O Brasil ainda tem áreas abaixo da meta recomendada de vacinação contra o sarampo, segundo balanço preliminar divulgado nesta terça-feira (29) pelo Ministério da Saúde.
Dos 5.570 municípios do país, 1.923, ou 34,5% do total, estão abaixo dos índices recomendados para proteção entre crianças de um ano —ou seja, têm menos de 95% desse grupo vacinado.
Houve avanço, porém, segundo a pasta. Apesar de ter áreas com baixa cobertura, o balanço aponta que o país conseguiu atingir neste ano a meta de vacinar 95% das crianças dessa faixa etária.
Nos últimos dois anos, em meio à queda na cobertura vacinal no país, esse índice não havia sido alcançado. Neste ano, até agora, 14 estados atingiram a meta.
Para responder à lacuna na cobertura, o Ministério da Saúde passou a orientar os municípios a realizar busca ativa por crianças de seis meses a cinco anos para localizar aquelas que não foram vacinadas.
A medida faz parte de um conjunto de estratégias para aumentar os índices de vacinação no país.
Uma lista com áreas onde há crianças não vacinadas ou com esquema de vacinação incompleto tem sido enviada aos municípios.
“É a primeira vez que o ministério libera aos municípios uma lista para busca ativa das crianças não vacinadas”, diz o secretário de atenção primária, Erno Harzheim. “As equipes sabem nominalmente que crianças devem buscar.”
A iniciativa ocorre poucos dias depois do fim da primeira etapa de uma campanha de vacinação contra o sarampo que tinha como objetivo vacinar crianças dessa faixa etária. Os dados completos da adesão à estratégia ainda não foram divulgados.
A busca ativa considera levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 6,5 milhões de registros no sistema de saúde envolvendo crianças de seis meses a cinco anos. O balanço aponta que 1,1 milhão dos registros não tinham informações de doses aplicadas da tríplice viral, o que pode indicar a presença de crianças não vacinadas —daí a orientação de busca ativa casa em casa.
Antes considerada uma doença eliminada, o sarampo voltou a registrar casos no país no ano passado. Neste ano, já são ao menos 10.429 registros, de acordo com a pasta.
Só nos últimos 90 dias, período usado pelo ministério para definir quais são as áreas com surto ativo da doença, foram 5.660 casos em 19 estados.
A maioria ocorreu em São Paulo, estado que concentra cerca de 90% dos casos nos últimos 90 dias.
Em seguida vêm o Paraná, com 227 casos, Rio de Janeiro (70), Minas Gerais (67), Pernambuco (37), Santa Catarina (33), Bahia (22) e Rio Grande do Sul (22). Outros estados registraram menos de 20 casos cada.
Para o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson Oliveira, apesar dos números indicarem queda na notificação de novos casos em alguns estados, o cenário ainda é de alerta.
“O surto em São Paulo reduziu a velocidade, mas temos ainda a transmissão no interior e em outros estados”, afirma. “Esse é o momento de ampliarmos a cobertura.”
Segundo ele, os números ainda devem crescer, uma vez que há casos ainda em investigação.
Neste ano, já foram confirmadas 14 mortes por sarampo, sendo 13 em São Paulo e 1 em Pernambuco. Dessas, 7 ocorreram em menores de cinco anos, 3 em jovens de 20 a 29 anos e 4 em adultos maiores de 40 anos.
O Ministério da Saúde começou a fazer neste mês, com estados e municípios, uma campanha de vacinação contra a doença.
A medida foi dividida em cinco etapas. A primeira, que ocorreu entre 7 e 25 de outubro, visava verificar a cobertura vacinal de crianças entre seis meses a menores de cinco anos.
Já a segunda etapa vai de 18 a 30 de novembro e visa contemplar a população de 20 a 29 anos ainda não vacinada.
No próximo ano, devem ser contempladas três faixas etárias: de 5 a 19 anos, de 30 a 49 anos e de 50 a 59 anos. As datas ainda não foram definidas.
Fora da campanha, a vacina é aplicada como rotina nos postos de saúde em crianças.
O calendário nacional de vacinação recomenda a aplicação de uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses e uma segunda dose aos 15 meses com a tetraviral ou a tríplice associada à vacina contra varicela.
Neste ano, bebês a partir de seis meses também devem receber a chamada “dose zero”. O objetivo é garantir a proteção desse grupo, que não estava incluído no calendário de vacinação.
A vacina não é indicada para menores de seis meses. Neste caso, a recomendação aos pais e responsáveis é evitar exposição a aglomerações e manter higienização e ventilação adequadas de ambientes como forma de prevenir a doença.
Em caso de qualquer sintoma, como manchas vermelhas pelo corpo, febre, coriza ou conjuntivite, a recomendação é procurar imediatamente um serviço de saúde. Somente um profissional de saúde poderá avaliar e dar as recomendações necessárias.
Folhapress
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