Foto: reprodução/redes sociais
O professor universitário e pastor Tassos Lycurgo deve assumir uma das diretorias do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) nos próximos dias. Na quinta-feira (3), foi publicada no Diário Oficial da União a cessão do servidor pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde é professor efetivo, para o instituto.
A publicação não indica qual área do Iphan Lycurdo vai assumir, mas diz que o cargo será de diretor. Ao jornal O Globo, o Iphan confirmou que o professor vai ser o responsável pelo Departamento de Patrimônio Imaterial. O Iphan, ligado à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, não respondeu à Folha neste sábado (5).
De acordo com a página da UFRN, Lycurgo é professor efetivo no Programa de Pós-Graduação em Design, do departamento de artes. O currículo do servidor na plataforma Lattes informa que ele possui graduação em direito e filosofia, mestrado em filosofia pela Universidade de Sussex (Inglaterra) e doutorado em educação pela UFRN.
De acordo com o currículo, Lycurdo fez ainda dois pós-doutorados, em sociologia jurídica e apologética cristã. Em teologia, a apologética é a área que estuda os argumentos racionais para a existência da fé.
O professor deve substituir o atual diretor do departamento, Hermano Fabrício Oliveira Guanais e Queiroz, que é bacharel em direito pela Universidade Salvador (Unifacs), oficial advogado do Exército e tem mestrado em preservação do patrimônio cultural pelo próprio Iphan. Queiroz foi nomeado durante a gestão de Michel Temer.
Pastor
Paralelamente à carreira acadêmica, Lycurgo desempenha a função de pastor na igreja Defesa da Fé, em Natal, ao lado da mulher, Camila. A página da instituição diz que a fé cristã não é cega, mas se sustenta pela razão e pelas evidências. A igreja também realiza diversas ações de ensino bíblico e teológico. “Aqui é proibido não pensar” é um dos lemas da Defesa da Fé.
Nas redes sociais, Lycurgo tem um perfil progressista e é um defensor do estado laico e da separação entre igreja e política. Em um vídeo publicado no Youtube em 2017, durante um debate realizado na UFRN com a presença de um representante da comunidade muçulmana de Natal, o professor afirma que o estado laico é uma conquista da civilização e algo que deve ser defendido. “Sempre que uma liderança política e uma liderança religiosa se misturaram na história da humanidade, o resultado não foi dos melhores, pra não dizer que foi um desastre”, afirmou.
“O estado laico respeita a liberdade das pessoas. E uma das mais importantes é a liberdade religiosa, é a expressão do seu relacionamento com o sobrenatural, com Deus. Ou então a escolha de adesão a um mundo materialista, em que Deus não existe”, disse.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, é chefiado desde maio pela turismóloga Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. Sua nomeação chegou a ser suspensa. A decisão, depois cancelada, apontava que Peixoto não tinha formação nem experiência compatíveis com esse cargo.
A página do Iphan classifica os bens culturais imateriais como sendo as “práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas)”.
Entre os evangélicos, é comum que lideranças religiosas tenham profissões e ocupações paralelas à função pastoral.
Entidades criticam nomeação
Após ser noticiado que um pastor deve assumir uma das diretorias mais importantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidades publicaram neste sábado uma nota de repúdio, criticando à decisão. Elas apontam que há “escolhas arbitrárias e desmontes” nas instituições culturais e “em particular, no Iphan”.
Nota de repúdio à iminente mudança na Diretoria de Patrimônio Imaterial do IPHAN
A política de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial formulada e implementada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) comemora 20 anos. Devido à correção dos seus princípios democráticos, fundamentados na participação social; à construção de instrumentos inovadores, e, ainda, ao respeito e fomento intransigente da diversidade das manifestações culturais do Brasil, essa política tem obtido amplo reconhecimento, tornando-se referência mundial.
Esse sucesso se deve grandemente ao fato de terem estado à frente do Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN, desde 2003, quando da sua criação, especialistas das áreas da Antropologia, Arquitetura, Museologia, Comunicação e Direito – que, além de dominarem o tema e suas principais questões, participaram ativamente dos debates ocorridos aqui e alhures sobre a salvaguarda dessa dimensão tão forte, mas ao mesmo tempo tão delicada, do patrimônio cultural. Forte porque decorrente de modos de fazer, criar e viver de grande poder de resiliência. Delicada porque, ao emanar de conhecimentos, sentimentos e habilidades que se expressam no e a partir do corpo das pessoas, demanda respeito intransigente aos diferentes códigos culturais e visões de mundo aos quais elas pertencem. Definitivamente, cuidar desse assunto – o patrimônio imaterial – não é tarefa para quem expresse concepções restritivas, dogmáticas, hierárquicas ou homogeneizadoras a respeito de qualquer aspecto da vida social, cultural e espiritual.
O que então podem esperar os segmentos da sociedade brasileira interessados na valorização do patrimônio cultural de modo amplo e inclusivo, diante da especulação já amplamente veiculada pela imprensa sobre a exoneração de Hermano Guanaes e Queiroz do cargo de diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN, reconhecido estudioso e especialista neste campo, que vem desenvolvendo trabalho dedicado e exemplar? O que esperar quando a pessoa que irá substituí-lo não possui formação ou experiência prévia no campo do patrimônio e se apresenta como pastor de um segmento religioso que condena qualquer outra forma de expressão de religiosidade que não seja a sua?
A salvaguarda do patrimônio cultural imaterial precisa estar fundamentada, acima de tudo, no respeito à diversidade. Nos últimos 20 anos, diversos bens vinculados a expressões da religiosidade popular ou a sistemas culturais e religiosos de matriz africana e indígena foram reconhecidos como patrimônios culturais do Brasil, sendo alguns deles também reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade, como o Círio de Nazaré, a Arte Kusiwa Wajãpi, o Samba de Roda, a Roda de Capoeira, o Ritual Yaokwa do povo Enawenê-nawê ou o complexo do Bumba-meu-boi do Maranhão. As escolhas arbitrárias e os desmontes que vêm ocorrendo nas instituições culturais e, em particular, no IPHAN pedem, mais uma vez, reação enérgica da sociedade. O Fórum Nacional de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural se coloca à disposição da sociedade na luta contra ações dessa natureza.
Subscrevem este documento:
Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA)
Conselho Internacional de Museus – Brasil (ICOM-BR)
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)
Seção Brasileira do Comitê Internacional para a Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Conjuntos do Movimento Moderno (Docomomo Brasil)
Com informações de Folha de S. Paulo e O Globo
Excelente escolha. Prof. Tassos será um grande gestor .Homem digno, de formação acadêmica renomada e com capacidade para melhorar a administração do IPHAN. Parabéns. Com relação aos comentários na folha e globo, a indiferenca é a melhor e mais adequada resposta.
Acertou na mosca, este é um profissional brilhante, culto, QI privilegiado e competente em tudo que faz , dono de um currículo invejável .Escolha técnica muito bem-vinda, infelizmente os haters de plantão criticam e opõe-se a tudo e todos e nem eles sabem porque !!!
Concordo plenamente
Perceber a reação irracional de que alguém que pense diferente não possa gerir com competência um instituto dessa importância demonstra o quão direcional e restritivo ele se tornou. Não podendo agredir a moral, a ética e o currículo do Pastor e Professor Tassos Lucinho, tentam violar precocemente sua idoneidade. Tempos difíceis!
Por que BG divulga essas besteiradas da Folha e de O Globo?
Sempre com ataques ao cristianismo?
A própria matéria diz que ele é professor de artes na UFRN.
A imprensa comunista sempre tentando atrapalhar o governo para a turma do mensalão e do petrolao voltar e implantar o comunismo.
Ou é Bolsonaro ou é comunismo.
Não se pode ficar em cima do muro.
Foi assim que fizeram na Venezuela e Argentina.
Por falar em IPHAN e PT, ppor o forte dos Reis magos está fechado há 2 anos?
Caramba, qual a necessidade de teclar essa ruma de fezes? Veja um médico e dado que é cristão, leia mais a palavra.
Uma boa escolha, nunca na história desse país um presidente nomeou tantos Norteriograndense para cargos Federais.
Vixe, é um “terrivelmente” evangélico, já prestou…
Professor Tasso é um
Dos profissionais mais sérios que conheço. É lamentável um grupo de parasitas fazer nota de um profissional tão sério.
Tenho certeza que o mesmo irá fazer uma ótima gestão
Futuro reitor da UFRN, já comecei a campanha! Maricas por que choras???