Quando o futuro comissário da maior liga de basquete do mundo, Adam Silver, adiantou em conversa com os jornalistas que “a experiência da NBA é mais do que um simples jogo”, obviamente ele não só tinha noção da amplitude do negócio que passa a dirigir soberano a partir de fevereiro de 2014, no lugar de David Stern: o potencial do emergente mercado brasileiro “líder na América do Sul”.
A primeira partida oficial da liga americana no Brasil, entre Chicago Bulls e Washington Wizards, realizada na HSBC Arena, na zona oeste do Rio de Janeiro, na tarde deste sábado, pode não ter sido um duelo da temporada regular, mas provou que Silver tem absoluta razão: existe público para que a NBA avance ainda mais no mercado nacional, e o entretenimento envolto na atuação dos atletas é, para quem paga caro o ingresso, um elemento a mais de diversão.
O que o atual vice-comissário não esperava, no entanto, era a reação do público aos nossos próprios problemas, sejam eles de caráter estrutural ou mesmo de raiva para com quem deveria ser o grande astro do espetáculo: o pivô Nenê Hilário, do Washington Wizards, frequentemente vaiado durante todo o jogo – inclusive nos lances livres, quando parecia que atuava em solo rival.
laro que existe a questão do pedido de dispensa do pivô em relação à equipe que fracassou ainda na primeira fase da última Copa América de basquete, eliminação vexatória que acendeu, mais do que nunca, o sinal amarelo para a questão que envolve a força de vontade dos atletas da liga em defender a Seleção Brasileira em contrapartida aos próprios interesses.
Sobrou até para Leandrinho, outro que pediu dispensa da equipe de Rubén Magnano e, ao ser anunciada a presença pelo mestre de cerimônias da partida, também não escapou das vaias. Na base do “uísque ou água de coco, pra mim tanto faz”, a plateia não perdoou nem o “pobre” Naldo: apareceu no telão como celebridade (cadê o Jack Nicholson?) e… também foi vaiado.
Outro ponto a ser discutido, e que pode até ser abrangido para a cidade que receberá os Jogos Olímpicos em 2016 e necessita, urgentemente, de melhorias no sistema de transporte público, foi a dificuldade do público em chegar à HSBC Arena. O trânsito caótico, ainda mais comprometido pelas obras do sistema de BRT de ônibus que vão, segundo a prefeitura, aliviar os congestionamentos na região, fez com que a partida, iniciada às 18h05, contasse ainda com vários “buracos” nas arquibancadas.
Quem chegasse sem aviso pensaria até que o evento foi um fracasso de público. E não foi. Muita gente, inclusive, largou táxis e ônibus no meio do caminho e saiu correndo em direção ao ginásio – fato presenciado pela reportagem, que também ficou presa no enorme congestionamento que se criou na zona oeste do Rio.
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