Judiciário

Em entrevista exclusiva, Marcius Melhem diz que Calabresa ‘mente e age por vingança’

Foto: Reprodução / Globo

Demitido e “cancelado” nacionalmente após denúncias de assédio sexual e moral, o ator, redator e ex-diretor da Globo Marcius Melhem diz que atravessa um “pesadelo do qual não sabe se e quando vai acordar”. Afirma que sua mãe, a ex-mulher e até suas filhas sofreram e ainda sofrem com ataques de terceiros.

O assunto voltou à tona nesta semana, depois que a atriz Dani Calabresa, uma das mulheres que denunciaram Melhem ao “compliance” da emissora, falou sobre o caso no programa “Saia Justa”, do GNT —sem citá-lo nominalmente.

“Hoje, analisando, por causa do trabalho eu não reagi antes. Tinha tanto medo de sofrer algum boicote, ser prejudicada, que não reagi antes. Assédio é tão assustador que a gente tenta negar para a gente mesma. Tenta fingir que aquilo que está acontecendo é normal. Você segue do jeito que consegue, fingindo normalidade, tentando ser legal, dizendo que tá tudo bem, que não está brava.”

Melhem continua negando as acusações e afirma que a atriz “mentiu e agiu por vingança”. Segundo ele, a vingança teria a ver com o fato de ela ter tido um projeto recusado pela direção do humorismo da Globo.

Procurada, Dani Calabresa não quis comentar as alegações do ex-diretor. A TV Globo também afirmou que não se manifestaria.

Denúncia de 2019

O “compliance” é um departamento que está surgindo em quase todas as empresas do Brasil e do mundo na esteira de investigações de corrupção e de casos de assédio moral e sexual.

A denúncia de Calabresa foi feita em 2019, mas voltou a virar notícia no final do ano passado, após reportagem da revista “piauí”.

Depois de meses sendo ameaçado de violência física nas redes sociais e pessoalmente, Melhem afirma que o que mais o revolta nem é isso: são as ameaças e as perseguições à sua família.

Ele teme a “cultura do cancelamento e do ódio” e até cita o “Big Brother” como um exemplo nocivo de uma era de perversidade e justiçamento —e por pessoas que, na maioria das vezes, não conhecem o caso a fundo.

O humorista decidiu processar Dani Calabresa por difamação, injúria, calúnia e está exigindo indenização de R$ 200 mil, além de compensação financeira por tudo o que gastou nos últimos meses, em médicos e terapia.

Também está processando outros humoristas, como Danilo Gentili, de quem afirma ter sofrido ofensas públicas. Gentili nega e diz que estava fazendo piada do caso.

Por fim, abriu processo em separado contra a revista “piauí”, que acusa de erros factuais e de ter feito uma reportagem “grave” toda em “off” (sem identificar as pessoas ouvidas). Procurada, a “piauí” disse que não manifestaria.

Projeto recusado

Sobre Calabresa, o ex-chefe de humorismo da Globo é assertivo: nega todas as acusações e afirma que a atriz tinha outras motivações. “Ela mentiu e agiu por vingança”, afirma. Vingança, segundo ele, porque teve um projeto recusado na Globo.

O humorista afirma que, justamente quando começou a exibir publicamente provas de que o relacionamento entre ambos era amistoso e carinhoso —inclusive entre 2017 e 2019, quando a atriz afirma que sofreu os assédios—, ela e sua advogada correram à Justiça para calá-lo e exigir sigilo nas investigações.

“Quer me calar porque tenho provas [de que ela mente].”

Melhem apresentou à Justiça mensagens de celular que teria trocado com Dani Calabresa, comprovando que a relação entre ambos era boa.

No programa “Saia Justa”, a atriz afirmou: “Nada autoriza assédio. Nenhuma brincadeira, nenhuma mensagem autoriza assédio. Naquele dia foi carinhosa, riu, bebeu, não interessa. Ninguém tem o direito de forçar o contato físico com ninguém. É preciso permissão”.

Ameaçado e isolado

Melhem diz que não sai de casa há meses, e não por causa da pandemia. Ele afirma ter medo de violência, devido à repercussão do caso.

No entanto, diz que no meio de todo esse “inferno” que atravessa, ao menos algo de bom aconteceu: colegas da Globo que o acusaram e fizeram postagens agressivas agora o procuram e pedem desculpas.

Alguns, no entanto, não tentam reaproximação. “Tem gente que agora não pode mais voltar atrás. Como fica para elas entender que tudo não passou de vingança [de Calabresa?”

Segundo a colunista Mônica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, outras oito mulheres fizeram denúncias contra o humorista, mas até o momento nenhuma delas falou publicamente sobre o caso. Elas deram depoimento à ouvidoria do Conselho Nacional do Ministério Público.

Leia, abaixo, trechos da entrevista com Marcius Melhem.

UOL – Passados cerca de quatro meses do agravamento do caso, como você está? Você disse que chegou a ser ameaçado… Já sai em locais públicos?

Marcius Melhem – Não saio. E não só eu. Acusações sem rosto e sem provas, vingança, linchamento público destroem emocionalmente você e sua família.

Além dos meus pais, irmãos, ex-mulher, tenho filhas pré-adolescentes já profundamente marcadas por essa covardia. Com reflexos na escola, por exemplo, que as pessoas sequer imaginam quando te pré-julgam e destroem publicamente.

Acho que o “BBB 21” escancarou mais as consequências dessa cultura do ódio e do cancelamento. Eu falo desde sempre que buscar apenas o cancelamento de alguém, sem ir à Justiça, sem dar a alguém o direito à defesa e à mudança, é a barbárie. Quero acreditar que as pessoas estão vendo isso melhor hoje.

UOL – Você me disse em entrevista em dezembro que as pessoas o linchavam sem nem considerar a dúvida. Você acha que hoje isso mudou? Que já existe essa dúvida?

Melhem – Acho que informações novas mudaram a percepção de muita gente. Mas, depois, muita coisa entrou em sigilo, fica mais forte na lembrança aquela avalanche inicial. A opinião pública ainda não sabe de tudo.

Na entrevista de Dani Calabresa ao “Saia Justa” (GNT), ela diz que, por causa do medo de boicote no trabalho, não reagiu à época do suposto assédio e fingiu normalidade até a hora em que não deu mais e denunciou. Infelizmente, mulheres sofrem isso todos os dias. E ela construiu um discurso para se encaixar nesse lugar.

Mas, no caso dela, é mentira. Dani e eu tivemos uma relação pessoal e profissional absolutamente saudável até 2019. Ela não era nem de longe alguém disfarçando ou tentando parecer normal.

Ela quer fazer crer que você mostra nudes a seu chefe para disfarçar, sem ele nem pedir; que, para fingir normalidade uma semana depois de um suposto assédio, responde em privado a um parabéns enviado no grupo, convidando seu chefe para ir à Disney e agradecendo por tudo que ele é de bom na sua vida; que, para não sofrer boicote, liga para falar da sua vida ou mal de algum colega.

E ainda quer fazer crer que talvez seja coincidência ela “arrebentar a tampa desse caldeirão” [frase que Calabresa usou na entrevista ao GNT] e começar a acusar um colega de um assédio de dois anos atrás no exato momento em que tem uma desavença profissional com ele.

Dani Calabresa vai distorcendo a realidade, tentando se encaixar num perfil que a sociedade compre e que, infelizmente, acontece todos os dias. E, como mulher, sua palavra tem muito valor.

Eu, como homem, estou a priori errado e condenado. Mas peço o benefício da dúvida e atenção aos atos e à cronologia dos fatos.

Então, quando eu a processo e começo a mostrar provas, ela corre e pede à Justiça para me calar [foi pedido que o processo seguisse em segredo de Justiça]. E depois tenta convencer as pessoas de que ela que buscou a Justiça primeiro. Ela vai moldando o discurso às circunstâncias para receber apoio e aplauso.

UOL – Sei que o caso está agora sob sigilo. Você acha que o desfecho ainda está distante?

Melhem – Não sei. Isso só os advogados saberiam dizer. O que eu posso garantir é que, dure o tempo que durar, tanto para a Justiça quanto para a sociedade, é preciso esclarecimento. Que todos os lados sejam olhados com isenção.

UOL – O humorista Danilo Gentili afirmou que você quer “intimidar” testemunhas e pessoas como ele… Que ele só fez piada do caso. Você está notificando judicialmente algumas pessoas, mas não vi você notificar jornalistas. E nós também criticamos você.

Melhem – Eu não processo quem me critica ou quem faz piada. Eu processei quem me ofendeu com grande repercussão. São quatro processos apenas. E muito mais gente falou de mim.

Milhões de pessoas foram induzidas a me achar um abusador, um assediador, sem saber que nem processo na Justiça há contra mim. Sem saber que ninguém me acusou publicamente de algum ato criminoso. Sem saber que só houve ida à Justiça porque eu fui primeiro.

A crítica é livre. A ofensa, não. Só processei quem me caluniou. A crítica faz parte. Mesmo as de que eu discordo. Mas não é verdade que não busco justiça contra a imprensa. Aquela matéria absurda e mentirosa da revista “piauí” é alvo de processo, sim.

Lá nós listamos os 43 erros da reportagem. Quem tiver interesse, vale procurar na internet. Isso é muito grave! Destruiu minha dignidade. Até hoje falam dessa reportagem. Toda feita em “off”, com erros absurdos.

Então, comecei a mostrar algumas evidências. E a opinião pública foi começando a entender. Para mim pode abrir tudo. Mostrar tudo. Qualquer mensagem, áudio, tudo. Não tenho nada a esconder.

UOL – Que conselho você daria para uma pessoa que sofresse hoje uma acusação igual à que você está enfrentando?

Melhem – Que busque a Justiça, esclarecimento, verdade. Sem deixar de olhar para si e para os seus erros.

Eu fui condenado por muita gente numa onda, sem precisar de prova nenhuma, de rosto nenhum. Depois, do pouco que veio à tona, já recebi muitas ligações de pessoas querendo entender melhor.
É pedir muito o benefício da dúvida? Essa história é muito mais intrincada do que parece.

Vou assumir todos os meus erros. Mas, preciso mostrar que pessoas estão usando uma causa importantíssima para conseguir ganhos secundários. É fundamental que tudo seja esclarecido. Na Justiça e fora dela. As motivações, os personagens centrais ainda vão aparecer.

UOL – Última pergunta: você acha que dinheiro, que indenizações podem resolver toda essa questão de alguma forma?

Melhem – Claro que não. Por isso que, desde o início, eu já avisei que vou doar as indenizações. Não tem dinheiro que pague o que eu e minha família estamos sofrendo.

Quando tudo isso passar, minhas filhas têm que poder encontrar informações sobre o que realmente aconteceu. Eu preciso mostrar que o pai delas errou, mas que nunca na vida cometeu qualquer ato de violência nem crimes.

Quero aproveitar para agradecer às dezenas de pessoas que todos os dias me ligam, me escrevem, me dão uma palavra de conforto, mas que não podem aparecer com medo de serem canceladas. E [agradeço] ao público em geral, em cuja inteligência sempre confiei, e de quem também recebo muitas e muitas mensagens.

Ricardo Feltrin – UOL

Opinião dos leitores

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Geral

PESQUISA PODERDATA: Para 39%, governo Lula é pior que o de Bolsonaro; 38% preferem gestão do petista

Foto: AFP

Pesquisa PoderData, divulgada neste domingo (21) pelo site Poder 360, mostra que 39% dos brasileiros consideram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pior que o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Outros 38% avaliam a gestão de Lula como melhor, enquanto 22% dizem que os dois governos são iguais. 1% não soube responder.

Em relação ao levantamento anterior, realizado em setembro, o percentual que vê o governo Lula como pior subiu 1 ponto percentual, enquanto a parcela que considera a atual gestão melhor que a anterior permaneceu estável.

A pesquisa ouviu 2.500 pessoas em todo o país entre os dias 13 e 15 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

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Geral

Prêmio acumula e Mega da Virada pode pagar R$ 1 bilhão

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O prêmio da Mega da Virada pode chegar a R$ 1 bilhão, o maior da história das loterias brasileiras. O valor acumulou após o último concurso regular do ano, sorteado neste sábado (20), não ter ganhadores na faixa principal.

A partir de agora, todas as apostas da Mega-Sena valem automaticamente para o sorteio especial, marcado para 31 de dezembro, às 21h, com apostas abertas até 20h30. Os jogos podem ser feitos em lotéricas, no site ou no aplicativo das Loterias Caixa.

Como será dividido o prêmio da Mega da Virada 2025, que não acumula

  • 90% são distribuídos entre os acertadores dos 6 números sorteados (Sena);
  • 5% entre os acertadores de 5 números (Quina);
  • 5% entre os acertadores de 4 números (Quadra);

A aposta simples, com seis dezenas, custa R$ 6,00. O valor final da premiação pode variar conforme o número de apostas. Em 2024, por exemplo, o prêmio estimado era de R$ 600 milhões, mas chegou a R$ 635,4 milhões, dividido entre oito apostas.

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Política

Sem consenso, debate sobre Código de Conduta no STF é adiado para 2026

Foto: Antonio Augusto/SCO/STF

O debate sobre o Código de Conduta no STF (Supremo Tribunal Federal) deve ficar para 2026, apesar das movimentações e discursos recentes em defesa da proposta. Com o recesso do Judiciário iniciado nesta semana, ainda não houve acordo entre os ministros sobre o conteúdo do texto, que tem sido prioridade do presidente da Corte, Edson Fachin.

No discurso de encerramento do ano judiciário, na sexta-feira (19), Fachin afirmou que o projeto precisa ser resultado do diálogo interno. Ele também sinalizou que o tema estará de volta à pauta no próximo ano, ao citar “diretrizes e normas de conduta para os tribunais superiores e a magistratura em todas as instâncias” como parte dos desafios para 2026.

A CNN Brasil apurou que Fachin tem consultado ministros em atividade e aposentados, além de presidentes de tribunais superiores, que demonstraram apoio inicial à iniciativa. A proposta prevê que o código seja válido para toda a magistratura e não apenas para os ministros do Supremo, com votação planejada também no CNJ. Ainda assim, como o STF não é subordinado ao Conselho, qualquer regra precisará passar por aprovação interna da própria Corte.

Inspirado no modelo da Suprema Corte da Alemanha e influenciado por códigos dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, o documento em elaboração não prevê punições formais, mas busca orientar o comportamento de ministros e juízes. O objetivo é estabelecer padrões de decoro, transparência e conduta, mas o debate deve avançar somente após o retorno das atividades em 2026.

Com informações da CNN

Opinião dos leitores

  1. É duvidoso deixar nas mãos deles tais decisões.A maioria neste círculo legislam🫣OPS!ELES NÃO LEGISLAVAM – a favos de seus maus feitos.Pensem! Em que estes homens e mulheres transformaram país! Em uma ditadura. TOFOLLI em nome de todos nomeou Alexandre de Morais de o ceifeiro…Derruba tudo o que possa atrapalhar o governo de corrupção de Lullad. Zanin,Dino,Carmem Lúcia,Fachin…Correm por fora ratificando os mus feitos com o destoante de dizer que é para proteger a DEMOCRACIA. 😑Alguém vai abrir mão de tanto poder?

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Esporte

Vasco e Corinthians decidem título da Copa do Brasil no Maracanã

Foto: Riquelve Nata/Sports Press Photo/Getty Images

Vasco e Corinthians entram em campo neste domingo (21), às 18h, para o segundo jogo da final da Copa do Brasil, no Maracanã. Após o empate por 0 x 0 na primeira partida, a decisão está totalmente aberta, com promessa de estádio lotado e maioria vascaína nas arquibancadas. O duelo marca o encerramento da temporada do futebol brasileiro.

Os dois clubes chegam à final buscando fechar o ano com um título importante, já que fizeram campanhas irregulares no Campeonato Brasileiro. O Corinthians terminou o torneio em 13º lugar, o Vasco ficou em 14º, e ambos assegurariam vaga na Sul-Americana de 2026. No entanto, quem levantar a taça neste domingo garante classificação direta para a Libertadores.

Será a terceira final de Copa do Brasil na história vascaína. O clube foi vice em 2006, diante do Flamengo, e campeão em 2011, quando superou o Coritiba após vitórias por 1 x 0 em São Januário e 3 x 2 no Couto Pereira. Já o Corinthians disputa sua oitava final, buscando o quarto título — venceu em 1995, 2002 e 2009, este último sobre o Internacional.

Com equilíbrio técnico e forte rivalidade interestadual, a decisão aponta para um confronto intenso. Como não há vantagem por gol marcado fora de casa, qualquer empate leva a disputa para os pênaltis. Vitória simples de qualquer lado define o campeão no tempo normal e encerra um dos torneios mais prestigiados do país.

Com informações do Metrópoles

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Política

Mais de 80% das decisões do STF em 2025 foram individuais

Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Mais de 80% das decisões do STF em 2025 foram monocráticas, segundo balanço apresentado pelo presidente da Corte, ministro Edson Fachin, na sessão de encerramento do ano judiciário. Ao todo, o Supremo recebeu mais de 85 mil processos e proferiu cerca de 116 mil decisões ao longo do ano. Do total, 80,5% foram individuais e apenas 19,5% colegiadas. Fachin destacou ainda que houve crescimento de 5,5% no volume de decisões coletivas em comparação a 2024.

As decisões monocráticas — tomadas por apenas um ministro — são usadas em casos urgentes ou quando já há entendimento consolidado do Tribunal, permitindo agilizar análises e evitar repetição de temas já julgados. Nesses casos, o relator pode negar seguimento a recursos, conceder ou recusar liminares e aplicar precedentes, o que ajuda a desafogar a pauta do plenário e das turmas. Em determinadas situações, essas decisões precisam ser posteriormente confirmadas pelo colegiado.

Nos últimos anos, o uso de decisões individuais pelo STF tem sido alvo de críticas de parlamentares, que veem no mecanismo um acúmulo de poder excessivo nas mãos dos ministros. A discussão ganhou força em novembro, após decisão monocrática de Gilmar Mendes restringir à PGR o poder de pedir impeachment de ministros do próprio Supremo, provocando reação imediata no Congresso.

No mesmo dia, a CCJ da Câmara aprovou um projeto que limita decisões individuais contra leis aprovadas pelo Legislativo e impede partidos de recorrerem sozinhos ao STF para derrubar normas. A proposta obriga que decisões monocráticas sejam submetidas ao plenário na sessão seguinte, sob pena de perda de validade. O texto ainda precisa passar pelo Senado antes de entrar em vigor.

Com informações da CNN

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Geral

Marinho vê efeito Chile e aposta em “superbancada” para eleger Flávio Bolsonaro em 2026

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O secretário-geral do PL, senador Rogério Marinho (RN), afirmou que a vitória da direita no Chile e a construção de uma “superbancada” no Senado serão fatores decisivos para eleger Flávio Bolsonaro presidente em 2026. Segundo ele, a direita pode chegar fragmentada ao primeiro turno, mas deve repetir o modelo chileno e se unir na etapa final para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar tem atuado diretamente nas articulações estaduais para ampliar o palanque do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Marinho também sustenta que a recente tentativa do ministro Gilmar Mendes, do STF, de restringir impeachment de magistrados fortalece o projeto do PL de ampliar sua presença no Congresso. Para o senador, há uma necessidade de “redefinir o papel dos Poderes” e conter o que classifica como interferência judicial nas prerrogativas do Legislativo. O avanço de discursos anti-STF, segundo ele, faz parte da estratégia eleitoral da direita para 2026.

O senador defendeu ainda que a construção de candidaturas fortes para o Senado deve caminhar junto com o projeto presidencial, ressaltando que a formação dessa superbase legislativa seria essencial para sustentar um eventual governo de Flávio Bolsonaro. Rogério Marinho também confirmou que Eduardo Bolsonaro participará da campanha e que o PL busca uma chapa ampla com apoio de diferentes setores da direita — incluindo nomes como Ricardo Nunes e Pablo Marçal.

Questionado sobre disputas regionais e impasses em estados como Ceará e Distrito Federal, Marinho afirmou que o partido segue avaliando alianças e que eventuais pausas fazem parte do processo. Em relação ao PL da Dosimetria — aprovado por ampla maioria no Congresso — disse acreditar na derrubada de um possível veto presidencial. O senador reforçou que a oposição votará contra Jorge Messias ao STF e negou qualquer vinculação entre negociações legislativas e indicação ao Supremo.

Com informações do Estadão

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Política

Especialistas duvidam de ‘surra’ que Lula prometeu na direita em 2026

Foto: Ricardo Stuckert/PR e Flickr

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a possibilidade de “dar uma surra” na direita nas eleições de 2026 elevou a temperatura política e reacendeu o debate sobre o cenário eleitoral. Apesar da confiança demonstrada em evento realizado em São Paulo, especialistas afirmam que o caminho para uma vitória ampla está longe de ser simples. Para analistas, o discurso tem forte caráter mobilizador, mas não reflete necessariamente uma vantagem consolidada.

Segundo o cientista político Gabriel Amaral, a declaração precisa ser entendida como estratégia retórica. Lula parte de uma posição relativamente confortável pela força do cargo e pela ausência de uma liderança oposicionista unificada. No entanto, pesquisas recentes indicam equilíbrio em cenários de segundo turno, além de divisão entre nomes conservadores, o que sugere dificuldade real para que qualquer candidato registre vantagem expressiva. “A assimetria favorece Lula, mas não garante uma ‘surra’”, avalia Amaral.

A fragmentação da direita aparece como o principal entrave para que a oposição apresente competitividade eleitoral mais ampla, mas, mesmo dispersa, ela não é considerada fraca. Especialistas afirmam que governadores com projeção nacional ainda não conseguiram construir uma narrativa comum, mas destacam que fatores como custo de vida, inflação e desgaste do governo podem reduzir o alcance do discurso petista. “Mesmo presidentes bem avaliados enfrentam limites claros para vitórias amplas em cenários polarizados”, afirma o analista Márcio Coimbra.

O quadro projetado é de disputa aberta e polarizada. Enquanto Lula aposta na fragilidade atual do bloco conservador, o desafio da direita será unificar nomes e adotar uma estratégia que vá além do antipetismo. Para analistas, a eleição deve ser definida pelo eleitorado indeciso e pelos efeitos da economia no cotidiano, e não por embates verbais. Por ora, a promessa de uma “surra” eleitoral ainda soa mais como discurso político do que realidade garantida.

Com informações do R7

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Geral

PF aponta 6 viagens compartilhadas entre lobista e Lulinha e vê elo direto na investigação

Foto: Reprodução/Instagram

A Polícia Federal identificou pelo menos seis viagens realizadas em conjunto pela lobista Roberta Luchsinger e Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os registros mostram que as reservas dos dois usavam o mesmo código localizador nas passagens aéreas — incluindo uma viagem internacional para Lisboa, em 2024, e cinco trechos nacionais realizados entre abril e junho de 2025. Para os investigadores, as viagens reforçam o vínculo pessoal entre ambos.

Roberta foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira (19), durante a nova fase da operação Sem Desconto, que apura fraudes milionárias em aposentadorias e pensões do INSS. Ela agora está proibida de deixar o país, deve usar tornozeleira eletrônica e não pode manter contato com outros investigados. Apesar das menções a Lulinha no inquérito, o filho do presidente não foi alvo da operação e não é formalmente investigado pela PF.

As suspeitas da corporação envolvem movimentações financeiras de alto valor entre Roberta e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, apontado como líder do esquema de desvio de recursos. Segundo a PF, a lobista atuava como peça central na gestão e ocultação do dinheiro obtido de forma ilegal e seria o elo direto entre o grupo e Lulinha, citado em mensagens interceptadas ao longo da apuração.

Além das viagens, a Polícia Federal mapeou contratos, repasses e consultorias considerados sem lastro técnico, totalizando cinco pagamentos de R$ 300 mil cada — R$ 1,5 milhão no total. Em uma das mensagens, o Careca se refere ao destinatário de um repasse como “o filho do rapaz”. As investigações seguem em andamento, e os documentos indicam que Roberta e o grupo mantiveram tratativas ilícitas mesmo após o início da ofensiva policial.

Com informações do Poder360

Opinião dos leitores

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Política

Bolsonaro soluça até 40 vezes por minuto e deve definir data de cirurgia nos próximos dias

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve definir nos próximos dias a data para realizar uma nova cirurgia, após autorização concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo o analista Teo Cury, da CNN, a estimativa é de que a internação dure de cinco a sete dias, período necessário tanto para o procedimento quanto para uma bateria de exames médicos.

A defesa havia pedido urgência para a cirurgia, mas um laudo da Polícia Federal, assinado por quatro médicos, concluiu que o caso não é emergencial. O mesmo documento, porém, recomenda atenção imediata ao tratamento dos intensos soluços que Bolsonaro apresenta — entre 30 e 40 por minuto, segundo a equipe médica. “O procedimento para o soluço precisa ser feito o mais breve possível”, apontou Cury ao Agora CNN.

A autorização do STF permite que Bolsonaro seja transferido para um hospital próximo à Superintendência da Polícia Federal. Assim que a equipe médica informar a data exata da cirurgia, o caso será enviado à Procuradoria-Geral da República, que terá 24 horas para se manifestar sobre a transferência.

Durante a internação, Bolsonaro também passará por exames ligados ao câncer de pele que enfrenta, além de outras avaliações clínicas. Segundo Cury, parte desses resultados poderá ser utilizada futuramente como estratégia da defesa em novos pedidos de prisão domiciliar.

Com informações da CNN

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Política

Motta desarma tensões no Congresso e mira aliança com Lula para 2026

Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Com a pauta econômica destravada e sem grandes urgências legislativas no horizonte, o governo Lula (PT) inicia 2026 em ambiente político mais previsível. Após um fim de ano marcado pela aceleração de votações na Câmara, a expectativa é de um período menos conturbado entre Executivo e Legislativo, com o foco voltado para a disputa eleitoral do próximo ano.

Aliados avaliam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tende a se aproximar do Planalto. A coordenação entre Motta e o governo deve influenciar diretamente projetos como o PL Antifacção e a PEC da Segurança Pública, que ficaram para 2026 e poderão tramitar com menos resistência. O movimento também carrega peso eleitoral: Motta tem força na Paraíba e uma relação afinada com Lula pode fortalecer seu projeto político no estado.

O clima de pacificação surge após um ano de atritos pontuais entre os Poderes, incluindo derrotas do governo, como a aprovação do PL da Dosimetria — medida que Lula já sinalizou que deve vetar. Parte do esforço em 2025, segundo Motta, foi “limpar a pauta” antes do recesso para evitar que temas polêmicos contaminem o calendário eleitoral.

No campo político, pesquisas recentes animaram o Planalto e reforçaram a confiança de Lula para 2026. Em evento nesta sexta-feira (19), o presidente afirmou que dará “uma surra” na extrema-direita nas urnas. Com o xadrez eleitoral montado e a pauta legislativa menos travada, Brasília observa agora os movimentos de Hugo Motta — e o impacto dessa aproximação no equilíbrio de forças do próximo ano.

Com informações do Metrópoles

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