A executiva do PSDB decidiu nesta quarta-feira (21) rejeitar dois pedidos de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), em uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria.
Ao todo, 35 tucanos participaram da reunião no diretório nacional do partido, em Brasília. Foram 30 votos a favor de Aécio, 4 contra e uma abstenção.
Doria, que tem adotado um discurso de renovação da sigla, disse em nota que o “PSDB escolheu o lado errado”.
“O derrotado neste caso não foi foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil”, afirmou o governador.
Num recado a Doria, Aécio afirmou que agora é “hora de todos nós lambermos as feridas e olharmos para frente”, com “menos rancor no coração e mais amor a se distribuir a todos”.
Aécio já presidiu o PSDB, foi presidenciável em 2014, além de governador e senador de Minas Gerais.
Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo afirmou a decisão desta quarta é “definitiva”. “O assunto Aécio Neves em relação aos fatos apresentados está encerrado”, disse.
Aécio é investigado em uma série de inquéritos e se tornou réu, em abril de 2018, sob acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça. O deputado ainda não foi julgado.
O deputado é réu no processo relativo ao episódio em que foi gravado, em março de 2017, pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS.
A ofensiva contra o deputado mineiro foi patrocinada por Doria, que conseguiu apenas quatro votos contra Aécio: o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, do secretário de Saúde da capital paulista, Edson Aparecido, e do tesoureiro do PSDB, César Gontijo.
A abstenção foi do líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Uma das representações analisadas nesta quarta foi formalizada pela direção paulistana em 9 de julho, um dia antes de o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aliado de Doria, ameaçar deixar o partido caso Aécio não fosse expulso.
Covas, que busca a reeleição no ano que vem, chegou a dizer “ou eu ou ele” para defender a saída do mineiro do partido. Pesquisas internas do PSDB mostram desgaste eleitoral por conta de Aécio. Em 2018, o partido amargou seu pior resultado a nível nacional.
A outra representação analisada na reunião foi oficializada pelo diretório estadual de São Paulo na terça-feira (20).
Relator e aliado do mineiro, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou parecer contrário à admissibilidade das representações. A maioria da executiva acompanhou o entendimento, travando a possibilidade de os casos avançarem para o Conselho de Ética do partido.
De última hora, Sabino mudou seu relatório e decidiu rejeitar, de uma só vez, dois pedidos: o do diretório municipal e o do estadual de São Paulo. A princípio, só a representação da capital paulista seria analisada. A reunião da executiva chegou a ser interrompida para que ele pudesse refazer seu parecer.
Questionado se a posição da executiva foi uma derrota para Doria, Aécio afirmou não enxergar dessa forma, mas classificou o processo como eleitoreiro.
“Ao meu ver, uma preposição inadequada foi feita, claramente, com uma percepção eleitoral e o partido simplesmente disse que aqui tem regras e essas regras é o que vão fortalecer o candidato do partido”, disse.
“Doria tem qualidades, obviamente que é um projeto ainda em construção vai passar por pelo êxito da sua administração em São Paulo, para o qual todos nós torcemos.”
Para Aécio, “o PSDB deu uma demonstração de que quer virar essa página”. “O PSDB sabe de sua responsabilidade”, disse.
“O partido tomou uma decisão serena e democrática. Não há aqui vitoriosos e vencidos. É uma decisão que respeita não apenas aquilo que prevê o estatuto, mas também a história daqueles que construíram o PSDB. Ninguém perde nesse episódio”, disse a jornalistas.
Doria, que trabalha para ser candidato à Presidência em 2022 e hoje é tido como o principal líder nacional do PSDB, afirmou na terça-feira (20) que o correligionário deveria fazer sua defesa fora do partido.
“A meu ver, o deputado Aécio Neves tem todo o direito a formular a sua defesa, confiante na sua inocência, mas pode fazê-lo fora do PSDB”, disse após reunião com a bancada da Câmara, em Brasília.
Após vencer a eleição para governador, Doria tem trabalhado para controlar o PSDB e emplacou um aliado, Bruno Araújo, na direção nacional. Ao pregar um “novo PSDB”, de filiados jovens e com aqueles envolvidos em corrupção afastados, o governador paulista se opõe à ala histórica do partido.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, chegou a defender Aécio ao dizer que “jogar aliados às feras é oportunismo”.
Outro episódio que opôs tucanos da velha guarda a Doria foi a recente filiação do deputado Alexandre Frota ao partido.
Nesta quarta, Doria afirmou em nota que respeita a votação da executiva nacional, “mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira”. “Cada membro da executiva deve responder por sua posição. A minha é clara: Aécio Neves deve se afastar do PSDB e fazer sua defesa fora do partido.”
O presidente do PSDB paulista e aliado de Doria, Marco Vinholi, também divulgou nota afirmando que a decisão “coloca fumaça num cenário em que a sociedade exige, cada dia mais, transparência e lucidez dos agentes público”.
“O PSDB-SP não vai virar as costas para a sua história e continuará atuando para que os filiados ao partido não tratem lisura partidária como uma peça acessória”, completou.
Nesta quarta, no entanto, venceu a tese de que, num momento em que a classe política está em xeque, levar adiante um pedido de expulsão de Aécio daria ainda mais gás ao discurso de criminalização da política.
“Nesse quadro tão radicalizado da política brasileira, com tantos desatinos que estamos assistindo, de um governo que ainda não compreendeu a dimensão do seu papel de presidir o país e não um gueto, uma parcela, há um espaço enorme para que o PSDB reassuma um papel de protagonismo”, disse Aécio.
A solução pró-Aécio surgiu também em meio a uma série de apelos de líderes dos principais partidos do Congresso a integrantes do PSDB. Caciques de importantes siglas pediram ao líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio (SP), que trabalhasse para evitar o avanço da discussão da expulsão.
A vitória de Aécio não significa um arrefecimento da situação do deputado dentro do PSDB, avaliam aliados do mineiro. Eles dizem que novas representações devem surgir e, mesmo diante da maioria formada nesta quarta, haverá pressão para que o deputado deixe a sigla.
O diretório municipal de São Bernardo do Campo, do grupo político do prefeito Orlando Morando, por exemplo, já formulou um pedido de expulsão do mineiro.
Morando, que é um dos principais aliados de Doria, afirmou que a discussão sobre a saída de Aécio do PSDB não está encerrada.
“Quero deixar claro o desconforto que é ter o Aécio Neves nos nossos quadros partidários. É um erro de avaliação política a permanência e o estrago que a imagem do Aécio causa ao partido”, disse.
Nesta quarta, o diretório de São Paulo chegou a enviar nova peça à direção nacional do partido, mais robusta juridicamente que a anterior. O documento iniciava com uma citação de Tancredo Neves, presidente eleito do Brasil e avô de Aécio.
“Urge que a nova legislatura comece a cuidar, desde já, de novos métodos e processos que assegurem, por inteiro, a honestidade e a veracidade dos pleitos, protegendo o voto de todas as garantias que o abroquelem contra as falsas seduções da demagogia, das deformações da violência e da ação deletéria da corrupção”, discursou Tancredo.
O código de ética do PSDB, aprovado em maio, prevê expulsão em caso de condenação por corrupção transitada em julgado, o que não é o caso de Aécio. Mas tucanos veem brechas para que ele seja enquadrado por outras infrações.
O texto também prevê a expulsão, por exemplo, daquele que “usar os poderes e prerrogativas do cargo de direção partidária para constranger ou aliciar filiado, colega ou qualquer pessoa sobre a qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter qualquer espécie de favorecimento ou vantagem”.
Aécio nega a prática de crimes e, em relação ao processo em que é réu sobre a JBS, diz que o dinheiro era um empréstimo pedido a Joesley.
“Essas questões jurídicas serão esclarecidas no seu tempo. Tenho enorme orgulho do papel que desempenhei ao longo de toda a minha vida, inclusive nos quase cinco anos em que fui presidente do PSDB. Agi sempre dentro da lei e em defesa dos interesses do partido”, disse Aécio.
FOLHAPRESS
Esse aecio é aquele q tem gravacao pedindo 2 milhões a JBS. E mandou amigo pegar em malas de 500 mil. Tudo gravado e filmado. Ta solto? Se se candidatar de novo a senador ganha. Vide um senador por alagoas, ex presidente Collor.
Esse rapaz não é para ser só expulso. EXPULSO E PRESO. MALÉFICO PARA EMINAS E PARA O BRASIL. CADEIA NELE
Até nisso PSDB e PT são iguais: não querem se regenerar jamais. Ambos são ratos da mesma cloaca.