Seja qual for a próxima pessoa eleita em outubro para ocupar a Presidência, podemos esperar que ela superestimará os poderes do cargo que ocupa, iniciando seu mandato com uma coalizão menor em relação à necessária no restante de seu governo.
Como podemos afirmar isso com certeza? Bom, a verdade é que não podemos, mas há bons indícios. Com base nas evidências, a expectativa – ou o resultado mais provável – é que apenas com o decorrer do mandato a presidência faça gestos aos partidos que não compuseram a coligação eleitoral e nem seu primeiro ministério, aumentando paulatinamente o tamanho no Legislativo de sua coalizão de governo.
Embora não seja impossível que a coalizão inicial se mantenha até o final de uma presidência, a prática da formação de coalizões no Brasil demonstra que é razoável esperar por reajustes e mudanças ao longo de uma mesma presidência. Na ciência política, dizemos que uma nova coalizão se formou sempre que há mudanças na composição dos partidos que ocupam ministérios.
De Collor a Lula, em média, o primeiro ministério nomeado correspondeu a uma bancada cerca de 11% inferior à média das coalizões formadas ao longo de seus governos, considerando os mandatos agregados. Quando separamos os mandatos e fazemos uma ponderação pela duração de cada coalizão, a diferença cai para 8%, mas permanece sugerindo uma subestimação da necessidade de trazer o Congresso para o Governo.
No caso de Dilma Rousseff, a mesma tendência é verificada no seu primeiro mandato, mas não no segundo, interrompido pelo impeachment. Temer, de forma semelhante a Itamar Franco, possui uma variação quase nula, mas não se aplica ao debate por não ter sido eleito presidente diretamente.
Estadão Conteúdo
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Ou seja, se não renovarmos AMPLAMENTE as duas Casas que compõem o Congresso Nacional, nada mudará neste País, podendo até piorar, seja lá quem for eleito Presidente da República.