Um dia após acertar uma aliança com partidos do centrão, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, descartou a possibilidade de o acordo eleitoral incluir a revisão de pontos da reforma trabalhista. A posição levou o Solidariedade a ameaçar a sair do bloco e voltar a apoiar Ciro Gomes (PDT). Ligado às centrais sindicais, o Solidariedade quer a volta do imposto sindical.
Nesta sexta-feira, 20, porém, Alckmin foi categórico: “Não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhista. Não há plano de trazer de volta a contribuição sindical”, escreveu em uma rede social.
O centrão é formado também por DEM, PP, PR e PRB. Majoritariamente pró-Ciro Gomes, o Solidariedade queria que, no acordo com Alckmin, fosse discutida, com apoio das demais legendas, uma alternativa ao desconto obrigatório de um dia de trabalho dos empregados – extinto durante a reforma aprovada há pouco mais de um ano no Congresso.
O partido defende a chamada contribuição negociada, facultativa às convenções trabalhistas de categorias que aceitassem financiar os sindicatos.
A mensagem de Alckmin irritou a direção da Força Sindical, central que está na base da fundação do Solidariedade, do deputado Paulinho da Força (SP).
“Do jeito que ele (Alckmin) falou, ficou mal. Não vai colocar nada no lugar (do imposto sindical)? Conversamos com o Paulinho hoje para não fechar nada com ele por enquanto. Essa informação prejudica mais ainda. Parece que o homem não entende o que se quer discutir”, disse o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Isso é muito pouco. A questão para nós é o que ele vai fazer com a reforma da Previdência, com a reforma trabalhista. Não é só passar um mel na nossa boca.”
Os sindicalistas pressionaram Paulinho a manter conversas com outras siglas. Na quinta-feira, 19, na residência oficial da Câmara, ele chegara a dizer que “estava fora” do bloco se não fosse atendido. Paulinho telefonou nesta sexta-feira para líderes do PCdoB e do PSB para saber o rumo que tomariam – se marchariam ou não com Ciro. Ouviu de representantes da legenda comunista que a hipótese será discutida no fim de semana. “Existe chance ainda de ter uma frente com Ciro, PCdoB, PSB e PDT”, disse Juruna. Paulinho não respondeu à reportagem.
Em conversas reservadas, integrantes da cúpula do partido avaliam que Alckmin acabará sendo o candidato do presidente Michel Temer e, portanto, “difícil de carregar” na campanha. Para o Solidariedade, Temer esvaziou a candidatura de Henrique Meirelles (MDB) ao atuar pessoalmente para que o Centrão não apoiasse Ciro, jogando todos no “colo” de Alckmin.
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