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FOTO: Familiares de técnico de Pelé disputam quadro de Picasso; briga judicial em torno de obra de 1939 tem até declaração oficial do jogador

Obra de Pablo Picasso “Tête de femme au chapeau”, de 1939 – Reprodução

Quem é o verdadeiro proprietário de uma pintura de Pablo Picasso de 29 de outubro de 1939 na qual o artista espanhol retratou Dora Maar, sua famosa musa e amante?

A dúvida percorre as 962 páginas do inventário do espólio de Maria Aurora Perez Passos, falecida há quarenta e seis anos, mãe de Luiz Alonso Perez, o Lula, técnico de futebol do Santos na época de Pelé.

Familiares do treinador, morto em 1972, disputam os direitos sobre a obra “Tête de femme au chapeau”, uma das inúmeras variações que Picasso fez sobre Henriette Theodora Markovitch, com quem manteve um relacionamento amoroso entre o final dos anos 30 e o começo dos 40.

A mais conhecida da série, “Dora Maar au Chat”, na qual ela é retratada ao lado de um gato preto, foi vendida em 2006 por US$ 95,2 milhões em um leilão organizado pela Sotheby´s de Nova York.

Uma ala da família de Lula, liderada pelo inventariante Lincoln Peres Alonso, diz que o quadro foi achado em um dos móveis da residência da avó Maria Aurora, logo após seu falecimento. Havia também uma carta, manuscrita em espanhol, no qual Picasso fazia referência à pintura. “Tengo um quadro para usted.”

De acordo com o relato, a pintura estava embalada em um canudo e foi levada para a casa do seu pai, Domingos Alonso, permanecendo em sua residência por anos.

Segundo a petição apresentada à Justiça, em dado momento, a obra foi entregue por Domingos para o sobrinho Marcos Tadeu Alonso, filho do treinador do Santos, para que ele, como marchand, investigasse sua procedência.

Em 2014, diz o inventariante, Marcos Tadeu respondeu ter concluído, após longo trabalho de pesquisa, que a pintura não tinha procedência nem valor como obra de arte. Teria sido, então, solicitada a ele a devolução do quadro, o que nunca ocorreu.

Intrigado, o inventariante conta que resolveu fazer sua própria pesquisa e que acabou encontrando informações sobre o quadro num catálogo da Galeria Private Art, de propriedade de Greg Kelly.

No catálogo, anexado ao processo, consta um texto atribuído a o filho do treinador, no qual ele se apresenta como o único herdeiro. “O que não é verdade”, afirma o advogado Paulo Sergio Gomes Alonso, outro parente envolvido no processo.

Marcos Tadeu declara, em sua defesa à Justiça, que os fatos narrados pelos parentes estão completamente dissociados da realidade.

Afirma que a pintura sempre pertenceu ao seu pai, Lula, um colecionador de arte, e que ele a comprou de um amigo de Picasso.

Segundo o seu relato, em uma das viagens que o Santos fez à Europa, o treinador teve, inclusive, a oportunidade de conhecer o pintor espanhol.

Marcos anexou ao processo uma declaração de Pelé na qual o atleta do século afirma que em junho de 1960 Picasso “reconheceu e parabenizou” Lula pela posse do quadro.

“Eu, Edson Arantes do Nascimento, Pelé, declaro que estava presente com amigos comuns em junho de 1960, na França, quando presenciei e presenciamos o encontro do pintor Pablo Picasso com o sr. Luiz Alonso Perez, o Lula”.

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