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Pesquisa na UFRN estuda relação entre uso do smartphone, sono e cognição em estudantes universitários

Duas pesquisadoras do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão desenvolvendo uma pesquisa para melhorar a compreensão da relação entre a saúde dos indivíduos e o uso de aparelhos eletrônicos. A doutoranda Maria Luiza Cruz e a mestranda Emanuelle Pereira, ambas vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia (PSICOB) da UFRN, tentam entender melhor como o uso noturno de celulares pelos estudantes universitários pode influenciar na qualidade do sono e na capacidade cognitiva.

A pesquisa, intitulada Efeito do uso noturno do telefone celular sobre o ciclo sono-vigília, resposta autonômica e processamento cognitivo de universitários, é orientada pela professora Carolina de Azevedo, do Departamento de Fisiologia e Comportamento da UFRN, e foi posta em prática em março deste ano. A ideia é que, por meio da participação de voluntários, seja feita a coleta de dados de cunho comportamental e psicofisiológico desses participantes para uma futura análise. Com este trabalho, será possível entender melhor a rotina desses estudantes e as consequências do uso dessas tecnologias para a vida acadêmica.

“A gente quer ver o quanto esse dispositivo (celular) afeta o sono do universitário e a cognição dele justamente numa fase em que ele está se preparando para sua vida profissional. A ideia é ver o quanto o uso do telefone antes e durante o episódio de sono influencia a qualidade de sono, sua estrutura, e o quanto que isso, no dia seguinte, afeta o desempenho cognitivo deles”, explica Maria Cruz.

A pesquisa é, na verdade, uma continuidade do estudo feito por Maria Cruz em seu mestrado, quando ela analisou o uso de aparelhos eletrônicos (celular, tablet, vídeo-game, computador) em um grupo formado por adolescentes do Ensino Médio, percebendo de que maneira esses dispositivos afetava o sono e a atenção no dia seguinte. Com essa investigação, ela concluiu que o celular, especificamente, é o principal responsável pela má qualidade do sono entre os estudantes secundaristas e, também é o fator determinante para um baixo desempenho atencional deles. Baseada nisso, Maria Cruz resolveu dar continuidade ao trabalho no doutorado, abordando especificamente o telefone celular na comunidade acadêmica.

Os dados obtidos na pesquisa, também, irão contribuir para o desenvolvimento do mestrado da estudante Emanuelle Pereira. Em sua dissertação, ela busca perceber qual o conhecimento que os universitários têm sobre o sono e de que forma isso influencia o comportamento na hora de dormir, além de observar também o desempenho deles em tarefas cognitivas, mais precisamente relacionada à memória operacional.

Aplicações práticas

A estudante Mariana Pereira é graduanda do curso de Direito da UFRN e está atualmente no 3º período. Ela costuma usar bastante o seu smartphone durante “o dia inteiro”, inclusive de noite, antes de dormir. Para ela, é uma necessidade: “Uso muito o meu smartphone. Para tudo. Às vezes tem relação com algum trabalho da Universidade mesmo, mas também uso por motivos pessoais, como para acessar os meus perfis nas redes sociais, por exemplo”. A estudante conta que tem o hábito de usar o aparelho até mesmo momentos antes de ir dormir. Mariana acredita que essa prática não afeta seu sono diretamente, já que o cansaço do dia a dia a força a dormir cedo.

Com o resultado das análises que serão feitas pelas pesquisadoras do PSICOB será possível entender melhor esse tipo de comportamento e saber se realmente é possível utilizar aparelhos como smartphone perto da hora de dormir, como faz a estudante Mariana Pereira, sem causar danos ao sono. “Uma aplicação prática desse tipo de pesquisa é observar até que ponto esse uso do celular pode ser benéfico e em que ponto ele começa a fazer mal, ao mesmo tempo em que ajuda a orientar as pessoas, para que elas façam um uso mais consciente do dispositivo”, como detalha Maria Cruz. “E, por se tratar de dados que serão coletados dos próprios universitários, será mais fácil esse processo de conscientização dos mesmos”, completa.

Como funciona

Atualmente, a pesquisa se encontra na fase inicial e está reunindo informações dos voluntários para que posteriormente seja feita a análise. Os participantes respondem, presencialmente, alguns questionários para que seja traçado um perfil comportamental de hábitos de sono, cronotipo, noções sócio-demográficas e qualidade de sono. Após esse processo, eles são submetidos a alguns testes psicofisiológicos, por meio de uso de aparelhos como eletroencefalograma. Todo o trabalho dura em média dez dias.Os dados são coletados no Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica (LNRB), localizado dentro do CB e, também, na casa dos voluntários, por meio de um diário de sono e de um aparelho chamado actímetro.

Para participar

Para que o estudo seja conclusivo, é necessário a participação de pelo menos 148 voluntários. Pode participar qualquer estudante universitário que tenha vínculo com algum curso do Centro de Biociências da UFRN, independentemente da idade. Para se voluntariar, é necessário que o interessado envie uma mensagem para o e-mail [email protected] solicitando participação para que seja feito o agendamento dos testes.

Com informações da UFRN

Fotos: Wallacy Medeiros

 

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