Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou, no relatório “Desafios de Inteligência – Edição 2026”, que a combinação entre avanço do crime organizado transnacional, fragilidades institucionais e interferência externa ameaça a autonomia política da América Latina.
Segundo o documento, essas vulnerabilidades podem abrir espaço para intervenções estrangeiras sob o pretexto de combater o chamado narcoterrorismo. As informações são da coluna do jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
O relatório, já desclassificado, não cita países diretamente, mas a Abin manifestou ao Planalto preocupação com movimentos recentes dos Estados Unidos na região. A Polícia Federal compartilha da mesma avaliação e, em análises reservadas ao presidente Lula, apontou possíveis interesses econômicos norte-americanos por trás de ofensivas militares na América Latina.
O documento relaciona o cenário a episódios recentes, como bombardeios dos EUA contra embarcações no Caribe e a escalada de pressão do presidente Donald Trump sobre a Venezuela, incluindo ameaças de ataques terrestres e críticas ao regime de Nicolás Maduro sob a justificativa do combate ao narcotráfico.
A Abin também chama atenção para o risco de militarização indireta da Amazônia, com o uso de argumentos ambientais como justificativa para intervenções externas. A agência aponta que o avanço de mercados ilícitos pode ampliar a atuação de potências estrangeiras em áreas estratégicas, como Amazônia, Atlântico Sul e tríplice fronteira.
O relatório conclui que maior integração regional e mecanismos conjuntos de governança podem reduzir vulnerabilidades e fortalecer a capacidade dos países latino-americanos diante de ameaças transnacionais e pressões externas.
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