Televisão

‘Chaves’ e ‘Chapolin’ estreiam no Multishow com mais de cem episódios inéditos

Divulgação/Multishow

Por interino

Repetidos incontáveis vezes pelos protagonistas de “Chaves” e “Chapolin” ao longo de quase quatro décadas na TV brasileira, os bordões “Foi sem querer querendo”, “Isso, isso, isso”, “Ninguém tem paciência comigo” e “Não contavam com minha astúcia” serão ouvidos a partir de amanhã, às 23h, no Multishow. O canal por assinatura comprou da mexicana Televisa um pacote com os mais de 500 episódios dos dois seriados, já exibidos à exaustão pelo SBT desde os anos 1980.

Deste pacote, cerca de 140 episódios são inéditos por aqui (são mais de 90 episódios de “Chapolin” e mais de 40 de “Chaves”). Para entender o tipo de tratamento que daria às séries, o Multishow recrutou um grupo de fãs dos programas — criados em 1971 e hoje considerados verdadeiros cults — e promoveu mesas de discussão com eles. O canal decidiu exibir as duas atrações diariamente, em ordem cronológica e no horário noturno.

— Alguns episódios originais traziam esquetes raras, que também iremos exibir — conta a diretora de programação e conteúdo digital do canal Tatiana Costa, que explica o interesse do Multishow pelas produções. — O humor é um dos nossos pilares. A gente entendeu, através de pesquisas, que “Chaves” e “Chapolin” fazem parte do inconsciente coletivo do nosso telespectador. Mesmo sendo uma franquia exibida há quase 40 anos no Brasil, os programas têm um tipo de humor atemporal.

Roberto Bolaños (Chaves)

Mais conhecido como Chespirito, apelido inspirado em Shakespeare, Bolaños foi o idealizador e protagonista das séries ‘El Chavo del Ocho’ (criado em 1972) e ‘El Chapulín Colorado’ (1970). Foi casado de 1956 a 1989 com Graciela Fernández Pierre, com quem teve seis filhos. Morreu em 29 de novembro de 2014, aos 85 anos, após uma parada cardíaca.

MEMES E FESTAS INFANTIS

Além de ter comprado os direitos de exibição dos seriados para a TV paga (os episódios terão um selo com o ano de produção de cada um deles), o Multishow irá disponibilizar todo o conteúdo na plataforma Multishow Play após a exibição na TV. A intenção do canal, conta a diretora de programação, é dar um novo tratamento ao programa estrelado e criado pelo ator Roberto Bolaños, morto aos 85 anos, em 2014.

— Nossa intenção não foi comprar um enlatado e botar na programação. Vamos trabalhar hashtags do programa em nossas redes sociais. Os memes na web mantêm a franquia viva até hoje. As duas séries têm fãs muito ativos na internet. O perfil “Chapolin Sincero”, no Instagram, possui mais de 13 milhões de seguidores. Os personagens são ainda temas de festas infantis, e há vários produtos licenciados com a imagem deles — lista Tatiana.

Além da versão dublada em português, o público do canal poderá optar pelo áudio original em espanhol. Todo o material foi digitalizado, e a dublagem dos episódios inéditos reuniu o elenco de dubladores brasileiros ainda vivos.

Morto em 1995, Marcelo Gastaldi, dublador de Chaves, foi substituído por Daniel Müller, que já dublou episódios exibidos pelo SBT.

— A gente teve uma preocupação grande com a dublagem, que é icônica. As únicas vozes novas serão as de Dona Clotilde e do Professor Girafales. E tudo passou pela aprovação dos fãs que recrutamos — conta a diretora de programação. — A gente também refez boa parte da sonoplastia dos episódios. Reconstruímos efeitos, por exemplo.

FÃS FAMOSOS

Com um público que ultrapassa gerações, “Chaves” e “Chapolin” têm vários nomes famosos entre seus fãs. No ar atualmente na novela “Deus salve o rei”, Tatá Werneck, que teve o bolo e os docinhos do seu aniversário de 34 anos, no ano passado, decorados com os personagens das séries, é uma entusiasta das produções.

— Cresci assistindo a “Chaves”. Eu me lembro de não conseguir descolar da TV. Sabia todos os episódios de cor, mas não entendia exatamente por que era tão viciante. Hoje percebo que o humor do seriado e o trabalho dos atores são atemporais. Uma criança dos anos 1980 e de hoje em dia, mesmo com todas as mudanças na qualidade apresentada, vai entender do que se trata. Não ofende ninguém. É simples, e por esse motivo é uma das obras mais geniais. Amo todos os personagens. Mas amava mais Chaves, Seu Madruga e Chiquinha — enumera Tatá.

Amigo da atriz, o ator e mágico Gabriel Louchard, que tem um quadro com os personagens de “Chaves” na parede do escritório de sua casa, costuma trocar impressões sobre os programas com Tatá.

— A gente faz um jogo de perguntas e respostas sobre as séries. Ela me manda mensagem com parte de uma frase e tenho que concluir. “Chaves” é uma inspiração para muitos humoristas. É um programa que tem uma magia que não se explica muito. Até hoje, se eu tiver de bobeira, vou assistir aos episódios, e vou rir do mesmo jeito. Não importa o fato de conhecer todas as piadas — completa Louchard, que elege Seu Madruga como personagem preferido. — Ele é meio malandro, um mexicano meio carioca.

O humorista Rafael Infante é outro fã da produção mexicana. E destaca o trabalho dos dubladores brasileiros:

— É muito genial a dublagem, que não perde em nada o ritmo original. Se você pensar, os personagens são quase caricatos. Mas, apesar dos estereótipos, todos aqueles tipos existem.

Com informações de O Globo

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