POR JOSIAS DE SOUZA
Tomada pela mais recente pesquisa do Datafolha, Dilma Rousseff converteu-se numa presidente hemorrágica. A maioria dos brasileiros acha que ela sabia da corrupção na Petrobras (77%) e permitiu que a roubalheira corresse solta (52%). Metade do país a enxerga como falsa (54%), indecisa (50%) e até desonesta (47%).
Faltam três anos e 326 dias para o término da atual administração. Em tese, Dilma dispõe de tempo para recuperar-se. Mas precisa admitir a sangria o quanto antes. Do contrário, as horas mais preciosas do seu mandato serão as mais rápidas.
Ao discursar na festa dos 35 anos do PT, Dilma disse coisas assim: “Nunca antes na história do nosso país ninguém combateu com tamanha firmeza e obstinação a corrupção e a impunidade como nós.” Quer dizer: continua tentando fazer a plateia de idiota. A diferença é que já não encontra material. Devagarinho, mesmo as almas mais ingênuas vão se dando conta de que os corruptos da Petrobras não desceram de Marte.
As expectativas em relação à economia são nefastas. A grossa maioria crê em alta da inflação (81%) e do desemprego (60%). De cada dez brasileiros, seis avaliam que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral. Dos 60% que a consideram mentirosa, 46% acham que ela disse mais mentiras do que verdades. Para 14% ela só pronunciou lorotas. Contra esse pano de fundo, é natural que o alarme da impopularidade toque um mês e meio depois da posse.
Desde dezembro, a taxa de aprovação de Dilma despencou de 42% para 23%. Está abaixo dos 30% amealhados por ela em junho de 2013, mês em que as ruas roncaram. A taxa de rejeição saltou de 24% para 44%. Coisa jamais vista, conforme demonstrado pelo repórter Fernando Rodrigues.
No gogó, Dilma continua sendo a gerente mais maravilhosa que Dilma já viu. Mas daquela candidata que o marqueteiro João Santana levou à vitrine sobrou pouco. E os esqueletos que muitos ignoravam saíram do porão. Dilma mudou muito. E não deixou o endereço.
Do ponto de vista econômico, a aura de Dilma tem novo dono: Joaquim Levy. Do ponto de vista político, madame é refém de Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Do punhal de Levy, a nação ainda não viu nem a ponta. Dos planos do PMDB, o país ignora tramas que nem te digo e armadilhas que vou te contar!
Na celebração do aniversário do PT, Lula comparou a um câncer o ajuste que Dilma dizia aos eleitores que não faria. “Eu aprendi essa lição. Não tem nada pior do que fazer a quimioterapia que eu fiz. Depois, não teve nada mais desagradável do que 33 sessões de radioterapia na minha garganta. E eu tomava. Era disciplinado. E fazia porque era necessário para eu poder estar aqui, bonitão, falando com vocês.”
Lula prosseguiu: “A companheira Dilma teve que tomar algumas medidas que eram necessárias. […] Nem sempre é aquilo que vocês querem. Mas vocês têm que pensar que, de vez em quando, a gente tem que parar, tomar fôlego e seguir a caminhada.” Voltando-se para Dilma, exortou: “Faça o que tiver que fazer, porque um erro desastroso nosso quem vai sofrer é o povo humilde desse país.”
O patrono de Dilma fez uma analogia entre 2015 e 2003: “Houve medidas duras para corrigir os muitos problemas que herdamos. E você estava conosco, já em 2003, tomando essas medidas duras.” A diferença é que, nessa época, Lula atribuía o purgante à “herança maldita” deixada por FHC. Hoje, Dilma administra uma ruína 100% petista. Fica evidente que a história de sua última campanha é uma fábula, só que muito mais mentirosa.
Devagarinho, mesmo as almas mais ingênuas vão se dando conta de que os corruptos da Petrobras não desceram de Marte. Mas também percebem que a mesma vem de muito tempo antes do PT chegar ao governo e tem irrigado campanhas de políticos de todas as legendas. Favorecendo mais as que estão no poder, isso é óbvio. Quando o PSDB estava no Governo era eles e seus aliados. Quando o PT chegou ao governo, ele e seus aliados, principalmente o PMDB, se beneficiaram mais. ´É só ver os rastros, todos os rastros, dos desvios, propinas e esquemas. Depois, fica claro que o sistema de financiamento privado de campanha só pode levar a isso mesmo: as empresas privadas, que não são nenhumas anjinhas no processo de corrupção, vão continuar fazendo doações generosas para as campanhas de Prefeitos, Governadores e Presidentes, em troca de obras conseguidas com fraudes em licitações (cartéis, combinações de resultados, superfaturamentos, etc).
O povo engano-se porque quis, falta de aviso não foi.