Diversos

Mais de 60% das pessoas que somem reaparecem, mas estatísticas não são atualizadas

desaparecidaForam 11 dias escondida na casa de uma colega depois de se desentender com a mãe, que a proibia de frequentar bailes funk na Rocinha. Mas até saber o paradeiro de Y., então com 14 anos, a manicure Sueli da Silva, de 29, não teve opção: registrou o sumiço da filha na Seção de Descoberta de Paradeiros, da Divisão de Homicídios, a mesma que investiga o caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, visto pela última vez em 14 de julho, ao ser levado por PMs à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na mesma comunidade. O registro do sumiço de Y. foi feito em 18 de abril deste ano, mas, apesar de a jovem ter voltado para a família, ainda engrossa as estatísticas de desaparecidos divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Segurança. Por não serem atualizados, os números não refletem a realidade do Rio.

— Minha filha fugiu quatro vezes de casa. Não houve nada. Foi coisa da cabeça de adolescente. Ela fugiu na véspera de completar 15 anos. Tinha comprado tudo para a festa dela, fiquei muito chateada. Agora dei um ultimato: se fugir de novo, não irei atrás dela — contou Sueli, admitindo não ter avisado às autoridades sobre a volta da filha. — Não os procurei por esquecimento. Mas a polícia chegou a me ligar para saber ser ela tinha aparecido. Aí eu confirmei.

Os parentes das vítimas, na maioria das vezes, não retornam à delegacia para comunicar o reaparecimento. Segundo a delegada responsável pela Seção de Descoberta de Paradeiros, Elen Souto, mais de 60% dos desaparecidos voltam para casa. Por trás das estatísticas, a delegada explica que há um esforço do estado, muitas vezes em vão, justamente por causa dessa falta de comunicação das famílias. Uma comparação entre os dados do ISP dos períodos de janeiro a julho de 2012 e 2013 mostra um aumento de 7,9% no número de casos. Em relatório divulgado pelo instituto na última quinta-feira, houve 509 desaparecimentos em julho.

Apesar de o número de desaparecidos ser, na realidade, bem menor, pois não há baixa nos índices quando as pessoas reaparecem, uma corrente de pesquisadores levanta a hipótese de os homicídios estarem caindo porque estão migrando para as estatísticas de desaparecimento. O presidente do ISP, coronel Paulo Augusto Souza Teixeira, refuta essa tese. Numa análise de 2009 a 2012, após a pacificação, a redução acumulada dos homicídios chega a 3.979, o que representa uma diminuição de quase mil por ano, enquanto o número de desaparecidos cresceu em menos de 500 casos anualmente, fechando o mesmo período com 1.940 registros. Com base nos índices e perfis diferenciados das vítimas nessas modalidades, Teixeira assegura não haver probabilidade de transferência de casos. Isso porque tanto os números quanto os perfis dos dois tipos de vítimas são diferentes.

— Há um equilíbrio entre os sexos masculino e feminino de quem desaparece. Nos primeiros meses deste ano, por exemplo, foram 60% de homens e 40% de mulheres. Já nos homicídios, a predominância é de pessoas do sexo masculino. Até na faixa etária dos desaparecidos há um certo equilíbrio — disse Teixeira.

Sai para comprar cigarro e não volta

Em 2009, o ISP preparou um estudo detalhado, intitulado “Desaparecimentos, o papel do policial como conscientizador da sociedade”, revelando que 71,3% das vítimas reaparecem — conclusão semelhante à da delegada Elen Souto, que calculou em mais de 60%. Ela acha que o maior consumo de crack contribuiu para a alta dos desaparecimentos:

— O número de pessoas que reaparecem pode ser maior. Infelizmente, poucos avisam que a vítima retornou. A polícia procura quem fez o registro, mas este, muitas vezes, fornece endereço com dados errados ou troca o número do celular. Com o tempo que perdemos, poderíamos estar investigando um caso no qual a pessoa realmente está desaparecida ou até morta.

Elen vê quatro perfis de desaparecidos: quem se droga e rompe com a família; jovens que fogem; idosos e doentes mentais que não lembram o caminho de volta; e cônjuges que abandonam o lar.

— A história do marido que sai para comprar cigarro e não volta ainda existe. Não me esqueço de uma senhora cega, mãe de sete filhos, que registrou o desaparecimento do marido. Ao buscarmos a identidade no cadastro, descobrimos que ele havia atualizado o documento. Quando o localizamos, ele havia abandonado a mulher para viver com outra. Há mulheres que fazem o mesmo — disse Elen, lembrando de uma que saiu no carnaval e só voltou para o marido depois da folia. — Ele foi um dos poucos que retornaram para avisar, apesar do constrangimento.

A rotina da inspetora Ana Carolina Cícero, na Zona Oeste, é pesada. Pelos dados de julho do ISP, houve 24 sumiços em Campo Grande e 23 em Bangu. Juntos, esses bairros somam quase 10% do total de desaparecidos no estado.

— Temos de exaurir as chances de encontrar o paradeiro da vítima. Fazemos uma pesquisa minuciosa, torcendo para encontrar a pessoa com vida, o que, em geral, acontece. Há pessoas que são contumazes em fugir. Já soube de um jovem que fugiu seis vezes. Ele tomava medicamentos controlados. Tem gente que vira moradora de rua. E há situações em que o parente faz o registro para dar entrada na Justiça na certidão de ausência, porque o desaparecido tem bens. É preciso muito cuidado — contou.

A economista Luba Lazouska procura a governanta Luzinete Ferreira da Silva desde 21 de agosto de 2010. Tratada como membro da família, Luzinete, então com 73 anos, saiu da casa da patroa por volta das 23h, em Copacabana, apenas com a roupa do corpo. Luba peregrinou por hospitais, abrigos, asilos e Instituto Médico-Legal.

— Acho que ela surtou. Certa vez, disse que tinha vontade de entrar mar adentro. Se ela aparecesse, eu avisaria à polícia — afirmou Luba.

O sociólogo Gláucio Soares, que foi consultor na pesquisa do ISP de 2009, explicou que estudos em vários países indicam que boa parte dos desaparecimentos é temporária e voluntária.

— No Brasil, perdemos muito porque comunicamos o desaparecimento, não o reaparecimento. Estudos feitos com jovens que estão na rua, drogando-se ou prostituindo-se, mostram que eles, na maioria dos casos, fogem de casa ou são jogados fora. Essa pessoa entra para o arquivo de desaparecidos, mas, na verdade, ela foi expulsa de casa.

Também há subnotificações: casos de pessoas levadas por traficantes e policiais que não são informados, porque os parentes temem represálias. A cientista política Maria Helena Moreira Alves acaba de lançar o livro “Vivendo no fogo cruzado”, que trata do tema:

— Nunca vamos saber o número real de desaparecidos. Ouvi relatos de moradores de comunidades de que até nos caveirões a polícia leva os corpos. Os matadores usam uma faca com lâmina dos dois lados para arrancar as vísceras, a fim de que o corpo afunde no rio. Assim, some-se com o corpo. Ele não aparece nunca mais.

Conselheiro e presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ, Breno Melaragno também crê que os números de desaparecimentos no Rio não refletem a realidade, seja pela subnotificação ou pela não comunicação do retorno. Para ele, há uma “cifra oculta” dos desaparecimentos:

— Acredito que ela seja bem superior, pela realidade de extrema violência cotidiana a que é submetida grande parte da população. Não há solução a curto prazo: ela passa pela necessidade de os órgãos de segurança ganharem maior credibilidade junto à população, e isso só se dará pela continuidade de bons trabalhos e resultados.

O presidente do ISP, coronel Paulo Augusto Souza Teixeira, reconhece que os números não retratam a realidade. Ele defende um debate sobre o assunto e propõe a criação de um banco nacional de pessoas desaparecidas, a exemplo do cadastro nacional de veículos roubados:

— A preocupação com as pessoas tem que ser maior do que com o patrimônio.

O Globo

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Política

Flávio crava 2026: “Candidatura é irreversível” — e Bolsonaro manda recado a Tarcísio

Foto: Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro confirmou, nesta terça-feira (9), que sua candidatura à Presidência em 2026 está decidida e não tem volta. Depois de visitar o pai, Jair Bolsonaro, ele afirmou que a escolha é “irreversível” e que o momento agora é de construir alianças para disputar o Planalto no próximo ano.

A fala acontece após dias de tensão dentro da direita, quando Flávio disse que havia um “preço” para sua candidatura não ir até o fim. Hoje, recuou do tom e declarou que seu único “preço” é “Bolsonaro livre”, reforçando que não há negociação sobre sua permanência na disputa.

Flávio também revelou que o ex-presidente pediu para agradecer publicamente o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que era cotado para assumir o lugar de Bolsonaro nas eleições. Tarcísio já disse que estará ao lado do senador na corrida presidencial, assumindo um papel de peso dentro da oposição.

Para Flávio, a força política de Tarcísio em São Paulo será decisiva para impulsionar seu nome nacionalmente. “É isso que vai tracionar e fortalecer nosso projeto”, afirmou o senador, mostrando que a direita entra em 2026 com alinhamento, discurso e estratégia afinados.

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Economia

Fim de ano vai injetar quase R$ 2 bilhões no RN — Natal dispara, Mossoró corre atrás e dívidas ainda pesam no bolso

Foto: Reprodução

As compras de fim de ano devem movimentar R$ 1,95 bilhão no RN, segundo o Instituto Fecomércio RN. O aumento de 8,1% em relação a 2024 mostra fôlego do comércio potiguar, impulsionado pelo 13º salário, renda em recuperação e mais gente trabalhando. É o tipo de notícia que anima lojista e consumidor — apesar dos pesares da economia nacional.

Em Mossoró, a previsão é de R$ 163,74 milhões circulando no comércio, uma alta de 9,3%. A cidade segue forte como polo regional, mas o endividamento ainda pesa: 56,9% dos consumidores querem usar o 13º para pagar dívidas.

Mesmo assim, 61,6% afirmam que vão às compras, com gasto médio de R$ 372,19 em presentes. E mais da metade pretende parcelar — sinal de que o crédito ainda é muleta para muita gente.

Já em Natal, o clima é bem mais otimista: 76,9% dos natalenses vão comprar presentes, o maior índice em seis anos. Aqui, o planejamento pesa mais: 54% devem pagar à vista, e quase um quarto guardará parte do 13º para despesas de janeiro.

O gasto médio deve subir para R$ 374,25, e a capital deve movimentar R$ 649,91 milhões, consolidando seu papel de motor econômico do estado.

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Geral

VÍDEO: PF desmantela quadrilha que drenava milhões com “empresas de fachada” em Natal

Imagens: Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (9), a Operação CA/CL para desmontar uma organização criminosa que agia como uma verdadeira máquina de fraudes bancárias no país. A ação ocorreu em Natal também. O grupo usava empresas de fachada e documentos falsos para conseguir empréstimos milionários sem qualquer intenção de pagar, causando prejuízo que a PF estima em milhões de reais.

O esquema era profissional: empresas inativas viravam “negócios milionários” da noite para o dia, laranjas eram colocados como sócios, documentos fiscais falsos eram apresentados e até máquinas pesadas “fantasmas” eram usadas como garantia.

Para piorar, um funcionário de uma instituição financeira federal ajudava a quadrilha ao inserir informações falsas nos sistemas internos de risco, aprovando créditos que jamais passariam por uma análise séria.

Depois de liberar os valores, o dinheiro era espalhado entre contas de laranjas, empresas de fachada e usado na compra de carros de luxo e imóveis para esconder o rastro — muitos registrados em nomes de terceiros e até enviados para outros estados, numa tentativa de driblar a fiscalização.

A PF já identificou ao menos 20 empresas usadas entre 2022 e 2025, mas acredita que o rombo pode ser bem maior.

Balanço 

Ao todo, oito equipes cumpriram prisões e mandados de busca, com bloqueio de contas, apreensão de documentos, veículos e registros contábeis. Os envolvidos devem responder por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa — mais um capítulo do velho Brasil onde a corrupção corre solta, mas desta vez com a PF no encalço.

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Judiciário

Moraes reage e chama de “absurdos” pedidos para que Fux volte a julgar casos da trama golpista

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes rebateu com irritação os pedidos de defesa para que Luiz Fux participe do julgamento do chamado núcleo 2 da trama golpista. Segundo Moraes, a solicitação é “absurda”, “protelatória” e “causa espanto”, já que o regimento do STF é claro: nenhum ministro pode atuar em duas turmas ao mesmo tempo.

A defesa do general Mário Fernandes argumentou que, por ser uma continuidade de um mesmo contexto, todos os núcleos deveriam manter a mesma composição, incluindo Fux — que integrou os julgamentos dos núcleos 1 e 4.

Os advogados alegaram “igualdade entre os réus”, mas Moraes cortou de imediato, dizendo que o pedido “não tem a mínima pertinência” e que talvez exista “desconhecimento sobre como funciona o Supremo”.

Na segunda-feira, os advogados de Filipe Martins já haviam apresentado a mesma solicitação, também negada. A confusão começou após o pedido de Fux para mudar de turma, aceito em outubro por Edson Fachin.

Embora o ministro tenha se colocado à disposição para seguir em julgamentos antigos, essa possibilidade não existe no regimento.

Com a saída de Fux, a Primeira Turma tem julgado com apenas quatro ministros — Moraes, Cármen Lúcia, Zanin e Dino — e tem mantido decisões unânimes em casos sensíveis da direita, como recursos de Jair Bolsonaro, denúncias contra Eduardo Bolsonaro e etapas do processo da tentativa de golpe.

A ausência da voz divergente de Fux virou peça central dessa nova dinâmica no STF, agora questionada, sem sucesso, pelas defesas.

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Política

Dirceu dispara: Brasil pode ter ruptura e pressão dos EUA se direita vencer

Foto: Reprodução

O ex-ministro José Dirceu ressurgiu no 8º Congresso Nacional do PT, em Brasília, com um discurso que acendeu o alerta na política nacional. Aos 79 anos e condenado no Mensalão, Dirceu disse ter “intuição” de que o Brasil vive à beira de um “momento revolucionário”, que só seria controlado com a reeleição de Lula e a derrota da direita em 2026.

Segundo ele, o país estaria ameaçado até por uma possível “intervenção dos Estados Unidos”, caso a direita volte ao poder. Ele afirmou que o PT precisa se “reformular” — mudar estatuto, programa e estrutura — para liderar o que chama de “revolução social”.

Dirceu ainda acusou o Congresso de “degradação” e disse que só Lula teria condições de “defender soberania e democracia”.

No embalo do discurso radical, Dirceu ainda atacou o governador Tarcísio de Freitas, acusando-o de adotar “machismo bolsonarista” por supostamente negar segurança às manifestações.

 

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Política

Datafolha revela: 91% mantêm voto de 2022 — e Lula surfa na divisão da direita

Foto: Reprodução/BandTV

Pesquisa Datafolha mostrou que 91% dos eleitores não se arrependem do voto dado em 2022. Apenas 8% admitem arrependimento, enquanto 1% não soube responder. O número é praticamente idêntico entre os dois lados: 91% dos que votaram em Lula manteriam a escolha, e 92% dos que votaram em Jair Bolsonaro repetiriam o voto.

O levantamento ouviu 2.002 pessoas em 113 cidades entre 2 e 4 de dezembro e traz outro dado importante: Lula hoje venceria todos os adversários testados para 2026, inclusive nomes fortes da direita.

Contra Tarcísio de Freitas, o petista aparece com 47% contra 42%. O cenário contra Flávio Bolsonaro — pesquisado antes do anúncio oficial da candidatura do senador — é ainda pior para a direita: Lula 51% x 36% Flávio.

O Datafolha também simulou disputas entre Lula e outros nomes do campo conservador, como Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Zema, Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado.

Em todos os cenários, Lula aparece à frente, o que reforça o impacto da divisão da direita após a prisão de Jair Bolsonaro e a indefinição sobre uma candidatura unificada.

 

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Política

Michelle deixa comando do PL Mulher por orientação médica após prisão de Bolsonaro e racha eleitoral

Foto: Reprodução

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se afastou da liderança do PL Mulher por recomendação médica, segundo informou o partido. A sigla explicou que Michelle já enfrentava problemas de saúde que pioraram após a prisão de Jair Bolsonaro e as “injustiças” contra a família, afetando sua imunidade e levando médicos a determinarem pausa imediata nas atividades partidárias.

Com o afastamento, o encontro nacional do PL Mulher, que aconteceria no próximo dia 13 no Rio de Janeiro, foi empurrado para abril de 2026. O partido informou que Michelle cumprirá o período inicial de licença e passará por nova avaliação antes de voltar às agendas políticas.

O afastamento veio também dias após Flávio Bolsonaro anunciar sua pré-candidatura à Presidência em 2026, escolhida pelo pai sem aviso prévio à própria Michelle — que chegou a ser cotada para disputar o Planalto, mas agora deve focar numa possível candidatura ao Senado pelo Distrito Federal. A declaração de Flávio reorganizou o tabuleiro da direita e aumentou a pressão sobre o núcleo familiar.

 

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Judiciário

STF mira ‘núcleo do golpe’ e coloca seis aliados de Bolsonaro no banco dos réus

Foto: Rosinei Coutinho/STF

O STF começou a julgar nesta terça-feira (9) seis acusados de integrar o núcleo 2 da tentativa de golpe de 2022. Segundo a PGR, eles elaboraram a chamada “minuta do golpe”, planejaram atos violentos e usaram a PRF para tentar interferir no segundo turno das eleições.

A acusação diz que os réus ocupavam cargos estratégicos no governo e atuaram para manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após a derrota eleitoral. Entre os crimes que pesam sobre eles estão organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. O núcleo inclui delegados, coronéis e generais da reserva, além de ex-assessores presidenciais e ex-diretores da PRF.

De acordo com a PGR, os acusados foram peças-chave do plano de ruptura institucional. Fernando de Sousa Oliveira e Marília Alencar teriam usado ferramentas de inteligência para mapear eleitores de Lula e direcionar ações policiais.

Mário Fernandes é apontado como autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa assassinatos de autoridades, enquanto Silvinei Vasques teria mobilizado a PRF para atrapalhar a votação no Nordeste.

A Procuradoria afirma que cada integrante contribuiu de forma independente, mas convergente, para manter Bolsonaro no poder. A Justiça aponta que o grupo misturou funções públicas com objetivos políticos, criando condições operacionais e jurídicas para tentar implantar um governo de exceção.

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Política

Esquema ligado à ex-nora de Lula queria vender material superfaturado para autistas, diz MPF

Foto: Divulgação/Polícia Federal

O Ministério Público Federal revelou que o esquema de corrupção investigado pela Operação Coffee Break, em São Paulo, queria ampliar o faturamento vendendo materiais para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo o MPF, o grupo tinha relação direta com Carla Ariane Trindade, ex-nora de Lula, e com Kalil Bittar, ex-sócio de Lulinha. Ambos seriam utilizados como ponte para gabinetes em Brasília.

A denúncia aponta que o doleiro Eduardo Maculan propôs transformar a venda de “salas especiais” e kits “neuro especiais” em um novo filão de lucro. Mensagens mostram o empresário André Mariano, apontado como chefe do esquema, dizendo ter “bons caminhos” dentro do MEC, para levar o projeto “para cima”, ou seja, ao governo federal. A PF acusa Mariano de subornar operadores políticos para abrir portas em ministérios.

O grupo já é acusado de vender livros e kits robóticos superfaturados para prefeituras, chegando a cobrar até 35 vezes o valor real dos produtos. Apenas com esse modelo, a empresa teria faturado R$ 111 milhões.

A investigação também mostra que, em 2023, integrantes do esquema se reuniram com o então ministro do Trabalho do governo Jair Bolsonaro, José Carlos Oliveira, para discutir contratos federais.

Foto: Divulgação/Polícia Federal

As defesas negam irregularidades. A de Kalil afirma que os serviços prestados são legais, enquanto a de Mariano diz que ele não lidera organização criminosa. O restante dos citados não foi localizado. O caso segue sob investigação, com novos desdobramentos esperados nas próximas semanas.

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Judiciário

Contrato milionário da mulher de Moraes com Banco Master explode para R$ 129 milhões

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes (STF), fechou um contrato de R$ 129 milhões com o Banco Master, segundo documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a operação que mirou o dono da instituição, Daniel Vorcaro.

A cifra seria paga ao longo de 36 meses a partir de 2024 — algo em torno de R$ 3,6 milhões por mês ao Barci de Moraes Advogados, que também emprega dois filhos do ministro.

A cópia digital do contrato estava no celular de Vorcaro, apreendido na Operação Compliance Zero. O acordo não tratava de uma causa específica, mas de uma “prestação de serviços jurídicos gerais”, conforme revelou a jornalista Malu Gaspar, de O Globo. Até agora, nem Moraes nem o escritório se manifestaram sobre o caso, que mantém o STF no centro do escrutínio público.

O contrato vem à tona após outra polêmica recente: a compra, à vista, de uma mansão de R$ 12 milhões no Lago Sul, área mais nobre de Brasília, revelada em setembro pelo Metrópoles. A sequência de episódios reacende debates sobre conflitos de interesse, transparência e o poder concentrado no entorno do ministro mais influente da Corte.

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