Polícia

Entenda a prisão de Pezão em nova operação contra corrupção no governo do Rio

Três semanas depois de prenderem dez deputados estaduais acusados de corrupção , agentes da Polícia Federal e procuradores da República voltaram às ruas na manhã desta quinta-feira para cumprir ao menos nove mandados de prisão, cujo principal alvo é o governador Luiz Fernando Pezão , acusado de receber propina milionária. A ordem para esta nova fase da Lava-Jato foi dada pelo ministro e relator do caso Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também relatou a Operação Quinto do Ouro, que prendeu cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) em março do ano passado. O pedido de prisão foi feito pela PF do Rio, com aval da Procuradoria Geral da República (PGR), a um mês do sucessor de Sérgio Cabral terminar o mandato. Calmo, Pezão pediu para tormar café da manhã antes de ser preso.

Os carros da PF deixaram o Palácio Laranjeiras, onde fica a residência oficial do governador, às 7h35m, com Pezão, em direção à sede do órgão, no Zona Portuária da cidade. O governador preso estava sentado no banco traseiro do terceiro carro do comboio, uma Pajero preta. Pezão não estava algemado. Ele chegou ao local às 7h50m e foi recebido por gritos de “Pega ladrão” .

Entre os outros alvos de prisão da ação, denominada Boca de Lobo, estão o secretário de Obras do Rio, José Iran, e operadores financeiros ligados ao governador. O ex-secretário de Obras Hudson Braga também é alvo de um dos 30 mandados de busca e apreensão expedidos pelo STJ.

Além de Pezão e Iran, há mandados de prisão contra o secretário de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves Da Cruz, já preso na operação Furna da Onça, Luiz Carlos Vidal Barroso (servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico), Marcelo Santos Amorim (sobrinho do governador Pezão), Cláudio Fernandes Vidal e Luiz Alberto Gomes Gonçalves (sócios da J.R.O Pavimentação), Luis Fernando Craveiro De Amorim e César Augusto Craveiro De Amorim (sócios da High Control Luis).

Há também agentes no Palácio Guanabara. No apartamento do Pezão, no Leblon, a equipe da PF não achou ninguém. Uma equipe também foi à casa da mãe do governador, também no Leblon.

Mesada e bônus revelado pelo GLOBO

Pezão é investigado no STJ, que tem a competência para atuar em crimes envolvendo governadores, por envolvimento na “propinolândia” comandada no estado pelo ex-governador. A operação tem como base a delação do economista Carlos Emanuel Carvalho Miranda, ex-operador de Cabral e delator premiado.

Em sua colaboração à Justiça, Miranda acusa o atual chefe do Executivo de receber do esquema uma mesada de R$ 150 mil de 2007 a 2014. O delator acrescentou que a propina a Pezão, na época vice-governador, incluía décimo terceiro salário e dois bônus, cada qual no valor de R$ 1 milhão, conforme o jornal O GLOBO revelou com exclusividade em 27 de abril deste ano .

Além de Miranda, Pezão ainda foi citado por outros dois delatores que firmaram acordo de colaboração premiada com o STJ: o doleiro Álvaro José Novis e o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Jonas Lopes de Carvalho Filho .

A remissão do anexo 21 da delação de Miranda foi enviado ao STJ pelo STF por se tratar de autoridades políticas, com foro naquele tribunal. No caso de Pezão, após consulta à PGR, o conteúdo seguiu para o gabinete do ministro Felix Fischer. O mesmo ministro também recebeu outros dois anexos da delação de Miranda.

Placas solares

O esquema de pagamento a Pezão, sustenta o delator, incluiu em 2013 dois prêmios cada um no valor de R$ 1 milhão, que eram pagos a membros da organização criminosa em algumas oportunidades. O primeiro bônus, segundo ele, foi repassado em quatro parcelas no escritório do lobista Paulo Fernando de Magalhães Pinto, em Ipanema. Magalhães chegou a ser preso com Cabral, mas hoje vive sob regime de prisão domiciliar. O dinheiro foi providenciado por Chebar, que enviou o assessor Vivaldo Filho. Já o segundo prêmio, ele detalha em outro anexo da delação, referente a Construtora JRO.

Outra revelação de Miranda envolve Pezão com os empreiteiros responsáveis pela instalação de placas de energia solar nos postes ao longo dos 72 quilômetros do Arco Metropolitano, que custaram ao governo do estado R$ 96,7 milhões, mais de R$ 22 mil por unidade. Ele disse que recebeu ordem Cabral para pagar R$ 300 mil à empresa High End, especializada em painéis solares, como remuneração por serviços prestados na casa de Pezão em Piraí.

Para efetuar o pagamento, acionou o doleiro Renato Chebar, outro colaborador da Operação Calicute. O dinheiro foi entregue por uma pessoa designada por Chebar nas mãos de Luiz Fernando Amorim, dono da empresa. De acordo com a delação, Luiz Fernando é irmão de César Amorim, empresário que instalou os painéis solares na obra do Arco Metropolitano.

O Globo

 

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Política

FHC defende mais privatizações contra corrupção

FHC: ele teceu elogios à gestão do atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr. (Nacho Doce/Reuters)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas à classe política e pediu que o Brasil amplie as privatizações de estatais para evitar novos casos de corrupção nessas companhias, após recentes escândalos na Petrobras e na Eletrobras, as duas maiores empresas públicas do país.

“Nosso sistema político deu cupim nele, está todo podre, ele bichou, e a população percebeu isso”, disse o ex-presidente, que participou nesta quarta-feira de evento para discutir o futuro da Eletrobras na Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.

“O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado pelos setores políticos e corporativos”, disse o ex-presidente.

Ele ainda teceu elogios à gestão do atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., que assumiu a companhia em julho passado, pouco após o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o início do governo Michel Temer.

O executivo tem conduzido um programa de reestruturação da companhia que prevê a privatização de suas seis distribuidoras de eletricidade que atuam no Norte e Nordeste até o final deste ano, além da venda de ativos de geração e transmissão.

Mas FHC ressaltou que as privatizações devem enfrentar resistência de políticos e sindicatos, e lembrou que seria preciso garantir que estatais como a Eletrobras pudessem continuar com boa gestão mesmo com futuras mudanças de governo e de executivos.

Ele lembrou que seu governo só conseguiu privatizar uma subsidiária da Eletrobras, a Gerasul, que reunia ativos de geração da companhia no Sul do país, vendida em 1998 à Tractebel, que atualmente opera com o nome de Engie Brasil Energia.

“Por que só conseguimos privatizar a Gerasul? Porque era impossível enfrentar os blocos de poder nas outras empresas. Tentei o que podia, era impossível, no fundo era um condomínio enorme…quando se fala ‘uma estatal pertence ao povo’, não, pertence aos políticos e aos grupos de interesse ali organizados, e isso continua”, atacou o ex-presidente.

“Não é que a burocracia estatal não seja capaz de chegar a uma boa performance, o que não é capaz é o sistema político”, concluiu.

Ele elogiou ainda o atual momento do Brasil com a operação Lava Jato, em que autoridades investigam um enorme esquema de corrupção no país, e disse que é importante haver prisões de políticos para gerar a possibilidade de mudanças na cultura do país.

Exame

Opinião dos leitores

  1. Legal e muito lógico esse argumento de raposa velha!!
    Com mais empresas privadas mais propinas mais caixa 2 e mais liberdade, pois só vemos ladroes de galinha na cadeia, veja como exemplo Joesley safadão está aí…
    Esse senhor deveria estar em um asilo jogando dominó!!

  2. Esse bode velho desse FHC, deveria ficar calado, pois suas privatizações, foram apenas para beneficiar seus pares e ao mesmo tempo, mostrar sua ineficência de um governo incapaz de administrar um país.
    Deu a troco de bolo as estatais do Brasil em troca de favorecimentos políticos.

  3. Privatizar é a solução, deveria o governador Robinson privatizar a Caern. Se fosse privatizada, com certeza já estaria tirando água do mar pra resolver definitivamente o prablema da falta d'água no sertão, hoje já é possível empregar tecnologia mais barato do que a de transposição, ouvi entrevista do prefeito de Macau falando a respeito.

    1. Procure se informar a respeito, água não serve somente para consumo humano….
      Tecnologia de desaliniza a água do mar é cara e inviável pra consumo em larga escalas….

  4. Sou a favor das privatizações, desde que o dinheiro da venda de estatais não caia por engano em contas no exterior, coisa que obviamente vai acontecer nesse país sem jeito.

  5. EU ATÉ CONCORDO DESDE QUE ELE DIGA ONDE SERÁ EMPREGADO O DINHEIRO DAS PRIVATIZAÇOES!!! FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS? BOLSO DELES?? REGALIAS EM BRASILIA??? SUPER SALÁRIOS EM BRASILIA, JUDICIARIO, MINISTÉRIO PÚBLICO??? SE QUER VENDER O BEM PÚBLICO TEM DIZER ONDE VAI EMPREGAR A FORTUNA DO POVO!!! ESSE FHC TÁ É´FALANDO PIPOCA!!!

  6. A sociedade defende: reforma política, fim do foro privilegiado, julgamento imparcial e condenação exemplar dos envolvidos em corrupção com devolução integral dos valores, entre outros. E aí quem sabe a opinião dos políticos possa nos soar em tom agradável

  7. A solução para um país corrupto é a privatização. Sindicatos e a grande maioria dos servidores públicos só querem levar vantagens e produzir que é bom, nada!

    1. SERVIDOR PÚBLICO NAO!!!SERVIDOR PÚBLICO POLITICO JUNTO A EMPRESÁRIOS SAFADOS!!!!!

    2. Você viu que o senador do PSDB Eduardo votou contra a lei trabalhista Porque a mulher dele é funcionária Pública e é contra
      Só votam para benefícios próprios
      Cambada de cafagestes ladrao

    3. Cuidado com as generalizações . Existem muitos empresários corruptos por aí, como temos visto, como também existem os corretos.
      Isso vale para os Servidores Públicos igualmente. Toda generalização é burra e injusta, e o que os políticos querem é exatamente jogar uns contra os outros, enquanto eles nos fazem de otários.

  8. quando se fala ‘uma estatal pertence ao povo’, não, pertence aos políticos e aos grupos de interesse ali organizados, e isso continua”, atacou o ex-presidente.

    PERFEITO. Pode privatizar banco do brasil, caixa, correios, petrobras, banco da amazonia, etc.

  9. Como anda senil o ex-presidente… O problema do Brasil são os corruptos! Não está na estatização ou privatização de empresas. Só para lembrar que os dois últimos casos de corrupção que abalarão o país têm raiz nas empresas privadas: Odebrecht e JBS. O resto é conversa para enrolar besta.

    1. Odebrecht e seus contratos com a Petrobras (queria ver se petroleira privada
      iria topar fazer essa p.u.t.a.r.i.a. ); Bndes que emprestou grana para tantos "campeões nacionais" como o Grupo J&S. Tem mais é que fechar e privatizar mesmo. Cria marcos regulatórios que não fiquem mudando a cada humor e toca o barco.

    2. Caro Netto, permita-me discordar, mas esse seu argumento não aguenta uma pesquisa simples no Google. Caso queira, faça um teste e veja quantas petrolíferas privadas são implicadas em casos de corrupção mundo a fora. São muitos casos.

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