Blog do BG
  • Home
  • E ai, bora correr?
  • Categorias
  • Política de Privacidade

Tag: diz sociólogo

Polícia

Achar injusta prisão de Lula é uma insanidade, diz sociólogo

27/09/2018 17h34
By Rodrigo Matoso

O professor Rubens Figueiredo, bacharel e doutor em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), protagoniza esta semana a série Nêumanne Entrevista no blog, lamentando o protagonismo de Lula na atual campanha eleitoral. Para ele, “um cidadão que não pode disputar a eleição não poderia, por consequência, dar apoio a ninguém. Está impedido por lei de disputar a eleição, preso, mas aparece nas rádios e TVs o dia inteiro e tem grandes chances de eleger um apaniguado? Qual a lógica disso?”. Em relação a Jair Bolsonaro, do PSL, o “anti-Lula” da eleição, comentou que seus eleitores “não suportam a incompetência e a corrupção da esquerda, o governo dos amigos, têm ojeriza aos rios de dinheiro canalizados para sindicatos e ONGs, rejeitam a apologia da diversidade, a exaltação dos direitos humanos, as cotas à frente do mérito, o elogio às famílias que não são formadas por heterossexuais, e por aí vai. O discurso de Bolsonaro cala fundo ao heterossexual, empregado, pai de família, batalhador e que não aguenta mais a violência. Por isso sua popularidade”. O especialista em marketing político também diagnosticou a crise profunda pela qual passa o Brasil como resultado do esgotamento de duas agendas. Uma, a do modelo social-democrata, para ele, “se materializa no generosíssimo volume de benefícios sociais inscritos na Constituição de 88. Esse modelo não para em pé”. A outra é a intervencionista-desenvolvimentista, que, segundo ele, “fracassou miseravelmente”. Pois, esclareceu, “gerou desajustes na economia que levaremos anos para ajustar.”

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e pós-graduado em Ciência Política pela mesma instituição, Rubens Figueiredo é diretor do Cepac – Pesquisa e Comunicação S/C Ltda. É ainda consultor da Fundação Espaço Democrático e integrante de Coselhos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). É autor, coautor e organizador de vários livros, como Junho de 2013: A sociedade enfrenta o Estado, Para onde vamos? – Política, economia, segurança pública e relações internacionais no mundo contemporâneo, Cidades nota 10 – Vida inteligente na administração pública brasileira , Marketing político em tempos modernos, Empresariado Brasileiro – Política, Economia e Sociedade, A era FHC: um balanço, O que é opinião pública, entre outros. Integrou o Conselho de Comunicação do presidente Michel Temer e a consultoria da presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Proferiu palestras sobre pesquisas, administração pública, marketing político e eleições na Alemanha, na Argentina, no Chile, na Espanha, na França, no México, em Moçambique, no Peru e na Venezuela. Escreveu, em parceria com Fernando Henrique Cardoso, o paper Reconciling capitalists with democracy: the Brazilian Case, apresentado em Seminário Internacional na Itália.

Nêumanne entrevista Rubens Figueiredo

Nêumanne – Quando começou o último verão, a ruidosa revolta da sociedade civil brasileira parecia indicar uma eleição sui generis, em que um novo presidente e um Congresso renovado no tom da indignação popular mudariam tudo o que está aí. Mas as organizações partidárias logo mostraram que havia ainda um longo percurso até chegar ao ponto desejado e a campanha eleitoral passou a ser dominada pela sensação de que nada de novo haveria no front. Que efeitos esse pessimismo terá sobre o pleito?

Rubens – O eleitor brasileiro está mal-humorado, impaciente, azedo. E com razão. Para não ir muito longe, tivemos as manifestações de profunda insatisfação de junho de 2013, a eleição polarizada de 2014, na qual Dilma prometeu fartura e entregou arrocho, o tsunami do governo Dilma e sua “nova matriz econômica”, a maior crise econômica da nossa História, 13 milhões de desempregados, a Lava Jato…É muita decepção, muita frustração. Uma atrás da outra. O eleitor sente-se esquecido, enganado. O brasileiro está desempregado, tem dificuldade de alimentar sua família e vê na televisão R$ 51 milhões em caixas no apartamento do Geddel. Ninguém aguenta. Por isso a credibilidade das instituições políticas – Presidência, Congresso, partidos, eleições – nunca foi tão baixa.

Esse pessimismo gera uma inclinação pelos discursos que têm o menor custo cognitivo. A mensagem tem de ser simples, direta. A opinião pública quer candidatos que prometam resolver os problemas com rapidez, sem necessitar dizer de que maneira. Neste contexto, temos duas propostas que repercutem fortemente no eleitorado. Primeira, vamos voltar a consumir e a ser felizes votando no candidato do Lula, que vai fazer o Estado (falido) desenvolver a economia. Segunda: chega de “mimimi”. Família é homem com mulher, bandido é na bala e vamos liberalizar a economia. Neste contexto, o centro, que tem propostas mais elaboradas e factíveis, não empolga. A qualidade do debate despencou.

N – Assim que o carnaval acabou, o líder popular mais amado e odiado do País, Lula, foi condenado em segunda instância e passou a cumprir pena na “cela de estado-maior” na sede da Polícia Federal em Curitiba, e esses fatos tiveram importância capital na luta política que se iniciou em abril, mas nada indica que terminará depois do segundo turno da eleição. Que consequências o senhor espera das batalhas, que não se travaram nas ruas, como se esperava antes, mas, sim, nas redes sociais e nas escaramuças da política tradicional?

R – Precisamos serenar os ânimos. Se as candidaturas continuarem enxergando o adversário como inimigo a ser aniquilado, não chegaremos a lugar nenhum. A campanha parece o Ultimate Fighting Championship (UFC). Em algum momento, teremos de baixar a bola.

Estou preocupado com o futuro da nossa democracia. Ela é uma construção complexa, que nada tem de “natural”. Deixada à sua própria sorte, a tendência é que predominem os interesses de grupos, famílias, etc. Conseguimos nossa transição a duras penas, não é razoável jogar tudo fora.

Vejo os principais candidatos desdenhando daquilo que a democracia tem de mais nobre e generoso. Põe-se em dúvida, por exemplo, a lisura da Justiça na prisão de Lula. Ora, nenhum preso teve tanta oportunidade de se explicar, tantos advogados, tantos recursos. Dizer que Lula está preso injustamente é uma insanidade.

Por outro lado, põem sob suspeição a própria eleição. Fala-se em controle social da mídia. Justiça, eleição, mídia… Estão desrespeitando o que é preciso respeitar. Não é por acaso que a adesão aos princípios democráticos vem caindo. Alguns estudiosos falam até na desconsolidação democrática.

N – O senhor acha que campanhas que pareciam falar mais alto do que a disputa pelo voto – tais como “eleição sem Lula é fraude” ou, principalmente, “Lula livre” – e terminaram sendo sufocadas pela palavra de ordem da batalha ideológica – “#elenao” – voltarão à tona e tomarão o palco político depois do segundo turno da eleição, seja qual for o resultado?

R – São temas que não têm nada que ver com as necessidades do País. O Brasil passa por uma crise profunda, que envolve o esgotamento de duas agendas. Primeiro, a agenda da transição, do modelo social-democrata, que se materializa no generosíssimo volume de benefícios sociais inscritos na Constituição de 88. Saúde para todos, educação para todos, Previdência que não se sustenta. Esse modelo não para em pé.

A segunda agenda que se esgotou é a intervencionista-desenvolvimentista. Esse modelo fracassou miseravelmente. A intervenção estatal desastrada – quase sempre o é – gerou desajustes na economia que levaremos anos para ajustar. A intervenção no setor elétrico, por exemplo, foi catastrófica, a Petrobrás quase entra em falência e o déficit fiscal do final do governo Dilma foi, simplesmente, o maior da História.

Essas questões de fundo não são discutidas. “Lula livre” é apostar na anomia: não tem mais lei ou, pior, a lei deve ser observada de acordo com a força política do meliante. A sociedade não está votando naquilo que considera a melhor opção, mas sim naquele que representa o impedimento da opção inaceitável. Esse modelo é péssimo.

Não tem como saber se a batalha ideológica vai voltar ou não. A sensação que eu tenho é de que o brasileiro está exausto, cansado. A credibilidade das instituições políticas, como disse, está no fundo do poço e a crise econômica é gravíssima, mas ninguém saiu à rua para protestar no passado recente. Insatisfação com fadiga social normalmente não gera mobilização.

N –Dois fenômenos tornam esta eleição diferente de todas quantas houve antes. O primeiro deles é a presença de um presidiário na propaganda dos partidos no rádio e na televisão. A figura esdrúxula de um condenado protagonizando a disputa, a seu ver, fragilizaria ou fortaleceria a autoridade da Justiça Eleitoral, claramente desafiada, e a consistência das instituições do Estado de Direito?

R – É realmente inusitado. O maior protagonista da campanha está preso. É evidente que lei precisa ser revista. Um cidadão que não pode disputar a eleição não poderia, por consequência, dar apoio a ninguém. Está impedido por lei de disputar a eleição, preso, mas aparece nas rádios e TVs o dia inteiro e tem grandes chances de eleger um apaniguado? Qual a lógica disso? Nas cidades do Nordeste, as pessoas acham que Lula é candidato, que o “Andrade” é filho dele, etc. Estão comprando gato por lebre.

Outro aspecto particular desta campanha é que o governo não tem um candidato forte. Nas eleições mais recentes, a situação sempre foi um player. Agora, ninguém quer ser identificado com o governo – e isso ajuda a gerar a polarização. Empolga o eleitorado quem se mostra maior opositor de Temer, à direita e à esquerda. Nesse sentido é uma eleição parecida com a de 1989.

N – O outro fenômeno foi a vertiginosa ascensão de um deputado do baixíssimo clero, oficial reformado do Exército nacional de patente média, com ausência no noticiário político quase absoluta e carregando esperanças dos nostálgicos da ditadura militar e outros aventureiros, empolgando a mesma camada de indignados que assomaram à cena da disputa política no verão, invadiram o inverno e estão em plena ebulição na entrada da primavera. Será que isso tem que ver com o fato de o deputado Jair Bolsonaro, do PSL, ser o único candidato anti-Lula e anti-PT, entre os 13 candidatos a presidente?

R – Bolsonaro representa uma ideia que ganha ressonância em sociedades mal-humoradas e impacientes. Não são apenas os nostálgicos do regime militar, que quantitativamente são poucos. São também aqueles que não suportam a incompetência e a corrupção da esquerda, o governo dos amigos, têm ojeriza aos rios de dinheiros canalizados para sindicatos e ONGs, rejeitam a apologia da diversidade, a exaltação dos direitos humanos, as cotas à frente do mérito, o elogio às famílias que não são formadas por heterossexuais, e por aí vai. O discurso de Bolsonaro cala fundo ao heterosexual, empregado, pai de família, batalhador e que não aguenta mais a violência. Por isso sua popularidade.

N – De que serviu a adesão do chamado “Centrão”, que garantiu tempo recorde na propaganda do rádio e da televisão e mais capilaridade partidária no território nacional, somando-se à do próprio partido do candidato, o PSDB, ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, a pouco mais de uma semana do primeiro turno não alcançou ainda o segundo dígito na última pesquisa divulgada?

R – Serviu para dar 40% do tempo na propaganda eleitoral ao candidato da coligação, Geraldo Alckmin, e, teoricamente, “palanques” em candidaturas fortes nos Estados. Agora, tempo sem discurso e com a estratégia errada não adianta. A pior coisa que pode acontecer numa campanha eleitoral é você comunicar bem uma estratégia errada. O PSDB pensou: vamos atacar o Bolsonaro, aumentar sua rejeição. Como os eleitores do candidato do PSL têm um perfil semelhante ao eleitor tucano – moradores dos grandes centros, mais escolaridade e renda -, acreditava-se que os ataques levariam os bolsonaristas a votar no Alckmin. Errado. Com essa estratégia e como a comunicação é boa, aumentou expressivamente a rejeição ao Bolsonaro, quase inviabilizando sua eleição no segundo turno, mas não trouxe o voto para Alckmin. Estão entregando o País ao PT de novo.

N – Como cientista político, que reflexão o senhor tem a propor a respeito do tema do marketing negativo, que está sendo testado no primeiro turno desta eleição, com destaque para dois candidatos que parecem estar saindo do jogo – Geraldo Alckmin, do PSDB, e Ciro Gomes, do PDT – sem terem conseguido baixar o índice de preferência do adversário favorito, Bolsonaro, nem conquistar pontos significativos para alcançar o turno da decisão final da eleição?

R – É um fenômeno que precisa ser mais bem analisado. Existem estudos que mostram a eficiência desse tipo de campanha. Em 2014, um comercial bem encaixado – aquele que associava a independência do Banco Central ao desaparecimento da comida na mesa dos pobres – tirou Marina Silva do segundo turno. Então trata-se de uma estratégia que, em determinados contextos, funciona, e funciona bem.

Uma coisa é certa: com os ataques na TV, a rejeição ao Bolsonaro cresceu mais do que seus índices de intenção de voto. Como Bolsonaro é um personagem polêmico, tem cerca de 30% de eleitores que o idolatram e outros 45% que o rejeitam. Sobram aí 25% para ele crescer. Então, seu teto, no dia 25 de setembro de 2018, era de 55%: 30% que já votam nele mais 25% que não estão votando, mas também não o rejeitam. É muito pouco para uma eleição em segundo turno.

N – A que o senhor atribui a resiliência do favoritismo do candidato que mantém o primeiro lugar nas pesquisas, Jair Bolsonaro, mesmo dispondo de míseros nove segundos no horário de propaganda dos partidos nos meios de comunicação e tendo sido posto fora do corpo a corpo, sempre significativo em campanhas eleitorais, depois do atentado à faca que sofreu em Juiz de Fora, num ato público em plena rua?

R – A ideia que ele representa, sobre a qual falamos acima. A opinião pública quer candidato autêntico, falando coisas que ela acredita serem verdadeiras. Ele não tem somente eleitores, tem fieis e torcedores. O voto em Bolsonaro é firme. Ele é um “mito”. E mito é mito, na rua ou no hospital. E o atentado levou a um certo sentimento de comiseração, que não havia antes. E uma vontade ainda maior de conhecer a vida do candidato. Não é por acaso que pululam nas redes sociais e privadas (WhatsApp) vídeos sobre a filhinha de Bolsonaro, sua família, os locais onde janta, etc.

N – Seja quem for o vencedor desta refrega violenta, terá ele condições de unificar o País para tentar içá-lo das profundezas desta crise econômica, financeira, política, ética e de credibilidade em que o País afundou no último decênio?

R – Depende da postura do presidente. Francamente, não vejo possibilidade de o futuro presidente fazer um discurso de posse exaltando o confronto, criticando adversários, aprofundando o debate. Lula elegeu-se prometendo mudar tudo e manteve a política econômica de FHC. E seu primeiro mandato, do ponto de vista econômico e de finanças públicas, foi um sucesso. Depois degringolou, mas o início foi bom.

Bolsonaro diz que vai mudar o Brasil rapidamente e nomear um Ministério de competentes, deixando os políticos de lado. Haddad promete resgatar a bonança do consumismo lulista. Isso gera uma alta expectativa, mas o País vai demorar alguns anos para voltar a crescer – e isso se a política econômica estiver no sentido correto, com a aceleração das reformas que precisam ser feitas. Quem disse que um acadêmico festejado será necessariamente um bom ministro? A festa de consumo do governo Lula, embalada na oferta de crédito e aumento de renda dos mais pobres, também não se vai repetir, porque as condições da economia internacional são muito piores, o Brasil tem um déficit fiscal gigantesco que precisa ser equacionado e condições estruturais que não ajudam. Então, ganhe quem ganhar, haverá frustração por um certo tempo. Se vai ser grande ou pequena, depende da sinalização e da capacidade de convencimento do presidente. O trabalho a ser feito é gigantesco.

N – Que papéis estarão reservados no futuro aos partidos que têm protagonizado a disputa política no Brasil neste século, PSDB e PT, depois da posse dos próximos presidente, governadores, deputados e senadores, no ano que vem?

R – O PT mostrou-se muito resiliente. Tinha 36% da preferência partidária nos áureos tempos de Lula, caiu para 11% no petrolão e já alcança 24% hoje. Isso com seus principais dirigentes na cadeia, o Brasil numa crise gigantesca, a tragédia que foi o governo Dilma e tudo o mais. É inacreditável !

O PSDB parece ter vergonha do seu sucesso. Estabilizou a moeda (veja bem, o PSDB debelou a inflação, o maior problema de nossa História!!!) e entregou um País em ordem ao sucessor. Mas ficou na defensiva ouvindo Lula dizer, durante oito anos, que recebeu uma herança maldita. Não atacou o PT no mensalão, não atacou o PT no petrolão. Não defende seu legado e não ataca com o adversário fragilizado. Fica difícil!

O PT tem Lula, a memória recente de um tempo de prosperidade econômica, quadros aguerridos e inserção na sociedade. O PSDB tem os melhores quadros, um histórico de governos responsáveis e um ideário moderno. O PT defende um intervencionismo tacanho e ultrapassado, que levou o País à tragédia econômica, além de ser estruturalmente corrupto. O PSDB tem muito cacique e pouco índio, as lideranças não se entendem e pode perder o governo do Estado de São Paulo.

Estadão

José Nêumanne
Direto ao assunto

 

  • Achar injusta
  • diz sociólogo
  • é uma insanidade
  • Prisão de Lula
COMENTE AQUI COMENTE AQUI

Opinião dos leitores

  1. Armando Cruz de madeira yg3DL2 disse:
    27/09/2018 às 20:07

    Petistas, sejam um aliado….e não um ALIENADO….o cara foi condenado por 9 juízes e 11 ministro.

    Responder
  2. Antonio disse:
    27/09/2018 às 18:49

    Sempre o nordeste é o culpado

    Responder
  3. Lulalivre disse:
    27/09/2018 às 18:08

    Fonte: Estadão
    Entrevistador: José Nêumanne
    Entrevistado: Um sociólogo coxinha (tanto jurista coxinha que existe)
    Conclusão: Parcialidade.
    Reportagem de desconstrução do PT e do Lula o Blog reposta. Opinião contrária não espere ver neste canal.

    Responder

Comente aqui

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

‘Quem pede intervenção militar não sabe o que foi a ditadura’, diz sociólogo

04/06/2018 15h50
By Rodrigo Matoso

Por interino

O sociólogo Reginaldo Prandi, em sua casa, em São Paulo – Zanone Fraissat/Folhapress

“Há uns malucos querendo a ditadura. Eles não sabem o que querem. Nunca viram, não têm ideia do que foi a intervenção militar no país, porque não têm formação. Não sabem isso e também não sabem mais nada.”

Para o sociólogo Reginaldo Prandi, 72, esse é um dos reflexos do principal problema do país hoje, a frágil cidadania.

Outra consequência é a politização mal definida. “Até no PT, que já teve consistência ideológica, quando o Lula vai preso ninguém sabe o que fazer. Ainda estamos na era do culto à personalidade.”

Religião, trabalho e educação foram temas estudados por Prandi nos últimos 50 anos. O domínio em metodologia de pesquisa o levou a participar, no começo dos anos 1980, da criação do Datafolha, empreitada que atraiu críticas desde o início: de candidatos, institutos concorrentes e colegas marxistas.

Decidido a responder a elas com embasamento teórico, Prandi passou meses estudando a formação da opinião pública nos EUA. Numa época pré-informática, encheu as malas com cópias xerox dos textos que embasariam sua tese. A bagagem, no entanto, se perdeu na volta ao Brasil.

Docente da Universidade de São Paulo desde 1976, o sociólogo será nesta terça-feira (5) o 12º de seu departamento a se tornar professor emérito, homenagem já feita a Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes, Azis Simão, Fernando Henrique Cardoso e Chico de Oliveira, entre outros.

O que seus predecessores indicam sobre as questões que têm ocupado os sociólogos?

O primeiro homenageado, Fernando de Azevedo, era envolvido com a transformação da sociedade a partir da educação. Já os seis seguintes estudaram a questão racial. Todos passaram por como a escravidão contribuiu na formação nacional economicamente, populacionalmente e culturalmente.

Depois, sob uma ótica marxista, aparecem estudos sobre o operariado e a classe empresarial.

Dentre os eméritos, o Azis Simão é muito especial. Formou-se em 1930 em farmácia, porque queria ser professor de ciência. Mas teve um descolamento de retina, que lhe tirou a visão.

Formado em farmácia e cego, como virou professor da USP?

Azis era amigo de Mário e Oswald de Andrade e da intelectualidade socialista e anarquista. Frequentava palestras de professores estrangeiros, promovidas pela Faculdade de Filosofia e foi incentivado a se matricular por Fernando de Azevedo.

Ele já não enxergava mais, mas sua irmã o ajudava lendo os livros em voz alta, e ele fez cursos de braile.

Quando se formou, Azevedo o convidou para assistente. Passou em todas as provas, mas seria barrado no exame médico, e foi preciso passar uma lei na Assembleia Legislativa para que ele pudesse ser efetivado.

Como professor e militante, ele fez o primeiro trabalho sobre o voto operário no Brasil.

A gente chama o Azis de “precursor do Datafolha”, porque, mesmo cego, trabalhava com tabelas e números.

São dois pontos em comum com o sr.: formação em biológicas e ligação com pesquisas eleitorais.

Há um terceiro. Assim que me formei, veio a cassação dos professores, e alguns fundaram o Cebrap [Centro Brasileiro de Análise e Planejamento], onde trabalhei de 1971 a 1976, enquanto fazia pós-graduação na USP. Em 1976, também entrei para o corpo docente da USP, mas meu contrato foi barrado.

Não no exame médico!?

Não. Pelo terceiro estágio, uma instituição ligada ao SNI [Serviço Nacional de Informações] que examinava toda contratação. Dependendo do que achavam, o processo nunca chegava à mão do reitor.

Passava um ano, dois, três, até que a pessoa desistia.

Trabalhei mais de um ano de graça, e começaram a falar “Ah, você caiu no terceiro terceiro estágio, pode desistir”. O Azis, que era coordenador da sociologia e muito destemido, resolveu verificar pessoalmente, e o contrato saiu.

Como surgiu sua ligação com pesquisas eleitorais?

Fui trabalhar com o professor Oracy Nogueira, nas matérias de metodologia de pesquisa. Tinha boa formação em estatística e computação, que nessa época estava apenas engatinhando.

Do estudo de veterinária?

Na veterinária, tive um professor maravilhoso, o Pimentel, que sabia tudo sobre modelos experimentais e desenho de amostragem. Na USP, estudei dinâmica populacional e fui orientado por grandes metodólogos.

Aí veio a redemocratização, fundaram-se novos partidos, e fui para o PT. Lula era candidato a governador em 1982, e o PT não tinha nem um tostão para contratar pesquisa eleitoral, e não confiava nas que havia. Bolei um modelo de amostragem que pudesse ser mais fácil, mais rápido e mais barato.

Por que não deu certo no PT?

Quando a gente mostrava os resultados, ninguém acreditava: “Como vamos ficar em quarto lugar? Impossível. Em toda parte a que a gente vai falam que vão votar no Lula!” [O PT terminou mesmo em 4º lugar, com 11% dos votos].

Acharam melhor gastar forças em conquistar votos em vez de levantar intenções, e deram por encerrado.

O seu Frias [Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), publisher da Folha] ficou sabendo dessa história e me chamou [leia texto abaixo]. Houve oposição dentro da universidade.

Qual era a crítica?

Que a gente influenciava a opinião pública. Colegas ligados ao departamento de filosofia eram contra a própria ideia de pesquisa, que “reduziria a classe social à massa”.

Passei a achar que tinha obrigação de dar respostas teóricas à altura, e resolvi fazer minha tese de livre docência sobre a formação da opinião pública.

Fui fazer um pós-doc nos EUA, levantei muita informação. Naquela época não tinha internet, tudo era preciso xerocar. A gente ia para Paris só para tirar xerox. E nos EUA não era só deixar o livro e vir buscar depois: você mesmo punha as moedas e tirava as cópias, folha por folha.

Vim embora pronto para fazer minha tese. Mas minha bagagem foi perdida pela Varig. As malas, com toda a pesquisa dentro, não chegaram.

Perdeu toda a pesquisa?

Eu tinha duas saídas: mudar de assunto ou fazer tudo de novo. Meus professores me aconselharam a retomar o tema do mestrado, e resolvi estudar os candomblés de São Paulo. Consegui financiamento, contratei gente. Quando estava tudo pronto chegaram as malas [risos].

Uns seis, sete meses depois.

Tinham sido achadas num depósito de malas perdidas no aeroporto de Tóquio. Nessa altura já havia escolas de marketing e comunicação, que passaram a tratar desse assunto.

E a própria pesquisa eleitoral foi se legitimando sozinha, independentemente do que achavam alguns colegas meus.

Mas há ainda tentativas de desqualificá-la, e na reforma política tentaram proibir a publicação na véspera do voto..

Isso desde sempre. A pesquisa é sempre usada politicamente. Há muita gente que se opõe, mas nunca é por razões científicas, e hoje ninguém mais passa sem elas.

Houve um ano em que foi proibido publicar uma semana antes. A Folha soltava notas na coluna Painel dizendo “A temperatura em São Paulo está mais para Mário Covas. Vai chegar a 34 graus nesta tarde” [risos].

Sempre houve em algum lugar da sociedade ou do governo ou do parlamento alguém interessado em castrar esse tipo de informação. O monopólio da informação sempre foi desejo de empresários, políticos, líderes e dirigentes.

Que questões são fundamentais hoje para a sociologia no Brasil?

Temos um problema muito sério, um velho problema. O Brasil evoluiu muito em termos tecnológicos em vários campos, mas falta muito ainda na formação humana.

Somos muito atrasados em questões de cidadania, de tolerância, de aceitação das diferenças. Nossa escola formadora é muito ruim.

Não há investimento, nenhuma preocupação em formação de gente.

Há uns malucos querendo a ditadura. Eles não sabem o que querem. Nunca viram, não têm ideia do que foi a intervenção militar no país, porque não tem formação. Não sabem isso e também não sabem mais nada.

A falta de formação é o maior problema do Brasil. Não há respeito às tradições e, muito pior, nem às pessoas.

Não há nem sequer uma formação ideológica consistente. As pessoas chutam para um lado hoje e amanhã chutam para o outro, como se fosse absolutamente normal.

Esses movimentos de rua, nada garante que amanhã eles não sejam completamente diferentes, sem consistência, sem continuidade, sem fundamentação ideológica ou científica.

Somos um país que lê pouquíssimo. Nossa cidadania é muito frágil.

Falta politização?

Exatamente por isso: a frágil cidadania leva a uma politização também fragilizada, mal definida, inconsistente. Até no PT, que já foi um partido com consistência ideológica maior, quando o Lula vai preso ninguém sabe o que fazer, porque o PT não existe sem o Lula.

Isso mostra que ainda estamos na era do culto à personalidade. Se você não tem um personagem para assumir uma liderança e resolver todos os problemas do país, ninguém sabe o que fazer.

Enxerga algum foco de mudança?

Sempre sou otimista, porque, quando você menos espera, há um avanço social. Um exemplo claro nesses dias é a Irlanda, que aprovou o aborto. Quando ninguém acreditava, aprovaram o divórcio, depois o casamento gay e agora o aborto.

Existe movimento.

Mas ele vem com muitos custos, é muito atrasado.

Há um problema sério de reconhecimento dos direitos da mulher, dos direitos dos negros. O fato de um negro ganhar a metade do que ganha um branco na mesma atividade e mesmo período é muito, muito sério no país.

Mas, apesar de tudo, sempre há forças sociais que vão para a frente.

O que vai para a frente no caso do Brasil?

Veja, tudo isso surgiu no curso da minha vida, o movimento feminista, o movimento negro. Quando entrei no Cebrap, não existia nem movimento social ainda, e isso faz menos de 50 anos.

Apesar de tudo, isso se constituiu e ganhou força.

É possível.

Plagiando Galileu Galilei e depois o Chico de Oliveira, “Eppur si muove” [“no entanto, se move”, frase que Galileu teria murmurado depois de negar diante da Inquisição sua convicção de que a Terra gira em torno do Sol].

Claro que Galileu pensava nos astros, e Chico, na sociedade e na economia, mas eles têm razão. Elas se movem. Mas como? E com que velocidade?

NO FIM DA DITADURA, SOCIÓLOGO AJUDOU A CRIAR O DATAFOLHA

Em 1982, ainda sob o governo militar no país, houve eleição direta para governadores. O PT, do qual Prandi fazia parte, não tinha dinheiro para pesquisas eleitorais. Especialista em desenho de amostras, o sociólogo esboçou um método mais barato para levantar a preferência dos eleitores: ouvi-los em pontos de fluxo, em vez de em suas residências.

A nova metodologia interessou o publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, que nos anos 1970 já testara enquetes para levantar a opinião do público. Prandi foi apresentado ao empresário por um amigo em comum, o sociólogo Vilmar Faria.

Ele relata a conversa: “Seu Frias me chamou: ‘Vamos fazer aqui na Folha, Prandi! Você tem todo o meu apoio!’. Perguntei ‘Tenho carta branca para gastar dinheiro também?’. ‘Não, isso não! Só estou te convidando porque o Vilmar me disse que seu método é muito mais barato.’ [risos]”

RAIO X

Reginaldo Prandi, 72

Formado em sociologia na Fundação Santo André, fez mestrado e doutorado na FFLCH-USP, onde se tornou livre-docente. Aposentado em 2005, continua no departamento como orientador de pós-graduação. É autor de 37 livros, entre obras científicas, ficção policial e literatura infantojuvenil.

Folha de São Paulo

  • 'Quem pede intervenção militar não sabe o que foi a ditadura'
  • diz sociólogo
COMENTE AQUI COMENTE AQUI

Opinião dos leitores

  1. Morais disse:
    05/06/2018 às 08:22

    Que Ditadura?

    Responder
  2. Carlos disse:
    05/06/2018 às 08:11

    Infelizmente falta a esse senhor a ISENÇÃO necessária para debater o tema. Aliás a reportagem, feita com titulo chamativo – seu conteúdo não bate com o título- é mais uma auto-propaganda do que um texto voltado ao debate. Se o período foi ruim tem que usar do conhecimento científico e dados concretos para provar, o que absolutamente não foi feito. Conhecimento contaminado se equivale a ideologia.

    Responder
  3. Ovimar Fernandes da Costa disse:
    05/06/2018 às 07:51

    Vibi aquelael epoca.era um jovem classe media que começou a trabalhar com carteira assinsda aos 14 anos.ninca fiquei nenhum dia desempregsdo; morrei b Natal.RN, Brasilia DF, soledade e Passo Fundo RS. hoje moro em Natal, sou aposentado e nao fiquei nenhum fua sem trabalhar e pagar imposto.tebho saudade do regime que o catedratico exalta. Nso vou me alongar somente quero dizer que somento os adeptos de regimes totalitarios, terroristas e de vuda ociosa que sofrem com a paz pois em suas raizes a guerra ocupa todo o espaço, somente esses condenam uma intervencao. Eu acredito que contra a evidencia não existe argumento. Para encerrar : a galinha foi oara a panela porque estava no galinheiro. Wuem nao deve , não teme.

    Responder
  4. Kleyber Moura disse:
    05/06/2018 às 07:44

    Fazendo uma breve leitura dos poucos comentários que estão postados aqui já é possível para qualquer pessoa pouco instruída perceber que as pessoas de bem jamais sofreram algum constrangimento! Esse sofrimento aí fica para quem não gosta de trabalho, gosta de governo do tipo porca, aquela mesmo que possui muitas tetas fartas para sugar… Ademais, jamais houve ditadura pois quem governava eram presidentes e que por coincidência não estão aí até hoje como em Cuba acontece até hoje. #Bolsonaro2018

    Responder
  5. Sérgio disse:
    05/06/2018 às 07:43

    Se diz a favor da democracia e chama de maluco quem pede INTERVENÇÃO MILITAR ( não é ditadura), ou seja, a opinião contrária a dele que se f*#@&.
    Vivi a época dos militares, mas, ditadura maior do que esses14 anos de governo petista, nunca vi. Basta ver o retrocesso na educação. Hoje 22% das crianças com 8 anos são analfabetas.

    Responder
  6. Bruno Moura disse:
    05/06/2018 às 07:15

    Botem uma coisa na cabeça, quem usa droga, quem é petista , quem é da Globo ,quem prega o homosexualismo nas escolas e quem defende bandido não quer nem ouvir falar em militarismo pra colocar ordem a casa, mas saibam quem minha intervenção militar se chama Bolsonaro!!! Ta bem pertinho!!!

    Responder
  7. gilvanir disse:
    05/06/2018 às 04:22

    Violência contra HOMENS DE BEM E TRABALHADOR VIVEMOS NO PERÍODO PÓS REGIME MILITAR. Basta comparar o número da violência, o direito de ir e vir que não temos mais e, ainda aparece um BABACA DESSE para dizer essas bobagens!!!

    Responder
  8. Leonardo disse:
    04/06/2018 às 20:52

    Se querem ditadura militar que se calem, pois é assim que funciona uma! Dêem o exemplo!

    Responder
  9. Jiordano disse:
    04/06/2018 às 20:01

    Bem rápido…sou um cidadão de BEM como naquela época e nada sofri. Saudades daquele tempo, tempo em que não tinha pena de morte e toque de recolher como os bandidos fazem hoje conosco. HIPÓCRITAS.

    Responder
  10. Teixeira disse:
    04/06/2018 às 19:42

    E quem vive na Falsa Democracia, nao precisa saber, está vendo a anos a sociedade, o Povo ser saqueado!?????

    Responder
  11. Silva disse:
    04/06/2018 às 18:43

    Se for pior do que esse cabaré, entrgue esse país logo as os índios.

    Responder
  12. Ceará-Mundão disse:
    04/06/2018 às 18:37

    Sociólogo da USP, ex petista, defensor do "movimento feminista" e do "movimento negro", considera "avanços sociais" a liberação do aborto e do casamento gay (certamente também é a favor da liberação das drogas)… Nada contra o cidadão em questão ter suas próprias opiniões. Apenas estou ressaltando que ele não possui a isenção necessária para analisar o período dos governos militares. Não houve ditadura alguma, houve uma contrarrevolução que nos livrou da implantação de uma ditadura de verdade, a ditadura comunista, cuja implantação era a real intenção dos que hoje mentem, dizendo que defendiam a democracia. Qual democracia essa gente defendia? A de Cuba, da ex URSS, da China de Mao, da Coréia do Norte? Devemos um enorme favor aos militares que atenderam aos apelos do povo à época. Essa ralé continua com as mesmas ideias de outrora e, pior ainda, encontram respaldo numa turba de idiotas úteis que se deixam levar por uma ideologia que já se provou fracassada em todo lugar onde foi implantada. O último exemplo que temos é a Venezuela, outrora próspera e promissora, que foi destruída pelo tal "socialismo do século XXI". Ai vem essa senhor falar mal do período em que o nosso Brasil viveu o seu maior crescimento econômico, em que toda a nossa infraestrutura foi gestada, em que o cidadão de bem vivia com liberdade, num país ordeiro e próspero. Eu vivi nessa época e testemunhei tudo isso. Mas a internet está ai para quem quiser pesquisar como era a vida na época.Tenha santa paciência.

    Responder
  13. Cavalcanti disse:
    04/06/2018 às 18:34

    Eu vivi nesta ditadura da qual alguns sociologos e alguns artistas que na verdade são esquerdistas, tanto falam e na verdade foi o período melhor da minha vida, pois naquela época havia valores, respeito e moral para com o seu próximo e principalmente com nosso país, coisas que acabaram. Quem era valorizado era o cidadão de bem e não os bandidos, sem contar o foi feito no país em termos de investimento, infraestrutura , economia, leis trabalhistas e etc.

    Responder
  14. milton disse:
    04/06/2018 às 18:19

    E a roubalheira ? quando aconteceu ? Não naquele período. E, sim, em plena decantada democracia. E agora, doutores de belos discursos encantadores ?

    Responder
  15. Roberto disse:
    04/06/2018 às 18:10

    Esse rapaz é do mesmo nível de Dilma , lula, e Zé Dirceu, têm medo dos militares porquê sabe o que fizeram, perguntem a esse lixo se cidadão de bem sofreu alguma represália, agora vagabundos, maconheiros, assaltantes de bancos, assassinos de militares foram presos sim, então povo Brasileiro quem têm medo de uma intervenção militar é esse tipo de mente.

    Responder
  16. Beto disse:
    04/06/2018 às 17:42

    Uma ditadura maior que a vivida hoje, onde os poderes praticam falcatruas, atos contra o povo, usam o poder em benefício próprio, familiares e de amigos, e ninguém pode fazer nada. Isso é a ditadura da pseudo democracia.

    Responder
  17. BR disse:
    04/06/2018 às 17:16

    Não estamos pedindo Ditadura; apenas intervenção militar para por ordem na casa. Quem tem medo da intervenção são os malfeitores! Quem não deve, não teme! (ou, não Temer).

    Responder
  18. Sergio disse:
    04/06/2018 às 16:54

    Vivi aquela epoca e era bem pior que hoje. Brasileiro nao tem memoria!!!!

    Responder
    1. Brasil colônia desde 1500 disse:
      05/06/2018 às 07:57

      Realmente tem memória curta, no governo militar foram 300 mortes durante 20 anos, na era PT 60.000 mil todo ano. É problema de memória , de pesquisa, de defender psicossociólogos de corrente marxista! Não foi no período militar que se instalou no poder a maior organização criminosa e o maior bandido do planeta! Nem bandidos eram indenizados ao invés das vítimas! Não havia ideologia de gênero! o problema é de alienação mesmo e não de memória! os livros de história e professores socialistas como este, trataram bem direitinho de implantar essa ditadura cultural!

  19. João Carlos Meira e silva disse:
    04/06/2018 às 16:19

    Datafolha, vulgo dataPT, conhecido como dataDilma, que recebeu rios de recursos durante os anos do PT no poder? Tem total credibilidade para falar do regime militar.
    Por sinal, antes e falar suas versões deveria procurar saber a enorme diferença entre intervenção e regime militar.
    Ele não falou nada das coisas positivas feitas e criadas naquele período.
    Não citou o apoio deles, da esquerda, aos ditadores de Cuba e Venezuela.
    Enfim… mais uma produtor de versão sobre os militares. Quem tem culpa no cartório é assim, morre de medo da lei no poder

    Responder
  20. de saco cheio disse:
    04/06/2018 às 16:11

    Intervenção Militar SIM!!!!! Só quem sofreu naquela época foi maconheiro, vagabundo e mauricinho.

    Responder
  21. Ems disse:
    04/06/2018 às 16:02

    Que ditadura ? Quem foi o ditador ?

    Responder
    1. FLÁVIO disse:
      04/06/2018 às 17:13

      Alguém compre um livro de história para o Ems. Ou ensina ele a usar o google

    2. Bruno de Lira Alves disse:
      04/06/2018 às 18:27

      "Que ditadura? Quem foi o ditador?" Perfeito!

    3. Ceará-Mundão disse:
      04/06/2018 às 18:47

      Nunca o cidadão brasileiro teve tanta liberdade quanto naquele período. Os militares nos livraram de uma ditadura comunista, cuja implantação era a intenção dos terroristas que hoje mentem se dizendo "democratas". A "democracia desses vermes é aquele que já exterminou milhões de adversários políticos onde foi implantada. No Brasil, quantas mortes são atribuídas aos governos militares durante os 21 anos em que nos governaram? Chegam a 300? E os crimes praticados pelos terroristas comunistas?

Comente aqui

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

‘Populismo de Trump tem a ver com o de Lula’, diz sociólogo

09/11/2016 13h50
By bruno

_92347146_gettyimages-621773060-1Em 2003, o ano em que iniciou seu primeiro mandato como presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu publicamente que o Brasil voltasse a investir na indústria naval para produzir suas próprias plataformas e navios petroleiros. O episódio é usado pelo sociólogo Marcos Troyjo para abordar o que vê como um erro de interpretação na vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton na eleição presidencial dos EUA – a de que o resultado puniu a ‘esquerda americana’.

“Falar em derrotas dos ‘esquerdopatas’ é um bobagem”, disse em referência a busca por paralelos expressa nas mídias sociais entre a polarização no Brasil e nos Estados Unidos.

“O espectro político não é uma linha reta entre a esquerda e a direita. O populismo do Trump, no que diz respeito a voltar a criar empregos de manufatura para americanos, tem muito mais a ver com o Lula e a questão das plataformas, por exemplo. E será que alguém realmente considera Hillary uma candidata de esquerda?”, afirma Troyjo, em entrevista por telefone à BBC Brasil.

Professor da Universidade de Colúmbia (EUA), o brasileiro concorda com o argumento de que o sucesso de Trump se deva a seu posicionamento como alguém capaz de cativar a imaginação de americanos desiludidos com a política tradicional e empobrecidos pela globalização e suas crises, em especial a grande recessão de 2008. E que veem mudanças sociais profundas em seus país, como o crescimento da população hispânica e o questionamento de “valores tradicionais americanos”.

“É um movimento anti-globalização e que também está relacionado à perda de identidade cultural e que tem como reflexo essa rejeição a instituições como o establishment político norte-americano, que fez parte do discurso de campanha de Trump. Ou, no caso do Brexit, a rejeição dos britânicos à União Europeia. Passa por uma nostalgia, como a promessa de Trump de ‘tornar a América grande novamente’, como se as coisas pudessem voltar no tempo”, analisa o acadêmico.

“Trump apelou para o interesse de um público, e não para o interesse público”.

Troyjo se refere especificamente a promessas de campanha do republicano que soaram como música para o eleitor branco da classe trabalhadora americana, o grupo demográfico responsável pelo grosso dos votos obtidos por Trump, e que foi estratégico para que o republicano roubasse votos de Clinton em estados que vinham votando nos democratas – em especial unidades federativas que sofreram com desindustrialização americana dos últimos anos, como a Pensilvânia.

De acordo com pesquisas de boca de urna, homens brancos e sem curso superior corresponderam a mais de um terço dos americanos que foram às urnas na terça-feira. Deles, 67% votaram em Trump e apenas 28% em Hillary. O republicano também teve sucesso entre mulheres brancas sem curso superior: 62%, contra 34% da democrata.

“O problema é que Trump não poderá adotar posições tresloucadas como a de recuperar empregos para trabalhadores americanos como se a China não existisse e os EUA não fossem o país com mais empresas multinacionais do mundo. Ele vai precisar de alguma moderação para lidar com o clima de incerteza criado por sua eleição”, acredita Troyjo.

“Ainda mais quando a economia americana é baseada no consumo e o país é o maior destino de investimentos estrangeiros diretos do mundo”.

O apelo de Trump também faz parte do que analistas chamam de colapso no respeito aos políticos e a valorização de outsiders como o empresário americano. Algo refletido no Brasil pela eleição do também empresário João Dória para a prefeitura de São Paulo. Troyjo vê a possibilidade da vitória de Trump ter reflexos na corrida presidencial brasileira para 2018, e não crê que isso seria algo necessariamente negativo.

“Ter alguém que não venha da cultura política, como o Dória, não é algo ruim. O problema é quando aparece alguém defendendo coisas como o fechamento do Congresso”, finaliza.

BBC Brasil

  • 'Populismo de Trump
  • diz sociólogo
  • tem a ver com o de Lula'
COMENTE AQUI COMENTE AQUI

Opinião dos leitores

  1. paulo martins disse:
    10/11/2016 às 03:51

    A vitória de um "Trump" já havia sido prevista por um um intelectual estadunidense chamado Henry Kissinger. No livro "Sobre a China" – que li faz uns dois anos – ele indica que o capitalismo neoliberal e globalizante será resignificado pelo conservadorismo administrativo. Surgirá, segundo ele, o conservadorismo influenciado pelo nacionalismo.
    De lá para cá, surgiu uma extrema direita, cuja função é reagir à Teoria de Rousseau. Economia, família e meritocracia vêm com força por aí. Margaret Thatcher encontrará seu legado consignado por Trump e Le Pain.
    Estamos apenas no começo desse processo. Bom é lembrar que ele também já se iniciou no Brasil, na Argentina e no Chile.

    Responder
  2. Eterno Vascaino disse:
    09/11/2016 às 19:19

    Não compare Lula com esse verme !

    Responder
    1. ALIEN disse:
      10/11/2016 às 08:23

      não compare aquele verme a trump

    2. Foraptzadacorruptos disse:
      10/11/2016 às 12:35

      Não existe comparação em nada de #lulaladrão e Donald Trump.
      Só um exempo: Trump é trabalhador e gosta de ganhar dinheiro.
      Lula foi ser sindicalista para não trabalhar,é preguiçoso,cachaceiro,vagabundo, ficou milionário (gosta de dinheiro)roubando do povo brasileiro. Essa é a comparação entre os dois…ou melhor não existe comparação.

  3. Adailton disse:
    09/11/2016 às 18:20

    LULA PRESIDENTE 2018
    Vai visitar Trump como presidente do Brasil
    Quem viver, verá!!!!!

    Responder
    1. Foraptzadacorruptos disse:
      10/11/2016 às 12:40

      Bebeu quantas garrafas hj?
      ????????? rindo até 2018 com #Bolsonaropresidente

      #gotrump??? #bolsonaro2018??

  4. Walter disse:
    09/11/2016 às 17:16

    Olha comparar os
    Dois é crime e o Brasil não tem dinheiro para pagar a frota de advogados que os EUA se essa comparação continuar kkkkkk comparar um bebaço ladrao com um Milionário e trabalhador e fogo para com isso

    Responder
  5. Senhor Cidadão disse:
    09/11/2016 às 17:09

    SÓ QUE UM TERMINOU O SEGUNDO GRAU !! E O OUTRO NÃO !!! kKKKKKKKKKKKK

    Responder
  6. BarbyBarby disse:
    09/11/2016 às 16:34

    Será que ele vai roubar kkkkk

    Responder
  7. beto costa disse:
    09/11/2016 às 16:32

    boa avaliação.. lógica e simples. Resumindo, qualquer cidadão, onde estiver, deseja o mínimo para sobreviver.. Estado mínimo é e será a solução.

    Responder
  8. Curioso disse:
    09/11/2016 às 14:52

    Bem parecidos mesmo…

    Responder
  9. Henrique Eduardo disse:
    09/11/2016 às 14:25

    Essa é pra ri

    Responder

Comente aqui

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Simpatia do brasileiro é um mito, diz sociólogo

18/05/2015 11h50
By bruno

Para Manuel Castells, 73, a agressiva polarização política que se vê hoje nas redes sociais “desconstrói o mito do brasileiro simpático”. O sociólogo espanhol esteve no país durante os protestos de junho de 2013, e acrescentou a seu livro “Redes de Indignação e Esperança – Movimentos Sociais na Era da Internet” (ed. Zahar) um posfácio em que analisa os recentes acontecimentos no Brasil.

Professor da universidade da Califórnia, Castells participou, na semana passada, do Fronteiras do Pensamento na Bahia. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista concedida à Folha, em Salvador.

13163309Foto: Karime Xavier-11.jun.13/Folhapress

Folha – Em 2013, o sr. disse que nosso grande problema era político, não econômico. E agora, que nossa economia tampouco anda bem?

Manuel Castells – Quando aponto a questão política me refiro a uma crise mundial dos sistemas tradicionais de democracia representativa, por conta da corrupção, agora mais exposta porque as pessoas têm mais acesso à informação e mais capacidade de organização por conta da internet.

O sistema político brasileiro está mal como estão mal todos os sistemas do mundo. Há protestos e desgaste dos partidos tradicionais, além da aparição de correntes populistas de extrema-direita e de extrema-esquerda. Na Espanha, em Portugal e na Grécia, a reação é de esquerda. Na França, na Inglaterra e na Alemanha, é de direita.

O que causa essa crise de representatividade?

Os cidadãos deixaram de aceitar que sua capacidade política seja um voto a cada quatro anos. Há uma insatisfação com toda a classe política. E isso não significa que se acredite que todos os políticos sejam corruptos, mas sim que há uma classe política que está separada da cidadania, que é formada por profissionais que têm um interesse comum: o monopólio da política da corrupção.

Essa é a raiz do problema no Brasil, mas não só. Nos últimos anos vimos que afundou o sistema político italiano, espanhol, grego, está afundando o da Argentina, o do México. É algo mais profundo.

Qual a especificidade do Brasil, então?

Está ocorrendo a tempestade perfeita. Junto a essa crise de representatividade, uma piora da economia. Houve um período de bom crescimento com redistribuição. Mas a desaceleração da China fez com que ficasse difícil manter o mesmo alto nível de gasto público. E então ressurgiu a inflação, que já sabemos que foi um câncer para a economia e a sociedade brasileira em outras épocas.

No momento em que o governo atual percebeu que poderia haver um aumento da inflação, deveria ter restringido o gasto público, e não o fez.

O sr. tem estudado comparativamente protestos recentes –além do Brasil, os casos do Occupy (EUA), da primavera árabe, do Chile, do México e outros–. O que têm em comum?

O fato de não se tratarem de movimentos programáticos, mas emocionais, e de surgirem espontaneamente. Essa indignação inicial permite que se amplie a temática do movimento. A palavra “dignidade” se repete em todos eles. E por quê?

Porque as demandas não são concretas. Ainda que existam problemas concretos. O que as pessoas pedem é reconhecimento.

A primavera árabe começou com a autoimolação de um vendedor ambulante que não suportava mais o tratamento das autoridades municipais.

Um protesto pela dignidade inclui a luta contra a pobreza, mas é algo mais. É a tradução dos direitos humanos na consciência individual.

Seja na favela, seja como um profissional ou empresário, os indivíduos não sentem mais que as instituições os representam.

Em sua opinião, quais as principais diferenças dos protestos no Brasil em 2013 e 2015?

Em comum têm a denúncia da corrupção e o sentimento de que há demandas dos cidadãos que não podem se expressar nos atuais sistemas políticos.

O movimento de 2013 era popular, jovem, e partiu de demandas concretas, mas imediatamente levantou o tema da dignidade. E teve êxito, pois anulou-se o aumento das tarifas. O movimento no Brasil causou a reação política mais positiva de um governo no mundo.

A presidente Dilma Rousseff se conectou com ele. Mas o aparato do PT bloqueou a possibilidade de reforma.

Marina Silva deve seu fugaz êxito na campanha eleitoral justamente por ter se identificado com a crítica que se fazia nas ruas. Porém, não pôde resistir à ofensiva publicitária do PT e ao fato de que seu fundamentalismo evangélico não caiu bem entre a classe média intelectual.

Considero significativo que duas pessoas que disputaram a Presidência do Brasil –Marina e Dilma– haviam respondido positivamente ao movimento.

Já em 2015, é a classe média e média alta quem vai às ruas. E chegou-se a pedir a impugnação da presidente.

O grupo que pede um golpe de Estado é pequeno e considero impossível que isso ocorra. Mas o significativo é que existam cidadãos e políticos que o queiram.

2013 e 2015 se conectam com as recentes manifestações em outras partes do mundo porque mostram que a sociedade que quer expressar-se, hoje em dia, se expressa em movimentos espontâneos, coordenados pela internet, e presentes na rua.

Essa é uma transformação completa, não digo se é boa ou má, apenas digo que é uma transformação. As instituições clássicas não são capazes de representar a diversidade da sociedade. Às vezes é pela esquerda, às vezes pela direita, às vezes são jovens, às vezes são de idade madura, mas o comum a todos é que não creem na possibilidade de representação institucional, têm de conectar-se pela internet e sair às ruas.

E por que o brasileiro tem a sensação de que, na internet, há demasiada violência e intolerância no debate?

A internet é um instrumento de comunicação livre. Portanto, causa curto-circuito às instituições e ao poder do dinheiro.

A comunicação social estava monopolizada até hoje ou pelo poder político, ou pelo poder econômico. Agora, a internet permite às pessoas comunicar-se diretamente sem passar por esses controles, e sem passar por qualquer censura. Ainda que se queira controlar a internet, não se pode.

Eu não creio que no Brasil, com a internet, exista mais agressividade no debate. O Brasil sempre foi agressivo. Nos tempos da ditadura, no final dos anos 60, anos 70, o debate não só era agressivo como se torturavam pessoas diariamente com impunidade.

A imagem mítica do brasileiro simpático existe só no samba. Na relação entre as pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata. Esse é o Brasil que vemos hoje na internet. Essa agressividade sempre existiu.

A única coisa que a internet faz é expressar abertamente o que é a sociedade em sua diversidade. Trata-se de um espelho.

Como hoje não precisam passar pelos meios tradicionais de comunicação, as pessoas aparecem como realmente são.

A pergunta fundamental é: a liberdade é um bem em si? Se dizemos que sim, então a internet é uma tecnologia de liberdade, e portanto realiza uma mudança histórica. Mas é preciso aceitar que liberdade é também para coisas de que não gostamos. É para todos. Portanto, se ali se articulam formas de violência, racismo, sexismo, é porque isso existe na sociedade.

Na internet, um racista ou um sexista pode facilmente encontrar outros racistas e sexistas que, em seu entorno social, não podem se declarar abertamente assim. Na rede, não há constrangimento e se abre a possibilidade de expressão espontânea da sociedade.

E o que ocorre? Nos damos conta de que a sociedade não é tão boa e angelical como gostaríamos que fosse.

Vemos que, na verdade, a sociedade é bastante má. No Brasil e em todos os outros países.

E de quem depende a mudança social nesse novo contexto?

Certamente, não será da internet, mas sim dos sujeitos da mudança. Se estes querem um golpe militar, a internet facilita a organização desses sujeitos.

A internet é agnóstica, expressa o que somos. E o que somos depende da cultura. Repito, não creio que o Brasil seja pior agora, ou que a rivalidade política esteja mais intensa nesse momento do que foi antes.

No Brasil, a desigualdade diminuiu, mas ainda é muito grande. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizia que o Brasil não era pobre, mas sim injusto. Concordo. Há uma imensa riqueza, controlada por 1% da população. Como é que a sociedade não vai estar com com raiva? E há, também, um grupo de classe média que está descontente porque se tira deles alguns recursos para redistribuir.

Trata-se de uma classe média profissional, que teme perder seus privilégios e que vive melhor que seus pares nos EUA e na Europa. Quem pode ter dois ou três empregados domésticos permanentes, vivendo em casa, ou constantemente indo e vindo? Nenhuma classe média do mundo! Pode-se ver famílias com empregados domésticos em outros países, mas em número pequeno. Empregados domésticos como massa importante, só no Brasil.

A descrença no Estado tende a gerar para-Estados ou Estados paralelos, que se expressam na formação de milícias e de uma justiça civil, como no México, ou terrorista, no caso do Estado Islâmico?

O México se transformou de fato num narcoestado. Há uma guerra civil ali, e ressurgem leis que são ancestrais, portanto reproduzem as formas de opressão que estão na raiz da violência.

O Estado Islâmico não é um grupo totalmente desvairado. Representa uma resistência profunda ao colonialismo cultural nos países muçulmanos e nas comunidades muçulmanas da Europa. Por que jovens dos EUA e da Europa vão morrer ali? Por que mulheres vão se casar e ter filhos com militantes do Estado Islâmico?

Essa diversidade cultural e política é a que existe no planeta. Não podemos criar um standard do politicamente correto e do humanamente correto, porque isso não existe. Cada vez que vamos afirmar um direito num sentido, vamos encontrar outras formas de opressão.

Vivemos atualmente numa contradição, e a internet exacerba isso. Se respeitamos realmente os direitos democráticos, devemos aceitar que são os povos os que elegem as formas democráticas em que querem viver.

Você não pode, com o pretexto do civilizado ou do não civilizado, impor formas de vida. Isso é colonialismo cultural e político, cuja reação violenta estamos vendo agora.

Sim, é preciso defender os direitos da mulher em todo o mundo, mas as mulheres de cada cultura é que têm de interpretar isso e mostrar como querem ter esse direito respeitado.

Valores universais há, mas a interpretação deve ser feita em cada sociedade. A forma de defendê-los depende de cada cultura.

Está em risco o Estado de Direito no Brasil?

Do ponto de vista concreto, ele não existe na maioria dos países. No Brasil, não há Estado de Direito. No Brasil, há uma classe política corrupta que utiliza o Estado para seus próprios fins. Faz isso como classe, ainda que como governantes concretos às vezes não o sejam. No Brasil não há um Estado de Direito, há a manipulação do Estado de Direito para manter um Estado patrimonial.

Mas ocorre o mesmo nos EUA. Ali se governa para a classe política e seus interesses. Sem Wall Street não se pode fazer política. E se Wall Street se afunda, toma-se o dinheiro dos contribuintes, e se entrega a Wall Street.

O movimento Occupy não mudou isso, mas fez com que mudasse a consciência dos EUA sobre a desigualdade social, que o americano médio não sabia que era tão importante.

O Occupy é responsável por conscientizar os norte-americanos sobre a desigualdade social e desconstruir a ideia do “sonho americano”, de que você pode chegar aonde quiser se for empreendedor e trabalhar.

Folha Press

  • diz sociólogo
  • Simpatia do brasileiro
  • um mito
COMENTE AQUI COMENTE AQUI

Comente aqui

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimos comentários
Salomé comentou
"Deixa ver, lançam um programa de demissão voluntário e contratam 3.000 novos funcionarios; receita em queda por decisões do próprio governo e inves..."
Em Derrocada dos Correios teve perda de receitas, alta de gastos e descontrole sobre...
Edison Cunha comentou
"Tempos estranhos!!! Não se revela mais o nome dos meliantes em confronto com a Lei, nos dias atuais, nome de bandido é mantido em sigilo absoluto."
Em Passageiro é preso em flagrante pela PF após falsa ameaça de bomba em voo que par...
Flávio comentou
"Mas o povo está gostando.. Não está vendo ele liderando as pesquisas, principalmente no nordeste..Vai taxar até o ar que respiramos e o dinheiro nã..."
Em Governo Lula insiste em recorrer à fórmula ineficaz de elevar impostos em vez de ...
Medeiros comentou
"Vende no peso essa sucata !!!"
Em VÍDEO: Helicóptero da FAB sofre pane e faz pouso na praia de Barra do Rio
Edison Cunha comentou
"A empresa CORREIOS é o símbolo das gestões fraudulentas da extrema esquerda."
Em Derrocada dos Correios teve perda de receitas, alta de gastos e descontrole sobre...
Mais lidas da semana
1 Confusão em voo da TAP faz equipe de bordo acionar a PF após aterrissar no RN 2 Menino de 9 anos invade hospital veterinário e mata 23 animais, arremessando, esquartejando e mutilando 3 PESQUISA EXAME / FUTURA: Paulinho Freire tem 56.6% e abre 20 pontos para Natália Bonavides 4 VÍDEO: Público grita que Lula “vai roubar a santa” durante o Círio de Nazaré, em Belém-PA 5 NÃO É FAKE NEWS: Justiça Eleitoral confirma: Natália Bonavides defende projeto que descriminaliza furto por necessidade
Categorias
Acidente Agendão Arte Atletismo Brasil Carnatal Carnaval 2023 Carnaval 2024 Carnaval 2025 Celebridades Chuvas Cidades Ciência cinema Clima Coluna do BG Comportamento Concurso Copa do Mundo Cultura Denúncia Dia das Mães Direito Diversos E ai, bora correr? Economia Editorial Educação Eleições Eleições 2022 Emprego Entrevista Especial Esporte Feminicídio Finanças Futebol Gastronomia Geral Golpe Greve Guerra Humor Informe Publicitário Internet Jornalismo Judiciário Luto Marketing Meio Ambiente
Blog do BG por Bruno Giovanni - 2021 - © Todos os direitos reservados - Acesse nossa Política de Privacidade