Veja:
O apresentador filósofo, que já foi considerado um jornalista respeitável, está lá. As mesmas desculpas esfarrapadas dos participantes após suas escolhas para a eliminação, também. Até a divisão de castas, que separa jogadores dignos de viver na casa cheia de conforto ou na outra desprovida de recursos e comida farta, está presente nos dois programas.
É inevitável para os antenados em reality shows assistir A Fazenda e não enumerar as muitas semelhanças com o Big Brother Brasil, da TV Globo. Mas também é impossível não concluir que a atração da Record é uma cópia piorada da global. Não pela origem – ambos os programas têm a marca da Endemol, a exportadora holandesa de realities – e sim pelo acabamento. Pelos detalhes técnicos que, de insignificantes, não têm nada.
A edição, a captação de imagens e a trilha sonora estão entre os critérios que contam contra o reality show da Record e dão à Fazenda a aparência de um BBB de camelô. Entenda melhor:
Edição
A habilidade de edição da equipe de Boninho, diretor do reality show da Globo, é capaz de prender a atenção até mesmo de quem jura não assistir ao programa. Para isso, a emissora lança mão de técnicas que criam personagens e transformam as relações entre os confinados num verdadeiro enredo de novela, com doses certas de mistério e comédia. Esse é um dos segredos da atração para manter a audiência mesmo quando o conteúdo não parece tão eletrizante assim.
Captação de imagens
A escolha de fazer o programa ambientado numa fazenda já pressupõe um cenário de grandes dimensões. Tanto espaço pode ser ótimo para os animais e os confinados, mas deixa a desejar na nitidez das imagens%2
Trilha sonora
Diferentemente de A Fazenda, que chega a levar ao ar uma canção digna de motel, o BBB tem um som animado, que mantém em alta o pique do programa – e o interesse do espectador. Mais do que isso, a trilha sonora do Big Brother Brasil funciona como uma identidade musical do programa e de cada participante. A trilha é, portanto, também um recurso de edição
Apresentadores
Utilizar citações alheias no discurso de uma eliminação é uma fórmula criada por Pedro Bial para oferecer um pouco de filosofia de botequim aos amantes do reality show. Em A Fazenda, Britto Jr. segue a mesma toada e, em cada eliminação, tem seu discurso pseudoanalítico acompanhado por uma trilha sonora cheia de suspense. Mas Britto Jr. não tem o ritmo e o fôlego do colega global e, perto dele, parece um apresentador de bingo de paróquia.
Marasmo x emoção
Cuidar de animais exóticos, como lhamas e avestruzes, rende de fato situações engraçadas, mas o marasmo do campo arrefece o espírito competitivo dos participantes. A escassez de provas realmente eletrizantes deixa um clima de marasmo em A Fazenda. A atração acaba contando apenas com as brigas entre os confinados para ter algum movimento.
Máscara pronta
A estratégia de investir em subcelebridades resulta num elenco de participantes que, além de dotados de egos inflados, chegam prontos ao programa, vestidos com os personagens que construíram ao longo de sua trajetória artística. Conhecidas do público, essas figuras geralmente se esforçam em apenas corroborar uma imagem já pré-estabelecida, deixando pouco espaço para reações inusitadas. Seus egos inchados, por outro lado, chegam a incomodar e a fazer os BBBs parecerem pessoas tímidas, serenas e equilibradas.
Atrações à parte
À parte o reality show em si, o Big Brother Brasil conta com shows e convidados capazes de animar o programa e torná-lo mais interessante. A Fazenda não faz o mesmo uso desse expediente, e perde em conteúdo, em burburinho e em repercussão.
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