Ficou hospedado em um hotel nos últimos tempos? Uma mensagem que está se espalhando em grupos no Whatsapp, e é creditada a Polícia Federal, alerta que dados importantes do hóspede – como nome completo, documentos, endereço e até o número do cartão de crédito – ficariam todos gravados no cartão que funciona como chave de acesso ao quarto.
Essas informações, supostamente, poderiam ser acessadas e utilizadas com a ajuda de um scanner magnético por pessoas mal intencionadas para fazer compras online, por exemplo. Assim, o tal alerta pede para quem está lendo nunca devolva seus cartões no check out, descartando ele completamente após deixar o hotel. Mas será que a informação é real?
De acordo com todas as empresas de tecnologia procuradas pela reportagem do UOL, esse tipo de fraude não é possível. Antonio Carlos Soares da Silva, gerente de vendas e serviços da Onity, garante que quem atua nesse mercado trabalha com regras duras de segurança, além de certificações que protegem tanto os hotéis quanto os clientes do problema.
Como funciona o sistema
Jessé Resende, diretor da Saga Systems Brasil, explica que os cartões magnéticos utilizados nas fechaduras eletrônicas são exatamente iguais aos que ganhamos dos bancos. A única diferença é a maneira de utilização. Basicamente, as tarjas magnéticas que constam nesses cartões possuem três trilhas. Nelas, são gravadas algumas poucas informações, pois nem existe memória para incluir tantos dados.
Os hotéis costumam preencher apenas a terceira trilha, de forma criptografada, justamente para dificultar caso algum hacker queira prejudicar o estabelecimento.E, nesse cartão, não consta nenhum dado financeiro. “O que geralmente se coloca é a data de entrada do hóspede, data de saída, número do apartamento, do hotel, e código de proteção do sistema”, ressalta.
Dados seguros
De acordo com Tiago Gurgel, diretor administrativo da Let’scom, hoje em dia realmente existe um leitor e gravador de tarjas magnética disponível no mercado, que pode facilmente ler e gravar todas as informações contidas no cartão magnético. “No entanto, a quantidade de caracteres que podem ser escritos em cada trilha é muito pequena e os hotéis acabam gravando apenas um código em um desses espaços”, explica.
Esse combinação serve apenas para diferenciar um cartão de outro, ou para indicar no sistema que o hóspede de nº XXX tentou acessar a porta de nº YYY. “Se ele tiver os privilégios para fazer isso, a porta vai se abrir, a catraca vai girar, os créditos serão abatidos (caso o estabelecimento trabalhe com o sistema em seu bar ou restaurante), etc”, destaca.
Ele explica que quem comanda tudo isso é um sistema de banco de dados, armazenado em um servidor do hotel, onde constam informações de todos os clientes dali. E esse sistema é alimentado pelo funcionário que faz o cadastro. Resumindo: é como se esse cartão tivesse um número escrito nele e todas às vezes que você for entrar em uma porta, você tivesse que digitar esse código. Para maior comodidade, o leitor magnético faz essa função.
“A maior preocupação é em relação aos dados gravados no banco de dados do hotel. Esses sim possuem informações dos clientes e podem ser utilizadas por pessoas com má intenção, mas o cartão não”, diz.
Em nota oficial, a própria Polícia Federal nega a veracidade da informação, ressaltando que não envia mensagens fora dos seus canais oficiais de comunicação. “A função primordial da PF é apurar crimes cometidos contra bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas de públicas (tais como o INSS, CEF e Correios)”.
UOL
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