Advogada especializada em direito de família, Diana Poppe percebeu que em tempos de crise há menos casos de divórcio. Ela dá palestra sobre “A função social do profissional de família, novos desafios e perspectivas” no Congresso Nacional de Direito de Família, em outubro. Diana conversou com Fernanda Pontes.
Como você fez essa ligação entre a crise e a manutenção do casamento?
Algumas pessoas chegam ao meu escritório com o propósito de se divorciar, mas o divórcio impõe reestruturações — financeiras, inclusive. Percebi que, este ano, com a crise no Brasil e no mundo, tive menos casais se divorciando do que em 2014.
A falta de dinheiro então pode fazer com que casais desistam do divórcio?
Desemprego ou instabilidade profissional e econômica mudam o foco das famílias em crise. Além disso, as despesas aumentam com o divórcio, principalmente quando não há imóvel próprio. E no Rio de Janeiro me parece ainda pior.
Por quê?
Porque o custo de vida na cidade é um dos mais altos do Brasil e quem não tem seu imóvel, encontra no aluguel uma barreira. O divórcio acaba provocando uma readequação de padrão de vida que gera resistências. Existe um status que precisa ser mantido. E se a conta não está fechando, vejo as pessoas mais dispostas a se endividarem do que a aceitarem queda no padrão de vida. Babás e folguistas entram na conta junto com a feira e o supermercado.
Gente Boa – O Globo
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