O deputado federal eleito General Girão (PSL) está confiante nas perspectivas do governo Jair Bolsonaro. As declarações do presidente, que exigiram correções de auxiliares, não desanimam o deputado eleito. Ele considera positivo que o governo federal tenha a capacidade de se corrigir nos casos em que houver equívocos ou precipitações.
“É muito bom quando ter alguém que fala alguma coisa que não é correta e depois há correção. Isso pode acontecer outras vezes e tenho certeza absoluta de que [o presidente] vai ter humildade”, afirma.
Nesta entrevista, o general Girão defende que se adote medidas para tornar a legislação penal mais rigorosa. Ele também é favorável à flexibiliação da posse de armas. “Esses direitos à propriedade e à vida têm de ser assegurados. O bandido precisa saber que, se entrar em uma residência, vai ter uma pessoa na casa que pode se defender.”, destaca.
General Girão evita fazer críticas mais acirradas à governadora Fátima Bezerra neste inicio de gestão, mas aponta que ela não procurou até agora o presidente Jair Bolsonaro para tratar da crise financeira do Estado.
Como avalia esse início do governo Jair Bolsonaro?
Eu escolhi, na minha estratégia de trabalho parlamentar, estar em Brasília no fim de 2018 e início deste ano para posse do presidente Jair Bolsonaro. Entre novembro e dezembro, eu vim quatro vezes a Brasília, sempre custeando as minhas passagens, porque achava importante fazermos o acompanhamento da equipe de transição em função do que o Rio Grande do Norte precisa. Nós ficamos esquecidos nesses últimos anos de governos… A sociedade potiguar disse que as obras que vieram são dispensáveis. Teve aeroporto [de São Gonçalo], mas havia o de Parnamirim que era sensacional. A Arena das Dunas foi algo dispensável, porque a gente tinha um estádio no local. Não precisava fazer outro só por um capricho da Fifa. Outras obras mais importantes ficaram para trás, como a Barragem de Oiticica e a transposição do São Francisco, uma solução definitiva para o problema do abastecimento de água. Também não tivemos uma mudança na maneira de fazer o embarque de sal no terminal marítimo de Areia Branca, que foi interditado duas vezes nos últimos dois meses por problemas ambientais e de segurança do trabalho. Então, ações mais estruturantes foram deixadas para trás. As estradas estaduais e federais ficaram entregues à própria sorte, enquanto a Paraíba teve vários trechos duplicados e o Ceará nem se fala. Principalmente, aquelas do litoral cearenses, que estão adequadas e bem sinalizadas. Enfim, estou há três semanas em Brasília para ver o início dos trabalhos e acompanhar também as posses em órgãos do governo, conversando com as pessoas que estão assumindo esses cargos de segundo e terceiro escalões para ver a correspondência que teremos no Rio Grande do Norte. Mas, vejam bem, não estou querendo indicar cargo nenhum. Estou querendo que o RN seja beneficiado com ações e atitudes de governo federal, porque o Estado não pode continuar sendo esquecido. E o próprio presidente Jair Bolsonaro já disse que o Nordeste terá prioridade das ações no governo dele. O que a gente está vendo, neste início… Infelizmente ainda tem muita gente querendo bater no governo e, a cada atitude ou uma declaração infeliz de uma ministra ou do próprio presidente, as pessoas já querem criticar. Não sou fanático por nenhum tipo de gestor. Vou fazer um trabalho parlamentar em beneficio do Rio Grande do Norte e do Brasil e, para isso, eu recebi 81.640 votos. Então, nosso trabalho parlamentar vai neste sentido.
Considera que o governo está em um rumo que pode indicar uma retomada do desenvolvimento do país?
Não tenho dúvida, porque as pessoas que estão entrando, reagem à corrupção e à toda essa bandalheira que foi implantada no país. Pequenas correções poderão ser necessárias. Se precisarem acontecer pela ação do General Girão, vão acontecer.
Mas declarações que o presidente deu, em entrevista ao SBT, chegaram a ser corrigidas por ministros…
É muito bom quando tem alguém que fala alguma coisa que não é correta e depois há correção. Isso pode acontecer outras vezes e tenho certeza absoluta de que [o presidente] vai ter humildade.
Então, o senhor avalia que rever algumas colocações pode ser até positivo se mostrar a capacidade de se corrigir?
Com certeza, porque os últimos presidentes da República que nós tivemos falavam besteira, tanto que a palavra “presidenta” foi incorporada ao dicionário. A gente não tem de ter folclore com a figura do presidente e nem com as autoridades do governo. Essas autoridades não podem cair no folclore. Elas têm que ser respeitadas e, claro, se tivermos de fazer alguma crítica, esse é é o papel de cada um de nós. Eu tenho responsabilidade absoluta e tranquila de fazer uma critica independente de ter origem militar. Não vou fazer nenhum tipo de proteção a atitudes que sejam erradas.
A reforma previdenciária deve seguir em qual rumo?
Assim como a reforma trabalhista, a reforma da Previdência precisa acontecer. É urgente para corrigir distorções, até para voltar a dar tranquilidade à classe dos aposentados. Qual foi a primeira coisa que o governo do Estado fez, quando teve de decidir sobre o pagamento de salários dos servidores? Deixou os proventos dos aposentados atrasados ainda mais ainda. Quem trabalhou uma vida inteira, como trabalhei 42 anos, depois que termina a atividade laboral precisa ter uma aposentadoria digna. Mas, hoje, os aposentados no Brasil são totalmente desprezados. Algumas aposentadorias são complexas. A decisão de garantir uma aposentadoria quando nunca se contribuiu para nada e acaba recebendo o benefício… Isso fica nos ombros de alguém, que pode ser prejudicado. Tudo isso tem que ser revisto. Agora qual é a reforma prioritária, no Brasil, hoje? Nós aceitamos que essa classe votasse uma reforma política que foi uma “meia-sola”, que só levou, para eles, mais dinheiro. Foi uma reforma política que, infelizmente, atendeu conchavos de alguns e, com isso, ficamos nessa situação, um absurdo de dinheiro para um fundo partidário e para uma eleição. Gastei na minha campanha R$ 28.500,00 e ainda devolvi R$ 1.900,00. Mas há políticos que gastaram R$ 1 milhão e meio para se reeleger, com dinheiro do contribuinte. A reforma trabalhista precisa ser complementada e a eleitoral também.
Tribuna do Norte
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