Política

Famílias de Herzog, Rubens Paiva e Santa Cruz pedem à OEA que cobre Brasil por declarações do presidente da República

Familiares de mortos e desaparecidos políticos, entre eles as famílias de Fernando Santa Cruz, Vladimir Herzog e Rubens Paiva, pediram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que, diante das declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, que ‘o Estado brasileiro preste esclarecimentos sobre as circunstâncias do desaparecimento e localização dos restos mortais de Fernando e que o Estado apresente todas as informações ainda não reveladas sobre mortes e desaparecimentos políticos da ditadura que estejam em poder dos seus agentes’.

Na segunda-feira, 29, Bolsonaro disse que ‘um dia’ contaria a Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, como seu pai, Fernando, ex-militante da organização Ação Popular (AP), ‘desapareceu no período militar’.

‘Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, disse Bolsonaro. ‘Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro’, afirmou o presidente.

A fala de Bolsonaro provocou reação em cadeia na advocacia em todo o País. Na quinta, 1, a OAB protocolou no Supremo interpelação de Bolsonaro para que esclareça o que sabe sobre o desaparecimento de Fernando. O pedido é subscrito por Felipe e por 12 ex-presidentes da entidade.

Leia ofício na íntegra

À Excelentíssima Senhora Relatora sobre Memória, Verdade e Justiça e Relatora para o Brasil da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Comissária Antonia Urrejola, e ao Excelentíssimo Secretário Executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Senhor Paulo Abrão

São Paulo, 1 de agosto de 2019

Ref.: Declarações do Presidente da República do Brasil referentes ao desaparecimento forçado de Fernando Santa Cruz e desmonte da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP)

Nós, familiares de Fernando Santa Cruz e parentes de mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar no Brasil (1964-1985) vimos por meio desta carta apresentar informações importantes para o monitoramento, por essa Relatoria, da situação dos direitos humanos no Brasil na área Memória, Verdade e Justiça. Ao final, fazemos pedidos que entendemos fundamentais para a promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil, bem como para a devida reparação aos familiares de Fernando Santa Cruz.

Recebemos com profunda indignação e preocupação as recentes declarações feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre Fernando Santa Cruz, desaparecido político durante a ditadura militar (1964-1985). Em 29 de julho deste ano, conforme amplamente divulgado pela imprensa brasileira,[1] Bolsonaro disse que ‘um dia’ contaria a Felipe Santa Cruz, que é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como seu pai, Fernando, ex-militante da organização Ação Popular (AP), ‘desapareceu no período militar’. ‘Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, disse Bolsonaro. ‘Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro’, afirmou.

Em momento posterior no mesmo dia, em transmissão em rede social durante corte de cabelo, como que em deboche com o sofrimento dos familiares, o presidente disse que Fernando Santa Cruz foi morto pelo “grupo terrorista” Ação Popular do Rio de Janeiro, e não pelos militares.[2] Essas gravíssimas declarações do presidente contrariam as informações de documentos da própria ditadura, que fundamentaram a conclusão, por diferentes órgãos do Estado brasileiro, de que Fernando foi assassinado sob a responsabilidade do Estado.

Fernando nasceu em Recife (PE). Militou no movimento estudantil e participou da Juventude Universitária Católica (JUC), depois integrou a Ação Popular (AP), organização de esquerda de oposição à ditadura. Ele desapareceu em um encontro que teria no Rio de Janeiro, em 1974, com um companheiro de organização, Eduardo Collier Filho. Ambos foram presos em Copacabana por agentes do DOI-CODI-RJ, em 23 de fevereiro daquele ano, como consta no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

De acordo com o relatório da CNV, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro” em 1974. Ainda segundo a comissão, Santa Cruz “permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família”.[3] O relatório final da comissão diz ainda que Claudio Guerra, ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS-ES), afirmou em depoimento em 2014 que o corpo de Fernando Santa Cruz Oliveira foi incinerado na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ).

Quase 30 anos antes, o Estado brasileiro já havia reconhecido sua responsabilidade pelo desaparecimento de Fernando por meio da Lei n. 9140/1995, em que seu nome consta do anexo 1.

Em 1997, a Justiça Federal decidiu que a União foi responsável pelo “sequestro, tortura, assassinato e ocultamento do corpo de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira”, assim como considerou “injuriosas” as insinuações da Advocacia da União de que, talvez, o militante da Ação Popular (AP) estivesse vivo. O juiz José Carlos Garcia, autor da sentença mandou que as expressões usadas pela advocacia fossem “riscadas dos autos, por atentatórias à dignidade do autor (Felipe Santa Cruz, atual presidente da OAB) e à memória de seu pai”.[4]

Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira teve o pedido de anistia deferido pela Comissão de Anistia, conforme portaria publicada em janeiro de 2013 pelo Ministério da Justiça. Além disso, a família foi indenizada pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos no processo 243/1996. Fernando consta ainda como desaparecido político no livro Direito à Memória e à Verdade, de 2007, elaborado por essa Comissão.

Em 24 de julho de 2019, dias antes das recentes declarações de Bolsonaro, foi expedida a retificação do atestado de óbito de Fernando, pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), hoje ligada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Diz o documento que ele morreu provavelmente em 23 de fevereiro de 1974, no Rio, ‘em razão de morte natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985’. Mencionando esse documento, a então presidente da CEMDP e Procuradora da República, Eugênia Augusta Gonzaga, criticou as declarações do Presidente da República sobre o desaparecimento de Fernando, e afirmou: “Ele dizer que sabe e usar isso, é uma forma de reiterar a tortura dos familiares”.[5]

A mãe de Fernando, Elzita Santa Cruz, morreu em 25 de junho de 2019. Durante 45 anos, dona Elzita cobrou notícias em quartéis, gabinetes de presidentes e de outras autoridades e junto a Organizações Não Governamentais, inclusive do exterior sempre insistindo com a frase: ‘Onde está meu filho?’. Dizia que não tinha ânsia de encontrar quem matou Fernando; queria o direito de enterrá-lo. “É uma dor muito grande porque o único crime que ele [Fernando] cometeu foi defender a igualdade social, essas coisas pelas quais eu luto até hoje”, afirmou em 2009, enquanto pedia providências ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Elzita, assim como dezenas de mães e familiares de desaparecidos políticos, dedicou sua vida à busca pelos restos mortais de Fernando. Seus irmãos e filho seguem dando continuidade a essa busca, 45 anos depois do desaparecimento.

Assim, não pode haver mais dúvidas de que Fernando Santa Cruz foi vítima de desaparecimento forçado, praticado sob responsabilidade do Estado brasileiro. A declaração, feita pelo Presidente, de que Fernando Santa Cruz teria sido morto pelo “grupo terrorista” Ação Popular do Rio de Janeiro é falsa e ofensiva à memória de Fernando e a seus familiares. Por outro lado, a notícia de que o chefe do Poder Executivo no Brasil tem informações adicionais sobre as circunstâncias do desaparecimento gera o dever de esclarecer, em atenção às obrigações internacionais do País.

Cabe lembrar que em 2010 o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, no chamado caso da “Guerrilha do Araguaia” (Gomes Lund e outros vs. Brasil, sentença de 24 de novembro de 2010) pela prática de desaparecimentos forçados durante a ditadura militar. Conforme o exposto no parágrafo 103 da Sentença da Corte Interamericana nesse caso, o desaparecimento forçado é violação grave de direitos humanos de caráter continuado e permanente: “o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subseqüente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade (…)”. Além disso, a Corte afirmou que “a privação do acesso à verdade dos fatos constitui uma forma de tratamento cruel e desumano para os familiares próximos” (par. 240). Em 2018 o Brasil foi novamente condenado no Caso Herzog e outros, em que a Corte constatou que, durante a ditadura militar, houve por parte do Estado “um plano de ataque sistemático e generalizado contra a população civil considerada ‘opositora’ à ditadura” (par. 241), em que se eram praticados crimes contra a humanidade.

Confirmando a intenção do governo brasileiro de atacar a memória e a verdade sobre as graves violações de direitos humanos e crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura militar no Brasil, e de desconstruir as políticas de reparação implementadas no País, na data de hoje, 1 de agosto de 2019, foi publicada no Diário Oficial a exoneração e substituição da presidente da CEMDP e Procuradora da República, Eugênia Augusta Gonzaga, e de outros três integrantes da Comissão. A mudança ocorre três dias depois de a Comissão ter reafirmado a responsabilidade do Estado brasileiro pelo desaparecimento de Fernando Santa Cruz, em evidente retaliação. Conforme divulgado pela imprensa, o Presidente da República afirmou que “O motivo [é] que mudou o presidente, agora é o Jair Bolsonaro, de direita. Ponto final. Quando eles botavam terrorista lá, ninguém falava nada. Agora mudou o presidente”.[6] Cabe lembrar que a CEMDP é o órgão responsável pela reparação das mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura, e pela investigação, localização e identificação das pessoas desaparecidas.

Diante do exposto, apresentamos a essa Ilustre Comissão os seguintes requerimentos:

1 – Considerando que o Presidente da República declarou possuir informações sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz além daquelas que já são de conhecimento dos familiares, que seja expedido um pedido de informações endereçado ao Estado brasileiro, para: a) que preste esclarecimentos sobre as circunstâncias do desaparecimento e localização dos restos mortais de Fernando, em atenção ao direito à verdade e ao luto dos familiares, e b) que o Estado apresente todas as informações ainda não reveladas sobre mortes e desaparecimentos políticos da ditadura que estejam em poder dos seus agentes;

2 – Considerando que as declarações do Presidente da República prejudicam o conhecimento e a memória da sociedade brasileira sobre as graves violações de direitos humanos praticadas durante a ditadura militar e, consequentemente, a sua capacidade de evitar a repetição das violações, e considerando seu caráter ofensivo à memória de Fernando Santa Cruz, bem como o sofrimento que provoca nos familiares; e considerando que a presidente e três outros integrantes da CEMDP foram exonerados, ao que tudo indica em razão de a Comissão reafirmar a responsabilidade do Estado brasileiro pela morte de Fernando, que seja feita e divulgada por essa Ilustre Comissão uma nota de repúdio às declarações e ao desmonte da CEMDP, que reafirme a importância da garantia dos direitos à memória, verdade, justiça e reparação referentes às graves violações de direitos humanos praticadas durante a ditadura militar.

3 – Considerando que foi feita uma denúncia contra o Estado brasileiro sobre os desaparecimentos de Fernando e Eduardo Collier Filho (Petição 1844), em relação à qual não se tem notícia de deliberação por essa Ilustre Comissão, que: a) sejam fornecidas informações à família de Fernando Santa Cruz sobre os seus desdobramentos; b) que seja anexada ao caso a presente carta, de maneira que nele sejam analisadas as violações graves de direitos humanos praticadas até o presente, de forma continuada e permanente, pelo Estado brasileiro; e c) que seja incluído na denúncia o pedido de que, entre as reparações devidas pelo Estado à família Santa Cruz, seja determinado que o Estado brasileiro peça desculpas pelo sofrimento causado, tanto com a falta de esclarecimentos sobre o desaparecimento, quanto pelas novas declarações do Presidente.

Rosalina Santa Cruz

Marcelo Santa Cruz

Maria Amélia de Almeida Teles

Crimeia Alice Schmidt de Almeida

Suzana Keniger Lisboa

Laura Petit

Tatiana Merlino

Angela Mendes de Almeida

Nicolau Bruno de Almeida Leonel

Ivo Herzog

Clarice Herzog

Adriano Diogo

João Carlos Schmidt de Almeida Grabois

Maria do Amparo Araújo

Edson Teles

Janaína Teles

Vera Paiva

Marcelo Paiva

Cloves Petit de Oliveira

Mariluce Moura

Tessa Moura Lacerda

Zodja Pereira

Maria Helena Soares de Souza

Estadão Conteúdo

Opinião dos leitores

  1. Essa historia de que lutavam contra a ditadura não comove mais ninguem, pois todos sabem que eles queriam implantar uma ditadura comunista, nos moldes da União Sovietica, China, Cuba ou Coreia do Norte. A maioria da população brasileira repudiou o PT e seus satelites comunistas na eleição de 2018. O comentário de pessoas como Paranhos (l5:56 hrs) mostra que já não se engana mais as pessoas como antigamente, quando elas se informavam apenas por midias influenciadas pela esquerda. Outra coisa, eles não mencionam, em momento algum,que houve atos terroristas praticados pelas "vitimas da ditadura", fato esse que já é do conhecimento de todo o povo brasileiro. Outra coisa, pra encerrar, o Brasil é uma nação soberana, com todos os seus Poderes Constitucionais funcionando plenamente.

  2. E o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza da Rocinha, quem matou? Para os PTralhas deve ter sido Bolsonaro!

  3. Pronto. ONU, OEA, UE e outras organizações internacionais que se cuidem. Estas assinaturas encabeçadas pela Sra. Rosalina e outros signatários vão revolucionar a história universal. O mundo está tremendo nas bases. Hilário.

  4. Cobrem de luladrão a honra dos que foram mortos, porque a imagem da esquerda revolucionária foi totalmente desconstruída com o desbaratamento da enorme quadrilha, que se formou com os que sobreviveram dessa batalha com a direita, e posteriormente assumiram desastradamente os destinos desse país, como resultado final foi num assalto aos cofres públicos de quase 2 trilhões de reais, muitos deles presos, inclusive a justiça já conseguiu recuperar 30 bilhões de reais. Só cobrando a quem de direito, irão resgatar a imagem desses mortos, que diante desse quadro devastador dos que sobreviveram da esquerda revolucionária, ficaram comprometida a sua honestidade e finalidade.

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Justiça manda governo do RN pagar 13º salário de servidores da Saúde até o fim de dezembro

Foto: Freepik

A Justiça do Rio Grande do Norte determinou que o governo estadual pague o 13º salário de 2025 ainda em dezembro aos servidores da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).

A decisão foi proferida nesta sexta-feira (19) pelo juiz Airton Pinheiro, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Natal.

A medida atende a uma ação do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do RN (Sindsaúde-RN), apresentada após declarações do governo indicando que o pagamento poderia não ocorrer dentro do prazo legal.

O juiz concedeu tutela antecipada e estabeleceu que o 13º de servidores ativos, aposentados e pensionistas da Sesap seja quitado até o último dia de dezembro.

Na decisão, o magistrado ressaltou o caráter alimentar da verba e o risco de prejuízo aos servidores em caso de atraso. Destacou ainda que a Constituição do RN garante o pagamento dos vencimentos até o fim de cada mês e assegura o 13º salário nos mesmos termos da Constituição Federal.

Em caso de atraso, a lei prevê correção dos valores.

O juiz também determinou a notificação pessoal da governadora e do secretário estadual de Administração, alertando para possível responsabilização por improbidade administrativa ou penal, além de aplicação de multas, em caso de descumprimento.

Em nota enviada ao g1, a Secretaria de Administração informou que a folha está fechada e aguarda a definição da Secretaria da Fazenda sobre a disponibilidade de recursos. A Sefaz não se manifestou. Outros sindicatos de servidores anunciaram ações judiciais semelhantes. No dia 11 de dezembro, o governo havia informado que parte dos servidores receberia o 13º até o fim do mês, enquanto os demais só até 10 de janeiro, sem detalhar quais categorias.

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AGU abre novas ações judiciais para cobrar R$ 135 milhões de entidades por fraudes em descontos do INSS

Foto: Agência Brasil

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou, em dezembro, novas ações judiciais para cobrar a devolução de R$ 135 milhões de associações e entidades envolvidas em fraudes de descontos associativos indevidos em benefícios do INSS. A informação é da coluna Painel, na Folha de S. Paulo.

O quarto lote, protocolado nesta semana, busca o ressarcimento de valores pagos pelo INSS a aposentados e pensionistas vítimas de descontos não autorizados, com base no direito de regresso. As ações também decorrem de acordo firmado no STF em julho, que viabilizou a restituição aos prejudicados.

Entidades cobradas neste lote:

  • Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares)

  • Sinab (Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil)

  • Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários

  • Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar)

  • Astre (Associação dos Servidores do Tráfego da Viação Férrea Centro-Oeste)

  • SindaPB (Sindicato dos Aposentados e Pensionistas do Brasil)

  • Unidos (Instituto de Longevidade Mongeral Aegon)

  • Sintapi-CUT (Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados, Pensionistas e Idosos)

Segundo a AGU, os valores referem-se a pagamentos feitos até novembro e podem ser atualizados. Novas ações poderão ser propostas conforme o INSS consolidar outros ressarcimentos.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a atuação do órgão é técnica e baseada em provas, com foco na defesa do patrimônio público.

Até agora, a AGU ajuizou 37 ações cautelares, pedindo o bloqueio de R$ 6,6 bilhões. Decisões liminares já determinaram o bloqueio de R$ 4,4 bilhões, sendo R$ 514 milhões efetivamente bloqueados. O INSS já ressarciu R$ 2,74 bilhões a mais de 4 milhões de beneficiários.

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Justiça reconhece Dilma Rousseff como anistiada, determina indenização de R$ 400 mil por danos morais, além de reparação econômica mensal

Foto da ficha criminal de Dilma Rousseff, de 16 de janeiro de 1970 — Foto: Departamento de Ordem Politica e Social/AFP

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) reconheceu, por unanimidade, a ex-presidente Dilma Rousseff como anistiada política e determinou o pagamento de indenização de R$ 400 mil por danos morais, além de reparação econômica mensal, permanente e continuada.

O valor da reparação mensal ainda será definido na fase de liquidação, observada a prescrição quinquenal e os parâmetros salariais da época.

A decisão reformou parcialmente uma sentença anterior, que havia limitado a compensação a um pagamento único. Para o colegiado, Dilma foi vítima de perseguição política durante a ditadura militar, período em que foi presa e submetida a torturas físicas e psicológicas.

Embora a condição de anistiada já tivesse sido reconhecida pela Comissão de Anistia na esfera administrativa, o processo judicial discutia o tipo de reparação cabível.

Os desembargadores concluíram que a Lei da Anistia garante o pagamento mensal, calculado com base na remuneração que Dilma recebia antes da interrupção de sua carreira.

Relator do caso, o desembargador João Carlos Mayer Soares afirmou que os atos sofridos pela ex-presidente provocaram sequelas físicas e abalos psicológicos duradouros, o que justifica a indenização por danos morais.

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Alvo da PF, lobista amiga de Lulinha esteve duas vezes no Planalto em 2024

Foto: reprodução/redes sociais

A empresária e lobista Roberta Luchsinger esteve ao menos duas vezes no Palácio do Planalto em abril de 2024, segundo registros oficiais. Ela foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na quinta-feira (18), durante a operação Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.

As idas ao Planalto

Registros obtidos pelo Poder 360 via Lei de Acesso à Informação mostram que Roberta esteve no Planalto nos dias 17 e 18 de abril de 2024. Já Fábio Luís compareceu ao local em 17 e 31 de janeiro e em 7 de março. A Presidência informou que não há registro sobre com quem se reuniram ou o motivo das visitas.

Relação entre Roberta e Lulinha

De acordo com a PF, Roberta mantém relação de proximidade com Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula (PT). A investigação aponta que ela teria atuado como elo entre Lulinha e Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, preso desde setembro de 2025 e apontado como principal articulador do esquema.

A decisão do STF que autorizou a nova fase da operação menciona três vezes o nome de Fábio Luís, duas de forma indireta. O documento cita cinco pagamentos de R$ 300 mil feitos pelo Careca do INSS a Roberta, descritos como destinados ao “filho do rapaz”. Lulinha, no entanto, não é investigado pela Polícia Federal.

O outro lado

Em nota enviada ao Poder 360, Roberta afirmou que nunca teve relação com descontos do INSS e que atuou apenas em tratativas iniciais com empresa ligada ao Careca do INSS, no setor de canabidiol, que não prosperaram. A defesa também confirmou a relação pessoal antiga entre Roberta e a família de Fábio Luís.

O ex-advogado de Lulinha, Marco Aurélio de Carvalho, classificou as acusações como “pirotécnicas” e negou irregularidades.

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Fecomércio RN repudia e classifica invasão do MLB ao Queiroz Atacadão como “ação criminosa

A Fecomércio RN emitiu uma nota repudiando a invasão do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ao Queiroz Atacadão, recém-inaugurado em Cidade Satélite, em Natal. Membros do MLB invadiram as instalações do estabelecimento no fim da manhã deste sábado (20) para protestar contra a fome.

A entidade que representa o comércio no RN classificou a invasão do MLB como uma “ação criminosa que coloca em risco a integridade física de colaboradores, clientes e da própria comunidade local”.

A Fecomércio também afirmou que aguarda apuração rigorosa e responsabilização dos envolvidos, e cobrou medidas firmes das autoridades competentes para coibir novas invasões.

Leia a íntegra da nota abaixo:

A Fecomércio Rio Grande do Norte repudia com veemência os atos de invasão e ataque a estabelecimentos comerciais, como o ocorrido na manhã deste sábado, 20 de dezembro, quando o Queiroz Atacadão, no bairro Cidade Satélite, em Natal, está sendo alvo de uma ação criminosa que coloca em risco a integridade física de colaboradores, clientes e da própria comunidade local.

O Queiroz Atacadão, unidade recém-inaugurada como a maior operação do Grupo Queiroz com vasta área de venda e forte impacto econômico para a região, representa um investimento significativo em geração de empregos e serviços.

Tais atos, absolutamente inaceitáveis, violam frontalmente o direito à propriedade privada, garantido pela Constituição, e afrontam os princípios básicos de segurança e ordem pública que sustentam o desenvolvimento econômico e social. A Fecomércio RN espera apuração rigorosa dos fatos, com a responsabilização dos envolvidos, além da atuação imediata das forças de segurança para que episódios desta natureza não se repitam.

Nossa entidade reafirma que o setor do comércio e serviços, pela sua natureza de abertura e livre circulação de pessoas, já se encontra em uma posição de vulnerabilidade, especialmente em períodos de intenso movimento comercial como os atuais, e não pode ser transformado em alvo de invasões criminosas.

Esperamos que as autoridades competentes adotem medidas firmes e eficazes para coibir este tipo de iniciativa, garantindo um ambiente de segurança, respeito ao direito de propriedade e livre circulação de pessoas e bens, condições fundamentais para que comerciantes, empreendedores e investidores mantenham suas atividades com tranquilidade e confiança no Rio Grande do Norte.

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PRF aponta três trechos do RN entre os mais perigosos das rodovias federais


Foto: PRF/Divulgação

O Rio Grande do Norte aparece no mapeamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com três trechos classificados como críticos entre os 118 mais perigosos das rodovias federais do país, devido ao alto número de acidentes.

Trechos considerados críticos no RN:

  • BR-101 (km 100 ao km 110) – Parnamirim

  • BR-101 (km 80 ao km 90) – Extremoz

  • BR-304 (km 30 ao km 40) – Mossoró

Segundo a PRF, os dois pontos na BR-101 concentram grande fluxo de veículos, especialmente em feriados e fins de semana. Já o trecho da BR-304, em Mossoró, registra tráfego intenso de caminhões e veículos de carga.

O levantamento integra uma estratégia nacional de fiscalização e prevenção de acidentes. Em todo o Brasil, foram identificados 118 pontos críticos, sendo a BR-101 a rodovia com maior número de trechos perigosos (32), seguida pela BR-116 (17).

Somente em 2025, mais de 67 mil acidentes foram registrados nas rodovias federais, com mais de 5 mil mortes. Entre as principais causas estão excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, desrespeito à sinalização e imprudência.

A PRF informou que intensificou a fiscalização nos trechos mapeados e orienta motoristas a redobrar a atenção, respeitando os limites de velocidade e as normas de trânsito.

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[VÍDEO] PROTESTO: MLB invade supermercado recém-inaugurado em Natal

Integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e outros movimentos sociais invadiram e ocuparam, na manhã deste sábado (2), uma unidade recém-inaugurada do Supermercado Queiroz Satélite, em Natal.

Segundo o movimento, a ação reuniu mais de 300 famílias e tem como objetivo reivindicar a doação de cestas básicas. Os manifestantes levaram dezenas de crianças para a ação de protesto.

Em nota e publicações nas redes sociais, o MLB afirmou que a mobilização busca chamar a atenção para a situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar enfrentada por famílias em situação de pobreza.

O movimento atribui o protesto ao aumento da miséria e da fome no país, alertando para a dificuldade de milhões de brasileiros em garantir alimentação básica.

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Rogério Marinho acusa governo Lula de blindar investigados em fraudes no INSS

Imagem: reprodução/YouTube Poder 360

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Congresso, afirmou que o governo Lula atua para blindar investigados no esquema de fraudes no INSS apurado pela CPMI. Em entrevista ao Poder360, ele disse que a base governista barrou convocações, quebras de sigilo e depoimentos que poderiam atingir pessoas próximas ao PT, incluindo Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

Segundo Marinho, mais de 60 requerimentos apresentados pela oposição foram rejeitados. Ele citou investigações da Polícia Federal que mencionam supostos repasses mensais de R$ 300 mil atribuídos a Lulinha, apontados em depoimentos e em nova fase da operação, que fala em pagamentos ao “filho do rapaz”.

“O governo criou um roteiro de blindagem para impedir o avanço das investigações”, afirmou o senador, citando a recusa em convocar investigados e em quebrar sigilos de empresas e pessoas ligadas ao caso.

Há praticamente um roteiro onde com o DNA da blindagem, da tentativa de impedir que avance a investigação. Ao longo desses meses, o Lulinha foi impedido de ser convocado. Uma empresa de turismo ligada à Contag, a principal central do campo ligada à CUT, foi impedida de ter o sigilo aberto. A senhora Roberta Luchsinger recebeu a tornozeleira […] Mas o Edson [Claro], que estava disposto a entregar a forma e o método como essa quadrilha se organizou, também foi impedido de ser convocado“, disse.

Apesar das resistências, Marinho avaliou que a CPMI foi fundamental para pressionar por prisões e revelar o funcionamento de um esquema que teria desviado bilhões de reais de aposentados e pensionistas.

Veja a entrevista completa ao Poder360:

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VÍDEO: ‘Intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária e um precedente perigoso para o mundo’, diz Lula na Cúpula do Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (20), durante discurso na Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, que a América do Sul voltou a ser “assombrada” pela presença militar de uma potência fora da região, em referência aos Estados Unidos, que sinalizam possível intervenção na Venezuela.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, disse Lula em seu discurso.

O presidente afirmou que pretende conversar novamente com o presidente norte-americano, Donald Trump, antes do Natal, para tentar evitar um conflito armado na América Latina. “Não queremos guerra no nosso continente”, declarou.

Lula disse que já tratou do tema tanto com Trump quanto com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e reforçou que “as coisas não se resolvem dando tiro”. Em reunião ministerial nesta semana, o petista afirmou que disse ao líder dos EUA que “conversar é mais barato do que fazer guerra”.

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LEI ROUANET: Ministério da Cultura libera captação de R$ 2,5 milhões para espetáculo sobre Chico Buarque em Portugal

Foto: Mauro Pimentel/AFP

O Ministério da Cultura autorizou um espetáculo teatral em homenagem aos 80 anos de Chico Buarque a captar cerca de R$ 2,5 milhões por meio da Lei Rouanet. Os recursos, obtidos via renúncia fiscal, serão destinados à realização do projeto em Portugal.

As apresentações estão previstas para Lisboa e Porto. Segundo o governo, o objetivo é difundir a obra do artista no cenário cultural português. Intitulado Trocando em Miúdos, o espetáculo é descrito como um teatro musical que conecta canções e poesias de Chico Buarque em uma narrativa sobre conflitos humanos e sociais.

De janeiro de 2023 a 4 de julho de 2025, os incentivos da Lei Rouanet somaram R$ 6,5 bilhões, já corrigidos pela inflação, segundo o Poder360.

O valor representa aumento de 43% em relação ao mesmo período do governo Bolsonaro, quando foram liberados R$ 4,5 bilhões.

Em 2024, a captação atingiu R$ 3,1 bilhões, o maior volume anual do atual mandato. No primeiro semestre de 2025, o total chegou a R$ 769 milhões, alta de 33,7% na comparação anual.

Opinião dos leitores

  1. Esse comunista anistiado, nem no Brasil mora, vem aqui só buscar nosso dinheiro para gastar nos exterior.

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