Saúde

A gente se sentia explorado, diz cubano que saiu do Mais Médicos e ficará no Brasil

Integrante do Mais Médicos por quase três anos, o médico cubano Adrian Estrada Barber disse à Folha que se sentia explorado pelo programa e acha que muitos colegas irão abandoná-lo para ficar no Brasil até o final do ano.

Barber lamentou o fim da parceria com Cuba, mas atribuiu a decisão a uma “estratégia política” do regime cubano, e não às exigências do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que pediu a realização de testes de capacidade, o envio do salário integral aos profissionais (hoje, eles recebem apenas parte do subsídio, que é retido por Cuba) e a possibilidade de que eles trouxessem suas famílias ao Brasil.

“Eu concordo totalmente [com as exigências]. A maioria se sentia explorada”, disse.

O profissional deixou o Mais Médicos em 2016, quando passou no Revalida (prova para validar o diploma no país) e começou a clinicar por conta própria. Por causa disso, foi qualificado como “desertor” e está proibido de voltar a Cuba por oito anos.

Barber se casou com uma brasileira, após uma longa espera judicial motivada por impedimentos em seu contrato de trabalho, como noticiado pela Folha. Hoje, ele tem um filho de dois anos, nascido no Brasil.

Folha – Quanto tempo o sr. ficou no Mais Médicos? Fiquei um pouco menos de três anos. Eu recebia R$ 2.976 por mês de Cuba, mais a ajuda do município [em Arapoti, interior do Paraná], de moradia e alimentação, de R$ 2.500. O resto do pagamento ia todo para o governo de Cuba. Era suficiente [para pagar as contas]. Era só a minha mulher e eu, não tínhamos criança, nada. Não dava para comprar um carro bom, uma casa, mas dava para as continhas, sim. Mas, para um padrão de um médico, no Brasil, está muito fora da realidade.

O sr. se sentia explorado? Explorado, acho que todo cubano se sente. Com certeza. A gente saiu de Cuba com o objetivo de economizar uma grana para continuar o estudo por lá, depois. Para a gente, era muito bom esse dinheiro, porque era muito mais do que conseguíamos ganhar em Cuba. E também ter outra experiência, sair, olhar a realidade do mundo. Mas quando a gente chega aqui e vê como funciona o mundo, aí, para mim, ficou decidido que não dava mais para voltar.

Eu acho que a maioria dos médicos se sente reprimida pelo sistema de Cuba. A gente não tem liberdade de fazer as coisas. Por exemplo, agora, eu não consigo entrar no meu país durante oito anos [por ter deixado o Mais Médicos]. Tive a minha liberdade completamente limitada.

Aqui no Brasil, ainda foi muito mais tranquilo do que na Venezuela [que também mantém um programa de intercâmbio com médicos de Cuba]. Eu não cheguei a ir para lá, mas tenho colegas que foram. Tinham que dar uma preliminar do que iriam fazer durante o dia, não podiam sair depois das 18h. Foi uma perseguição terrível.

Mas o sr. tinha alguma restrição em sua rotina no Brasil? Não, aqui não tinha regra. Mas, por exemplo, na hora do casamento, eu estava com medo. Segundo o contrato, eu tinha que pedir autorização ao governo cubano, tinha que falar que ia casar. Eu acho um absurdo isso. Não preciso falar com ninguém do governo. Eu sou livre para casar ou não.

Eu lembro que vocês fizeram uma reportagem. No dia 23, vocês foram a Arapoti. No dia 24, o coordenador do programa [que era cubano] me ligou. Queria saber o que estava acontecendo, por que eu estava dando entrevista. Me questionando. Aí eu falei para a minha esposa: vamos casar logo, porque eu não sei o que vai acontecer. Aí casamos dia 25, com medo de que me falassem para voltar para Cuba.

Por que o sr. decidiu deixar o Mais Médicos? Eu fiz o Revalida com o objetivo de ficar no Brasil, porque eu havia casado, minha esposa estava grávida. Tinha que fazer para ter uma estabilidade profissional e econômica no Brasil. Eu não sabia o que ia acontecer. E se me mandam embora para Cuba? Não tinha como. Eu não ia deixar minha família aqui.

Aí, fiz o Revalida. Passei [em 2016] no exame teórico, depois no prático e na prova de proficiência em português. Apresentei minha documentação na universidade e pronto, me deram o CRM [registro do Conselho Regional de Medicina].

Aí, pedi para me descredenciarem do programa. Mas [representantes de Brasil e Cuba] foram enrolando. Eu era livre, tinha permanência legal no país, tinha CRM. Mas me questionaram, falaram que eu não podia me desligar, que eu não estava indo mais. Eu realmente não estava, porque não queria mais estar no programa. Eu pedi para me liberarem, mas não queriam. Disseram que eu tinha um consultório particular. Pô, mas eu tenho CRM. Eu posso ter um consultório.

Como o sr. avalia o fim da parceria com Cuba? Eu acho que foi uma grande estratégia política. O governo do PT era afim ao governo de Cuba. Eram dois governos de esquerda. Para mim, eles disseram: ‘Fala para o governo de Cuba mandar todo mundo embora’. Para começar o governo do Bolsonaro de um jeito ruim.

Então, o sr. atribui a responsabilidade pelo rompimento do programa ao governo cubano, e não ao brasileiro?
Com certeza. Não foi o governo brasileiro que mandou os médicos embora. Ele colocou algumas exigências, mas não exigiu o fim. E o governo cubano decidiu mandar todo mundo embora. Porque vai perder. Não vão mais mandar grana para lá.

O sr. concorda com as exigências que o governo Bolsonaro fez? Lógico. Porque não tem por que duvidar da nossa capacidade. Por que não fazer o teste? Que faça, sim. O Mais Médicos está funcionando errado, atualmente. A prioridade [para contratação no programa] eram os médicos brasileiros. Depois, os brasileiros que não têm CRM. Uma terceira opção seriam os médicos estrangeiros. E, como última opção, os médicos conveniados pela OPAS, que são os cubanos. A gente acabou virando a prioridade, mas éramos a quarta escolha. Não está correto. Meu país também está precisando de médico. E por que mandou todo mundo para cá? É tirar a roupa de um santo e vestir em outro.

Foi uma opção política, com certeza. Eles achavam que iam mudar a ideia do povo brasileiro, para continuar com um governo de esquerda. Espalharam médicos cubanos por todo o país. Mas por quê? No Norte, Nordeste, onde ninguém queria trabalhar, beleza, eu acho ótimo. Que vão lá trabalhar. Mas, por exemplo, tem uma cidade bem próxima aqui, Ponta Grossa, que fica a 100 km de Curitiba. Por que Ponta Grossa tem que ter 60 médicos cubanos? A prefeitura fez um concurso público recentemente, e teve um monte de médico brasileiro que se alistou para fazer. Não tem médico interessado? Tem, sim. Mas o prefeito prefere pagar um valor muito baixo e justificar dizendo que não há médico brasileiro.

O sr. acha que os municípios se aproveitaram do programa? Tem muito município que se aproveitou, sim. Muitos tiraram o médico brasileiro do posto de saúde para colocar um cubano. Está errado. Em Wenceslau Braz [no interior do Paraná], tinha um dermatologista que trabalhava no posto e foi retirado para colocarem um médico cubano. Em Arapoti, conheci um médico que tinha CRM e queria entrar no programa, e não deixaram entrar, porque disseram que só tinha vaga para cubanos.

O Mais Médicos é um programa bom, porque prioriza as áreas carentes, dá atendimento à população. Mas não é tão bom para o médico. O objetivo final dele foi político. Para Cuba, era bom, porque recebia muito dinheiro do Brasil. E, para o governo brasileiro, era bom porque estavam fazendo a cabeça de todo mundo.

Mas e a população? Muitos municípios vão ficar sem médicos em função do fim da parceria com Cuba.
Tem município que vai ficar sem cobertura, sim, por um tempinho. Mas eu acredito que há médicos suficientes no Brasil para fazer essa cobertura. Você consegue estimular isso por meio de programas sociais. Por exemplo, há muito financiamento público de faculdade. “Olha, você vai ter dois anos para pagar isso, trabalhando lá no Xingu”, por exemplo. E se ele gosta do trabalho? E se ele casa por lá? Tem muita chance de que esse médico fique trabalhando por lá.

Bolsonaro chegou a dizer que os médicos cubanos desempenham um “trabalho análogo à escravidão”. O sr. concorda? Concordo plenamente. E não é só aqui no Brasil. Acontece no meu país, também. Em Cuba, um funcionário da rede de hotéis Meliá recebe US$ 2.000 por mês. Mas isso não chega na mão dele, não. Vai para o governo, que converte isso em pesos cubanos, e manda para o funcionário o equivalente a US$ 80 por mês. E fica com o resto. É um trabalho escravo. Está roubando dinheiro do funcionário.

Depois que o sr. deixou o Mais Médicos, como ficou sua situação? O governo cubano me qualifica agora como desertor. É um termo usado no Exército. As pessoas são condenadas por isso. É como se eu fosse propriedade do Estado. Mas eu não sou militar, eu sou médico. Eu não pertenço ao Estado. Eu sou meu.
Não posso voltar a Cuba durante oito anos.

Eles [o governo] queriam que eu voltasse para lá, para então me desligar do programa. Para mim, tinha uma chance bem alta de me deixarem lá. Já aconteceu com muitos colegas meus: ficaram cinco anos esperando para voltar para o país em que trabalhavam. Gente casada com um estrangeiro, com filho. Aí eu, com esposa grávida, vou voltar para Cuba, e arriscar ficar cinco anos longe? Jamais.

O sr. ainda tem família em Cuba? Sim, meus pais e irmão ainda estão em Cuba. Não sofreram represália. Eles podem vir me visitar, mas é toda uma burocracia, demora três meses para liberar, é caro. Só a documentação dá cerca de R$ 1.000. E a gente tem que pagar, porque o salário do meu pai é de cerca de R$ 15 por mês. Daí, imagina. Atualmente, eu ganho mais do que na época do Mais Médicos, mas trabalho mais, também. Faço plantão, trabalho em posto. Mas valeu a pena. Hoje, eu sustento minha família aqui e minha família em Cuba. São três famílias: a minha, a do meu pai e do meu irmão.

O que o sr. acha que vai acontecer com seus colegas cubanos agora? Acha que muitos irão desertar? Com certeza. Tomara que fiquem. Porque a probabilidade de um médico cubano passar no Revalida é muito alta. Eu escuto muito comentário, que tem cubano que não é médico, que vieram socorristas… Eu duvido muito. Todos são médicos, tenho certeza absoluta. E são competentes. Por exemplo, recentemente, houve outra prova do Revalida aqui no Paraná. 15% dos que passaram na prova teórica eram cubanos. Tem muitos que querem ficar, não querem ir embora. Vai ter muito cubano fazendo o Revalida. E passando.

Folha de São Paulo

 

Opinião dos leitores

  1. Trabalhando para os convênios no Brasil ela vai ver o que é bom para tosse (sem trocadilho)

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Política

PERSE: Câmara aprova projeto para setor de eventos com 30 atividades e impacto de R$ 15 bi; texto vai ao Senado

Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o projeto que restringe o alcance do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e prevê o fim do benefício até 2026. O texto vai ao Senado.

Foi firmado um acordo para manter no projeto a limitação do benefício fiscal a R$ 15 bilhões até 2026. Após acordo entre o Ministério da Fazenda e líderes parlamentares, o programa incluirá 30 setores. Além de eventos, bares, restaurantes e hotéis, a última versão do texto também incluiu o setor de apart hotéis.

A limitação do Perse faz parte da agenda de Fernando Haddad para aumentar a arrecação neste ano. O programa foi criado na pandemia de Covid-19 e a equipe econômica avalia que ele já teve um custo elevado, de aproximadamente R$ 17 bilhões em 2023.

A proposta aprovada na Câmara prevê a habilitação prévia pela Receita Federal das empresas aptas. Mas se a Receita não responder em 30 dias, a empresa fica automaticamente habilitada.

A relatora da proposta, Renata Abreu (Podemos- SP), havia retomado a isenção fiscal para 44 setores no último texto sugerido, contra 12 previstos no projeto original do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

A relatora da proposta explicou que a contagem dos R$ 15 bilhões de limite começa a partir de abril deste ano. Caso o programa alcance o limite antes de 2026, ele poderá ser paralisado, em até um mês, após audiência na Câmara dos Deputados. Isso foi uma demanda da Fazenda para criar um “gatilho” para garantir o fim do programa.

— Com a redução drástica de CNAEs, o programa atende o governo na limitação dos R$15 bilhões até 2026.

Os incentivos abrangem quatro impostos federais: IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. A isenção total permanece em 2024.

O benefício será aplicado para empresas de lucro real ou presumido. No entanto, a relatora determina que para as companhias de lucro real seja retomada a cobrança integral de IRPJ e CSLL em 2025 sobre o lucro. Para essas empresas, o incentivo fiscal que zera os impostos permaneceria apenas sobre cobranças de PIS e COFINS, até 2026.

Já para as empresas de lucro presumido, permanece a isenção total, sobre os quatro impostos, também até 2026.

— Quanto mais foco o projeto tiver, melhor. Não faz muito sentido abrir demais, porque os recursos estão limitados. A espinha dorsal do que foi debatido foi validado por duas dúzias de líderes, mantendo os R$ 15 bilhões e a habilitação (pela Receita) — disse, em conversa rápida com jornalistas em frente ao Ministério da Fazenda.

A proposta ainda prevê que a Receita Federal publicará, bimestralmente, relatório de acompanhamento do benefício contendo os valores do benefício fiscal.

O Globo

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Política

Descriminalização da maconha não pode ser feita por decisão judicial, diz Pacheco; STF analisa julgamento sobre o tema

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira (23) que a descriminalização de determinadas drogas, como a maconha, não pode ser estabelecida por meio de decisão judicial. O debate, segundo ele, deve ser feito no “âmbito da política”.

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Geral

Invasores do Siafi tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões só no Ministério da Gestão

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os criminosos que invadiram o sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na execução de pagamentos, tentaram movimentar ao menos R$ 9 milhões do Ministério da Gestão e Inovação.

Segundo as apurações preliminares, eles conseguiram desviar no mínimo R$ 3,5 milhões do órgão, dos quais R$ 2 milhões já foram recuperados.

A invasão ao Siafi foi relevada pela Folha. O Tesouro Nacional, órgão gestor do Siafi, implementou medidas adicionais de segurança para autenticar os usuários habilitados a operar o sistema e autorizar pagamentos.

Em nota, o órgão confirmou a “utilização indevida de credenciais obtidas de modo irregular” e disse que “as tentativas de realizar operações na plataforma foram identificadas”. O Tesouro afirmou ainda que as ações “não causaram prejuízos à integridade do sistema”.

Os investigadores conseguiram reaver os valores transferido para duas instituições, mas o maior volume, repassado para uma terceira instituição, não pôde ser recuperado porque o dinheiro já havia sido direcionado para outras contas.

Os valores em questão dizem respeito apenas ao que foi mapeado no âmbito do MGI. De acordo com investigadores da PF, os invasores conseguiram movimentar valores maiores que os R$ 3,5 milhões.

Ainda não há confirmação pública dos montantes envolvidos, nem quais órgãos foram alvo da ação criminosa. A Polícia Federal investiga o caso com apoio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Para conseguir fazer as transferências, os criminosos roubaram ao menos sete senhas de servidores que têm perfil de ordenadores de despesa —ou seja, têm permissão para emitir ordens bancárias em nome da União.

Houve tentativas de pagamento em pelo menos três órgãos: MGI, Câmara dos Deputados e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na Câmara, os criminosos não tiveram êxito porque uma série de barreiras de segurança impediu a conclusão das transações.

Segundo interlocutores que auxiliam nas investigações, gestores habilitados para fazer movimentações financeiras dentro do Siafi tiveram seus acessos por meio do gov.br utilizados por terceiros sem autorização.

As apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF e a senha do gov.br de gestores e ordenadores de despesas para operar a plataforma de pagamentos.

A Polícia Federal disse, em nota, que soube dos ataques em 5 de abril, quando começaram as apurações. As diligências são conduzidas em segredo de Justiça.

O Tesouro realizou uma reunião com diferentes agentes financeiros do governo no dia 12 de abril para comunicar a existência de um ataque ao Siafi e ao gov.br.

Segundo relatos, o órgão gestor do sistema teria informado que no fim de março, nas proximidades da Páscoa, os criminosos conseguiram se apropriar de um perfil com acesso privilegiado dentro do sistema e usaram isso para acessar ordens bancárias e alterar os ordenadores da despesa e os beneficiários dos valores.

O Tesouro chegou a suspender a emissão de ordens bancárias por meio do Pix (OB Pix), instrumento preferencial utilizado pelos invasores para desviar os recursos.

A suspeita é que os invasores coletaram os dados sem autorização via sistema de pesca de senhas (com uso de links maliciosos, por exemplo). Uma das hipóteses é que essa coleta se estendeu por meses até os suspeitos reunirem um volume considerável de senhas para levar a cabo o ataque.

Outros artifícios também podem ter sido empregados pelos invasores. A plataforma tem um mecanismo que permite desabilitar e recriar o acesso a partir do CPF do usuário, o que pode ter viabilizado o uso indevido do sistema.

Na prática, os invasores conseguiram alterar a senha de outros servidores, ampliando a escala da ação.

Dadas as características, interlocutores do governo afirmam que se trata de uma ação muito bem articulada, pois apenas alguns servidores têm nível de acesso elevado o suficiente para emitir ordens bancárias em nome da União. Isso indica uma atuação direcionada por parte dos invasores.

Além disso, técnicos observam que o Siafi é um sistema complexo, pouco intuitivo, e operá-lo requer conhecimento especializado sobre a plataforma. Alguns chegaram a mencionar que há fragilidades de segurança no sistema.

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai fazer uma fiscalização para verificar as providências adotadas pelo governo para solucionar o problema.

A corte de contas já vinha realizando uma auditoria no Tesouro Nacional com o objetivo de promover a melhoria na gestão de riscos de segurança da informação, por meio da avaliação dos controles administrativos e técnicos existentes na organização.

A auditoria, ainda em curso, está quase na metade dos trabalhos, mas a equipe apresentou no fim de março aos gestores do Tesouro Nacional um relatório parcial em que apontou evidências de vulnerabilidades.

Não há qualquer evidência de que essas vulnerabilidades identificadas e comunicadas ao Tesouro abriram caminho para a invasão ao Siafi ou de qualquer relação com o caso. O TCU ainda vai decidir se a fiscalização sobre o episódio se dará no âmbito deste mesmo processo, ou se ensejará a abertura de uma nova auditoria.

ENTENDA O CASO

O que é o Siafi?

O Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) é um sistema operacional desenvolvido pelo Tesouro Nacional em conjunto com o Serpro. Ele foi implementado em janeiro de 1987 e, desde então, é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil do governo federal.

É por meio dele que o governo realiza o empenho de despesas (a primeira fase do gasto, quando é feita a reserva para pagamento), bem como os pagamentos das dotações orçamentárias via emissão de ordens bancárias.

Quem usa o Siafi?

Gestores de órgãos administração pública direta, das autarquias, fundações e empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal ou no Orçamento da Seguridade Social da União.

O que está sob investigação?

Invasores utilizaram credenciais válidas de servidores e acessaram o Siafi utilizando o CPF e a senha desses gestores e ordenadores de despesas para operar a plataforma de pagamentos. A PF investiga o caso com apoio da Abin. O governo ainda apura a extensão dos impactos.

Folhapress

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Geral

Paralisação da Polícia Civil: Família não consegue registrar BO e corpo de idoso fica 24 horas ‘preso’ no Hospital Walfredo Gurgel

Foto: Francielly Medeiros/Inter TV Cabugi

Uma família não conseguiu liberar o corpo de um idoso do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, mesmo 24 horas após a morte dele. O motivo: não ter conseguido registrar um Boletim de Ocorrência (BO) devido à paralisação da Polícia Civil em todo o estado nesta terça-feira (23).

O boletim foi solicitado, segundo a família, porque Maxuel de Lima Cortez, de 63 anos, morreu após ser internado por conta de uma queda, que resultou na fratura do fêmur, o que torna o documento necessário para que seja autorizado exame e consequente laudo do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).

A família contou que o idoso morreu por volta das 19h30 de segunda-feira (22). Desde então, eles foram a quatro delegacias, sendo duas em Natal e duas em São José de Mipibu, na Região Metropolitana, mas não conseguiram registrar o caso.

Os policiais civis paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (23), e nenhuma delegacia do estado abriu para atendimento ao público tanto pela manhã quanto pela tarde. Os registros on-line também foram afetados, já que não havia policiais civis para homologação dos boletins.

A sobrinha de Maxuel, a recepcionista Ivanyelle de Lima, explicou que a família recebeu a recomendação do hospital de que era necessário o boletim de ocorrência para a liberação do corpo para o Itep. Eles receberam da unidade de saúde uma solicitação do exame cadavérico.

A família procurou na noite desta terça-feira (23) a Central de Flagrantes de Natal, que foi reaberta no turno da noite após passar o dia fechada por conta da mobilização dos policiais. Até a atualização mais recente desta matéria, a família aguardava para conseguir realizar o BO, e o corpo não havia sido liberado.

Maxuel fraturou o femur na quarta-feira passada, quando foi para a UPA de São José de Mipibu, cidade onde morava, e em seguida foi transferido para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

“A gente está passando por um momento de luto e ainda ter que, desde ontem [terça], correr atrás, pra ter uma resolução. É uma impotência. A gente vai para um lado e para o outro e não consegue resolver”, lamentou Ivanyelle.

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Judiciário

Mauro Cid pede liberdade provisória a Moraes após um mês preso e alega que não quebrou acordo de delação

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid pediu a revogação da prisão preventiva ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O oficial foi preso preventivamente por determinação do próprio magistrado há um mês, após aparecer em áudios criticando a forma como a sua delação premiada foi conduzida pela Polícia Federal.

Na ocasião, Moraes entendeu que Cid não preservou o sigilo da sua colaboração ao falar sobre o acordo com um interlocutor ainda não identificado e que os áudios causaram embaraço às investigações, o que caracterizaria crime de obstrução de Justiça.

A defesa informou que argumenta no pedido que não houve obstrução de Justiça nem quebra do acordo de colaboração. Os advogados afirmam ainda que a manutenção da prisão é desnecessária.

Em março, Cid foi intimado a ir ao STF prestar esclarecimentos sobre os áudios divulgados pela Revista Veja a um juiz do gabinete de Moraes. Ele acabou saindo de lá preso por descumprimento de medidas cautelares e obstrução.

Na audiência, Cid confirmou todo o teor da sua colaboração premiada, disse que não houve coação da parte da PF e que fez aquelas declarações como um “desabafo” e “uma forma de expressar”.

“Nunca houve induzimento às respostas. Nenhum membro da Polícia Federal o coagiu a fala algo que não teria acontecido”, disse Cid, segundo a transcrição da ata do depoimento.

O Globo

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Política

Governo libera R$ 2,7 bilhões em emendas para o Congresso às vésperas de votação sobre vetos de Lula

Foto: Sergio Lima/Poder 360

O governo acelerou a liberação de emendas ao Congresso nesta semana, às vésperas da sessão que analisará vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar disso, o ritmo dos repasses ainda gera críticas, especialmente na Câmara dos Deputados, onde o desgaste com o Palácio do Planalto tem sido maior. Por isso, mesmo líderes aliados a Lula reconhecem que há risco de o governo sofrer derrotas nas votações de vetos.

Uma delas poderá impor ao presidente um cronograma para liberação de emendas, o que reduz a margem para a articulação política do governo usar esses recursos como moeda de troca com parlamentares.

Nesta segunda-feira (22), foram liberados mais cerca de R$ 2,7 bilhões em emendas. Com isso, já foram autorizados R$ 5,5 bilhões a deputados e senadores neste ano.

“Há um objetivo claro do governo em acelerar a execução para a gente manter esse ritmo de retomada da economia e ritmo da execução dos programas”, disse nesta segunda-feira o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política e gestão das emendas.

Pelos números apresentados por ele, mais R$ 1 bilhão devem ser repassados nesta semana.

Recentemente, Padilha protagonizou um mal-estar público com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o chamou de “incompetente”.

Sessão nesta quarta

A liberação também acontece às vésperas de uma sessão do Congresso, em que deputados e senadores devem analisar os vetos presidenciais à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ao Orçamento de 2024.

A sessão está marcada para quarta-feira (24), mas aliados do governo tentam adiar a votação, que é prorrogada há semanas. O risco de derrota de Lula e a falta de acordo sobre os vetos é o principal motivo para eventual adiamento.

O Congresso aprovou, no fim do ano passado, dispositivos na LDO para que o Palácio do Planalto fosse obrigado a pagar, até fim de junho, uma parte das emendas na área de saúde e assistência social.

Lula vetou esses trechos, que davam segurança aos parlamentares de que esses recursos seriam liberados ainda no primeiro semestre – demanda que ganha um peso extra em ano eleitoral, quando o empenho das emendas só pode acontecer até o dia 30 de junho.

g1

Opinião dos leitores

  1. O orçamento secreto continua? Mas o asqueroso não era um crítico ferrenho? Ah mas, com amor pode tudo.

  2. Ou país bom da gota, essas práticas reiteradamente criticadas e criticadas, ainda acontecem nesse governo coberto de honestidade, vamos lá bando de petistas sem futuro, botem a boca no trombone seus lesados.

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Geral

Coordenador da bancada do RN, Robinson Faria, articula reunião com DNIT em busca de soluções para BR-304

O coordenador da bancada do Rio Grande do Norte, deputado federal Robinson Faria, se reuniu com parlamentares junto ao diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, para tratar da situação da BR-304. O encontro ocorreu nesta terça-feira (23), na sede do órgão, em Brasília.

A rodovia está interditada no município de Lajes, devido à queda da ponte provocada pelas fortes chuvas. A reunião contou com a participação da senadora Zenaide Maia, os deputados federais Benes Leocádio, Sargento Gonçalves, Fernando Mineiro e a deputada estadual Divaneide Basílio.

Robinson Faria destacou o empenho na busca de medidas que possam amenizar o problema. “A interdição devido ao desabamento tem provocado diversos prejuízos e nossa atuação enquanto coordenador da bancada é de articular junto aos parlamentares para que possamos nos unir em busca de uma solução”, disse.

O diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, acredita que em duas semanas a obra do desvio pode estar concluída, mas que isso vai depender das chuvas na região. “O DNIT está empenhado em resolver a situação da rodovia, depende agora das condições climáticas. Condições técnicas, orçamento, empresa, recurso, tudo já está encaminhado”, explicou.

Opinião dos leitores

  1. Cria-se dificuldades pra vender facilidades, magote de inúteis custam uma fabula pra desfilar de donos dos cargos, pagos com nosso suado dinheiro.

  2. Com Bolsonaro o batalhão de engenharia do Exército teria feito uma ponte nova em 15 dias. Com o molusco a ponte vai demorar 2 anos e vai custar 2,5 bilhões de reais.

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Brasil

Lula diz que não há crise na Petrobras e que desentendimentos “fazem parte do ser humano”

Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta terça-feira (23) que não há crise na Petrobras e que os desentendimentos relacionados à estatal “fazem parte do ser humano”.

Nas últimas semanas, a petroleira ficou no centro de uma disputa no governo, que envolvia a distribuição de dividendos extraordinários e colocou em lados opostos o presidente da empresa, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“Não tem crise na Petrobras, a crise da Petrobras é o fato de ela ser uma empresa muito grande”, declarou Lula, durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.

Ele disse que a capacidade de investimento da companhia é maior que a do próprio País. “É crise de crescimento, de descobrir novos poços de petróleo, de se transformar em uma empresa não só de petróleo e gás, mas de energia”, emendou.

Lula acrescentou que a Petrobras “está tranquila” e que não vê “problema” na empresa. “O fato de se ter um desentendimento, uma divergência faz parte do ser humano”, afirmou. “Nem sempre a boca fala somente as coisas que são boas.”

Na semana passada, o Conselho da Petrobras decidiu distribuir 50% dos dividendos extraordinários da empresa, como vinha sendo defendido por Prates. Silveira, por sua vez, não queria a destinação dos recursos aos acionistas e recebeu o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O titular da Fazenda, Fernando Haddad, contudo, ficou do lado de Prates porque a União é a maior acionista da petroleira e receberá recursos.

CNN Brasil

Opinião dos leitores

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Geral

VÍDEO: Minuto da Câmara Municipal de Natal – Comissão de Defesa do Consumidor

Minuto da Câmara de Natal no ar trazendo os assuntos mais importantes debatidos na última semana, na Casa.

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Brasil

CASO SIAFI: Governo Lula estima desvios de R$ 3,5 milhões e 200 tentativas de pagamentos ilegais

Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O governo federal estima que a invasão ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pode ter causado um prejuízo de cerca de R$ 3,5 milhões a partir de operações irregulares de pagamentos.

Opinião dos leitores

  1. Fiquem de olho na extrema direita e no elon musk..nada é por acaso, inclusive essa tara dele pelos assuntos do Brasil nos últimos dias

    1. Massa Xibiu de boi, a extrema direita do brasil e Elon Musk estão se reunindo numa sala embaixo da parede do gargalheiras, estavam só esperando o acude sangrar.

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