Em entrevista exibida na madrugada desta terça-feira (2) pela TV Globo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que o presidente Jair Bolsonaro esqueceu de “combinar” com ele sobre o arquivamento do inquérito que apura se houve interferência política na Polícia Federal. A fala de Aras foi uma resposta sobre a declaração do chefe do Executivo, que afirmou acreditar no “arquivamento natural” do caso.
Cabe a Augusto Aras decidir se denuncia ou não Bolsonaro, o que poderia resultar no afastamento do presidente do cargo. Ao participar do programa “Conversa com Bial”, Aras foi indagado se a declaração do presidente não o colocava numa situação desconfortável.
“Com certeza. Só ocorre que é uma declaração unilateral, o presidente esqueceu de combinar comigo. Mas eu posso compreender que o presidente é um homem muito espontâneo, ele tem convicções próprias, ele chegou ao mais alto grau na hierarquia política do Brasil”, disse Aras.
“Se eu não tenho condições de controlar os meus colegas da primeira instância que ousam contra as minhas posições, os meus colegas gritam e berram todo dia que têm independência funcional – somente o PGR é que não tem, parece -, imagina se eu ou qualquer outra autoridade pode controlar o que diz o senhor presidente. A liberdade de expressão é, na doutrina norte-americana, acolhida pela Suprema Corte brasileira, é o primeiro dos princípios”, acrescentou o procurador-geral da República.
PRORROGAÇÃO POR MAIS 30 DIAS
O procurador-geral da República, Augusto Aras, concordou com pedido feito pela Polícia Federal ao STF (Supremo Tribunal Federal) de prorrogar por 30 dias o inquérito que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na autonomia da corporação.
A PF havia pedido ao ministro do STF Celso de Mello, relator do processo, mais 30 dias para concluir as investigações. O decano solicitou 1 parecer à Procuradoria Geral da República, que diz ser favorável à prorrogação.
Celso de Mello deve decidir sobre o pedido nos próximos dias.
Leia a íntegra da solicitação enviada por Aras:
“Excelentíssimo Senhor Ministro Celso de Mello,
O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, no uso de sua atribuição constitucional de “dominus litis”, manifesta-se pelo deferimento do requerimento formulado pela Autoridade Policial, de modo a serem cumpridas as “diversas diligências de polícia judiciária já determinadas pelas autoridades policiais que atuam na presente investigação criminal” (fl. 570 do IPL 0004/2020-1) para a conclusão do inquérito.
Com informações Fausto Macedo e Poder 360
O "engavetador geral da República" fingindo que tem autonomia, só pras nega ver. Isso não passa de um pau mandado.