Política

Em clima descontraído e no estilo ‘sincerão’, Bolsonaro recebeu jornalistas em café da manhã, e respondeu perguntas polêmicas: ‘Vou me arrepender porque fiz xixi na cama aos 5 anos? Saiu, pô’

“Presidente, posso fazer uma rápida introdução?”, disse o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros , pedindo autorização a Bolsonaro para dar início ao café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. “Claro, rapaz, você é general, eu sou capitão!”, devolveu o presidente.

Em clima descontraído, Bolsonaro recebeu 15 jornalistas, entre colunistas e chefes de redação de veículos de todo o país. No estilo “sincerão”, respondeu da mesma forma a todas as perguntas (ao todo, foram 31), da exploração do nióbio ao modo como administra sua conta no Twitter.

Nesse tempo, tomou dois copos de suco de laranja, café com leite, comeu um pedaço de bolo de coco e deu uma mordida em um pão de queijo. Deu muita risada de si mesmo ao lembrar das polêmicas que causou no passado, que chamou de “caneladas”.

– Tem vídeo meu que circula e eu penso: falei isso mesmo?

Mas disse que não se penitencia por afirmações feitas em outros contextos.

– Vou me arrepender porque fiz xixi na cama aos 5 anos? Saiu, pô!

Além do porta-voz, Bolsonaro estava acompanhado dos ministros Sérgio Moro (Justiça), Augusto Heleno (Segurança Institucional), Floriano Peixoto (Secretaria-Geral) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) – que por vezes tentou amenizar frases do chefe, especialmente relacionadas à Reforma da Previdência. Em sua introdução, no entanto, o presidente fez questão de citar Paulo Guedes (Economia), ausente.

– O mais importante ministro é o da Economia.

Durante o encontro, Bolsonaro citou reportagens críticas a ele. Mas evitou queixas. Chegou a fazer sugestões aos jornalistas, como a de entrevistar o secretário da Pesca, Jorge Seif, que, em suas palavras, está “revolucionando” o setor. Nesse momento, aproveitou para dar uma estocada em um ex-aliado, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que era responsável pela área no governo Dilma Rousseff.

– Tinha ministro da pesca que não sabia botar minhoca no anzol – disse, citando uma declaração polêmica de Crivella em 2012.

Bolsonaro, que usava uma pulseira com o versículo da Bíblia Apocalipse 12:11 (“E eles o venceram pelo sangue do cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”), foi instado a enumerar as marcas de seus primeiros 100 dias. Citou a transparência e a escolha técnica dos ministros, mas logo em seguida emendou:

– O mais importante é que não fomos acusados de nada que os outros foram.

O encontro foi gravado pela Presidência. Mas os jornalistas não puderam entrar com telefones celulares na sala onde houve o café da manhã. Bolsonaro tampouco portava seu smartphone. Perguntado sobre as polêmicas envolvendo os filhos nas redes sociais, disse:

– O que meu filho posta é responsabilidade dele. Ninguém tem mais controle de mídias sociais. Ali é liberdade pura – reconhecendo que terceiros (sem nominá-los) fazem posts em seu nome, com sua autorização.

– A responsabilidade é toda minha. Quem tem a senha, tem a minha confiança.

Um dos jornalistas quis saber Sergio Moro tem o desejo de, um dia, sentar na mesma cadeira de Bolsonaro, que brincou com a pergunta:

– Na campanha, eu disse que em janeiro ou estaria aqui nessa cadeira ou na de praia. Me dei mal (risos). Pode assumir a cadeira, Moro!

No fim, brincou com a foto ao lado dos jornalistas que participaram do encontro, uma tradição adotada há vários governos.

– Muita gente não queria estar aqui nessa foto não – riu.

O Globo

 

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