Diversos

Justiça manda soltar manifestantes presos durante protesto contra a Copa

O juiz Marcelo Matias Pereira determinou a soltura dos manifestantes Fábio Hideki Harano e Rafael Marques Lusvarghi nesta quinta-feira (7).

O magistrado, que já recusou um pedido de liberdade anterior, foi contrário ao parecer de promotores de Justiça que denunciaram os manifestantes, presos durante protesto contra a Copa do Mundo.

Os promotores que denunciaram os manifestantes presos sob suspeita de liderar manifestações contra a Copa do Mundo se manifestaram contra a soltura dos ativistas nesta quinta-feira (6).

A manifestação consta do processo que está nas mãos do juiz Marcelo Matias Pereira, que deve decidir entre esta quinta e sexta-feira se aceita ou não o novo pedido de liberdade dos réus Fábio Hideki Harano e Rafael Marques Lusvarghi.

Pereira já negou anteriormente um pedido. Porém, o advogado de Hideki, Luiz Eduardo Greenhalgh, apresentou nesta semana um pedido de reconsideração da decisão anterior após a constatação de que não eram explosivos os objetos achados com Hideki e Lusvarghi.

Os promotores do Gaeco (grupo do Ministério Público que investiga e combate ao crime organizado) apresentaram suas manifestações ao juiz nesta quarta.

Nelas, a Promotoria admite que os laudos diminuem a materialidade do crime de porte de explosivos, que pode resultar em prisão por período de 3 a 6 anos.

Porém, os promotores enviarão novos quesitos ao IC (Instituto de Criminalística) e ao Gate (grupo antibombas da PM), responsáveis pelos laudos. Para os promotores, houve demora na apresentação dos materiais para análise –uma garrafa de Nescau coberto com papel e elástico e um frasco de fixador de tintas para tecidos com pavio. Segundo a polícia no dia da prisão, eram artefatos explosivos,

Por isso, os promotores querem saber se eventuais materiais inflamáveis que havia ali perderam seus efeitos devido a essa demora.

DIVERGÊNCIA

O parecer dos promotores do Gaeco é contrário ao de um outro promotor, que analisou pedidos de habeas corpus dos réus no Tribunal de Justiça (segunda instância), que entende que Lusvarghi pode ser solto.

O promotor Luis Felipe Tegon Cerqueira Leite deu parecer favorável à soltura de Lusvarghi em resposta a um pedido de libertação de Rafael Marques Lusvarghi à 3ª Câmara Criminal, do Tribunal de Justiça.

Leite é um promotor de segunda instância, designado para processos que tramitem no tribunal.

O promotor diz em seu parecer que Lusvarghi pode responder ao processo em liberdade, mas que estabeleceu como condição que o manifestante não participe de novos protestos durante o processo.

Também é necessário, segundo Leite, “aprofundar as provas”.

Para justificar seu parecer, Leite diz que há divergência entre os depoimentos de dois investigadores –um deles diz que Lusvarghi portava explosivo e o outro não faz menção a isso. Ele ressalta também que o suposto explosivo achado com Lusvarghi não havia passado por perícia até então.

Os resultados divulgados posteriormente ao parecer mostraram não se tratar de bombas. O procurador diz também que a acusação de associação criminosa é frágil porque o crime só é considerado se há três pessoas ou mais associadas.

“Não sendo possível presumir-se a vinculação subjetiva de pessoas presentes à manifestação com o propósito de praticar crimes”, diz o parecer. O defensor público Bruno Shimizu, que defende Lusvarghi, afirmou que o julgamento do habeas corpus deve ocorrer nos próximos dias.

Folha Press

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Judiciário

Justiça manda soltar ex-juiz Nicolau dos Santos Neto

A Justiça expediu nesta segunda-feira, 2, alvará de soltura do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto em medida que atende indulto concedido em dezembro de 2012 pela presidente Dilma Rousseff (PT). Aos 85 anos de idade, condenado a 26 anos e meio de prisão, Nicolau foi o principal acusado no inicio dos anos 2000 no escândalo do desvio de R$ 169 milhões – cerca de R$ 1 bilhão atualizados, segundo a Procuradoria da República –, das obras do Fórum Trabalhista da Capital.

“A decisão já era há muito esperada”, declarou o advogado Celmo Márcio de Assis Pereira, que defende Nicolau. “A Justiça Federal declinou da competência e o processo teve que recomeçar na Justiça Estadual. Por isso ele cumpriu pena por um tempo além do necessário que a sociedade exigiu dele.”

Nicolau presidia o Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT2), em São Paulo, nos anos 1998, quando foi aberta licitação para construção do fórum, na Barra Funda.

O Ministério Público Federal, alertado por denúncias de um ex-genro de Nicolau, constatou que ele amealhou patrimônio incompatível com os rendimentos de magistrado, inclusive um a casa luxuosa no Guarujá, um apartamento em Miami (EUA) e US$ 4 milhões na Suíça – todos esses bens foram confiscados pela Justiça.

Parte do montante depositado na Suíça teria sido repassada para a conta de Nicolau pelo então senador Luiz Estevão, também condenado criminalmente no mesmo processo.

O ex-juiz foi preso em caráter preventivo no ano 2000. Em 2006 foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3) sob acusação de lavagem de dinheiro, corrupção e fraude no processo de concorrência do fórum. Em dezembro do ano passado, o TRT2 cassou a aposentadoria de Lalau.

Concedido em 2012, o indulto só foi executado agora devido à transferência do processo da Justiça Federal para a Justiça Estadual. Nicolau cumpriu a maior parte da pena em regime domiciliar, mas foi transferido para a Penitenciária 2 (P2) de Tremembé (SP) em março de 2013. O juiz federal responsável pelo seu caso declinou da competência para avaliar o pedido de indulto. Com isso, o processo teve que ser recomeçado na Justiça Estadual.

Com o indulto, Lalau se livra dos processos penais que tramitam contra ele, mas ainda terá que se defender nos processos administrativos e cíveis.

O advogado Assis Pereira disse que o ex-juiz deve deixar a prisão nesta terça feira. A família decidirá se ele vai para a casa ou se será encaminhado ao hospital. O ex-juiz utiliza cadeira de rodas para se locomover.

A procuradora regional da República Maria Luiza Duarte, responsável pela investigação que levou Nicolau para a prisão, lamentou que nenhum outro acusado no escândalo do Fórum Trabalhista cumpriu pena. “Todos estão em liberdade e suas penas estão próximas da prescrição.”

Agência Estado

Opinião dos leitores

  1. O indulto por idade pode ser um incentivo à impunidade.
    Numa situação hipotética, o cidadão que ocupa um cargo em comissão, ou outro qualquer, pode planejar uma grande subtração de dinheiro público ou um se envolver com corrupção, sabendo que quando tiver determinada idade ficará livre da cadeia.
    Será que Dilma do PT pensou nos mensaleiros ou em outros "companheiros" envolvidos em escândalos de corrupção ou gestão temerária quando sancionou essa lei?

  2. Uma situação que parecia inacreditável, um juiz passar 14 anos detido por aqui, onde nossas leis tem todo tipo de recursos para manter os condenados fora da cadeia.
    Se fosse nos países desenvolvidos, não teria essa de indulto, passar a mão na cabeça e deixar em liberdade por idade, uma vez condenado – cadeia!!!

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