Levantamento feito pela Folha mostra que, após a divulgação da nova versão da reforma da Previdência, ao menos 22 dos integrantes da comissão especial que analisa o texto devem ser favoráveis à proposta. Alguns querem mais mudanças no texto.
O órgão é formado por 49 deputados. O presidente, Marcelo Ramos (PL-AM), tem o direito de escolher se vota ou não no colegiado.
Na enquete, 11 estão contra o projeto e quatro estão indecisos. Outros 11 não responderam ou não foram localizados.
O resultado indica que o governo está próximo de mais uma vitória na tramitação de seu principal projeto. Para passar no colegiado, é necessária a maioria simples (metade dos presentes mais um).
Se todos os integrantes comparecerem, seriam precisos 25 apoios.
Apresentado nesta quinta-feira (13), o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) retirou pontos polêmicos.
O texto lido pelo relator tirou a capitalização do projeto, o que levou a críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta sexta-feira (14). Segundo ele, os deputados podem abortar essa nova Previdência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu no mesmo dia e disse que o ministro era injusto e o governo, uma “usina de crises”.
Na comissão especial, parte do grupo favorável à aprovação —14 deputados— do texto quer mais mudanças, mas sem interferir substancialmente no conteúdo já apresentado.
Entre elas, estão o alívio nas regras para policiais e a reinclusão de estados e municípios na reforma.
Ainda não há data marcada para a análise do relatório.
Do mesmo partido do relator, o deputado Beto Pereira (MS) disse que o novo formato da reforma teve avanços ao retirar o endurecimento de regras de aposentadoria rural e aliviar a idade mínima para professoras.
Ele, porém, ainda sustenta que policiais do sexo feminino têm de se aposentar antes dos 55 anos. Essa é a idade proposta para homens e mulheres da Polícia Federal e agentes penitenciários.
Ao menos sete membros da comissão especial informaram que querem reincluir estados e municípios na reforma. Por pressão de partidos independentes ao governo, o relator poupou servidores estaduais e municipais das novas regras de aposentadorias.
Mas deputados, principalmente do Sul e Sudeste, defendem que o Congresso também aprove medidas de ajuste fiscal para estados e municípios, o que significa mudança em relação ao parecer de Moreira.
“Essa questão é muito importante. Sem reforma para estados e municípios, a economia não vai reagir como se espera”, afirmou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
O deputado Marcelo Moraes (PTB-RS) afirma que seu partido entendeu que o documento retirou pontos mais polêmicos. “Isso tudo estando contemplado no relatório, acho difícil o PTB votar contra.”
Alinhado com Guedes, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) deve apresentar sugestões para que a reforma seja mais dura do que o proposto pelo relator.
Segundo ele, ela ficou “aquém do que a gente esperava”. “Foi uma reforma grande, mas que não satisfaz. O Paulo [Guedes] colocou que deveria ser R$ 1,2 trilhão e sangraram muito.”
Outros partidos que são favoráveis à reforma também querem alterações.
Folhapress
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