora, se quem for preso em flagrante deve ser mantido em casa, porque quem estava solto nas ruas deve ir para cadeia?
É esse Órgão que quer ter exclusividade na investigação? Piada.